Mais um exercício de Estudo do Meio, que deixa o Dudu a deitar fumo (e, com ele, a sua mãe).



DÚVIDA Nº 1

(Mãe) Devemos cumprimentar as pessoas com tristeza, Dudu?

(Dudu) Sim... se elas estiverem tristes. Se morrer alguém, não vamos lá falar todos contentes.

(Mãe) Mas aqui diz "sempre", Dudu. Não deves falas sempre com tristeza.

(Dudu) Mas se eu estiver sempre triste...



DÚVIDA Nº2

(Mãe) Deves levantar a voz quando falas, Dudu?

(Dudu) Então tu não estás sempre a dizer para eu falar mais alto, para me perceberem melhor? E, se estiver a ler na sala, para os meus colegas, também tenho de levantar a voz!


E ainda só vamos no 2º ano...
Mãe a trabalhar ao computador, enquanto o filho Titão lhe explica qualquer coisa de um jogo.


(Titão) Mãe, tu estás a ouvir?

(Mãe) Sim, sim.

(Titão) Não estás nada. Às vezes respondes-me sem me ouvires. "A cada mãe... uma minhoca!". "Quanto mais mãe, mais te enterras".



E assim nasceram os novos provérbios da literatura portuguesa...

(Dudu) Ó mãe... se a gravidade nos puxa para baixo, porque é que aquelas coisas vermelhas (malaguetas) ficam na parte de cima?

Densidade. Oxigénio. Flutuação. E eu que nunca tive grande curiosidade por nada destas coisas, lá terei de ir hoje à biblioteca requisitar livros sobre o assunto e pesquisar sites simples para lhe mostrar... É que não se pode mesmo desperdiçar nem adiar a boa curiosidade de uma criança!
Quando pedimos ao nosso filho do meio que faça uma simples composição sobre a sua rotina do dia-a-dia... e o mais velho resolve ajudá-lo!

Porque importa não esquecer, para transformar. Porque importa relembrar, as vezes que forem necessárias, para não repetir...


- Um filme sobre o holocausto que nos vai fazer rir? Impossível!
- O holocausto foi horrível, mãe!


Os filhos mais velhos não acreditavam, mas passaram a tarde a ver "A Vida é Bela". E riram. Mas entenderam. É possível fazer um filme sobre o Holocausto que nos faça rir do princípio ao fim. Só é impossível que esse riso não nos deixe a chorar também.
Dudu com dificuldade em adormecer (para variar):


(Dudu) Ó mãe, para ti, quais é que foram as grandes catástrofes de sempre?

(Mãe) De sempre? Hum... Talvez a queda de um meteorito.

(Dudu) Isso ainda é nos tempo dos dinossauros! Estou a perguntar já com os humanos...

(Mãe) Hummm... Talvez o Dilúvio, a ter mesmo acontecido.

(Dudu) Uma coisa que tu sabes que aconteceu mesmo. Como aquele avião nas torres. O Trump. Ou a Síria.


Sebastião grita do seu quarta:


(Sebastião) Para mim foi o holocausto.

(Mãe) Bem lembrado, Sebastião. A morte de milhões e milhões de judeus na II Guerra Mundial...

(Dudu) Portugal entrou nessa guerra?

(Mãe) Não. Mas tivemos um português que...

(Sebastião) Aristides Sousa Mendes! Salvou 30 mil judeus só com uma caneta...

(Dudu) Tu achas que vai haver alguma guerra em Portugal, mãe?

(Mãe) Acho que não vamos começar nenhuma guerra, não. Mas as guerras dos outros países também afetam o nosso. Podemos ter que ir ajudar algum país amigo. Ou podemos receber pessoas desses países em guerras.

(Dudu) Então eu podia, por exemplo, ser mandado para a guerra, como no tempo do "Paladar"?

(Mãe) Salazar, Dudu.

(Dudu) Isso.

(Mãe) Bem, filho... Ninguém pode imaginar o futuro. Por isso o melhor é mesmo tentarmos que o mundo fique em paz.

(Dudu) Então o que é que podemos fazer para ter paz?

(Mãe) Por enquanto o que podes fazer, e já é muito importante, é seres um menino de paz, com paz dentro de ti, e que transmite paz aos outros. Se todos fizermos isso, é mais difícil que aconteçam guerras...


Mamã afastou-se, pensando que o Dudu já se tinha dado por satisfeito.


(Dudu) Ó mãe!

(Mãe) Diz, Dudu.

(Dudu) Se calhar também posso tentar ser Presidente, para não deixar que existam guerras. O que é que achas?


Acho muito bem. É que, por este andar, começo mesmo achar que vou ter um político em casa!
(Afonso) Hoje eu e um colega meu armámo-nos em Trump e escrevemos numa folha todas as nossas medidas: impedir os alunos de outras escolas de virem para a nossa, construir um muro na fronteira com a escola vizinha...

Era só um brincadeira que lhes provocou belas risadas (e quase um recado na agenda!), mas não posso deixar de pensar que, se bons líderes inspiram uma geração, líderes como Trump também podem inspirar o pior dela... .
(Mãe) Sebastião, tens de estudar...


E o Sebastião esconde-se, foge, finge que estudar, disfarça, rabisca, brinca...


(Mãe) Sebastião, aqui ao meu lado... estás de castigo!


E como o trabalho do Sebastião era aprender a escrever uma notícia, ele escreveu uma notícia. Esta notícia.




Uma reflexão sobre os castigos da Mamã, com o belíssimo lead: "As mães estão cada vez mais chatas e a pôr mais castigos aos filhos." Mesmo admitindo que uma certa dose de culpa é dos filhos, a notícia termina em jeito de protesto: "Nós, os filhos da Sara Rodi, achamos que as mães em vez de porem os filhos de castigo, deviam falar com eles a sós."

Entendido o recado.
Obrigada pela tua notícia, filhote.
Saber estender a roupa é uma arte.
Mas, com a Nonô, resulta sempre numa obra de arte...

(Nonô) Não pode ser essa aí, mãe! Olha as cores... Azul nas meias, cor-de-rosa nas camisolas. Ah, não, espera! Vamos dividir por zonas. Hummmm... E se for salteado?


A Nonô é perita é pendurar coisas nas portas...



Para os manos não entrarem na sua casa de banho!




Para os manos entrarem no seu quarto, têm de ir embrulhados numa manta. (pelo sim, pelo não, excluiu os papás, antes que estes resolvessem fazer desaparecer o dito papelinho...)
Mamã abre a porta do quarto da Nonô, devagarinho...


(Mamã) Bom dia!

(Nonô) Ah, não, mãe! Por favor! Não me acordes agora... Estou a meio de um sonho lindo!



Impossível não voltar a fechar a porta, devagarinho, e dar-lhe mais uns minutinhos para o desfecho...
Primeira aula de teatro da Nonô, a minha Esquecida preferida...


(Mãe) Então, filha? Gostaste?

(Nonô) Adorei! Eu troco é as falas todas! Mãe, eu estive a pensar... e acho que tenho de tomar Memofant!
"Crianças são pássaros, mostre-lhes as suas asas.

E mesmo que ainda não saibam usá-las,

dê-lhes consciência das suas possibilidades..."

(Mithaly Corrêa)



(Mamã) Meninos, têm trabalhos de casa?

(Nonô) Sim, mãe. Mas tem de ser no teu computador. Temos de resolver uns exercícios na Escola Virtual.




Simples. Fácil. Direto. Divertido. O único problema é que a mãe também precisava do computador e eles ainda tiveram de resolver os exercícios à vez.
Os mais velhos tiveram computador aos 10 anos. Querem lá ver que estes vão precisar já de um aos 7?
(Dudu) Ó mãe, se nós podemos ser alérgicos aos alimentos, alérgicos aos animais... será que também podemos ser alérgicos às pessoas? Ou, pelo menos, a algumas...

Nem tu imaginas quanto, filho!
(Dudu) Mãe, sabes que hoje o AA. resolveu, do nada, começar a dar-me pontapés? Eu disse que ia dizer à professora, mas ele depois disse que, se eu fosse dizer, ele ia dizer que eu também lhe tinha dado pontapés primeiro...

(Mãe) Hum... Então e tentares conversar com ele? Ele não costuma fazer isso. Podia estar numa dia mau, ou ter-lhe acontecido qualquer coisa. Podes tentar perceber o que aconteceu e fazê-lo perceber que ele fez mal. Sem medos.

(Dudu) E se ele me dá outra vez pontapés?

(Nonô, prontamente) Aí quem vai falar com ele SOU EU! E não ameaço que vou dizer à professora. Vou é logo falar com a diretora!!!


O assunto não é simples nem bonito... mas sendo esta a primeira vez que vejo a Nonô armada em leoa, a defender o irmão, confesso que até fiquei um bocadinho enternecida.
Podia ter desenhado um carro. Uma casa. Uma paisagem. Mas o Dudu, o Trágico, gosta mesmo é de outro tipo de desenhos...


(Mãe) É uma montanha, filho? Ou é o mar?

(Dudu) Então não vês a data? 1755! É o terramoto de Lisboa!!!
Sempre que termina a patinagem, a Nonô tem o hábito de desaparecer da vista da sua mamã e ir dar voltas e voltinhas ao pavilhão. Esconde-se, quando a mamã a descobre finalmente ela desaparece outra vez... e digamos que desaparecer de patins não dá lá muitas hipóteses à sua mamã carregada de tralhas, as suas e da filha.

A mamã pediu várias vezes à filhota que não lhe fizesse aquilo. Porque a mamã precisava de voltar para casa, e tem mais que fazer do que andar às voltas atrás da filha.

Hoje a filhota voltou a fazer o mesmo... e a mamã passou-se! Pegou nas ditas tralhas e foi para o exterior do pavilhão, à espera que a Nonô se cansasse de fugir da mamã. Outras mamãs foram-lhe dizendo que a filhota andava às voltas. Depois que já estava a perguntar pela mamã. E que se sentou finalmente na bancada, onde devia ter logo tirado os patins. Não foram mais de 10 minutos, e ela até tinha o irmão à frente, no treino, ainda lá estavam as treinadoras e vários pais que ela conhece. Ainda assim, mal a mamã resolveu desfazer a partida e ela a viu, correu para ela com os olhos marejados de lágrimas e o coração a bater depressa.

(Nonô) Onde é que foste? Andei à tua procura...
(Mamã) Como eu ando todos os dias à tua procura, enquanto tu foges de mim. Não é agradável, pois não? Ficamos preocupados, os minutos parecem horas...
(Nonô) Mas tu não podias fazer isso!

Demos um abraço e fomos para o carro, onde ela se encostou a um cantinho, muito triste.

(Nonô) Eu percebi o que tu fizeste. Mas tu não podias fazê-lo, mamã. Eu estou muito triste. E desiludida...

E a mamã, que até tinha achado esperta a sua ideia, ficou de repente destroçada. Encostou o carro na berma, pôs a filhota ao colo e cobriu-a de beijos, numa confusão de lágrimas, da filha e da mãe, da mãe e da filha.

(Mamã) Desculpa, meu amor! Desculpa.

Não por não ter feito nada que a filha não tivesse já feito também. Não que a filhota não merecesse mesmo uma lição. Mas por não ter sido suficientemente criativa para pensar numa forma de ensinar a filha sem ter de lhe pregar um susto. Sem lhe provocar lágrimas nem corações a bater. Não lhe pagar da mesma moeda. Nem ter sido esperta o suficiente para perceber que a sua filhota a tem em grande conta, o suficiente para se desiludir se a mamã embarca por soluções destas.

(Mamã) A mamã não torna a fazer nada igual.
(Nonô) E eu não torno a fugir de ti.

Terá percebido. Mas a mamã também tirou daqui grandes lições...
O desafio era fazer um "triplo-pino-estrela" (não sei se isto existe mesmo ou se foram eles que inventaram, mas até soa a coisa importante...), mas havia um problema: o Titão já não tem a flexibilidade dos mais novos para andar metido em pinos. Felizmente, tinha dois belos mestres...


Seguiu-se o Dudu, depois a Nonô, e a coisa teria dado mesmo certo se ao "triplo-pino-estrela" não se tivesse juntado o "deita-abaixo-mor", que conseguiu, com um único par de cócegas, transformar a "estrela-tripla" numa bela "estrela-cadente"...

- Afoooooooooooonnnnnnnnnnnnnnso!


Pescoços intactos, ninguém vomitou o jantar... tudo para a cama! "Pinos-estrelas-cadentes", enquanto me lembrar desta, só para o próximo século...
E a paixão pela única árvore do nosso jardim continua...


Frio? O que é isso?!
Tínhamos uma festa de aniversário à tarde, e a mamã, perante tamanha manhã de sol, lembrou-se de fugir dos centros comerciais e ir procurar um presente na vila de Oeiras, que tem sempre umas lojas originais e acolhedoras, onde apetece mesmo entrar.
Esqueci-me de que era domingo e o comércio de rua está habitualmente fechado. Bem... não todo! Porque por entre os cafés de simpáticas esplanadas, havia uma loja que se mantinha de portas abertas. Uma loja muito especial, recheada de livros que só com muita resistência não trazemos para casa (Todos. Todos eles!). Recheada também de muitas crianças e adultos, que ali esperavam por uma história...
A mamã já não se lembrava, porque há muito tempo que não ia para ali a um domingo, mas esta livraria especial, chamada Gatafunho, tem todos os domingos de manhã, pelas 11h30m, um contador de histórias a fazer aquilo que melhor sabe: contar e encantar. Crianças e graúdos.
E assim se encheu não só a loja, mas depois o largo, com pessoas de todas as idades, a ouvirem, debaixo de um sol acolhedor, algumas histórias da nossa tradição oral. O presente teve de esperar, a Nonô ficou encantada, e a mamã ainda trouxe três livros para casa.
E lá podia ter sido uma manhã melhor?



Obrigada, António Fontinha, o contador deste domingo.
Obrigada, Gatafunho, por esta e todas as outras manhãs de magia. Pelo espaço. Pelo conceito. E pela vossa paixão.
Nonô chega inconsolável a casa.


(Nonô) Eu agora andava a brincar com a B. Mas fui brincar um bocadinho com outros e, quando voltei para o pé dela, ela disse que me tinha despedido de amiga...

(Mãe) Ó, filhota, não podes ligar. Tu sabes que as meninas, às vezes, são complicadas. Mas, se não ligares, elas depois esquecem-se.

(Nonô) É que eu já tinha trocado de amiga porque a outra era complicada... Agora esta também é complicada! Se calhar as meninas são todas complicadas. Acho que vou começar a brincar só com os rapazes...


E, apesar de ela estar em sofrimento, não consegui deixar de me maravilhar com mais esta semelhança entre nós.
Pensei tantas vezes o mesmo, durante a minha infância... Hoje defendo o universo feminino com unhas e dentes, porque se é verdade que as mulheres às vezes ligam o complicómetro (e na infância e adolescência é tudo vivido com muito mais intensidade), têm tantas outras coisas maravilhosas!
Mas sim, minha filha... ir brincar com os rapazes, às vezes, é uma excelente terapia!


(Titão) Mãe, o que achas desta minha árvore de Natal? É para alertar para o facto de, no Natal, se gastar tanta eletricidade com luzinhas...

Daria uma campanha tão boa... Só é pena o Natal já ter passado.

A propósito: mais alguém por aí ainda tem a árvore montada? Ou somos mesmo só nós?

E, ao segundo dia, o nosso livro de Reclamações recebeu a sua primeira reclamação, do reclamador-mor cá de casa... Afonso, o Da Letra Ilegível.


Mas não é que tem razão?
Duas vezes por semana, eu e o Dudu temos de esperar uma hora pela irmã. Vamos para um cafezinho simpático, lanchamos, fazemos os trabalhos de casa, e depois, no tempo que sobra, temos experimentado algumas coisas diferentes. Jogo do Stop, livro com jogos... e se o Dudu gosta de variar, a mamã não é melhor.
Hoje experimentámos uma coisa diferente. A mamã tinha recolhido na biblioteca uns livros velhos (há sempre um baú com livros de oferta, que por alguma razão as bibliotecas já não querem) e, sendo o Dudu tão curioso sobre o mundo, acho que vamos aprender muito nos próximos dias...

A ideia foi-me sugerida pela Magda Dias, a super Mum's the Boss: arranjar um Caderno da Gratidão onde pudéssemos agradecer diariamente algo que nos tenha acontecido nesse dia.
Sendo hoje o Dia Internacional do Obrigado, pareceu-me ser o melhor dia para fazer nascer esse caderno, com direito a instruções e tudo!



Ora, a mamã já andava também há algum tempo com outra ideia: arranjar um livro de reclamações! Passamos o dia a reclamar uns com os outros... e se tivéssemos que escrever essas reclamações? Fundamentá-las? Serão elas assim tão importantes? Se sim, haverá melhor forma de as explicarmos, do que escrevendo-as?
Assim nasceu a ideia do livro de reclamações. Sendo que hoje lembrei-me que talvez pudesse ser interessante ter um livro de Reclamações nas costas do livro da Gratidão. E se, sempre que reclamarmos com alguém, formos obrigados a lembrar-nos de tudo aquilo que, por outro lado, temos a agradecer-lhe?



Não sei no que vai dar. E espero, sinceramente, que o livro não fique em branco (o que não seria, certamente, por falta do que reclamar ou do que agradecer, mas antes por preguicite aguda). Mas, para começar, a ideia fez sorrir os meus filhos.

(Afonso) Ai, ai... lá se pôs a mãe a inventar!

(Afonso) Então, mãe, para ti o Mário Soares fez bem ou fez mal ao país?

O Afonso já vai acompanhando as notícias, vai estando a par do mundo, e nas redes sociais apercebe-se de todo o tipo de opiniões. Mas o que as redes sociais não têm, na maioria dos casos, é a argumentação que sustenta cada uma das opiniões. Os factos. O contraditório de cada uma das opiniões. A pergunta serviu assim de mote para uma conversa em família sobre a vida e o legado de Mário Soares. Mas também sobre o que é isso de fazer ou mal ou país. A importância das coisas no seu contexto. E a certeza de que é muito difícil alguém fazer tudo bem a vida toda. Que ninguém agrada a todos. E que o mais importante é agirmos de acordo com a nossa consciência e o nosso coração.

PS - E a propósito deste tema e da importância que é discutir o mundo com as crianças, aconselho a leitura deste artigo de opinião, de David Rodrigues: https://www.publico.pt/2017/01/10/politica/noticia/a-aula-de-historia-de-hoje-1757726

"As escolas continuam – na sua grande maioria – a viver muito divorciadas das comunidades, dos problemas que os alunos querem resolver e sobretudo desenvolvendo a ideia – muito questionável – que antes de se chegar à prática é preciso encher a cabeça com teoria. A experiência dos alunos, as suas questões, a importância do quotidiano continuam a ser 'parentes pobres' da pedagogia nas escolas portuguesas. O edifício do que se chama 'currículo' é resultado da construção destas opções. O certo é que cada vez que pensamos em mudar a escola, sempre pensamos que os obstáculos são os programas que são longos, são os conteúdos que são complexos e precisam de muito treino, etc. Mas os programas e os currículos são eles próprios fruto destas opções que valorizam sobre tudo e sobre todos o conhecimento dos manuais e dos programas em detrimento do conhecimento que se constrói a partir da realidade e da experiência dos alunos."
Nova semana, novos livros da biblioteca!

E não podíamos ter começado melhor... embora não da forma que a mamã estivesse à espera.



Os Irmãos Grimm prometiam uma história com algum ensinamento (ou então a mamã estava iludida). Mas não sei exatamente que lição se pode tirar da história de um feijão, uma palhinha e um pedaço de carvão que resolveram fugir de um caldeirão ao lume e, na sua fuga, depararam-se com um rio. A palhinha ofereceu-se para se estender sobre o rio, para que o carvão passasse por cima dela, mas...


... o carvão era pesado, a palhinha partiu-se, caíram os dois ao rio...


... E o feijão riu tanto que rebentou!

E nós rebentámos também em gargalhadas, de tão absurda que a história era.


(Afonso em lágrimas) Isto é uma história de terror, mãe!

(Leonor com dor de barriga) Ya! Vou ter pesadelos com o feijão!

(Duarte) Mas quem é que se lembra de fazer um livro com uma história destas?!


Os recriadores (porque parece que as histórias já existiam na tradição oral) de Branca de Neve, Rapunzel, Polegarzinho, ou Hansel e Gretel. A menina a quem queriam arrancar o coração (na versão original, por ordem da mãe, em vez da madrasta), a rapariga de longos cabelos trancada numa torre por uma mulher sinistra (que na versão original também seria sua mãe... sendo que a Rapunzel teria engravidado do seu príncipe), o menino minúsculo abandonado pelos pais, juntamente com os seus irmãos, na floresta; ou as duas crianças que uma velha queria assar no forno quando estivessem mais rechonchudas.
Vivam as versões da Disney de algumas destas histórias, e vivam as histórias de hoje, muito menos violentas e definitivamente mais preocupadas com a alegria, o bem estar, e a acção positiva das nossas crianças (ou então é só mais uma ilusão minha).


PS - Bem, no final o feijão é cosido por um senhor, e por isso é que o feijão frade tem uma parte preta no centro. Como diriam os meus filhos: Dahhhhh!
Depois de tanto post com queixumes e revolta, a mamã decidiu arregaçar as mangas e tentar dar o seu contributo para uma mudança no ensino. Se ainda não foram à página "Por uma Escola Diferente", estão ainda muito a tempo. Por lá, eu e outras 7 mães, de áreas muito diversas da sociedade, partilharemos vídeos, encontros e estudos sobre estas temáticas que nos interessam, assim como começaremos, muito em breve, a organizar iniciativas para as quais queremos contar com todos. Toda a comunidade educativa reunida para uma transformação urgente, que beneficie professores, pais, e sobretudo alunos, que precisam de estar inseridos numa escola que lhes permita explorar todo o seu potencial, pessoal e profissional, fortalecendo as competências necessárias para fazer face ao futuro imprevisível que se avizinha.

Deixo este pequeno vídeo de inspiração. E conto com todos aqueles que acreditam na Educação, como ferramenta crucial para transformar o mundo num lugar melhor...


(Professor para os alunos) Porque é que não são ainda pensadores globais?
(Aluno) Porque temos 11 anos!
(Professor) Talvez tenhas razão. Pensar o mundo para quê? O que é que o mundo quer de vocês?
(Aluno) Nada.
(Professor) Meninas e meninos, ele tem toda a a razão. Vocês não podem conduzir, votar... nem ir à casa de banho sem a minha permissão! Estão presos... Presos no 6º ano! Mas não é para sempre. Um dia vocês serão livres! Mas, e se quando forem livres, não estiverem preparados? Prontos? E, ao olharem o mundo, não gostarem do que vêem? E se o mundo for uma grande decepção?
(Aluno) Estamos feitos!
(Professor) A não ser que... revirem o mundo do avesso! E isso podem começar a fazer desde já...

https://youtu.be/NUtlhJlgKTw
Mamã vai buscar o Dudu à escola e decide-se a ter com ele uma grande conversa.

(Mamã) Todas as manhãs nós discutimos, Dudu. Primeiro porque não queres comer, depois porque não te queres vestir, eu a ver as horas a passar, e depois começo-me a passar eu. Temos de arranjar uma forma de termos manhãs mais tranquilas...

(Dudu) Eu sei uma forma, mãe. É deixarem-me dormir até eu ter vontade de me levantar. Já viste que quando ninguém me acorda, eu estou sempre mais bem disposto?


E não é que tem razão?
Tem um mau-feitio tramado, que já me conseguiu tirar do sério mais vezes do que o dos meus outros filhos todos juntos. Mas ao mesmo tempo é de uma consciência e lucidez, que não consigo deixar de pensar o quão privilegiada sou, pelo tanto que tenho a aprender com ele.
Obrigada, meu filho.

PS - Como tens horas para entrar na escola, vou ter mesmo de te acordar de manhã. Mas hei-de lembrar-me mais vezes (sobretudo quando faltarem quinze minutos para tocar e tu ainda estiveres despido, todo desorientado à procura das meias) do quanto te custa ser arrancado da cama...
(Nonô) O S. é o meu melhor amigo.

(Dudu) Não, ele é o MEU melhor amigo.

(Nonô) Também pode ser meu amigo. Ele até disse que gostava de mim.

(Dudu) Gosta de ti como amiga. Não penses que é mais do que isso.

(Nonô) Só estou a dizer o que ele disse.

(Dudu) Mas se ele disse isso é só como amigo. Ele é MEU amigo. Não pode gostar de ti porque tu és minha irmã.


E é assim aos 7 anos...
Promete!
Tarde de chuva é tarde de... abrir presentes de Natal! (ainda temos uns quantos... vai demorar pelo menos até ao Carnaval!)

E o escolhido foi uma caixa da ScienceforYou, para fazer mistelas e coisas peganhentas.


Confesso que podia ter corrido melhor. Apesar de estar de luvas e óculos o Dudu conseguiu encher-se de amido de milho que foi abrir às escondidas (menos mal! Dento do género, podia ter aberto algo pior!) e sujar a bancada com corante verde, enquanto disputava com a irmã uma espátula. O jeito da mamã com a pipeta também deixa muito a desejar, e a impaciência dos três para agitar durante mais de 20 minutos uma substância também não terá ajudado.
Enfim... não temos grande talento para cientistas (a próxima experiência é com o Afonso e o Sebastião, talvez se safem melhor do que nós!), mas ainda assim conseguimos produzir uma caganita de substância viscosa verde. Era para ser um monstro, saiu-nos um monstrinho. Mas, com um bocadinho de imaginação (valha-nos essa!) até conseguimos achá-lo bem fofinho...

O Pai não acha muita piada, prefere ter luz suficiente para ver o que está a comer, mas sempre que ele está nos treinos com os manos, os manos que ficam já sabem...

- JANTAR À LUZ DAS VELAS!!!

E a nossa mesa está cada diz mais composta... Qualquer dia a luz é tanta, que já nem temos espaço para a comida!

À custa de uma multa de atraso, por causa de um livro que andou perdido cá por casa umas semanas, ficámos um bom tempo sem poder requisitar livros na nossa biblioteca. Foi justo e as multas são para cumprir, mas estávamos todos desejosos de poder lá voltar e escolher livros diferentes para todos os dias da semana...

Felizmente, o nosso interregno terminou. E os eleitos desta semana foram:

Eleito por unanimidade!
Dá para fazer em casa, nos restaurantes, à espera de uma consulta. Só precisamos de folhas (que até podem ser recicladas) e canetas. Joga-se em silêncio, promove a concentração, a agilidade de pensamento e a escrita. Não tem limite de jogadores e pode-se jogar até fartar.
Falo do famoso e velhinho... STOP!

Um dos presentes que o Dudu mais acarinhou, neste Natal, foi um pequeno diário onde, como ele diz, vai fazer "os seus desenhos especiais".



(Mãe) Não me deixas nem espreitar, Dudu? Só um bocadinho?

(Dudu) Só esta página...




(Dudu) Está parecido, não está? Está a dançar o Thriller...


As coisas de que este miúdo se lembra...


Já somos fãs da Science4You há alguns anos. Já demos muitos presentes da marca e já recebemos outros tantos. E é com um enorme carinho que olhamos para esta marca portuguesa, que em oito anos se tornou na maior marca de brinquedos em Portugal, e das maiores da Europa neste tipo de brinquedos científicos.
Estas são as nossas próximas aventuras... Logo contaremos os resultados!

Os mais velhos já tinham experimentado nas férias grandes, fizeram uma catapulta e um filme em StopMotion.
Desta vez o desafio, irrecusável, era construir um braço biónico ou uma guitarra amplificada. O Afonso e o Sebastião optaram pela primeira opção e passaram mais um dia desafiante no ISCTE, a construir isto...


Prova superada!
E se ainda não conhecem The Inventors, espreitem https://www.theinventors.io/
Cá em casa já temos dois fãs...


Este ano a oferta de Natal que a Mamã fez ao Papá foi uma tarde e noite especial em família, com os filhotes mais velhos.

1º Estação: Enigma Lisboa


O Papá já tinha falado neste tipo de jogos, muito em moda em alguns países, e até na possibilidade de trazermos a ideia para Portugal.
Alguém de adiantou, e fez muito bem. A Mamã descobriu este Enigma Lisboa, a caminho do Bairro Alto e resolvemos experimentar.
A ideia é muito simples. Um grupo de pessoas - neste caso a nossa família - entramos numa casa fechada onde temos de resolver desafios com um qualquer objetivo. Neste caso, o objetivo era conseguir sair de dentro de 3 salas numa hora, e ainda resolver um Mistério: quem matou um homem no dia 25 de abril de 1974.

Sou suspeita para falar, mas acho que nos safámos muito bem, por entre uma dezena de cofres e cadeados, códigos e quebra-cabeça. Tivemos uma ou outra ajuda do exterior (por walkie-talkie), mas acho que nos safámos muito bem. O jogo era de uma hora e nós resolvemos tudo em 56 minutos e qualquer coisa. Uma quase-hora de adrenalina e diversão, onde pusemos à prova o nosso trabalho em equipa.


Recomendo!

#enigmalisboa


2ª Estação: Chiado, Baixa e luzinhas de Lisboa


Com um pastel de bacalhau com queijo da serra que ninguém conseguiu acabar, de enjoativo que é (ainda bem que a Mamã se ficou pelas castanhas assadas!)


3ª Estação: jantar na Expo

O jantar não era nada de especial, nem sequer estava marcado, mas acabámos sentados no restaurante do Adrien Silva, e quando demos por nós tínhamos umas mesas ao lado toda a equipa do Sporting, incluindo o guarda-redes Rui Patrício, que fez as delícias do Afonso e do Sebastião (que foi pedir-lhe uma foto).


4ª Estação: "O Filho da Treta", no Casino de Lisboa

A peça já não estava em exibição, mas fizeram uma reposição para gravar a peça para a televisão. Estava casa cheia e os atores deram o seu melhor, com um especial destaque para o Zé Pedro Gomes, que esteve melhor do que nunca. O Sebastião ainda percebeu pouco, e o sono não ajudou, mas os restantes riram bastante e trouxeram para casa algum do léxico do Zezé. Exatamentemestes.
A quem não viu, que veja na TV. Recomendamos!



E há lá melhores presentes do que estes?

Já tinham recomendado o documentário à mamã, quando esteve no cinema, mas ele acabou por passar na RTP, num grande sinal de que o canal tem repensado o seu compromisso de serviço público e está a tentar fazer a diferença no panorama televisivo.

A pequenada já tinha ido dormir - mas havemos de voltar a ver o documentário em família - excepto o Titão, que tinha tido treino até mais tarde. E, enquanto a mãe se distraiu, o Titão, motivado pelo que estava a ver, resolveu fechar as luzes da cozinha, acender velas e ver o documentário à luz destas, enquanto jantava.


(Titão) Temos de dar o nosso contributo, não é, Mãe?

Eu não faria melhor...
A mamã andava com ideia de usar um pote. Os papelinhos com os nossos compromissos de fim de ano, que colávamos no frigorífico, acabavam sempre por desaparecer, dar lugar aos papéis dos testes, dos recados, das contas por pagar... Usar pote seria uma boa forma de "conservar" os nossos compromissos até ao ano seguinte. Assim o disse à jornalista Ana Catarina André, que ligou da Sábado a perguntar o que faríamos este ano, cá por casa.



A notícia foi publicada, a mamã arranjou o dito frasco. Restava saber o que meter lá dentro. Que tipo de compromissos, quando podemos comprometer-nos com tanta coisa, em tantos sentidos.

Até que a ideia surgiu. Este vai ser o Pote da Família. Podemos depois comprometer-nos com a escola, com os colegas, com os professores, com o desporto, as redes sociais ou a alimentação. Mas neste pote teríamos que nos comprometer com os restantes membros da família. Cada membro recebeu assim 6 papelinhos de uma cor. Em cada um desses papelinhos escreveu o que está disposto a fazer por cada membro da sua família, para tornar a sua casa num lugar melhor. O último papelinho é para cada membro dizer o que vai fazer por si. Qual o seu melhor compromisso pessoal para melhorar qualquer coisa em si, que beneficie também a harmonia e a prosperidade cá em casa.

Os papelinhos foram escritos em segredo (a mamã só viu um ou outro, a pedido dos filhos mais novos, para ajudar em alguma palavra mais difícil), dobrados em 4 e enfiados no pote, que agora ficará um ano na prateleira, para lembrar cada um de nós daquilo que se comprometeu.


Um Bom Ano para todos!