terça-feira, 10 de abril de 2012
Coisas de Liberdade
Com as férias terminadas, voltámos às histórias "pedagógicas" de boa-noite e, com elas, também as aulas nocturnas de Filosofia para os mais velhos. Hoje, sobre a liberdade. Começámos com aquilo que eles eram livres de fazer. Seguimos para aquilo que eles não tinham liberdade para fazer. E o Afonso (8) lançou a polémica:
- Nós não temos liberdade para nos suicidarmos.
Murro no estômago! E recordei a peça de teatro que escrevi aos 12 anos, sobre o tema, que deixou a minha mãe de cabelos em pé, a querer levar-me ao psicólogo. Respirei fundo e prossegui:
- Na verdade, filho, temos liberdade para nos suicidarmos. Só estamos a fazer mal a nós próprios. Mas deixamos os outros muito tristes. E a vida é tão boa... que é um grande disparate, não é?
E os meus filhos riram, e riram, e riram, como se eu tivesse dito a coisa mais divertida do mundo. O Afonso até exclamou.
- Isso foi uma piada de morrer a rir, mami!
Deixei-os pensar que sim e, alegremente, prosseguimos viagem até à nossa liberdade e a dos outros. Onde começa e acaba uma e outra. Mas o Afonso ficara a remoer a questão antiga, e lá o deixei dizer o que o perturbava:
- O suicídio é um disparate. Mas se dermos a vida pelos outros já não é, pois não?
Novo murro no estômago. Filosofar com o meu filho Afonso é um verdadeiro desafio às minhas capacidades de mãe!
- É assim, filho... Quem dá a vida pelos outros tenta salvá-los. E a si próprio também. Só que às vezes não corre bem. Não é errado dar a vida pelos outros, mas é preferível que se salvem todos.
E os meus filhos riram muito outra vez. De quê, não sei ao certo. Mas enquanto se forem rindo dos dilemas da vida, estão eles muitíssimo bem!
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