(Nonô) Ó mãe, porque é que, quando tu estás a escrever, vais falando baixinho?
(Mamã) Estou a sentir as palavras. É como se eu estivesse dentro da minha história, a vivê-la, percebes?
(Nonô) Eu também falo sozinha, quando estou a brincar.
(Mamã) Escrever é uma brincadeira parecida. Só lhe juntamos a escrita.
E penso para comigo como tenho a sorte, de facto, de passar o meu dia a "brincar". A ser quem não sou, vivendo histórias e vidas sem as viver de facto. Permitindo-me entender melhor aqueles que estão à minha volta, porque já fui um pedacinho deles, ou pelo menos sei que posso sê-lo sempre em potência, sendo a vida, em larga medida, e dentro de certas balizas (que felizmente não existem na escrita) uma escolha.
De entre as minhas escolhas, sou mais rica porque escrevo, não tenho dúvidas. Com o único senão de que, tentando ser quase tudo, acabo por nem sempre ter a certeza de quem sou...
Sem comentários:
Enviar um comentário