Da ninhada de 7 da nossa gata Mia, só duas gatitas continuam à espera de um novo lar.
Alguém interessado?

"Porque é que os cães choram?" é um livro infantil que me chegou, simpaticamente, por mail, escrito por um autor brasileiro, Marco Antonio Machado, que estudou Medicina e Dramaturgia, mas hoje trabalha sobretudo em diversas causas culturais, sendo os animais uma das suas grandes preocupações.
O livro conta a história de 3 amigos de diferentes países que têm 3 cães e uma questão: porque é que os cães choram? Não vou contar a história do livro - podem comprar a versão digital a 1€ aqui - mas gostava de contar a história de uma cadela e de um gato que eu tive, lá atrás no tempo, quando eu ainda tinha tempo para escrever a história de todos os animais que passavam por minha casa. A cadela tinha tido uma ninhada há pouco tempo - não tendo sobrevivido nenhum - e chorava. O gatito apareceu por lá, sozinho, perdido... e chorava. A cadela queria os seus filhotes de volta, o gatito a sua mãe. Então o gatito começou a mamar na nossa cadela. Aninhava-se nela e ali ficava. Nenhum dos dois mais chorou.
Até que o gatito cresceu, começou a ir às gatas, enquanto a cadela o esperava, e desesperava. Um dia o gatito chegou em muito mau estado, muito magro e mordido. Tratámos dele mas não se salvou. E a cadela, qual mãe, deixou de comer, chorou. Deixou-se morrer e nós chorámos com ela.

Porque é que os cães e os outros animais choram?
Pelas mesmas razões que nós choramos. E não deveriam ser precisas mais palavras...

Se puderem, não deixem de comprar o livro.




Como é que se distingue uma mãe de uma mulher sem filhos no trânsito?

(Mulher sem filhos) Que seca!

(Mãe) Titão, isto hoje está mesmo bom para estudarmos a tabuada. Vamos multiplicar os números das matrículas dos carros parados à nossa volta?


Ben-Ten (gatito da primeira ninhada) aproxima-se da sua mãe e começa a lamber-lhe a cabeça: nuca, orelhas, pescoço... Ronronam os dois e a cena é tão ternurenta que nem consigo enxotá-los de cima da mesa (mais uma toalha para lavar!).

(Mãe) Vês, Titão? O Ben-Ten já está crescido e ainda faz miminhos à sua mamã...

Titão aproxima-se de mim e dá-me uma valente lambidela na orelha. Não era propriamente isto que tinha em mente, mas o gesto foi feito com tanto carinho, que até acho que ronronei um bocadinho...
(Nonô) Mamã, vens dançar comigo?

Pôs a música clássica e foi buscar-me as sapatilhas de pontas (que eu tive de trocar pelas sapatilhas normais ao fim de uns 5 minutos... ou já não tinha pés a esta hora!). Dançámos, rodopiámos, ensinámos uma à outra o que sabíamos. E a mamã ficou cheia cheia de vontade de ter mais tempo para a sua princesa bailarina, que cresce numa casa de homens com uma mãe ocupada demais para brincar com ela às Barbies e às casinhas.
Foi uma meia hora preciosa, de cumplicidade e feminilidade em todo o seu esplendor. Não sei onde irei ao tempo... mas havemos de repetir!

E quando eu pensava que já me tinha livrado dos biberões e dos cocós fora do sítio, eis que me calham na rifa 7 lindos gatitos que, à falta de leite materno em quantidade suficiente, precisam de um suplemento administrado pela sua "querida dona". Sobre os cocós prefiro nem me pronunciar... mas multipliquem qualquer mau cenário por 7 (fora a mãe e o filho maior da anterior ninhada) e já ficam com uma pequena ideia.
São 7 coisas fofas, entre o amarelo e o preto, que já nos deram momentos absolutamente enternecedores, mas que precisam agora de encontrar um novo lar e um novo dono que os trate bem, para deixarem este meu um pouco mais calmo e desafogado.

4 já têm dono (obrigada, Vânia Beliz!). Faltam 3. Prometo desmamá-los e ensinar-lhes a fazer as necessidades no sítio certo até lá. Alguém interessado? (Sim? Sim? Por favor!)

No campo há cheiros que tomam conta de nós. Brisas que nos envolvem. Sol que nos abraça.
No campo há cores e chão que nos afaga os pés.
No campo há árvores que nos chamam para nos oferecer o seu melhor.
No campo despertam-se-nos os sentidos.
No campo encontramo-nos num sentido.

Tenho a sorte de ter crescido com campo.
E os meus filhos têm a sorte de ter uns avós que ainda vivem com campo à sua volta.
Têm o privilégio de poder calçar as botas de borracha, saltitar na terra fofa e apanhar os frutos que se desprendem das árvores.

Somos criaturas de campo. Nascemos na natureza e a ela continuamos a pertencer, por mais que a vida moderna nos afaste dela.
Somos, cada um de nós, natureza e é nela que sentimos mais viva a seiva da vida a circular em nós.

(Mãe) Meninos, a mãe precisa de ideias para fazer uma história para as vossas idades!

Passado algum tempo vieram-me trazer algumas ideias em formato de "lista de supermercado" e deram mais umas quantas por via oral (o entusiasmo era já tanto, que nem queriam perder tempo a escrever).
Qualquer dia começo a ter de lhes pagar direitos de autor...

E antes que a pequenada perdesse o entusiasmo com a arte, hoje voltámos à carga e fomos ao Museu do Chiado.
Seguiu-se o Lisboa Story Center - excelente para entender e experienciar a história de Lisboa - e o miradouro do Arco da Rua Augusta.



Fechamos assim a temporada das visitas culturais. Para a semana é tratar dos livros e dos cadernos, das inscrições, das roupas, das arrumações... Dos 4 filhotes, só a Nonô tem vontade de regressar às aulas. A mãe está num misto entre precisar de tempo para trabalhar mas não ter vontade nenhuma de voltar a acordar às 6.30h da manhã e andar às turras com os testes e os trabalhos de casa. O certo é que o verão está a chegar ao fim e passou num instante. Para o ano há mais!!!
Foi o passeio mais cultural das férias: duas exposições na Gulbenkian, uma com quadros e instalações de diversos artistas, outra de fotografia de Edgar Martins. Afonso e Nonô (únicos filhos por casa, neste momento) questionaram algumas vezes o conceito de arte, mas apreciaram algumas obras e não pediram nenhuma vez para irem embora (o que já me parece uma vitória!).
A minha sobrinha artista foi connosco e, quando chegámos, foi fazer um quadro a acrílico com a prima Nonô. Não creio que tenha nenhum futuro artista plástico cá por casa (a Nonô gosta de desenhar e pintar, mas não creio que passe disso), mas saber apreciar a arte é algo que se aprende de pequenino (tal como torcer o pepino), por isso havemos de voltar...
Até breve, Gulbenkian!


Momento Zen das férias:

- Ó Mãe! Está ali uma caganita de pássaro Yin Yang!

(Dudu) Mãe, tenho saudades da bisa.
(Mamã) Da bisavó Maria?
(Dudu) Sim. Mas não faz mal. Quando eu e a Nonô tivermos filhos ela vai voltar a nascer...

Olha-me, sorri, e eu sorrio também, sem coragem para fazer mais perguntas. Nestas matérias, o profeta Dudu é que sabe!
6 dias de férias com 4 filhotes... e chegámos a casa capazes de ir de férias outra vez (só eu e o pai, claro!). Mas o balanço não podia ser mais positivo. Depois de umas férias em alta velocidade, sempre a girar, entre praia com uns amigos, jantares com outros, feiras, parques, escorregas, ufa ufa ufa, vimo-los crescer, ganhar em experiências, em relacionamentos, em conhecimentos... e em disparates novos também, claro!
Agora é acalmar, descansar, que as aulas estão aí à porta, e a mamã também precisa de voltar a agarrar-se ao trabalho.

E no regresso, já sobre a ponte 25 de Abril, a Nonô fez a pergunta que todos, de alguma forma, tínhamos em mente:

- Agora que acabaram as férias, quanto tempo falta para o Natal?


Para comemorar o Ano Internacional da Família, a Associação Portugal de Famílias Numerosas está a organizar um grande evento em Cascais nos próximos dias 20 e 21 de Setembro. O programa tem de tudo um pouco, para todas as idades e feitios (espreitem aqui), com preço especialíssimo para famílias (ver aqui).

Um evento à nossa medida! Irrecusável. Lá estaremos!
Desta é que a nossa tartaruga XS faleceu!
Já por duas vezes tínhamos achado que ela e a sua companheira XL tinham ido desta para melhor, mas afinal era só quietude, quando a temperatura a isso impelia.
Mas desta vez a tartaruga XS deixou mesmo de respirar. Demos com ela hoje à tarde completamente sem ação nem reação, já a tender para o mau cheiro. Viveu uns bons anos em nossa casa, já não consigo precisar a idade que ela tinha, e talvez vivesse mais noutras condições. Ou talvez não. É sempre daquelas perguntas que se fazem quando perdemos alguém, e também inevitavelmente quando vemos um bichinho partir.
A verdade é que estávamos prestes a ir libertá-la - num local indicado para libertar este tipo de tartarugas, atenção! Libertar estas espécies exóticas exige alguma atenção, porque podem tornar-se uma ameaça às outras espécies. Ler aqui! Meteram-se as férias, meteu-se a confusão, e só já íamos fazê-lo no início de setembro, quando as coisas acalmassem. Já não foi, por isso, a tempo de conhecer uma nova vida. Ficámos com pena por isso, mas esperamos ter-lhe também proporcionado algumas boas experiências.
Enterrámo-la no nosso canteiro, onde estamos à espera que nasçam as sementes que lá plantámos. Por enquanto, há apenas hortelã, manjericão, coentros, e uma nogueira, grande e forte, junto à qual enterrámos a sua carapaça. E claro que isso deu aso a algumas questões dos mais novos, que nunca tinham enterrado nenhum animal.

(Dudu) Ó mãe... se regarmos por cima dela, ela cresce?
(Nonô) E agora... ela fica ali para sempre?
(Dudu) Era giro era se a árvore agora desse tartarugas...

Talvez contagiados pela descoberta de uma nova religião nas férias, talvez entusiasmados com o que leram num livro que levámos para as férias sobre o Antigo Egipto (com os seus deuses e rituais), hoje os meus filhos resolveram criar uma "religião familiar". A religião frangólica.
O deus era o frango, que se fazia acompanhar pelo Anjo da Kitty.


Mas havia também um profeta pato, que escreveu um livro sagrado sobre o futuro dos frangos.


Quando começaram a fazer uma missa - para a qual já tinham altar, cânticos e até um ritual de iniciação para os gémeos! - achei que a brincadeira estava a ir longe demais e fi-los dispersar - o que aconteceu, claro está, numa grande galhofa, com os 4 imitando frangos.

Desculpem-me os leitores mais sensíveis por este post mais "herege". Mas não posso deixar de pensar que, quem é capaz de imaginar uma Religião Frangólica, não terá problemas em respeitar qualquer religião que lhe surja pela frente. Abusaram no disparate, mas espero que lhes tenha ficado a tolerância.
Por estes dias, resolvemos pegar nos mais velhos e levá-los a conhecer Marrakech. A confusa medina, os souks, a religião muçulmana, os trajes, as tribos, os instrumentos musicais, os animais... No último mês eles foram pesquisando sobre o país, nós fomos ensinando umas quantas coisas, mas não há dúvida de que o melhor, mesmo, é descobrir com os nossos sentidos.
E o saldo não podia ter sido mais positivo. Para além de experimentarem coisas novas (andar de camelo, tocar uma flauta-encanta-serpentes, brincar com macacos, provar comidas novas...), conheceram uma nova realidade, com a qual nunca se tinham confrontado. E, a dada altura, sentados num passeio a beber um sumo de laranja marroquina, a conversa disparou para o hipotético:

(Mamã) Já pensaram quem é que vocês seriam se tivessem nascido noutro continente? Como seria a vossa vida? Como se comportariam? No que é que acreditariam?

Visitar novos ares, novas paragens, é sempre uma boa oportunidade para pensar que somos, em boa parte, frutos do nosso contexto. Este não explica tudo, é certo, mas não deve ser indissociável do julgamento. Centenas, milhares de pessoas atravessavam-se à nossa frente, numa confusão de barulhos e cheiros, e qualquer um de nós podia ser qualquer um dos outros que observávamos.

(Mãe) Este podias ser tu, Titão. Este mais fininho é parecido contigo, Afonso. O que é que vocês acham que fariam se tivessem nascido aqui?
(Afonso) Eu fugia para Portugal!
(Mãe) Tu não sabias o que era Portugal. Este era o teu mundo. Era aqui que tinhas a tua família, os teus amigos, a tua realidade...
(Afonso) Eu cá não queria ser bombista!
(Mãe) Podias ser um muçulmano bem pacífico, como todos estes que aqui vês.
(Afonso) Mas tinha que aprender a regatear...
(Sebastião) Eu cá queria ser um encantador de serpentes!
(Afonso) E tu, mãe? Andavas toda tapada até aos olhos?

Quem sabe dizê-lo? Somos o que somos, apenas. Melhor ou pior, a experimentar um espaço e um tempo recheado de surpresas...





(Afonso) Ó mãe, queres ver como é que eu podia chamar-me para ser alguém importante?

Temi o que aí vinha, e com razão. Apresenta-me um papel com o seu "estudo profundo" sobre a questão...

Afonsonardo da Vinci
Afstein
Afonsoge Whashington
Afriano Ronaldo
Afona Lisa

Sem comentários...

No outro dia disse-me que a sua grande referência era... a sua mãe? O seu pai? Nada disso! O Ricardo Araújo Pereira! E agora deu em inventar piadolas... que geralmente não têm piada nenhuma (meu rico filho, a mãe adora-te! Mas os pais também existem para dizer as verdades).
Lá diz o ditado, no entanto, que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. E, tentando, tentando, volta e meia o Afonso lá vai inventando umas piadas com graça. Hoje saiu-se com estas duas:

(Afonso) Sabem como é que os árabes vão para a medina?
(Mãe) Não.
(Afonso) Vão pelos "cominhos"...

(Afonso) Sabes qual a ligação entre o James Bond e o banco BES?
(Mãe) Não!
(Afonso) O James Bond qualquer dia também vai ter um James "Maund"...

O lar onde faleceu a minha avó Maria - única avó com quem tive o privilégio de conviver até à idade adulta - preparou um livro de receitas dos utentes. Receitas de outros tempos, com outras técnicas, outros sabores, que fica para memória futura de familiares e amigos.



A minha avó viveu até aos 94 anos com receitas como estas: tomatada com toucinho frito, Iscas de porco, Migas de Tomate e Carne Guisada. A sua netinha hoje pende para a macrobiótica, só come carne quando não tem alternativas e usa um fiozinho de azeite em vez de banha de porco. Outros tempos, outras técnicas, outros sabores. Talvez não dure até aos 94 anos, mas tentarei não perder a ideia de que, na natureza, está o nosso alimento. Com amor, se deve preparar a refeição.

Um beijinho com saudades, minha avó.
O dia em que a Nonô resolveu recortar em pedaços as regras do jogo dos manos...


... e a mamã demorou quase uma hora a tentar colar os pedacinhos. Parte das regras foram dadas como irrecuperáveis. Graças ao ato criativo da senhora dona Nonô, teremos agora que ser criativos na forma de jogar... (pronto, vá... até pode vir a ser giro!)
E hoje, ao abrir a porta do compartimento onde dormem os nossos gatitos... voilá! Em vez de 2, tínhamos 9! 7 lindos gatitos nasceram durante a noite, desta vez sem a minha ajuda, sem a minha companhia. A gatita Mia já sabia o que fazer, já não precisava de amparo nem de incentivo.
A segunda ninhada deve ser mais ou menos como o segundo parto: já temos a lição estudada, avançamos sem medos, sozinhas se for preciso. Ao parto da Mia, assistiu o filho mais velho, o meio-irmão da gataria toda, que agora terá de repartir a casa com mais 7 irmãos... mas por pouco tempo!
Leitores deste blog, aqui fica o repto: quem quiser um gatito daqui a um/dois meses, é só contactar-me por aqui. Temos amarelinhos (como o irmão), preto e brancos; preto, brancos e amarelos (como a mãe) e um todo preto. É só escolherem. Obrigada!

(Dudu) Mãe, ajudas-me a fazer esta ambulância?


Respondi que sim, seria um bom entretenimento para o final da manhã. O problema é que, ao saíram as peças da caixa e...

(Mamã) E as instruções, Dudu?
(Dudu) Não sei. Acho que já perdi.
(Mamã) Hum...
(Dudu) Não consegues fazer?

Lembrei-me imediatamente daquela experiência feita nos EUA com um grupo de adultos e outro de crianças. Perante uma caixa de peças soltas de legos, as crianças eram ágeis a inventar construções. Já os adultos... sem instruções, tinham dificuldades em saber o que fazer. A explicação está estudada: o cérebro das crianças tem múltiplos "caminhos neuronais", ruas, veredas, atalhos. O cérebro dos adultos, pelo contrário, tem verdadeiras auto-estradas, bem traçadas e capazes de grandiosas velocidades. Mas se por acaso é preciso sair da auto-estrada e improvisar, faltam caminhos alternativos, atalhos viáveis para chegar a bom porto.

(Mamã) O que é que tu achas, Dudu?
(Dudu) Está muito giro.


Não era propriamente uma ambulância. Saiu-nos um carro de família com pai, mãe e 4 filhotes. A "auto-estrada" da mamã pende sempre para aí... e os "atalhos" do Dudu criaram os pormenores. Prova superada (ou mais-ou-menos)!
Vantagem de ser blogger (que esta blogger que sou eu nunca tem tempo para aproveitar): convite para o visionamento de alguns filmes dirigidos ao público mais jovem.
Desta vez, com o trabalho a meio gás e a criançada por casa, aceitei o repto e fui com o Afonso espreitar os "Guardiões da Galáxia", que estreia em Portugal no próximo dia 7. Fui assim a modos que armada em boa mãe, capaz de fazer o enorme sacrifício de ir ver um filme cheio de lutas e efeitos especiais, daqueles que raramente me cativam... e acabei colada à cadeira, rindo sonoramente em alguns momentos, deitando umas lagrimitas noutros (valham-nos os óculos 3 D!), ou não fosse o filme começar logo com um filho a perder a sua mãe... Ou não fosse o filme sobre amizade e sobre fazermos algo que dê sentido à nossa existência, para além de todas as perdas e momentos sem sentido algum.
E foi assim que, no meio de todos os efeitos e a rapidez necessária para cativar as crianças (tão "aceleradas" pelos jogos que hoje preenchem os seus dias), a mamã deu por si a pensar sobre assuntos que lhe interessam muito, e que tratou de conversar depois com o seu filho mais velho:

- Achas que um dia as guerras que hoje acontecem na Terra, vão acontecer pelo universo? Será que nunca vamos ter paz?
- Os terráqueos afinal não são assim tão "totós"... Vês como a lealdade, a amizade e a solidariedade dão sempre frutos?
- Viste como os pais, mesmo não estando fisicamente presentes, estarão sempre a acompanhar-te, por mais erros que cometas?
- Imaginas-te um dia a vaguear pelo universo na tua nave espacial? Como é que serias? O que é que farias?

A nossa conversa foi curiosa. Falámos de um futuro a qual não sabemos se vamos assistir ou não, de civilizações nas diferentes galáxias, diferentes espécies, diferentes cruzamentos e relacionamentos. Falámos daquilo que realmente importa, independentemente desse futuro. E, claro, ele aproveitou para tecer os seus argumentos:

- Vês como é importante deixares-me jogar aqueles jogos que tu não gostas nada? Eu preciso de me preparar para as guerras no espaço...

E se há menino guerreiro, cá em casa, é este meu Afonso, que à noite luta com monstros e de dia pensa sobre os porquês da Humanidade. O meu "Star-Lord" em potência. Vamos ver o que o futuro o levará a ser e a fazer...



SINOPSE:

Baseado na banda desenhada da Marvel, “Guardiões da Galáxia”, do realizador James Gunn, conta a história de Peter Quill, um aventureiro que se vê alvo de um caçador de recompensas, depois de ter roubado uma esfera, cobiçada por um vilão traiçoeiro.

Peter Quill descobre que tem poderes e, para fugir ao vilão Ronan, alia-se a um quarteto de rivais inadaptados de modo a poderem salvar o universo.

“Guardiões da Galáxia” chega a Portugal a 7 de agosto.
O filme é de uma grande amiga - Rute Moreira, guionista e produtora do filme - que nos desafiou a irmos à ante-estreia.

(Mamã) E é seguro? Não tem muitos palavrões?

Bem, tinha alguns... nada que a miudagem não tivesse ouvido. Nada que os pais não conhecem também desde tenra idade. Ninguém haveria de morrer por isso...
O problema, na verdade, não estava nos palavrões. Estava no retrato fiel (ainda que caricaturado) da juventude, ou parte dela, do nosso país. Adolescentes e jovens tão esquecidos nos filmes portugueses (só com algumas excepções), que a Rute tão bem conseguiu caracterizar num filme cheio de humor, que conta no elenco com humoristas da minha geração (Rui Unas, Fernando Alvim, António Raminhos...) e uma série de jovens youtubers portugueses que têm milhares de visualizações dos "filmes" que colocam na internet sobre os temas que lhes interessam. Os atores estavam presentes, mas foram sobretudo os youtubers aqueles que arrancaram gritinhos e palmas da plateia, a maioria adolescente, público alvo, direto e garantido daquele filme.
Comecei por me sentir deslocada, só pela idade das pessoas que estava a assistir. Depois comecei a ver o filme e senti-me cota. "Caramba, já não os percebo!". "Que linguagem é esta?". "A malta é mesmo assim?". Estas e outras perguntas coloquei a mim mesma durante a visualização, e tratei de as colocar aos meus filhos no final da mesma, ainda suspeitando que eles não tinham entendido grande coisa.

(Afonso) Ó mãe... é assim que a minha turma fala.
(Sebastião) Pois é, my boi.
(Afonso) Não é boi, pá! É boy. O Sebastião ainda não entende, ainda não chegou ao segundo ciclo.

O Sebastião não entendeu alguma linguagem, mas captou totalmente o filme, construído num estilo rápido, descontruído, com um grafismo totalmente adaptado às novas gerações.
O Afonso estava "no" filme". Dominava todas as expressões, entendia os trocadilhos, ria que nem um perdido com as piadas.

E a mãe, no final, sentiu-se cota. Mas cheia de vontade de tentar entender essa nova etapa na qual os meus filhos mais velhos estão prestes a entrar.
Adolescentes e jovens, o filme é garantidamente para vocês e vão delirar.
Pais de adolescentes e jovens... deviam ver também. Somos seguramente gerações diferentes, cada uma com os seus desafios, problemas, visões do mundo. Mas sempre assim foi e sempre assim será. Quanto melhor nos entendermos, melhor conseguiremos construir pontes entre os fossos que, volta e meia, se instalam entre nós. Melhor conseguiremos, acho eu, levar a vida a bom porto.

Por último, os meus parabéns à Rute, que conseguiu fazer o impossível: juntar um elenco de malta jovem que quer mostrar o seu potencial, desde os atores à equipa técnica. Com a sua força aglutinadora, fez um filme sem dinheiro, mostrando que, acima dele, está a vontade de fazer acontecer, e nessa vontade, a união faz a força...