Hoje descobri uma crónica de Eduardo Prado Coelho, de 2007, que dizia assim:

"Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
(...)
Qual é a alternativa ?
(...)
Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro… Somos nós que temos que mudar."

(http://aventar.eu/2009/09/25/eduardo-prado-coelho-in-publico/)

Eu sei que sou suspeita para falar... Mas não acredito numa alternativa que não passe pela educação das nossas crianças. Se há forma de endireitar isto, há-de ser através delas!
Todas as noites, depois da história de Boa-Noite, coletiva, o Dudu pede-me mais uma "história pequenina". É já no quarto dele, com uns miminhos associados, e uma duração máxima de um ou dois minutos. Nada de especial, a não ser para ele (e para mim também, que todos os dias tenho que improvisar uma mini-história diferente). Mas hoje o Sebastião que, como já se viu, anda armado em jornalista, resolveu inquirir-me sobre o assunto:
- Mas o que é isso da história pequenina?
- A mãe inventa uma história muito rápida onde o protagonista é o Duarte.
- Podes experimentar comigo?
Ajoelhei-me ao pé dele e fiz-lhe festinhas na testa.
- Era uma vez um Sebastião, que era rei do universo. Ele adorava saltitar de planeta em planeta, e não gostava de ver nenhuma criatura triste. E um dia encontrou uma estrelinha que estava a chorar. Perguntou-lhe o que ela tinha e ela disse-lhe que estava sozinha no universo. Não tinha um só planeta que fosse a girar à volta dela. Então o Sebastião convidou-a a sentar-se em cima da sua cabeça. Às vezes o Sebastião andava a passear por buracos negros muito escuros... Com a estrela na cabeça, ele teria sempre luz a iluminá-lo. A estrela, assim, ficou muito satisfeita. E o Sebastião também. Vitória, vitória, acabou-se a história.

Ficou feliz o Sebastião, Rei do Universo, e feliz o Sebastião, filhinho. E, ou muito me engano ou, às custas desta pequena improvisação, vou ter que começar a contar duas "Histórias Pequeninas" todas as noites, em vez de uma...
(Sebastião orgulhoso):

- Mamã, tu sabes que eu não desenho lá muito bem... mas descobri que sou bom na plasticina!

(E aqui está a prova):


De manhã, estive a mostrar aos meus filhos o programa "Portugal no Coração" de ontem, ontem a minha sócia foi falar sobre o nosso Livro da Minha Vida (para quem tiver curiosidade, minuto 25:25 de http://www.rtp.pt/programa/tv/p15159/c97019/264766). Eles acharam graça ver a "tia" Ana na TV, mas o Sebastião ficou a matutar naquilo. E, à hora do seu banho (que hoje foi partilhada comigo), resolveu puxar o assunto:

- Porque é que tu não foste à televisão, mamã?
- Então, filho... Era a vossa festa de anos. A mãe não ia faltar.
- Ah... (Sebastião com pena da mamã) Mas se quiseres eu faço-te uma entrevista... Queres?

Achei a ideia, no mínimo, tentadora, e lá cedi, enquanto espalhávamos o creme hidratante.

- Então o que é que queres saber, Sebastião?
- O que é que é isso do Livro da Minha Vida?
- Então, filho...
- (interrompe) Filho, não. Faz de conta que não sou teu filho.
(risos da mamã)
- Então eu na altura andava a escrever novelas e tinha muito pouco tempo para os seus dois filhotes.
- Dois?!
- Sim, nessa altura só tinha o Afonso e o Sebastião, que não sei se sabes quem é, um menino muito sorridente, que...
- (censura) Mãeeeeee....
- Ok. Então o que acontecia é que eu trabalhava muito e não tinha muito tempo para estar com os meus filhos. Por isso um dia decidi mudar de vida. Deixei as novelas e criei O Livro da Minha Vida, com a tia Ana.
- E que é isso do Livro da Minha Vida?
- Imagina que tu querias transformar a história da tua vida num livro, para um dia os teus filhos e os teus netos ficarem a saber tudo o que viveste e pensaste. Podias contratar-me para eu escrever esse livro, e a tia Ana transformava aquilo que eu escrevia num livro a sério, com imagens, em papel...
- Então qual é o "espírito" do Livro da Minha Vida? (eu juro que ele perguntou mesmo isto!!!)
- É fazermos o que gostamos e termos tempo para estarmos com os nossos filhotes!

Já o tinha dito várias vezes em entrevistas. Nunca o tinha dito diretamente a um dos meus filhos. Mas, de fato, foi por eles que "mudei de vida". E nem um dia só, desde então, me arrependi!
(Nonô depois de uma festa cheia de rapazes de 9 anos, aproxima-se da mamã com uma nerf):
- Mamã, olha... Pum! Matei-te!
Quando os meus filhos mais velhos eram pequenos, o dilema nas festas de anos era sempre: "Como entretê-los?" Havia palhaços ou mágicos, jogos e pinhatas. Havia uma temática e muita bonecada.
Actualmente, o dilema está resolvido:
- O que é que querem fazer na festa, meninos?
- Nós organizamo-nos, mami...
Acabaram-se os palhaços, os mágicos, os jogos organizados e as pinhatas. Acabaram-se os saquinhos de doces e a decoração temática. Os amigos (já escolhidos, muito menos) organizam-se nos seus jogos e dispensam a intromissão dos pais. Resta-nos o dilema "O que lhes dar de comer?" (sendo que, nesta fase, comem mais. Muito mais!). Houve, por isso, para além das guloseimas habituais, cachorros quentes. Quando saí na cozinha, o pai estava a prepará-los. Quando voltei a entrar, já tinham acabado....
Só na hora de soprar as velas, não se quebrou a tradição: bolo de pasta e açúcar com decoração surpresa. Desta vez, uma oferta muito especial da Isabel Saraiva Afonso, dos Bolos da Chica (http://bolosdachica.blogspot.pt/). Mas sei que também esta tradição não durará para sempre. Assim como a de fazer festa em casa. Ou, pelo menos, com os pais por perto, a controlar. Mas o que fazer? Eles crescem... É aproveitar o que resta enquanto dura...


(Sebastião, o despistado)

- Mami, porque é que a Cuca (cadela) está a ladrar tanto?
- Quer festas, filho.
- Também eu! Mas vamos ter que esperar pela festa do Afonso...
O Halloween, este ano, chegou mais cedo a nossa casa!






- Afonso, arruma o quarto.
- Afonso, faz o trabalhos de casa.
- Afonso, vai treinar guitarra.
- Afonso, põe a mesa.
- Afonso, come.

Duas horas de obrigações depois, o Afonso explode:

- Bolas, mami... pareces a minha mãe!


(Mami a tentar corrigir o TPC de Matemática do Sebastião, 2º ano. Mami de olhos em bico!)

- Ó mami, anda cá... Eu explico-te como é que isto se faz.

(Ele explicou e a mami entendeu. Menos mal... Mas a mami ficou preocupada. Ainda não se safa muito bem no novo acordo ortográfico. Não sabe fazer contas com os esquemas e tabelas do novo programa de Matemática. A Gramática também sofreu alterações, que ainda não conhece na íntegra. E a mami não quer passar por burra, mas digamos que estas recentes alterações não lhe têm facilitado a vida...)
Como já vai sendo tradição cá em casa, no dia de anos dos meus filhos conto-lhes a história do seu nascimento e ilustro-a com fotografias que nos ajudem a recordar como foi esse dia. Ontem, aniversário do meu "mais velho", tive a tarefa facilitada, porque ele tem um álbum recheado de fotos e histórias até ao seu primeiro ano de vida.
O Sebastião-Segundo, tem apenas um álbum do baptizado.
E o Duarte-Terceiro e Leonor-Quarta, têm apenas... fotos desorganizadas no computador!
Valha-nos este blog e as histórias que aqui vou guardando. E valha-me a minha recente conta Limetree, que vou rapidamente começar a usar para compilar tudo o que tenho sobre cada um deles.
Para quem ainda não conhece, aqui fica uma excelente ferramenta para pais desorganizados como eu, que ao mesmo tempo desejam que um dia os seus filhos possam reconstituir a sua história...

www.limetr.ee


(Nonô na rua, para uma vizinha):

- Ó "sinhora", podes vir aqui? Quero falar com o teu cão.

E não posso deixar de recordar também o dia em que, após uma festa, o Dudu deu beijinhos a toda a gente... e foi também beijar o cão da família.
Estou em crer que há nas crianças um respeito pelas outras espécies que depois se vai perdendo, à medida que a sociedade lhes ensina que são superiores, que têm mais a ensinar do que a aprender.
Há quem defenda o oposto... que as crianças ainda não têm inteligência para perceber as diferenças entre as espécies, nem para serem verdadeiramente superiores. Mas basta ver uma criança a interagir com um animal para perceber o profundo entendimento que existe entre elas. Não é uma questão de serem equivalentes em termos de uma alegada inteligência inferior. É uma questão de igualdade, sim, mas de carácter superior, baseada no respeito, na lealdade e na solidariedade.
Fico sempre com dúvidas quando nos chamam de raça superior, se teríamos tanto a aprender com as sociedades organizadas das abelhas, com o espírito de sacrifício das formigas, com o sistema de comunicação dos morcegos ou das baleias, com o sentido de orientação dos cães, com o respeito pelos mais velhos dos elefantes, com o sentido de grupo de uma alcateia... E ficaria o dia todo a dar exemplos de como há espécies que se safam muito melhor do que nós, em tantas matérias. Claro que nós temos outras tantas qualidades superiores, mas julgo que tínhamos muito a ganhar se olhássemos para os animais não com superioridade, mas com abertura para aprendermos tudo aquilo que eles têm para nos ensinar...

v

(Afonso, 4 anos) Se os dinossauros acabaram, os humanos um dia também pode acabar?
(Mãe) Poder, podem. Mas nós, humanos, não vamos deixar.
(Afonso) Quando eu for maior vou construir uma nave para salvar os humanos!
(Mamã) E também salvas a mamã?
(Afonso) Não, mami, desculpa. Mas nessa altura tu já morreste...

Nasceu há 9 anos e mudou a minha vida. Percebi, no momento em que o vi, que começara uma nova etapa, por outros caminhos, com novas prioridades. Descobri um outro sentido para a minha vida, deslocado de mim, projectado naqueles que, depois e para além de mim (e depois deles os que virão, para além deles), farão a história da nossa espécie, baseada no amor incondicional que projectamos uns nos outros.
Não sei se viverei ou não o suficiente para ver o meu filho Afonso salvar a Humanidade (pelos vistos, não!). Mas, enquanto viver, conto ser uma aprendiz atenta de tudo o que os meus filhos tiverem para me ensinar...

Parabéns, Afonso!




(Mamã para o Dudu):

- Anda cá, bebé.
- Eu não sou bebé, mamã!
- Oh.... Não és? Já cresceste?

(Nonô mete-se na conversa)

- Sim. E a culpa é tua.
- Minha, Nonô?!
- Sim. Tu também cresceste...
... e a verdade é que não nos aguentámos um mês, mas apenas uma semana. Depois da Bela Adormecida na Malaposta, um desafio de uma amiga levou-nos à Flauta Mágica, no Teatro Armando Cortez. Mozart lembrava-me as minhas sonatas para piano de outros tempos. O nome "Flauta Mágica", as minhas flautas e pifaradas, que também sempre acreditei que espantavam tristezas. E "ópera do século XVIII" dizia-me ainda mais por alguns trabalhos que tenho em mãos. Mas escondi o teor do espectáculo dos meus filhos até lá chegarmos, para afastar eventuais "narizes torcidos" antes do tempo.
A verdade é que foi excesso de zelo. Quando apareceram os dois narradores com as perucas do século XVIII, eles acharam piada. Quando falaram de Mozart, acharam interessante. Quando as personagens começaram a cantarolar num tom mais épico, acharam divertido. E o espectáculo estava tão bem conseguido que a própria história, que não é simples, se tornou fácil de entender.
E os piolhos saíram da sala consolados, a cantar "Papapapapapageno". E adormeceram a cantar "Papapapapapageno". E hoje, a caminho da escola, cantaram "Papapapapapageno" (com uma pequena pausa para ouvir a Mixórdia de Temáticas, claro está). Quem foi Mozart e a história da Flauta Mágica, já não se esquecem. E, com sorte, a próxima vez que ouvirem falar de ópera, também já não vão achar que é só uma coisa chata de crescidos.



A ideia era verificar se o meu filho Afonso sabia os ossos do corpo humano. O problema é que, com um desenho destes, quem estava a precisar de uma lição era eu!

- NNão se percebe a diferença entre a clavícula e a omoplata, mami!
- Desde quando é que só temos sete vértebras?
- Não consigo dizer qual é o rádio se não desenhares um polegar como deve ser...

Humilhadíssima! Dantes era um bocadinho mais fácil brincar aos professores...
Os trigémeos da minha Nonô a dormir a sesta...


(Afonso no seu melhor):

- Mami, já sei o que fazer para te conquistar...

(Afonso ajoelha-se e empunha uma pen):

- Queres escrever comigo?
Ainda me lembro quando o Sebastião começou a fazer as primeiras frases inventadas... de três palavrinhas! Eram todas iguais, baseadas na lei do menor esforço. Algumas "conversas" depois sobre o assunto, o Sebastião começou a fazer frases maiores. Muito maiores! E agora pensa muito (às vezes muito mesmo!) antes de fazer uma frase. E saem-lhe talegas deste género:

(frase com "carregado") O carro está carregado com sete homens, eles estavam a destruir o carro porque o carro estava velho.
(frase com "terra") O avô plantou uma planta na terra e três anos depois ela cresceu e ficou melhor e depois, no Natal, enfeiraram-na.

O problema é que, quanto maiores são as frases, maiores são também as probabilidades de errar! E agora a "conversa" da mamã é outra: "É bom fazer frases grandes e imaginativas, meu rico filho... mas contém-te um bocadinho, pelo menos nos testes, sff!"
Cresci com Manuel António Pina, o poeta.
Através dos meus filhos, tenho descoberto Manuel António Pina, o autor infanto-juvenil. Este fim-de-semana, leremos "O Têpluquê". E teremos saudades de mais um grande escritor que partiu...



A Nonô adora pegar nos livros e contar (ou fingir que conta) as histórias. Imita a mamã e a professora e vai mostrando as imagens enquanto conta (supostamente) a história. Hoje sentou o Dudu e a uma boneca e resolveu ir buscar uma história complicada, do mano mais velho. Faltavam ilustrações e a leitura prévia da mamã. Por isso resultou assim:

- Meninos, esta é a história de ISTO. Era uma vez... (apontando as imagens) isto, isto e isto. Estão a perceber?
O desafio de ontem era imaginar que no novo planeta descoberto, ou em algum nas suas proximidades, existia vida. E assim nasceram, da cabeça dos meus filhos, os "Comporcadores":

- Se nós evoluímos dos macacos, eles podem ter evoluídos dos porcos!

Os Comporcadores são evoluídos, mas porcos. E decidiram invadir o nosso planeta porque nós também andamos por cá a fazer muita porcaria. Atacam com as suas maminhas que, bem espremidas, deitam esguichos de leite mortífero. Vai ser uma guerra renhida e, a ganharmos, nunca mais olharemos para os porcos da mesma maneira... Ou então teremos febras para o resto da vida!

Queria levar a conversa para um rumo mais sério, mas não deu. Foi a alucinação completa! Para a semana tento outra vez...
"Não sei em que ponto da História deixámos de valorizar condignamente aos nossos velhinhos. Se antigamente eram os sábios das civilizações, tornaram-se hoje uns empecilhos para a vida moderna."

Em Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, a Consulta Click desafiou-me a escrever sobre Geriatria. Não sou médica, mas sei que a saúde depende, em larga medida, de nos sentirmos úteis, valorizados e respeitados. E os idosos não apenas o merecem. Todos temos a beneficiar com isso...

O artigo completo em:
http://consultaclick.pt/blog/2012/10/18/coisas-de-geriatria/





Hoje, quando cheguei à escola e tirei o casaco aos meus gémeos, constato que o pequeno Dudu exibia uma bata com golas e folhinhos. A minha empregada, na loucura matinal que se vive em nossa casa entre as 7 e as 8 da manhã, vestira uma bata da Nonô ao Dudu e, com o casaco por cima, ninguém reparou.
A mãe riu, a professora também, e deixou logo em aberto a possibilidade de o Dudu hoje passar o dia sem bata. Mas a mamã conhece o seu Dudu. Sabe que, lá no mundo dele, usar uma bata com folhinhos não tem qualquer importância:
- Amanhã trocamos, não é, Dudu?
- É, mamã. Amanhã trocamos.
E lá seguiu para o interior da sala, alegre e contente, de folhinhos e gola arredondada. Não sei se um eventual gozo dos colegas o levará a querer tirar a bata. Mas agrada-me a sua descontração para aquilo que, afinal, não tem importância nenhuma.
http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=61238

Hoje à noite, em vez de uma história, vou ler esta notícia aos meus filhos. E depois vou imaginar com eles que encontramos uma espécie semelhante à nossa noutro planeta. E depois, imaginando que ela é racional e evoluída, vou perguntar-lhes como acham que estas criaturas vão olhar para nós e para a forma como tratamos o nosso planeta, as outras espécies e como nos tratamos uns aos outros.
Prometo divulgar as respostas...


(Dudu a acordar da sesta, para a avó):

- Avó, já é Inverno?
- Já, Dudu.

(Mentira, mas quem resiste a uns olhos à espera de uma confirmação?)

- Que bom! Estou muito feliz.

(Não sabe seguramente o que é o Inverno, mas se basta isso para o ver feliz, vamos ter neve, galochas e trovoada todos os dias cá em casa!)
(Afonso no regresso da escola)

- Mami, hoje um senhor foi ter com o XX, chamou-lhe o "aumentativo de cabra" e disse que lhe partia as "funas".

(Só para aí à quinta vez que ele o repetiu é que consegui perceber. E já tinha rido tanto que nem consegui dar ao assunto a seriedade que ele merece).
É oficial. O Dudu já sabe andar de baloiço. Estica-perna-para-a-frente, encolhe-a-perna-para-trás.



Agora é só adivinhar-se com quem e como ele aprendeu...





Temos baterista!
O nosso Titão começou pela guitarra, porque o irmão já tocava, e ele foi atrás. A clássica história do irmão segundo, na muleta do primeiro...
A verdade é que o segundo não tem nada a ver com o primeiro (nem o terceiro tem com o quarto, e por aí fora), e o pai sugeriu há uns tempos que o Sebastião devia experimentar a bateria. Duas aulitas, para ver como corria.
E a verdade é que correu. E muito bem! Se o Sebastião tinha habitualmente dificuldade em decorar as músicas (ao contrário do Afonso, que toca tudo de cor), nos ritmos revelou-se um ás. Saem-lhe naturalmente como lhe saem as contas. É o reino da abstração no seu esplendor! E se eu o vejo descobrir-se e revelar-se em algo, não é já tanto? Não é já tudo?
O pai, na sua perspicácia habitual, tinha razão. E, com a ajuda dos avós, o Sebastião até já tem uma bateria em casa, daquelas que podem tocar-se com fones, embora a piada esteja mesmo em não os usar! E, quando o Sebastião se senta à bateria, o Afonso pega na guitarra eléctrica, e a mãe vai para o piano ou agarra na velhinha flauta, a casa quase vem abaixo! E os manos mais novos ainda não têm idade para tocar... Quando chegar a vez deles, vamos seguramente correr com os vizinhos! Só torço para que nenhum dos gémeos escolha a tuba... ou quem muda de casa sou eu!!!

Hoje o Dudu encontrou o seu velho ursinho e perguntou se podia dormir com ele. Foi buscar um cobertor pequenino, deitou-o na sua almofada e, depois da história e da mini-história (porque o Dudu tem sempre uma segunda história, mais pequena, como moeda de troca para ficar no quarto) o Dudu deitou-se ao lado do ursinho e tapou-se com ele.

5 minutos depois, o Dudu já estava outra vez ao pé de mim.

- Então, Dudu? Não ficaste com o ursinho?
- Não. Ele já estava a dormir...





Ontem, mamã e filhota andaram de igual. Para os outros, talvez uma pirosada como outra qualquer. Mas para mãe e filhota, um momento muito especial.

- Mamã, eu e tu somos iguais, "pois é"?

E seguiram-se tantos abraços, beijinhos e mãozinhas apertadas, que percebi como é, realmente, importante para uma filha ter o espelho de uma mãe. E como é reconfortante para uma mãe ver o seu espelho numa filha.
Não foi propriamente as roupas iguais o que nos marcou ontem. Foi o sentimento de pertencermos uma à outra. De eu ser muito dela e ela minha. Não será igual a mim em tudo, espero até que melhore umas tantas coisas que me eram dispensáveis, mas ver-me em ponto pequeno, com os mesmos interesses, as mesmas brincadeiras, até as mesmas teimosias, é sentir que me repito outra vez, nesta vida. Que, depois de mim, algo ficará por cá (assim espero!) a ser ainda um bocadinho do que fui. E também que tenho a enorme responsabilidade de lhe transmitir o melhor de mim (e de si), ensinando-lhe também a contrariar o pior de nós. Tenho obrigação de lhe ensinar o que aprendi e que pode fazer toda a diferença na sua vida, de forma a que o salto de uma geração seja também sinónimo de evolução.
Claro que isto acontece com todos os meus filhos. Todos são nossos e todos são o que fomos em certa medida. Mas não posso dizer que compreenda a vontade de fazer wrestling em cima da cama da mesma forma que compreendo a vontade de brincar às casinhas. Consigo entender a motivação para ganhar num jogo de futebol, mas compreendo melhor a expressão das emoções através do ballett. Por muito que tenhamos feitios semelhantes, somos energias diferentes, e ainda bem. É na combinação das duas que o mundo interage e avança. E eu sou uma privilegiada por poder assistir diariamente a essa interação na minha própria casa.
As pessoas iam rindo à nossa passagem. Dois gémeos entalados num carrinho cheio de compras, agarrados a dois chupas para que a glicose os mantivesse sossegaditos, fez furor no centro comercial, este fim-de-semana. Estavam sentados sobre as paletes de leite, com os sacos do pão ao colo. Em volta deles, tudo o resto para uma semana
(duvido que chegue para mais!).




Em vez do Afonso (já selectivo em relação aos teatros, sobretudo aqueles que têm espécimes femininos com fatos brilhantes cor-de-rosa) desta vez acompanhou-nos a prima M., a mais um teatrinho infantil: a Bela Adormecida. Não nos perdemos, chegámos a horas, ninguém chorou, ninguém fez xixi, ninguém vomitou. Tínhamos lugar para estacionar ao lado do teatro e ainda tivemos tempo de lanchar antes de entrar no espaço, enquanto esperávamos por uns amigos que se iam juntar a nós. Tão inédito que a mami olhou para os seus filhotes e pensou para si mesma que eles começavam a ser crescidos. Ou que era a mãe que crescera, e agora era mais organizada e pontual. Ou ambas as coisas. E isso, embora resulte num texto com muito menos graça, sabe muito melhor!
Em relação ao espectáculo, íamos com grandes expectativas depois do "Soldadinho de Chumbo", que tínhamos visto há uns dois meses neste mesmo espaço, com estes mesmos actores. Era difícil superá-las, mas o grupo conseguiu. A Leonor veio encantada com a Bela Adormecida. O Dudu com o Rei. O Sebastião com o fato da rainha má, com maminhas bicudas. E a prima M. com a mendiga malcheirosa. Já a mamã, gostou de tudo, e até se emocionou um bocadinho quando chamaram da plateia um menino para ir acordar a princesa com um beijinho lambuzado. Gostou das músicas, gostou da interacção, e gostou de ver tantos pais a levarem os filhos ao teatro e a comungarem com eles da magia dos seus sonhos. Tenho a certeza que saímos todos de lá com vontade de cantar e dançar com os nossos filhos, e ser criança outra vez através deles. Foi bom para eles. E definitivamente bom para nós, também.
Para o mês que vem há mais!



http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=bCEMpaH0Mac&feature=endscreen&fb_source=message

A importância da literatura na infância, segundo Nuno Lobo Antunes. A corroborar a minha teoria de que as palavras, para além de muitas outras funções, são também vacinas. Talvez as crianças não entendam a razão de as tomarem, mas na altura certa terão anticorpos para lutar contra certos males do mundo, graças a capacidades extra para reflectir, relativizar, improvisar, criar ou simplesmente alienar-se para sua protecção.

Mais uma "menina" de unhas pintadas cá em casa. Já somos três, as pirosas.
O livro do João Miguel Tavares explica. Até de dois pontos de vista diferentes. Mas, ainda assim, é difícil decidir quem tem razão.

(Afonso) As abelhas têm um bocadinho de razão. Mas o urso também. Bolas, mami! Não sei se sou um miúdo de esquerda ou de direita...


O orçamento mensal para livros levou um corte substancial em virtude das variáveis "crise" e "4 filhos na escola". Com a agravante de que os "4 filhos na escola" já não abdicam das histórias diárias, e repeti-las não tem graça nenhuma. Com o dinheiro a descer e a avidez por livros a subir, resolveu-se a equação com uma inscrição colectiva na Biblioteca da nossa zona. Cada um de nós tem agora direito a 5 livros por semana, por isso não vão faltar leituras cá por casa. O difícil é mesmo escolher, com tantos livros giros, de diferentes formas, tamanhos e feitios, das mais diferentes coleções e aventuras. Já vamos na segunda remessa, numa semana, e entre as Anitas da Leonor, os livros de animais do Dudu, os livros sobre conhecimento do Sebastião e os livros juvenis de aventuras do Afonso, tem sido um fartote de leituras e descobertas. Recomendo!


(Mamã a entrar em casa. Duarte com os olhos avermelhados. Lana de olhos em bico com a birra monstruosa que ele acabara de fazer)

- Mamã... eu chorei.
- Oh, Dudu. E porquê?
- Eu queria a mamã comigo.

E a mamã devia ralhar, porque fazer birras é feio. Mas fazer birras porque se tem saudades da mamã, não é legítimo?
Um professor não pode perder a voz. E uma mãe também não.
A voz começou a falhar-me ontem à noite, subitamente, coladinha a uma valente dor de garganta. E hoje de manhã, depois de uma sessão de apresentação com 150 crianças, o pio foi-se. Por completo.
E uma mãe não pode perder a voz. Não pode. Como reunir a criançada toda na escola, por entre os gritos e as brincadeiras dos colegas? Como me impôr para os obrigar a entrar no carro sem confusão, e porem os cintos sem discussão? Como obrigá-los a tomar banho? E como impedi-los de ficarem 3 horas debaixo de água? Como conseguir que eles se sentem todos à mesa direitinhos e comam tudo sem resmungar? Como obrigá-los a ficar na cama?
Uma mãe sem voz não pode subi-la para ralhar com os filhos. E isso pode ser um bom exercício (hoje bati muitas palmas e dei muitos estalinhos, para me fazer "notar"). Mas é insuportável não poder contar-lhes histórias. Não falar com eles sobre o seu dia-a-dia. Ouvi-los conversar sem me meter.
Uma mãe não pode ficar sem voz. Não pode! Felizmente, no meu caso, conto que o exercício de silêncio termine já amanhã...


- Mami, a minha turma precisa de juntar dinheiro para o passeio de finalistas.
- E o que estão a pensar fazer?
- Eu e o D. podemos vender as nossas histórias. Mas estivemos a pensar, e vamos pôr o teu nome. Acho que o teu nome vende mais do que o nosso...

À saída da música:

- Então adeus, Afonso. Até à próxima.
- Até à próxima... se calhar.
- Se calhar porquê?
- O mundo pode acabar entretanto. Eu posso morrer. Ou a escola pode ter um incêndio ou uma bomba...

Arrastei-o para fora da escola com a certeza de que este meu filho vai acabar a escrever romances trágicos como a mãe...


- Nonô, o que estás a fazer?
- A ler, mamã.

Dahhhhh, mamã! O que pode estar uma menina de 3 anos a fazer agarrada ao Portal do Tempo 2? Esta era óbvia.

- E estás a gostar, Nonô?
- Dos monstros cor-de-rosa bonzinhos, sim. Dos monstros azuis, não.
A Nonô insiste em vestir-se sozinha.
A Nonô insiste em lavar os dentes sozinha.
A Nonô insiste em pôr o cinto do carro sozinha.
A Nonô insiste em andar na rua sozinha (com sorte, convenço-a a agarrar-me o dedo mindinho)
A Nonô insiste em ler os livros sozinha (depois da história da mamã... sozinha na sua cama)
E a Nonô insiste em ir para o quarto sozinha, para fechar a luz sozinha, tapar-se sozinha e adormecer sozinha.

Enquanto os irmãos discutem para ver quem consegue a minha atenção por mais tempo, antes de deitar, a Nonô não me deixa sequer passar do corredor que dá acesso ao seu quarto. Mas hoje teimei e fui espreitá-la, sozinha no seu mundinho...

- Mamã... não podes estar aqui. A Nonô deita-se sozinha!
- Só vim espreitar-te. Estás a deitar os bonecos?
- Sim. Eles têm medo dos monstros.
- E essas almofadas à volta da cama, são para quê?
- É para o lobo mau não entrar.

Sozinha se desenvencilha, sozinha se protege. Até dos seus fantasmas. E, enquanto assim for, estou descansada.
O TPC era só do Sebastião, mas ao fim-de-semana é certo e sabido que os TPCs mais divertidos têm de ser feitos a 4!
Missão: fazer um boneco com folhas de Outono (as nossas eram verdinhas, mas parece que o Outono ainda não chegou ao nosso jardim... e assim, depois do trabalho do outono, gozámos um belo de um domingo de verão. É aproveitar enquanto dura!)


O tema da composição do TPC do meu filho mais velho dava pano para mangas: "Imagina que és rei de um planeta e que podes mandar ou desmandar". E ele lá se divertiu a inventar um planeta povoado dos grandes "craques" da Terra, onde se passava o dia na praia e se dançava danças brasileiras. Hilariante (pelo menos para mim, claro, embora eu seja altamente suspeita). Mas do que eu mais gostei foi mesmo do final da composição:

"A pena foi que, no segundo dia em que fui rei, os meus súbditos decidiram fazer uma república. E a outra pena é que eu não ganhei as eleições. E assim o meu reinado acabou. Por agora..."

Não há dúvida de que este 5 de Outubro, depois da valente "injecção" de História que levou, o marcou. E só não sei como é que a composição dele não meteu um regicídio pelo meio, que foi o que mais o impressionou, dos relatos. Mais uma vez se prova como o meu filho é positivo. Não só a implantação da República parece ter sido uma transição pacífica, que só lhe deixou algumas "penas", como ainda ficou no ar a ideia de ele um dia voltar a comandar os destinos do seu planeta... Aguardemos então.
Voltámos à pirosada! O fim-de-semana era grande, íamos passar maior parte do tempo em casa por causa das ranhocas e tosses que por cá andam, de modo que a mamã cedeu finalmente aos apelos da sua filha Nonô e pintou-lhe mais uma vez as unhas de cor-de-rosa fluorescente. A mamã teve que pintar também, mas a Nonô desta vez concordou que a mamã escolhesse um cor-de-rosa de "crescida", menos fluorescente. Seguiu-se a "dança do verniz", em que a mamã e a Nonô (e também o Dudu, que se juntou, felizmente sem reclamar pintura) cantaram e dançaram de mãos no ar até que o verniz secasse.
Domingo à noite a acetona vai dar cabo da brincadeira mas, enquanto durar o fim-de-semana, seremos pirosamente fixes, unidas pela nossas cor preferida.


(Afonso no regresso da escola):

- Hoje a D.X foi injusta connosco na escola. Eu e os meus colegas estamos a pensar processá-la.

(Tive que me conter para não me rir, até porque o assunto merecia uma conversa bem séria com o meu filho mais velho)

- Então conta lá porque é que ela foi injusta.

(e ele lá contou, dentro da sua revolta pueril)

- Muito bem. Então agora imagina que eras tu que estavas na pele da D.X.
- Ó mami, não consigo, não sou mulher.
- Tens de conseguir. Se queres ser justo, tens de conseguir pôr-te na pele de uma criança, de um homem, de uma mulher... até um animal! E depois imaginares o que te levaria a fazer aquilo que achas injusto. Se calhar achas tens razões para o fazer. Se calhar alguém to mandou fazer, por algum motivo. Ou se calhar estás cansado ou chateado com alguma coisa, e não pensaste bem. Mas daí a processarem-te...
- Bolas, mami. É preciso pensar muito.
- Claro que é! Ser injusto é muito fácil. Ser justo é que é difícil.
- E tu nunca te enganas?
- Claro que sim, Afonso! E tu também te vais enganar muitas vezes. Mas pelo menos tens que me prometer que vais pensar muito bem antes de julgares alguém...

(Nos dias que correm, com os ânimos exaltados como andam, acho que bem precisamos de apelar ao sentido crítico dos nossos filhos. E se ele, mais do que crítico, conseguir ser também justo, tanto melhor)
(A mamã foi nomeada para os Prémios da Revista Mais Alentejo e os seus filhotes exprimiram, cada um à sua maneira, o que sentiram):

(Dudu, o terrorista) Olhou para a fotografia da mamã e tentou arrancar a página.

(Nonô, a protagonista) "E eu? Também quero aparecer ao pé da mamã!"

(Sebastião, o que gosta de agradar) "Uau, mamã! E vais ganhar?"

(Afonso, o que gosta de gozar) "É só de escritores alentejanos? Não deve haver lá assim muitos..."


Ainda estou para descobrir como é que eu e o pai criámos 4 cabecinhas tão diferentes...

(e agora, se quiserem... votem nas vossas preferências! http://www.revistamaisalentejo.com/votacao/index.html-)

O pozinho mágico, às cores, vende-se no Imaginarium, a um preço simpático. Depois basta juntar água e modelar, como a plasticina. Vai ao forno e... come-se!
Pois é verdade... come-se mesmo. É certo que os meus filhos ficaram com os tripas desgovernadas no dia seguinte, mas isso não interessa nada. E agora tenho que andar em cima dos mais novos para que não comam também a plasticina "normal". Mas
pronto... vendo a coisa pelo lado positivo (e nós, pais, temos sempre que a ver por este lado, ou passamos a vida desesperados!), valeu-nos uma grande manhã de diversão!


(Afonso leva para a escola uma notícia sobre o aquecimento global e as consequências do degelo dos glaciares. Ficou muito satisfeito com o impacto que a sua notícia teve, mas algumas notícias depois, deu por si desanimado):

- Alguns colegas meus dizem que a minha notícia era muito chata.
- E que tipo de notícias é que eles escolheram?
- Sobre futebol, sobre circo.... Mas eu disse-lhes que, se não salvarmos o planeta, eles escusam de se preocupar com essas coisas, porque o mundo acaba...

(Um tanto trágico, é certo. Mas agradam-me as suas prioridades...)
A Casa dos Segredos tornou-se o tema de todas as conversas dos coleguinhos da sala do meu filho mais velho. O que por si só já é assustador. Mas verdadeiramente assustador foi a conversa que ele teve comigo hoje, no regresso a casa:

- Ó mami, podias concorrer ao Secret Story com aquele teu segredo de te chamarem "Biga", quando eras nova.
- Que disparate, Afonso. Achas que a mãe concorria à Casa dos Segredos?
- Podias concorrer. E contar aqueles teus romances africanos.
- Quais romances africanos?!
- Sei lá, mami! Toda a gente tem os seus segredos. Eu não me importava que tu fosses. Desde que não falasses dos teus mamilos como o Rúben...

Definitivamente, o meu filho Afonso NÃO vai ver a Casa dos Segredos...
(Mãe e Afonso em mais um trajecto casa-escola-actividades):

- Afonso, e se em vez de falarmos sobre um país, hoje falarmos sobre uma data histórica?
- Boa! Escolho o 5 de Outubro.

(A mãe estava à espera de alguma resistência. Ver o seu filho aceitar de imediato o repto pareceu-lhe suspeito. Muito mais vê-lo escolher uma data tão importante como o 5 de Outubro)

- Estás a falar do 5 de Outubro de 1910?
- Sim. Quando lançaram uma semente à terra e começou a nascer uma planta muito grande, em que as folhas tinham caras de pessoas...
- Afonso... do que é que tu estás a falar?!
- Da "plantação" da República!

(Sem comentários)
Um dia depois do aniversário do Sebastião, comemoramos o aniversário do avô. O primeiro fez 7. O segundo 66. E o Sebastião, este ano, tinha uma pergunta muito especial para fazer ao seu avô:

- Como é que foi o teu nascimento, avô?

Em casa. Com a ajuda da parteira da aldeia. O avô L. foi também o segundo filho, não de quatro, mas de cinco irmãos. Não tinha televisão nem computadores nem consolas. Cresceu no campo a saber ouvir os pássaros e a conhecer os segredos das plantas. Andava cinco quilómetros para ir à escola e tirava os sapatos para não os gastar. Estudou, cresceu, construiu. Foi pai e hoje é avô de 7 netos. Não passa sem computadores e i-Phones. Mas continua a ensinar os netos a ver as estrelas e a conhecer a natureza.

Neste fim-de-semana, avô e neto estiveram de parabéns. E a filha e a mãe que sou eu, orgulhosa por demais. Muita coisa mudou nestes 66 anos. Mas é maravilhoso ver como, apesar de tudo, há coisas que nunca mudam...