- Mãe, porque é que não estás a sorrir?
- Aconteceu uma coisa má na Alemanha?
- Que coisa má?
- Anda, vamos dançar.

Sinto-me, nos últimos tempos, como o Roberto Benigni n’A Vida é Bela, fingindo que este mundo ainda é o da paz e da liberdade, dos sonhos e da democracia, que se tem vindo a esboroar nos próximos tempos (se é que alguma vez existiu, para além da minha inocência).
E recuo aos meus 15 ou 16 anos, quando conheci um rapaz bósnio que me olhou demoradamente e depois me disse que eu só sorria como sorria porque não sabia o que era a guerra. Rapidamente engoli o sorriso, mas ele pediu-me que não o fizesse:
- Enquanto sorris, eu sorrio contigo.

E danço com os meus filhos, pensando no mundo que lhes deixo, tão longe do mundo que gostaria de lhes deixar. E nos sorrisos que, esteja o mundo como estiver, preciso de lhes sorrir, para que os deles nunca esmoreçam, e sorriam também a quem lhes vier ao caminho...


Há três dias que tiramos um bocadinho do dia para irmos em busca de Pokemons. Ou melhor (versão da mãe), há três dias que consigo arrancar os meus filhos do sofá para irmos passear a cadela e conhecermos um pouco melhor as ruas da vizinhança. E, nisto, consigo ver inegáveis vantagens:

- nunca eles se prontificaram tão alegremente para vir passear comigo;
- a cadela nunca deu passeios tão compridos (sou eu que os interrompo porque tenho de voltar ao trabalho);
- pelo caminho vou-lhes explicando quem são as pessoas homenageadas nos nomes das ruas, e que monumentos são aqueles a que eles agora chamam de "spots".

Mas claro que, pelo meio, ficam as conversas "do outro mundo", que dariam uma bela comédia (ou tragédia?):

- Mãe, não te mexas... Tens um Pokemon no vestido!


- Mãe, tu evoluíste.
- ??
- Dei o teu nome ao Pokemon que estava no teu vestido. Evoluíste e agora és a Sara 0.2... uma lagarta amarela!



alguém vai receber uma cartinha estas férias...
Alguém que lê este blogue.
Quem será?

Quem se lembra?
Alguém escreve uma frase e passa ao outro, que continua a história e dobra o que está em cima. E assim nasceu a primeira história imbecil dos meus 3 rapazes...

Eu não vou poder, com uma gigantesca pena minha, mas mais ninguém tem desculpa para faltar. Para além da Susana Tavares, guionista na novela e co-autora de mais esta aventura, estarão por lá também a Maria (Mafalda Marafusta), o tio Francisco (Duarte Gomes) e os manos Elias, para os autógrafos e afins.
#massafrescatvi


(com a Rosário Araújo, editora da Oficina do Livro-Leya, escritora e amiga, que embarcou connosco nesta aventura...)



Este ano foram vários os ataques da bicharada (muita cabeça passei eu a pente fino!), mas estes piolhos não são desses. São dos bons, daqueles que causam comichão desejável, inquietante. Podem sugar-nos tempo e energia, mas mal de nós quando deixarmos de nos coçar.

Obrigada, Rita Correia, pela oferta! Ando cheiiinha de comichões :)



A checar as profissões com o Mr. Dudu.


(Mãe) E esta, filho?

(Dudu) Fácil! É o senhor do Pingo Doce...


Depois de um dia passado a resmungar com os filhos por causa da agressividade que eles usam para com os outros, a história de boa noite só podia ser esta. A de um pequeno livro muito especial, que me foi oferecido pela Paula Alves, da Fazedores de Mudança. Ou não fosse uma mudança, aquilo que a mãe estava a tentar pedir aos filhos.



(Mãe) Percebem, meninos? A comunicação é como o andebol. Mas vocês, em vez de atirarem a bola uns aos outros, de forma a que os outros a apanhem... atiram-na com toda a força contra a cara do outro!

(Afonso) Pois é, mãe... Em vez de andebol, andamos a jogar ao Mata!

Riram muito, divertidos, mas a analogia não podia estar mais correta.

(Mãe) Vocês não deviam estar a jogar para se eliminarem uns aos outros. Têm de aprender a jogar em equipa!

E com esta se foram, cada um para a sua cama. Falar é fácil. O difícil é fazer. Mas é como diz o ditado: água mole em pedra dura, tanto dá até que fura! Esperemos...


Resmunga, argumenta, amua, explode... mas é na verdade um gatinho a tentar ser um leão.

Lá chegarás, meu filho. Mas a selva é dura. Aprende primeiro a galgar telhados e a saber distinguir a mão que te faz festas daquela que te apanha pelo pescoço.

Hoje ainda és o meu bichinho. Um dia, não me terás para encher de água e comida as malgas onde comes. Terás de ser tu a correr em busca do teu alimento. E a reaprenderes a ser meigo, para cuidares dos teus.

Já lá vai o tempo em que os meus filhos mais velhos viam os Pokemons na televisão e brincavam com os bonequinhos coloridos e umas bolas que se abriam para combates inexplicáveis (para mim, pelo menos).

Mais inexplicável ainda é o Pokemon Go, o novo jogo para telemóveos que já tem uma verdadeira legião de fãs por todo o mundo. Os meus filhos mais velhos inscreveram-se e, se antes tinha a casa cheia de pokemons de plástico, agora tenho-a cheia de pokemons... virtuais!

- Mãe, encontrámos mais um na casa de banho!

Real ou virtual, continuará a ser para mim um fenómeno inexplicável...

O pai andava com os rapazes, e a mãe fez uma noite especial com a filha. Um jantar à luz das velas, onde o tema, conversado de mãos dadas, foi a Paz e a Confiança. Confiança em nós. Confiança nos outros. Como ser uma pessoa de confiança? Devemos confiar nos outros ou desconfiar sempre, à partida? Se todos os homens fossem de confiança, haveria paz? E se houvesse paz, já não seria preciso desconfiar de ninguém? O que podemos fazer em nossa casa, para cultivar a paz e a confiança? E o que podemos fazer pelo mundo?
Jantámos, conversámos e fomos enroscar-nos na cama, num silêncio bom, longe de imaginarmos que, em Nice, mais um brutal atentado abalava a paz e a confiança de tanta gente.
Ontem foi a França, mas todos os dias, em muitos cantos do mundo, há homens, mulheres e crianças a assistir à guerra, à tortura, à perseguição, à fome e à escravidão. É urgente refletir sobre isto. O que pode ser realmente eficaz na promoção de uma cultura de paz? Estará a política a ser um exemplo, na promoção da paz? E a nossa economia? Fomenta a confiança ou a desconfiança? Estará a escola, como a conhecemos, a formar cidadãos para a paz? E as famílias? E a televisão? Os jogos? As redes sociais, onde a agressividade e o ódio são uma constante. Será tudo isto o resultado de um contexto? Ou este é um problema de base do ser humano? Estudem-se as comunidades mais pacíficas! O cérebro daqueles que são incapazes de fazer mal a uma mosca. É preciso mudar a alimentação? Os hábitos? O modo de vida? A escola? A economia? A política? Talvez seja preciso mudar tudo. Mas então tenhamos a coragem de mudar. Mudarmos nós primeiro. Mudarmos a nossa casa. Mudarmos a escola. Mudarmos os nossos locais de trabalho. E exigirmos a mudança daqueles que, acima de nós, terão de ser o exemplo desta mesma mudança.

- Filha, a mãe confia em ti para transformares o mundo num lugar melhor.
- Eu também confio em ti, mamã.

Vamos a isto?


(S) E então, como é que te sentes?
(T) Muito feliz. Já tive oportunidade de felicitar as minhas congéneres francesas, que invadiram o campo para incentivar a nossa seleção.
(S) Onde é que vais? Espera! Não te vais embora! Eu hoje não te faço mal. Estamos juntas por Portugal!
(T) Tenho que ir a Belém. Com jeitinho, ainda consigo pousar no nariz do Cristiano Ronaldo...


Não há condições! Eu bem tento trabalhar, mas toda a criatividade vai dar à seleção...
Viva Portugal!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

(by Rita Correia)
A "Massa Fresca" é a primeira ficção portuguesa que a minha filha vê. Vive a história intensamente, e nem sempre é para ela clara a fronteira entre a ficção e a realidade.

Primeiro, viu uma imagem com a Isabel Figueira numa loja de roupa:
- Ó mãe... porque é que está aqui uma fotografia da professora Bárbara?!

Hoje, a picar canais, deparou-se com uns episódios antigos de "Campeões e Detetives".
- Ó mãe... está aqui a professora Carla!
- Isto é antigo, filha.
- Foi antes de ela ir para o Colégio do Mocho?


Nonô na casa de banho da biblioteca:

(Nonô) Ó mãe, eu já posso ir a esta casa de banho da esquerda?

(Mãe) Podes. Se estiver livre.

(Nonô) É que eu acho que é só para leitores...
Enquanto a mana mais nova resolvia umas Palavras Cruzadas de um livro de férias, os mais velhos construíam as suas próprias palavras cruzadas:

(Afonso) Se conseguires resolver, tens pelo menos a inteligência de um esquilo...



Falhei algumas. Sou uma nulidade em super-heróis. Acho que nem para esquilo sirvo...
Éramos 15 e fizemos uma verdadeira invasão ao estúdio, que por pouco não vinha abaixo. Mas ver a alegria da pequenada, que sabia a história na ponta da língua, a descobrir cenários e a recolher assinaturas dos atores, foi impagável.

Aqui fica a prova! Foi um verdadeiro sonho concretizado!


#massafrescatvi
A mãe resolveu que, nesta semana, vamos todos fazer um jornal em família. Cada um pode contribuir com o que quiser, desde anedotas, até artigos de opinião ou de fofocas, entrevistas realistas ou imaginárias... o que quiserem!

E na viagem de casa dos avós, no Alentejo, até à nossa, com 40º à sombra e uma fila interminável, a mãe resolveu desafiá-los a testarem o formato entrevista. À vez, um deles era o entrevistado e os outros colocavam perguntas. O mais engraçado (e ainda diz ele que não tem imaginação! Como é possível?!) foi o Sebastião, que resolveu imaginar que era um treinador de futebol dos Jumentos, equipa cheia de bêbados e drógados (como ele dizia, também ele meio bezano), manetas e pernetas, e tinha muitos torneios malucos para contar... No último, a equipa tinha ganho 0,5 de uma Taça.
- 0,5??
- Na verdade ganhou a taça toda, mas o capitão de equipa estava tão bêbado que caiu e a taça partiu-se. Só levámos 0,5 para o clube...

Temos artigo para o jornal!
O pai e o mano mais velho não estavam, e a mamã aproveitou para um jantar diferente. Por entre garfadas, cada um dos filhos tirava uma peça do puzzle dos países e tinha de dizer o que sabia (se soubesse) sobre esse país. A mãe dizia também o que sabia, e depois íamos perguntar o Google o que ele sabia. E não é que ele sabia sempre mais do que nós?

Com as doses certas, divertidas, de História e Geografia, adoraram a brincadeira... e amanhã há mais!


(Sebastião) Mãe, fiz uma teoria. Não é o teu caso...

Ufa, já me escapei!

(Sebastião) ... mas se as pessoas passam a vida a mentir, era melhor termos um Dia da Verdade, em vez de um Dia das Mentiras...


Teoriza pouco. Mas quando o faz, solta verdadeiras pérolas!