O meu filho Afonso está o perfeito beato! Tirando o facto de não conseguir decorar que o avô é diácono (e dizer sempre que ele é "drácula"), em tudo o resto está o perfeito menino de coro. Passa o dia a cantar a música "Quando Jesus passa... tudo se transforma" (e Jesus, segundo ele, é uma espécie de Gormiti que deita magia e transforma tudo em seu redor), já me pediu "uma daquelas coisinhas com bolas para rezar" (um terço, para quem não domina o assunto) e todas as noites me explica que rezar é pôr-se de joelhos e juntar as duas mãozinhas à frente do peito.
Esta é a parte menos complicada. A complicada é eu já lhe ter falado várias vezes na teoria do bang bang, na formação do universo, e na raça humana como uma espécie entre outras que poderão haver no espaço (e que, segundo o meu filho, um dia ainda vai acabar como os dinossauros) e depois ele aprender que o mundo foi criado por Deus, que também criou o Adão e a Eva. "Ó mãe... tu mentiste-me! Foi Deus que criou o mundo!". Lá lhe expliquei que não menti... que tudo pode co-existir e nada se invalida necessariamente. Em relação ao Adão e à Eva, é que tive de ser peremptória: "Isso é uma história, filho...". Não ficou muito convencido, mas a verdade é que a história que ouviu na catequese também não o convenceu: "Ó mãe... não percebo como é que Deus só criou o Adão e a Eva e depois há tanta gente no mundo... Eles tiveram assim tantos filhos?"
Enfim... teremos tanto que discutir à mesa daqui para a frente...
(Afonso, depois do pai o ter estado a ensinar a jogar playstation):
- Ó mãe, queres jogar comigo à pistola digital?
- Como é que isso se joga?
- Há um pai e um filho que entram no jogo com uma pistola digital que deita raios laser. Depois aparece o papa-formigas ninja e nós temos de lhe deitar um laser. Depois a seguir temos de apanhar uma estrela e a seguir vem o frango que fala. O frango só se cala quando nós o apanharmos e o comermos...
(agora digam-me que o meu filho não tem uma grande imaginação...)
O best-off da semana:

(Mãe depois de ter sido acordada pelo Afonso umas cinco vezes, ora porque viu uma mosca, ora porque teve uma comichão, ora porque tem um pé de fora e não está a conseguir tapá-lo sozinho):
Mãe: Afonso, a mãe não se vai levantar mais. Escusas de me chamar...
Afonso: Nunca mais, nunca mais te vais levantar para vires ter comigo ou com o sebastião?
Mãe: Não, filho. Só se forem coisas muito graves.
(A mãe volta para a cama. 5 minutos depois ouve a voz estridente do filho a gritar)
Afonso: Ó mãeeeee! Anda cá! Eu estou a morrerrrrrrr!

Sebastião: Ó mãe, esta noite veio uma mosca até à minha cabeça e pôs-me um pico...