O meu filho Afonso está um verdadeiro beato! No outro dia disse-me que queria ser santo.
- Santo, filho?
- Sim... assim vocês lembravam-se de mim no dia de todos os santos...
Ri-me um bocado e avancei para a história da noite, que era tudo menos beata (metia bruxas e piratas). Mas daí a pouco tempo o Afonso voltou a atacar:
- Ó mãe, se eu morrer agora já fico santo?
- Não, filho... ainda tens de viver muito e fazer muitas coisas boas por muita gente!
Acho que o convenci a não ser mártir aos 5 anos...

PS - Na catequese, o projecto-de-santo-Afonso tem aprendido a história do Adão e da Eva, do Sansão e Dalila, do Abel e Caim... Mas como em casa as "histórias" são outras, faltam-lhe alguns conceitos básicos para ser o beato perfeito. No outro dia a professora entregou a todos os meninos a imagem de uma gruta para eles desenharem o presépio, e o meu filho, que não sabia bem o que isso era, resolveu aproveitar a gruta para desenhar uma casa de extra-terrestres!!!
(à mesa comigo, com o pai, o irmão e os avós)
- O que é que vocês eram antes de serem humanos?
Silêncio... O meu filho Afonso consegue calar qualquer pessoa com as suas perguntas.
- Não sei, Afonso. O que é que tu eras?
- Um fantasma que vivia na lua. Mas depois pedi ao polvo com uma pata para vir para a tua barriga, mamã...
E as certezas dele são sempre tantas, que não há quem consiga convencê-lo de outra versão qualquer...
Sebastião a começar a dar o ar da sua graça:

(depois de rodopiar pela casa toda, a soprar)
- Sebastião, o que estás a fazer?
- Estou a brincar aos furacões!

(antes de ir jantar)
- Mãe, podes pôr no Pause?
- Tu sabes o que é o Pause, Sebastião?
- Sei. É um pauzinho assim (I) e outro assim (I).
(Afonso no dia das Bruxas)
- Eu não tenho medo de fantasmas. Sabes porque é que não, mãe? Porque eu sei como é que os fantasmas são feitos...
Pensei que ia falar em lençóis com buracos, ou pessoas disfarçadas de fantasmas, mas a teoria era mais elaborada:
- São feitos nas fábricas. Há pessoas que sopram bolas de sabão, depois atiram poderes e os fantasmas podem sair pelas janelas, a voar. Primeiro são bolas, mas depois começam a ficar esticadinhos, e é assim que se fazem os fantasmas.
- Quem é que te disse isso, Afonso?
- Ninguém. Eu sei.
O meu filho Afonso sabe tanto... Acho que no futuro vai ser um sabão...