Coisas de Ricos e Pobres

- 27.2.07

Lembro-me de ser pequena e de não dar importância nenhuma ao tamanho das casas dos meus amigos, aos brinquedos que possuíam, às roupas que vestiam... E quando digo "dar importância", não me refiro a conotar os meus amigos como ricos ou pobres, com bom ou mau gosto, e seleccioná-los a partir daí. Não... não dava mesmo importância nenhuma. Hoje olho para trás e recordo com dificuldade que a casa da Ana tinha dois andares, que a da Sónia era só um quarto, que o João tinha sempre as últimas tecnologias para rapazes, e a ciganita que morava ao pé da minha madrinha esperava o camião do lixo para apanhar brinquedos velhos. Perdão, o meu esforço não é para recordar, mas sim para diferenciar. Porque naquela altura não havia diferença entre uma vivenda e um apartamento num bairro social. Não importavam os metros quadrados, as marcas, os preços, as origens... "Brincar" era sempre brincar, fosse com quem fosse, com o que fosse ou como fosse. Por isso às vezes, quando me ponho a imaginar a sorte que os meus filhos têm por terem uma boa casa e uma vida confortável, recuo no tempo e percebo que não é isso que lhes faz mais falta nesta fase da vida deles. Não é isso que eles recordarão quando tiverem a minha idade. O que recordarão serão os sorrisos, as brincadeiras, a forma feliz como conseguiram (ou não) passar o tempo, seja num castelo ou na rua, com os brinquedos do Imaginarium ou um simples punhado de terra para fazer um castelo. Porque o que fica e se recorda não custa dinheiro. Só tempo... (o tempo que sacrificamos para ter dinheiro. Não faz sentido, pois não?)

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2 comentários

  1. Tens tanta razão... nós cá por casa tb nos esforçamos muito (e trabalhamos ainda mais) para dar ao Manel uma casa com jardim e piscina, um colégio cheio de mariquices, roupa linda de morrer, brinquedos xpto, coisas que não tivemos e que achamos importante que ele tenha. Mas tudo isso é treta!! Nós em miúdos tivemos atenção, amigos, brincadeira. Lembro-me bem de ter sido muito, muito feliz!!

    Sabes, nós ainda não demos um mano/a ao Manel porque para lhe darmos tudo o que descrevi em cima, não temos condições para ter outro filho!!! É ridiculo, não é?? Sinceramente acho que faz mais falta ao meu filho alguém com quem partilhar, brincar, um mano, do que própriamente a casa, os brinquedos, e afins.

    Acho que vou ter que mudar isso... acho mesmo!!! E 2007 é um bom ano para começar!!

    Beijos
    Rita

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  2. Não, não faz sentido, tens razão. Não tem que ser assim, necessariamente. Revejo-me um pouco nas tuas memórias.
    Bj
    Paulo, cunhado

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