Afonso a estudar a Revolução Francesa:


(Afonso) Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Falta aqui a Maternidade.

(Mãe) O direito a ter filhos?

(Afonso) E o dever de os amar.


Efetivamente, é condição fundamental para uma sociedade mais feliz. Também voto nesta!

Sebastião desiste de mais um livro a meio.


(Mãe) Ó filho, não pode ser. Tens de conseguir um livro até ao fim.

(Sebastião) Mas já não estava a ser interessante.

(Mãe) Mas tem de haver alguma coleção que tu aches interessante...

(Sebastião) Já sei... e se tu e eu fizéssemos uma coleção juntos? Com coisas fixes que eu goste?


Impossível dizer que não, quando o objetivo é pô-lo a ler.
E a primeira história já está na forja...


Planeta destruído
Guerras
Fome e sede
Desigualdade
Crise económica
Corrupção generalizada
...

E estas são só algumas das razões que nos devem fazer pensar seriamente sobre a educação que queremos dar às nossas crianças, na escola e em casa.

Precisamos de uma nova geração com valores sólidos, por mais que lhe digam que os humanos são como são e ninguém o vais mudar.
Com sentido crítico para perceber o que não funcionou, por mais que lhe digam que se fez o possível.
Com criatividade para recriar um mundo diferente, por mais que lhe digam que não há alternativas.
E com capacidade de agir, por mais que lhe digam que não vale a pena...

Valores. Sentido crítico. Criatividade. Empreendedorismo. Quatro "disciplinas" que, a par do conhecimento, não podem faltar a um currículo escolar ou pessoal, se queremos realmente formar uma geração que transforme o mundo num lugar melhor...

É aproveitar enquanto dura!
Aproveitando a visita à Exposição "7 mil milhões de Outros", acabámos por visitar também o Museu da Eletricidade. Já tantas vezes lá tínhamos ido, nunca o tempo tinha sobrado para a visita completa.
Hoje o tempo também não era muito (e alguma vez é?) mas quando dei pela filharada já estava empoleirada nas escadas de ferro a subir para as caldeiras.
Tenho de confessar que eletricidade não é comigo. Máquinas, turbinas, roldanas, válvulas, o carvão, a força da água e do vento... pronto, sim, eu sei o que é e como funciona. Mas nunca visitaria com calma uma exposição sobre o tema se não tivesse 4 filhos (e os dois mais velhos sobretudo) absolutamente fascinados. Queriam saber como era cada máquina, como se movia, para que servia, como fazer eletricidade, o que é a energia e como se move, etc, etc, etc.
O Museu está muito interessante, mesmo para crianças, e no final tem muitos jogos e atividades para os mais novos. A mãe, definitivamente, é mais das letras do que das ciências, mas já percebi que tenho de me obrigar a mais visitas destas a espaços destes, porque os engenhocas cá de casa deliram com o tema.
É caso para dizer que, quem sai aos seus (pai e avós, que a mãezinha saltou este talento!) não degenera...




Hoje levei finalmente a filharada a ver a exposição "7 mil milhões de Outros".
Já tinha ouvido dizer muito bem, estava ansiosa por ir, mas queria levar comigo as 4 cabecinhas curiosas que tenho cá em casa.
Claro que estrebucharam... os mais velhos queriam ficar esparramados no sofá a ver televisão, os mais novos queriam ir ao parque... Mas a Mãe ainda manda qualquer coisa cá em casa (até ver...) e lá levou a malta toda rabugenta rumo ao Museu da Eletricidade.
E não podia ter corrido melhor! É certo que só os mais velhos é que conseguiam ler as legendas das pessoas que falavam, mas eu lá fui contando ao ouvido, aos mais novos, o que diziam os 7 mil milhões de outros que foram entrevistados. Sobre os seus sonhos, o seu sentido para a vida, o que pensavam da família, do amor... Rostos cheios de história e de histórias por contar, algumas impressionantes, tão diferentes da realidade que conhecemos. Os filhotes riram-se, intrigaram-se, e (ainda que em jeito de criança) refletiram.
O mundo é feito desta diversidade. Maravilhosa diversidade. E é quando nos sentimos na pele do outro que sonha, que crê, que ambiciona, que ama como nós (ainda que de maneira diferente), que nos sentimos tão diferentes, mas no fundo tão iguais no que temos de mais essencial.

Parabéns ao mentor deste projeto: Yann Arthus-Bertrand (vale a pena ler sobre ele aqui!)
Parabéns a toda a equipa que o trouxe até Portugal. (Ana Sofia, um beijinho especial para ti)
Muito, muito inspirador!


(Made by Papá)


(Dudu) Ó mãe, quando é que nos ensinas a ler?

(Nonô) Sim. Nós queremos aprender a ler. Podes ensinar-nos? Amanhã?


Os mais velhos cheios de testes e agora os manos mais novos a quererem que eu os ensine a ler...
E eu que sempre disse que não tinha paciência para ser professora!
Vai ser um loooooongo fim de semana!

(Dudu) Mãe, vou fazer uma experiência...

A mãe devia ter percebido que "uma experiência", vinda do Dudu, não podia ser boa coisa. Mas entretida com as voltas dos manos, não foi verificar o que o mais novo da trupe andava a fazer.

Resultado: a "experiência" era uma mistela manhosa de iogurte, línguas de gato, ketchup e ovos. Dois deles não resistiram à façanha e estavam quebrados no meio do chão da cozinha.

O papá decretou que aquele seria o jantar do Dudu.
Valeu-lhe a gulosice dos gatos, que chamaram um figo à "experiência" do Dudu...

(Dudu) Vês, mãe? Os gatos gostaram...
(Nonô) Mãe, eu não gosto de tomar banho.

(Mãe) ???

(Nonô) Não posso deixar de tomar banho?

(Mãe) E como é que ficas limpinha e cheirosa?

(Nonô) Passo só com uma toalha e ponho muito perfume.


Por esta não estava à espera. Tenho uma filha "Cascão"...


Farta
Muito farta (Absoluto Analítico)
Fartíssima (Absoluto Sintético)
Fartalhuca (Absoluto Disparate)

da escola! Dos testes, da pressão, dos trabalhos de casa, das notas, do "já me safei" ou "estou lixado", da absoluta ausência de tempo para brincar, para rir, para darmos passeios, para contarmos histórias, fazermos teatros, dançarmos e cantarmos, usufruirmos do bom que é crescer e viver em alegria.

A escola deveria ser um lugar de aprendizagem saudável, mas tem vindo a ser transformado, cada vez mais, num lugar competitivo sem lugar à brincadeira e ao convívio. Fico agoniada (e os meus filhos ainda mais!) cada vez que me falem em médias, rankings, notas, testes, necessidade de serem os melhores, cada vez melhores.
Melhores em quê? Para quê?
Eu só queria que os meus filhos fossem pessoas felizes. Curiosos pelo mundo. Que gostem de aprender e de serem melhores todos os dias. Que descubram as suas potencialidades. Que aprendam a melhor forma de as colocar ao serviço dos outros e do mundo. Que riam, corram, saltem, aprendam a relacionar-se com os outros e a respeitá-los, na igualdade e na diferença. Que sonhem, que acreditem que vão conseguir transformar o mundo num lugar melhor, cada vez que abraçarem alguém...
Mas cada vez há menos espaço para essa escola. E, porque os pais também não têm tempo (ou mesmo que tenham, têm de estudar com os filhos para eles se safarem melhor nos testes), a "escola da felicidade" também já não acontece em casa. Já não acontece em lado algum.
E as crianças, que podiam ser felizes, transformam-se em bolas amorfas de conhecimento. Cansadas da vida, quando a vida - essa vida maravilhosa que nos é dado viver - ainda só está no começo.

Férias do Natal precisam-se!
Mas um novo sistema de ensino também...
Depois de receber mais um email com publicidade sobre os "altamente nutritivos" e "saudáveis" leites com chocolate para crianças, decidi explicar porque sou uma mãe que controla aquilo que os seus filhos comem (sem quaisquer obsessões, creio eu, mas ainda assim muitas vezes chamada de radical e fundamentalista).

1. Preocupo-me muito com aquilo que como. Porque...
... tenho um único corpo e é com este meu único corpo que tenho esta possibilidade excelente de viver neste mundo e experienciar tudo aquilo que ele tem para me oferecer. Quanto mais ele for saudável, mais poderei usufruir.
... não gostaria de ficar dependente da ajuda dos outros por problema de saúde decorrentes dos meus próprios atos.
... o Estado poderá gastar dinheiro com quem precisa realmente, em vez de o gastar comigo, com problemas de saúde que possam ser decorrentes da minha negligência para com aquilo que como.
... não quero ter de preocupar-me com a minha saúde. Tenho preocupações que me bastem.
... não tenho tempo para estar doente, nem para ir a médicos ou fazer exames. A melhor forma de poupar este tempo é através da alimentação que fizer.

2. Preocupo-me muito com aquilo que os meus filhos comem porque:
... quero, na medida daquilo que estiver ao nosso alcance contrariar, que os meus filhos cresçam saudáveis e não percam (como eu não quero perder) nada daquilo que o mundo tem para lhes oferecer.
... as crianças, em geral, fazem muito desporto. É fundamental uma alimentação em quantidade adequada, que compense essa atividade física, mas também em qualidade, que reponha todos os nutrientes perdidos e evite o desgaste prematuro.
... o desenvolvimento cognitivo, a par do motor, é também ele comprometido quando a alimentação não inclui os nutrientes necessários, ou inclua em demasia nutrientes e componentes nefastos para o seu desenvolvimento (açúcar, químicos, glúten, etc).
... as crianças comem muito muito mal hoje em dia. Nunca tivemos tantas crianças obesas com todos os problemas que daí decorrem, como colesterol, diabetes, disfunção renal... Nos EUA o número de crianças dependentes de hemodiálise é absolutamente assustador. Pastelaria refinada, refrigerantes, snacks doces e salgados são PERIGOSOS para a saúde daqueles que amamos.
... se sonhamos com crianças felizes e bem sucedidas, não podemos nutri-las apenas de conhecimentos. Temos também de as nutrir com amor. E igualmente com uma alimentação adequada, que complemente este triângulo da felicidade.


Se chegaram até aqui, é possível que estejam a dizer agora: "Bolas, que ela é mesmo fundamentalista."
Não sou. Os meus filhos comem bolos e guloseimas em dias de festa. Sabem que a mamã torce o nariz, mas que um dia não são dias. E que, nos outros, têm de comer adequadamente. Não por mim. Mas pela sua saúde e pelo seu futuro.


(Afonso) Eu tenho uma teoria sobre a vida eterna...

Viagem até Évora. Manos gémeos a dormir. Afonso ao meu lado, a dissertar.

(Afonso) Nós somos eternos, mas vamos nascendo e esquecendo o lugar de onde vimos, o que já vivemos... A vida parece que acaba quando morremos, mas isso é só porque nós, quando nascemos, sofremos um "apagão de memória".

Vida, morte, céu, passado, futuro, universo. Ui, que já ia a suar...


(Afonso) E também há outra coisa em que não deixo de pensar... se o Big Bang foi uma explosão que deu origem à formação do universo, o que é que havia antes do universo? Nada?
(Mãe) Se calhar o "Nada" não é aquilo que nós entendemos como "nada". A ausência de matéria não quer dizer que não seja "nada".
(Afonso) Pois... nós dizemos que não existia nada. Mas se calhar temos de dizer que existia "o" nada.


Universo. Big Bang. Buracos negros. Quasares. Vida. Alliens. Ui, que viagem louca!


Adoro viajar com o meu filho. Nem dou pela estrada. Mas estas viagens exigem uma preparação adequada...




(Afonso) Escrevi a minha auto-biografia na aula de Português. Mas como se tivesse 50 anos.

Entregou-me as folhas, divertido. Temi... e depois ri! O meu filho, formado em Astronomia (que ele chamou por engano Astrologia), ganha aos 50 anos o Nobel da Ciência por descobrir o primeiro planeta com vida e ainda trazer uns amiguinhos alliens para a Terra. Casado com uma atriz, tem um filho que é craque da bola.

Com os devidos exageros, apetece-me citar Goethe: "Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor."




(Mamã) Nonô, tens aqui gente a mais, filha... Se a mamã é esta ao pé do papá, quem é a outra menina que está aqui ao pé de ti?

(Nonô) Ao pé do papá não és tu, é a avó Antónia. Tu estás aqui ao pé de mim, a tomar conta de mim e dos manos.


E a avó Antónia, pelos vistos, a tomar conta do papá. O papá e o mano Afonso são grandes. A mamã é pouco maior do que o resto da filharada.
Ui, que a psicologia diria tanto sobre isto...
Abro a agenda do Afonso e dou com isto: "Frases e outras coisas parvas", por ordem alfabética, com pérolas como "Cadeira com poeira pode ser vendida na feira" e "Zebra que come febra, frango tem de desprezar".



Mas onde é que este miúdo vai a estas ideias?!
"Vamos decorar a nossa Pré..."

O apelo surge todos os anos por esta altura, e a mamã desespera! A ideia é fazer algo bonito, sugerido pelas educadoras, para decorar a zona do pré-escolar... mas isso significa sempre que a mamã pegue na tesoura e na agulha e passe o fim de semana dedicada aos trabalhos manuais. Com a agravante que os trabalhos cá em casa são... a dobrar! A Nonô quer uma coisa, o Dudu quer a outra, e a mamã, que também tem os seus trabalhos, os testes dos manos mais velhos, a casa e as refeições, os programas sociais... cose e desespera. Cose e desespera.


Mas pronto. Desabafo feito, agora é olhar para o resultado final e sorrir. Missão cumprida! Amanhã os filhotes chegarão à escola orgulhosos, com as suas árvores. E, mesmo sem muito talento para estas artes, a Pré ficará mais rica.

(Afonso) Agora só falta dizerem que o Presidente da República também nos anda a roubar..

(Sebastião) Mas se o Sócrates ficou com tanto dinheiro que não era dele, ele agora vai ter que o devolver, não é?

As crianças assistem por estes dias aos acontecimentos do país (corrupção, burla, fraude...) e perguntam-se que país é este, onde aqueles que deveriam dirigi-lo, orientá-lo, enriquecê-lo, são detidos e acusados de crimes que nos prejudicam a todos. A democracia começa a parecer uma palhaçada. E nós, marionetas num sistema tão permeável à ganância, à luta cega pelo poder e pela riqueza, acima de tudo e de todos.

Às crianças que assistem por estes dias aos acontecimentos do país, é preciso dizer que há esperança. Que quem comete um crime é preso e que só lá vão ficar aqueles que efetivamente vão zelar pelo país e pelos interesses de todos nós. E que, um dia, serão eles os adultos do país e lhes caberá a eles fazer diferente, fazer melhor.
Afonso apanha a sua mamã a trocar mensagens com uma amiga e a terminar com "LOL".

(Afonso) Tu escreveste LOL?!?

(Mãe) Não posso?

(Afonso) Escreve "risos". Ou põe um Smile, vá. Mas o "LOL" é da malta da minha idade. As pessoas da tua idade não podem usar LOL...

(Mãe) Mas não podem porquê?

(Afonso) Ó mãe... é... é um bocado ridículo, percebes?



E assim se chama subtilmente uma mãe de cota...
Adolescência OMG! (será que ainda tenho idade para usar OMG??)
(Nonô) Mamã, sabes que a B. agora é a minha segunda melhor amiga?

(Mãe) Ai sim? Então quem é a primeira?

(Nonô) Dah, mãe! És tu!


A mãe pode ser Dah, mas hoje já ganhou o dia...
Hoje em vez de treinar a escrita, o Titão pediu para treinar a escrita... no computador.
E o resultado foi este:


Conclusões da sua mamã:

- Sou uma chata com a comida, mas pelo menos os filhotes já sabem que é pela sua saúde.

- A escrita já não é o que era! Voltámos à escrita pictográfica!!!
Ser mãe é também isto: testar diariamente os nosso limites (aqueles que nos levam a fazer o impensável!), perceber que o amor é mais forte do que o medo.
A prová-lo, a história desta mãe holandesa que vestiu uma burka e foi até à Síria resgatar a sua filha de 19 anos...

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=4249433
Afonso a treinar inglês, traz-me uma carta, a mim dirigida, onde se descreve e descreve também os seus pais.


O pai é businessman.

A mãe é pacific.

Tem dias.
Mas não há dúvida de que a estratégia dele funcionou. Depois de me chamar pacific... como é que eu barafusto com ele por não ter estudado nada de jeito?!
Já tive os seus dias áureos na pista. Só fiquei uma vez em 1º lugar, fiquei muitas vezes no frustrante 4º lugar, outras vezes bem pior classificada, mas era quanto bastava para ir avançando nas provas e cheguei a ir a um nacional. Os meus pais não tinham horários para ir gritar por mim (e coitados deles... se eu me metia em tudo!) mas se há coisa que hoje me dá gozo é ter a possibilidade de ir gritar pelos meus filhos nos seus corta-matos. E hoje... gritei por 4!

A Nonô ia toda contente com o seu rabo-de-cavalo, as suas amigas, as fadinhas e princesas e Violetas do seu imaginário... foi o seu primeiro corta-mato e não se safou nada mal (foi no sentido certo, pelo menos).
O Dudu correu como um foguete. Consta que ganhou (se bem que eu só vi um monte de miúdos dos 5 anos a galgarem a meta). Para primeiro corta-mato... promete!
O Titão e o Afonso este ano corriam com os mais velhos, um ficou em 19º e o outro em 10º. Foram boas provas e o Afonso foi apurado para a próxima prova.
E a mãe... a mãe correu de um lado para o outro da pista, a gritar pelos seus piolhos. Gritou também pelos sobrinhos, pelos sobrinhos emprestados, pelos filhos dos amigos, pelos amigos dos amigos... Também não ganhou medalhas, mas trouxe para casa uma valente rouquidão...

Para o ano há mais!

Nonô aproxima-se com o telemóvel da mamã:


(Nonô) Tiras-me uma fotografia? Depois mandas por email às minhas amigas?

(Mãe) Mas as tuas amigas já têm email???

(Nonô) Sim! A C. até vê o email no telemóvel...


...


Dudu aproxima-se a teclar no telemóvel da mamã.


(Mamã) O que é que estás a fazer?

(Dudu) Estou a tomar notas. "A mamã é linda."



5 anos de gente e tratam a tecnologia por "Tu". O mundo mudou, não há forma de o contrariar, e tudo aquilo que não mudar com ele deixará de fazer sentido. O desafio não é parar o tempo, é tentar acompanhá-lo e procurar que, nessa constante mudança, não se perca o essencial, antes se multipliquem os benefícios.
Enquanto os manos estudam e o Dudu experimenta as chuteiras novas às voltas com uma bola, a Nonô entretém-se a pintar as unhas às bonecas!


(Mamã) Que lindo, Nonô!

(Nonô) Posso pintar as tuas unhas, mamã?


(Mamã) Deixa estar, Nonô... Fica para outro dia...

Temos manicure! (ou talvez seja melhor não...)

(Mamã) O que é isto, Dudu?

(Dudu) Como eu não tenho nenhuma mala, fiz esta bolsinha para levar os meus brinquedos.

Rasgou um saco e fez a sua pochete. O design é duvidoso, mas lá desenrascado ele é...

(Afonso) Ó mãe... estas fichas de matemática são uma seca!!!

Com teste de matemática para a semana, o Afonso está entregue às contas e aos problemas que todos sabemos que exigem treino e paciência.

(Afonso) Mas tu és bom a Matemática, Afonso. Só tens de treinar.

(Afonso) Mas isto é uma SECA!

(Mãe) Então diz-me uma coisa... das matérias todas da escola, o que é que tu gostas de estudar?


Silêncio.


(Afonso) Nada, mãe. Gosto de Educação Física.

(Mãe) Não há matéria nenhuma que te dê mesmo prazer estudar, explorar, descobrir..?

(Afonso) Eu gosto de ler, mãe! Queria ler o meu livro mas não tenho tempo!


Mãe chicoteia-se. O novo livro que recebeu nos anos - e que ele está doido para ler! - está em cima da mesinha de cabeceira dele quase intacto. Obriguei-o a ler o "Chocolate à Chuva" e seguiu-se o "Ulisses" - com estudo e mais estudo e mais estudo pelo meio. E aquilo que lhe dá verdadeiro prazer, aquilo que ele gosta mesmo de ler, lá vai ficando esquecido, adiado, até sei lá quando!


(Mãe) Então fazemos assim, Afonso... Resolves uma ficha de exercícios, lês um capítulo... Por cada ficha de exercícios lês outro capítulo. Combinado?

(Afonso) Mas começo pelo livro...

Voou para o sofá com o livro debaixo do braço. E rendeu-se às distopas, ao new Adult, género agora tão na moda, que povoa estantes e estantes das livrarias e supermercados. Na verdade, gosta de ficção científica, de ciência, naves, mistério, aventura. Se isso é mau? Nem pouco mais ao menos. Claro que precisa da Matemática, do Português, da História e de muito daquilo que aprende na escola. Mas precisa também de tempo para poder ler o que gosta, descobrir o que lhe dá prazer e perceber depois o que fazer com isso...

O Dudu é conhecido por ter mau feitio ao acordar. É o pior cá de casa. Resmunga, zanga-se com tudo e com todos, não obedece, não quer comer, não quer fazer nada!

Hoje, a mamã resolveu fechar a porta do quarto, pedir encarecidamente a toda a gente que não fizesse barulho, e deixou-o dormir.
Acaba de acordar. É quase meio-dia. Veio dar-me um abracinho e pediu-me cereais. E concluo que o Dudu não tem mau feitio ao acordar. Ele só precisa mesmo é de dormir mais!



(Nonô) Mamã, eu queria ser a tua única filha...

(Mãe) Oh, Nonô... então e os manos?

(Nonô) Os manos eram meus primos... (Pausa) Mas podiam dormir cá todos os dias... (Pausa) E ter cá as coisas deles, de rapazes...

(Mãe) Então isso é igual ao que temos!


Encolheu os ombros e resignou-se. Estamos mesmo a precisar de um programinha mãe/filha, bem cor de rosa e cheiinho de purpurinas!
Entregou-me o seu texto de opinião sobre as férias, com ar nostálgico.

(Afonso) Quantos dias faltam para as férias do Natal??


"Para mim, as férias são a melhor 'invenção' de todas as invenções. Férias é ficar acordado até tarde, ficar o dia todo no sofá sem qualquer preocupação, e fazer o que quisermos sem ninguém a dizer-nos que isso é proibido fazer. São dias em que não há 'lição número' e 'abram o manual na página'. Que já não há os 'já fizeste os TPCs?' e os 'vai fazer a mala que amanhã tens aulas'. Por outras palavras, férias é fazer o que queremos, quando queremos e porque queremos."


E até eu, que tenho sempre trabalhos redobrados nas férias deles, fiquei com vontade que elas cheguem depressa...

Oração do Afonso no Bom da escola, contado por uma professora presente:

(Afonso) Eu queria pedir para que o meu pai e o meu irmão não apanhem a Legionella, que eles estiveram em Vila Franca...



Titão a estudar a bandeira nacional para o teste de Estudo do Meio:

(Titão) Porque é que as pessoas erguem a bandeira e fazem aquelas cerimónias todas?

(Sara) A bandeira é o símbolo de Portugal. As pessoas sentem orgulho no seu país.


Titão torce o nariz.


(Sara) Não te faz sentido, filho?

(Titão) Não... Não era todos os humanos serem do mesmo país? E terem a mesma língua?


Sempre acreditei que sim, nunca o tinha dito aos meus filhos. Somos um grão minúsculo no universo. Para quê tanta luta interna, tanta disputa, tanta diferença, se somos todos uma mesma espécie em busca de sobrevivência?

E depois estranhamos que os nossos filhos queiram correr o mundo, que se desinteressem da política nacional, das eleições e das tricas do país... eles não sentem já portugueses como os nossos antepassados sentiam. A globalização tornou-nos a todos cidadãos do mundo. E o mundo é um pequeníssimo planeta no contexto de um universo para onde as nossas atenções estão agora voltadas, à medida que descobrimos novas e novas paragens que um dia certamente (e estão tão breve!) iremos explorar.

É este o sentimento de uma nova geração que já olha o mundo sem fronteiras. Que acredita (ingenuamente, é certo, mas com uma ingenuidade inspiradora) que podemos ser todos um.
Palavras de uma nova geração que, por isso mesmo, vai mudar o mundo e a forma como o encaramos.


Titão ao espelho, a observar as suas lindas orelhinhas protuberantes...


(Titão) Ó mãe, tu achas que as minhas orelhas deviam estar "para trás"?

(Mãe) Há quem as tenha de uma maneira, há quem tenha de outra...


Mas não pude deixar de me recordar das vezes em que lhe punha fita-cola nas orelhas, enquanto ele dormia, ainda bebé, para ver se a coisa ia ao lugar. A minha preocupação era que um dia alguém gozasse com ele, o chamasse de orelhudo, Dumbo, ou coisas do género, que tantas vezes marcam uma infância.


(Mãe) Alguém te disse alguma coisa sobre as tuas orelhas?

(Titão) Não. Eu sei que elas estão um bocado "para fora", mas eu olho-me ao espelho e gosto delas assim. E os meus amigos dizem que também gostam...

(Mãe) E eu gosto também. As tuas orelhas são óptimas para a mamã trincar...


Sessão de brincadeira e "mordidela", com uma agradável conclusão:
- O meu Titão é um menino feliz e com boa auto-estima.
- O Titão tem bons amigos.
- A mamã podia ter poupado a fita-cola.



O Titão conheceu o Gerónimo na escola e, apesar de achar que ele era um rato meio manhoso, com enxertos de pessoa a saírem-lhe do pêlo, agarrou-se a um livro dele e, nessa mesma noite, leu metade.

Levar os autores às escola pode soar a operação de marketing, mas a verdade é que incentiva à leitura, convida à descoberta das palavras escritas por esse alguém que visita a escola e fala do seu prazer de escrever e criar.

Mas é importante também que outras pessoas com outras profissões visitem igualmente a escola, falem da sua experiência, partilhem os seus erros e as suas vitórias. Se as crianças não podem experienciar o mundo, porque a escola é cada vez mais intensa e absorvente (em tantos casos da 7 da manhã às 7 da tarde!), é importante levar o mundo às escolas. Dar-lhes o possível do "mundo real" que um dia vai ser deles...
A Inês Teotónio Pereira escreveu hoje (artigo aqui) sobre as dificuldades de aprendizagem e eu não podia estar mais de acordo...
Quantos talentos não se ficam pelo caminho, só pelo facto de insistirmos (às vezes à custa de suor e lágrimas... deles, nossas e dos professores!) para que as crianças saibam e desenvolvam as competências de todos os outros.
O que faz de nós melhores não é aquilo em que somos iguais a toda a gente. É a nossa diferença. São os talentos com os quais nascemos e que trouxemos para este mundo para pôr em render. Desenvolver. Deles fazer brotar alguma coisa que nos sirva a nós e aos outros. Pode até não ser nada extraordinário. Mas será sempre o melhor de nós para os outros. E, como escrevia Henry Van Dyke, “as matas seriam muito silenciosas se só cantassem os pássaros de cantos mais bonitos.”

Numa escola concebida para a nossa "formatação", que lugar estamos nós a dar à poderosa e transformadora diferença?
Mãe e Dudu fechados no carro, à espera que a chuva abrandasse para correr até casa.
De repente o Dudu salta da cadeira e arregala os olhos, aflito.

(Dudu) Ai, mãe! E os pobrezinhos que não têm casa??? O que é que fazemos?

Meu rico filho...
É um pequeno terrorista... com um coração gigante!

A Bárbara Wong escreveu sobre a nova publicidade da Vodafone (o seu post aqui), e eu não podia estar mais de acordo com ela, ou não fosse eu mãe de dois gémeos peritos em disputas (fora os outros dois, que são iguais ou piores!).
Passar-lhes dispositivos eletrónicos para as mãos torna efetivamente a vida mais fácil. Assim como deixá-los vegetar em frente à televisão. Mas é exatamente assim que a Educação se transforma lentamente em Alienação...

Cerimónia religiosa na escolinha dos mais novos. O padre conta a passagem bíblica em que Jesus está rodeado de crianças, os apóstolos tentam afastá-las mas Jesus quer que elas fiquem e diz que devemos ser como as crianças para entrar no reino de Deus.

(Padre) Vocês sabem quem é que escreveu esta história que eu contei?

Dudu levanta o braço.

(Dudu) Foi a minha mãe!

Risota geral. E a mãe pensa que não foi ela, mas tem pena, porque não podia concordar mais com esta passagem. Do reino de Deus percebo pouco ou nada (aliás, quem sabe ao certo o que passa fora deste nosso pequeno mundinho?), mas aqui na Terra isso já é bem notório. Feliz daquele que vive a vida como uma criança...


Sebastião a ler "Pipas de Massa":

(Titão) Ai, mãe... Ainda me faltam 20 páginas!


Afonso aparece com o seu "Chocolate à Chuva"

(Afonso) Não te queixes... A mim ainda me faltam 90!


Mãe mostra "Os Mortos não dão autógrafos" que tem nas mãos.

(Mãe) A mãe vai apresentar este livro esta semana. Tem 310 páginas e eu vou na 53. Alguém tem mais alguma reclamação a fazer?


Olharam um para o outro, meteram a violita no saco e regressaram às suas leituras.
Não há dúvida de que o melhor argumento continua a ser o nosso exemplo...

É oficial. Domingo é dia de ir às compras cá em casa...


A família inspira múltiplas formas de aprendizagem...

Aqui um vídeo sobre aprender pelo exemplo, experimentando depois, falhando e recriando. Termina com o pensamento de uma mãe que tentou incuti-lo à sua filha: "E assim, quando eu não estiver por perto, sei que ela vai saber o que fazer..."

Os meus filhotes já viram... e estão doidos para fazer gelado de ananás!


https://www.facebook.com/video.php?v=313969825440918&set=vb.139129776258258&type=2&theater
Disse que se tinha entusiasmo no texto de opinião de Português, sobre as questões ambientais, e não mentiu...

"Se não pararmos de poluir, a camada de ozono vai diminuir, o Ártico vai derreter e, quando tivermos noção do que aconteceu, já vamos estar todos debaixo de água. (...)
Se não acabarmos com ela (poluição), ela poderá acabar connosco."

Drástico. Infelizmente, absolutamente realista.


Ora aqui está um grande TPC, a puxar pela auto-estima e pelo auto-conhecimento.

O Titão pediu às avós que escrevessem sobre eles, a mãe e os tios também deram uma perninha, e no meio foi ele a escrever como se via. No final olhou para a sua folha, orgulhoso:

(Titão) Eu sou isto tudo?

Isto tudo e muito mais. Agora com um sorriso ainda mais confiante.


(Afonso) Mãe, vou ter de ler o Chocolate à Chuva.

(Mãe) Que giro, Afonso. A mãe gostou tanto desse livro! Devo ter lido quando tinha a tua idade...


Alguns dias depois...


(Afonso) Mãe, eu odeio o Chocolate à Chuva.

(Mãe) Não sejas assim. O livro é giro.

(Afonso) Mãe... tu és miúda. O livro é sobre miúdas que falam dos seus sentimentos. Elas acordam a meio da noite para falar de coisas de miúdas, mãe! E falam com bonecas! É insuportável!!!

(Mãe) Mas não há nenhum rapaz nessa história?

(Afonso) Há um... mas passa a vida com as miúdas... e joga ao pião, mãe! Socorro!!! Podes explicar ao Ministro da Educação que nós somos miúdos de 11 anos e que isto não nos ensina nada? Que só nos dá vontade de não ler mais livros?


Eu adoro a minha querida Alice Vieira. Adorei o Chocolate à Chuva. Mas não posso deixar de achar que o meu filho tem razão. Ele adora ler. Lê com prazer, e devora os livros que gosta. De livros sobre invenções a histórias de espiões, tricas e parvoíces dos miúdos da sua idade aos recordes do Guiness, lê sempre qualquer coisa todas as noites, antes de ir dormir. Obrigá-lo a trocar estas suas leituras por prazer pelo "Chocolate à Chuva" por obrigação, não só não me parece produtivo, como acho que o desmotivará para a disciplina de Português. Mas o que fazer?

(Mãe) Imagina que estás a fazer um estudo sobre miúdas. És um espião e precisas de entender como é que elas pensam. No final até te dou um diploma: Especialista em sentimentos femininos.

Torceu o nariz mas acho que vai acabar o livro sem resmungar muito mais. Menos mal...

Dudu olha para mim intrigado.


(Mãe) O que foi, Dudu?

(Dudu) Vou tirar-te uma fotografia. Tens o Santo António ao pé de ti.

(Mãe) O Santo António?? Qual Santo António? Estás a falar do quê, Dudu?


Dudu pega no telemóvel e tira-me uma foto. Depois mostra-me.


(Dudu) Vês?

(Mãe) Não está aí santo António nenhum, Dudu.

(Dudu) Está sim. Vocês é que não conseguem ver.


E foi-se embora, de ar convicto. Mais uma à-la-pequeno-Dudu que não é para entender. É para aceitar e seguir em frente sem mais perguntas.

(Dudu) Mãe, quero fazer um livro para a minha professora.


Ui! Onde é que eu já ouvi isto? Aos 6 anos, com a ajuda da minha mãe, fiz o meu primeiro "livrito"... para oferecer à minha professora!


(Dudu) Vai chamar-se "A Ana e eu".

A mãe estava a fazer o jantar, de olho nos dois manos mais velhos que estavam a fazer os trabalhos de casa. A Nonô já se tinha mascarado 3 vezes, de princesas diferentes, e o caos (o habitual) estava instalado.


(Mãe) Pode ser uma carta, Dudu? Depois no fim de semana fazemos um livro.
(Dudu) É um livro-carta?
(Mãe) Sim, isso. Um lindo livro-carta.

Enquanto a mãe lavava as mãos, o Dudu foi buscar uma folha e um lápis. Depois ditou a história que ele tinha na cabeça. Muito simples, mas de grande ternura. Ele e a sua professora Ana, numa amizade para a vida. Dobrou, enfiou num envelope, escreveu o seu nome e o da professora, foi roubar um autocolante aos manos para selar a carta, e no outro dia levou-a orgulhosamente à sua querida professora.

Não foi um livro. Só houve tempo para um livro carta. Mas a intenção esteve lá. Amanhã, se tudo correr bem, metemos mãos à obra para transformar a sua história num "livrito" mais a sério...



Costumam lamber-se sempre (auxiliando-se nas partes onde não chegam, como é o caso do pescoço) e depois adormecerem em cadeiras ou sofás diferentes.
Mas ontem foi assim... Mãe e filho num momento num daqueles momentos de ternura a que não resistimos. E que nos ensina tanto sobre a capacidade de sentir e amar dos nossos amigos animais...

Titão e o seu dom de chamar a sua mamã à razão:

(Titão) Ó mãe... porque é que te estás a rir para essa coisa (telemóvel) em vez de te rires para mim?!

(Leo, o Menino do Circo) Ena, pá! Ó para mim ao pés das lições sobre os transportes, ao pé das horas e das grandes invenções... Não achas que me puseram no sítio errado? Eu sou só um menino do circo que nunca pôde ir à escola...

(Sara) Aprendeste outras coisas, Leo. O valor da amizade. Da união. Da verdade. Da partilha...

(Leo, o Menino do Circo) Mas isso não ajuda os meninos a serem génios...

(Sara) Ora aí é que tu te enganas. Tão importante como saber as coisas do mundo, é aprendermos a relacionar-nos com os outros, a cooperarmos, a partilharmos, a sabermos quem somos e o que temos para dar, para vivermos neste mundo com mais entrega e mais verdade. E isso tu tens aprendido com os teus amigos animais, Leozinho. É isso o que tu tens para ensinar a todos os meninos que lerem as tuas aventuras.

(Leo, o Menino do Circo) Então não preciso de me ir esconder lá atrás, na prateleira do fundo?

(Sara) Eu sou suspeita para falar . Mas por mim continuas aí à frente, com esse teu sorriso maroto e as tuas valentes partidas...


7 da manhã. Hora de absoluto caos cá em casa.

(Afonso) Acho que tenho de apresentar hoje um trabalho de Português...
(Mãe) Onde é que está o trabalho?
(Afonso) Esqueci-me de fazer...

5 minutos de ralhetes vários, sobre responsabilidade, empenho, falta de maturidade, etc etc etc. Afonso reage mal e leva mais 5 minutos de ralhetes vários sobre humildade, boa-educação, valorização do que tem e do que fazemos por ele, etc etc etc. E a mãe, já com o mau humor matinal nos píncaros, remata com aquela frase dramática:

(Mãe) Estás habituado a que a mãe te ajude sempre à última da hora, mas isso vai acabar! Se quiseres, despacha-te e desenrasca-te sozinho...

Comeu à pressa, vestiu-se à pressa, lavou os dentes à pressa, e depois lá arranjou coragem para ir ter com a sua mãe, que andava tipo barata tonta de volta dos outros 3 manos.

(Afonso) Mãe, desculpa.
(Mãe) A mãe desculpa-te. Mas vais ter de assumir essa responsabilidade sozinho.
(Afonso) Mas eu preciso mesmo da tua ajuda. O trabalho é uma biografia, e eu pensei fazer sobre ti...

E assim se desconcerta uma mãe às 8 da manhã. E assim se dão abraços e se prometem afinações (de organização, de diálogo, de emoções). E, meio à pressa, enquanto enfiava lanches nas mochilas e as metia às costas dos filhos, a mãe lá foi contando o seu percurso, as novelas e os livros.
O filho rematou assim: "Hoje está de boa saúde e continua a fazer o que mais gosta que é escrever." E a mãe ficou a pensar que faltava dizer a grande verdade da sua vida: que por mais livros e projetos que faça, com quem ela realmente aprende é com os meus filhos...

(Dudu) Mãe, mãe, vem depressa! Está um arco-íris gigante lá fora...


E assim se começa o dia com magia...

“Tínhamos que atafulhar a mente com todas aquelas coisas, gostássemos ou não. Esta coação tinha um efeito tão degradante que depois que passei no exame final descobri que pensar em qualquer problema científico passou a ser desagradável durante todo um ano... É um milagre que os actuais métodos de instrução não tenham estrangulado totalmente o sagrado espírito da investigação: porque esta delicada planta, além de estímulo, precisa de liberdade para sobreviver; sem isto, naufragará e se arruinará por completo. É um grave erro pensar que o prazer de observar e investigar possam ser fomentados pelo medo da coerção e o sentido do dever... ”
(Albert Einstein)

Lembraram-se de perguntar a um conjunto de adultos o que eles gostariam de mudar no seu corpo, se tivessem essa possibilidade.

Respostas: altura, testa, pele, etc etc.

Fizeram depois a mesma pergunta a um conjunto de crianças e as respostas foram totalmente diferentes.

Ora espreitem. A prova de que as crianças sabem o que realmente importa.

http://aplus.com/a/jubilee-project-comfortbale-one-question
Depois de ter sofrido o seu primeiro desgosto amoroso, a Nonô regressou hoje com novos desenvolvimentos da sua paixão.


(Nonô) Já somos namorados outra vez, mãe.

(Mãe) Ai é? Então e a H., não ficou chateada?

(Nonô) Não. Nós já falámos. Agora ela é a nossa empregada...


E assim se resolvem os trios amorosos aos 5 anos de idade...
Afonso a ler um livro sobre a bomba atómica.

(Afonso) Fogo... os homens foram mesmo capazes de fazer isto?! Às vezes acho que nunca devíamos ter passado da idade da agro-pastorícia...

Falámos então sobre energias limpas, soluções pacíficas, novas formas de sociedade libertas dos jogos de poder e de interesses inconsequentes.

(Mãe) Se calhar a evolução é boa, Afonso. Só temos de aprender a evoluirmos positivamente, de forma construtiva, sem destruirmos aquilo que nos dá vida e nos dá felicidade.
(Afonso) Ya!

Os 11 anos são cheios de disparates. Cheios de manhas e desafios. Cheios de Yas e Bués. Mas nestes raros momentos em que conseguimos ter uma conversa com princípio, meio e fim, percebo como nem todo o nosso esforço é em vão (como tantas vezes parece que é). Vejo como esta idade é poderosa, na forma de ver e sentir, e como aquilo que lhes dizemos, por mais que não pareça, continua a ter o seu peso...



Pó de talco pelo chão da casa de banho.

"Era para fingir que estava a nevar!"

Duarte escrito na parede do hall dos quartos, a caneta de acetato.

"Estava a treinar o meu nome..."


Volta, segunda-feira, estás perdoada!


(Dudu) Mãe, já podes vir à nossa loja. O que é que vais comprar?


Escolhi meia dúzia coisas.


(Dudu) Para isso tudo são 100 moedas.

(Mãe) Mas a mãe não tem 100 moedas!

(Nonô) Não faz mal... dás as moedas que tens.

(Mãe) Mas não tenho nenhumas!

(Dudu) Hum... e não tens nada para dar à troca?

(Mãe) Tenho... um bom banho daqui a bocadinho. O jantar. A história de boa noite.


Olharam um para o outro, desconsolados.


(Dudu) Hum... Não pode ser isso tudo... e mais 10 moedas?


Ganharam o banho, o jantar já vem a caminho e a história depois... e mais 10 moedas "das escurinhas". Não resisti a premiá-los pela vontade sincera de me ajudaram... e também pela capacidade de negociação!


Dudu a brincar com bonecos da Lego.

(Dudu) Yo, bitch!

Mãe esfrega os ouvidos. Não, não pode ter ouvido aquilo que acha que ouviu.

(Mamã) O que é que tu disseste, filho?
(Dudu) Yo, bitch! Eu agora quando me chateio com alguma coisa digo "Yo, Bitch". Vi isto num filme dos manos.

Delicadamente, expliquei-lhe que não... quando ele se chatear NÃO vai dizer "Yo, Bitch" a nada ou a ninguém.

(Mamã) Sabes o que é "Bitch", filho? É cabra.
(Dudu) Ah, boa! Eu gosto de cabras. Posso dizer "Yo, Cabra"?

E é esta a prova de que ser o mais novo de 4 irmãos é uma escola e tanto!
(Depois da minha conversa com a Nonô sobre o seu pseudo-namorico: http://coisasdepais.blogspot.pt/2014/10/coisas-de-nono-e-os-namoricos.html)

(Mãe) E então, Nonô? Falaste com o M.?

Os seus olhos encheram-se de lágrimas.

(Nonô) Sim! Mas ele agora diz que não quer ser namorado de nenhuma! Já nem meu amigo quer ser...

O drama. A tragédia. O horror. E tudo aquilo que faz parte da vida dos amores e desamores da infância e adolescência.
Dei-lhe um abraço valente, olhei-a nos olhos e rocei o meu narizinho no dela.

(Mãe) Não faz mal, pois não? Tu tens tantos amigos... E o M. daqui a uns dias já é teu amigo outra vez.
(Nonô) Pois é. E eu arranjo outro namorado.

Esta parte já se dispensava. Por mim acabavam-se os namoricos por agora. Mas pronto... Fico feliz que ela tenha superado o seu primeiro desgosto amoroso. Cá estarei para a ajudar nos próximos!