Quando abri o site da Limetree e li...

"Imagine um lugar onde pode guardar momentos da vida dos seus filhos para lhes entregar um dia mais tarde…"

... voltei ao ano de 2006 e à vontade que senti nessa altura de começar a registar aquilo que os meus filhos diziam. A minha memória não dava para tanto, estava entupida de coisas e traí-me já nas coisas pequenas do dia-a-dia. E quando um dia os meus filhos me perguntassem sobre as suas gracinhas? Os seus momentos mais marcantes? As suas viagens? As suas conquistas? Se eu ao segundo filho já me lembrava de pouco do primeiro (que só tinha mais 23 meses), o que aconteceria ao fim de mais uns quantos filhos, que eu desejava ter?
Não, não havia comprimidos para a memória que me chegassem. Era hora de registar o dia-a-dia dos meus filhos. E assim nasceu este "Coisas de Pais". Para um dia poder entregar aos meus filhos aquilo que eles foram, que eu fui, e que fomos e fizemos em conjunto.
Nesse ano nasceu também "O Livro da Minha Vida" (www.olivrodaminhavida.com). Estava rendida ao registo dos momentos importantes não só da minha vida, mas também da dos outros.

Quando percebi há pouco tempo que nascera uma empresa dedicada a registar memórias, desta vez online (https://www.limetr.ee/br/home), sorri. E voltei a sorrir quando, umas voltas da vida depois, fui contactada para ser embaixadora Limetree. Irrecusável, perante tamanha sintonia de vontades e valorização da nossa memória das coisas importantes. Por isso, mães e pais que me lêem, e que por vezes me dizem "Ah, se eu também tivesse jeito para escrever um blog sobre as coisas que me dizem os meus filhos", aqui fica uma boa alternativa, mais restrita, pessoal, se quiserem, mas igual e maravilhosamente transmissível.





(Nonô depois da sesta):

- Ó mamã... tenho um dói-dói aqui no braço. Foi um mosquito que picou. Andou aqui e aqui (à volta da cabeça) e zum, zum, zum...
- Oh, coitadinha. E depois?
- E depois eu disse: "Ó mosquito, pára! Ai, ai!"
- Que maroto, o mosquito.
- Não, mamã. Ele é bonzinho. Eu disse "Ai, ai" e ele parou a birra...

(E até os mosquitos parecem entender as crianças...)
(Mãe em mais uma tentativa de fazer o pequeno Dudu dormir a sesta):

- Deita, Dudu.
- Então conta-me uma história.
- Era uma vez um lindo príncipe chamado Dudu.
- Príncipe, não, mamã. Mickey.
- ... um pequeno Mickey chamado Dudu. Ele vivia num castelo.
- Num castelo não, mamã. Na casa do Mickey Mouse.
- ... ele vivia na casa do Mickey Mouse com a Minnie e o Pluto.
- Com a Minnie e o Pluto não, mamã. Com a princesa Nonô.
- ... vivia com a princesa Nonô e, todos os dias, lutava com um feroz dragão.
- Sim, sim, ele era muito valente.
- Um dia apareceu o lobo.
- O lobo, não, mamã, que eu tenho medo.
- Mas ele é bonzinho.
- Não, só o dragão.
- ... mas antes de lutar com o dragão ele dormia a sesta, para ficar com músculos e ser valente.
- Não, mãe. A sesta também não. Só o dragão.

(Escusado será dizer que não houve sesta para ninguém. Por culpa das inversões de história do Dudu e também da falta de paciência da sua mamã)
- Nonô, estás quase a começar as aulas. Agora vais para uma escola maior, conhecer novos meninos...
- Não, não. Vou para a minha Praceta, com a minha Dita e a minha Carla, e os meus amigos.

O Dudu ainda não parece ter muita noção de que vai mudar de escola, mas a Nonô já percebeu e não aceita. Ando a prepará-la desde o final do ano lectivo, mas não está fácil. Nem para ela nem para mim. Quando saí, pela última vez, do externado onde os meus filhos começaram a saber o que era a escola (e onde os mais velhos andaram também), pensei que a logística a partir de agora seria mais fácil (porque terei todos juntos), e em todas as qualidades da nova escola. Mas não pude deixar de sentir também tristeza por dizer o meu último adeus à "escola dos pequeninos". À casinha de sonhos onde eles aprenderam tantas coisas, e eu outras tantas, com as educadoras e auxiliares que sempre me receberam de manhã com um sorriso no rosto, mesmo quando eu os levava fora de horas, me esquecia das chuchas ou já ia de cabelos em pé.

- Já sabemos que a noite foi dura, mãe... Lemos no blog.

Fiéis leitoras das aventuras desta nossa família, estavam sempre a par das nossas dificuldades, mas também das nossas imensas alegrias. Fizeram também parte da nossa família, ao longo destes anos. E a família nunca deixa de ser família, por isso aqui deixo um Até Sempre a toda a equipa da Praceta. E, claro, o nosso imenso OBRIGADA.

Quanto à Nonô, sei que ela se vai integrar bem na nova escola. Vai fazer novos amigos e certamente gostar muito das novas professoras. Mas também sei que um dia olhará para as suas fotos de infância e sentirá aquele calorzinho bom, que não se explica, e dirá para si: "Eu fui bem feliz aqui"!
Sem os manos mais velhos em casa, adivinhava-se uma semana mais calminha, para a mãe conseguir pôr o trabalho em dia. Mas quem disse que os meus dois pirralhos de 3 anos não viram uma casa do avesso?


(destaco o excelente trabalho da dupla. A Nonô esticava-se para tirar as cruzetas do varão e passava ao Dudu, que tratava de tirar a roupa da cruzeta e atirá-la ao chão. Elegia pelo meio algumas peças para enfiar em si próprio. Foram naturalmente obrigados pela mamã a trabalhar em equipa, sim... mas para arrumar tudinho o que tinham desarrumado!)
E depois de tanto louvar o desenrascanço da minha pequena Nonô, que é uma despachada de primeira, aqui venho eu hoje louvar a autonomia adquirida pelo meu pequeno Dudu nestas férias. Sim, ele pede mais colinho. Sim, ele é mais mimoso. Sim, ele é um bocadinho mais bebé. Mas esta semana saiu-se com duas amostras de perfeito desenrascanço que a irmã não consegue imitar (que mais não seja, porque tem o rabo mais pesado):

- O que é que estás a fazer, Dudu?!
- A lavar os dentes...

"Olha, mamã! Fiz a minha cama..."


Aqui jaz um xixi do pequeno Dudu...


(para quem a imagem não seja esclarecedora, passo a explicar que ele resolveu fazer um xixi contra a árvore e não só lá deixou a sua marca territorial, como também os calções...)
Já está disponível o último artigo que escrevi para o blog da ConsultaClick.pt, desta vez sobre a relação que estabelecemos sobre os pediatras dos nossos filhos. À falta de uma escola de formação para pais (da qual sou grande adepta) fazem eles muitas vezes o papel de professor nesta fase da nossa vida. Obrigada, por isso, a todos os pediatras que nos acompanham nesta grande aventura da maternidade.

http://consultaclick.pt/blog/2012/08/27/coisas-de-pediatras/


Menos um dente cá em casa. Felizmente não um dos pais. Foi um do Sebastião, que já estava a abanar, com outro a nascer por trás. A mãe não consegue arrancar dentes, isso é tarefa ou do avô Luís ou do pai, e desta vez coube ao pai o dito puxão, que tratou de deixar a boca do Titão com menos um dente de leite. O problema foi na hora de decidir o que fazer ao dente.
- Embrulhas, mamã? Para eu pôr debaixo da almofada?
- Mas tu já não acreditas na fada dos dentes, Sebastião!
- Hum... Ainda posso acreditar um bocadinho?
- Vá... dá cá o dente. Pode ser que tenhas sorte.
E, durante a noite, a "mãezinha dos dentes" lá tratou de roubar o dente ao Sebastião e trocá-lo por uma moedinha e uma cartinha que dizia assim:

"Querido amigo Sebastião,
ouvi dizer que já não acreditas em mim, mas não quis deixar de vir mais uma vez visitar-te para te dizer que é sempre bom acreditar nas coisas boas, por mais impossíveis que elas possam parecer. Com a cabeça na tua almofada e de olhos bem fechados, podes ser quem tu quiseres e receberes tesouros todos os dias!
Aqui te deixo hoje um tesouro. Uma pequena moeda que podes sonhar que é mágica. Para mim, o teu dente também é um grande tesouro que vai brilhar no mundo estrelado de dentes do País da Fadinha dos Dentes.
Obrigada por me deixares o teu tesouro. E nunca deixes de acreditar nos impossíveis.

Fadinha dos Dentes"

E o Sebastião, mesmo já crescido demais para acreditar na Fadinha dos Dentes, sorriu. E a Mãezinha dos Dentes ficou feliz :).
Esta semana voltámos às fichas de trabalho (nas quais os mais velhos mal tocaram nestas férias). Coisinha pouca, só para recordar as letras e as contas, que férias são férias! Mas os meus TPF (trabalhos para férias) preferidos são sempre aqueles que não estão nos livros recomendados. E ontem a tarefa foi escrever uma cartinha para a nossa afilhada moçambicana (e se quiserem dar o vosso contributo através do apadrinhamento à distância, não deixem de consultar o site da Helpo, uma das instituições que o promove: http://www.helpo.pt/).
Aqui fica o resultado:

AFONSO (gosto particularmente do "E em Portugal nem uma selva há!")




SEBASTIÃO (a vaquinha é, alegadamente, para a nossa afilhada saber que cá temos vacas...)



Ir ao Continente com os 4 piolhos dá nas vistas. Muito! Enquanto eu tento endireitar o carrinho com todos lá dentro (o Afonso, ultimamente, agarrado do lado de fora, para ajudar a mamã a apanhar os produtos da lista), as pessoas olham e comentam. Umas riem, outras ficam com pena, outras, seguramente, chamam-me maluca.




Mas nem sempre corre mal (muito). Na última ida consegui entrar no supermercado e chegar à caixa com todos lá dentro. O problema foi exactamente na caixa quando, enquanto eu arrumava as compras nos sacos, eles começaram a saltar do carrinho tentados pelas gomas e chocolates que estão ali mesmo para tentar as crianças. No final, entre pagamentos e ralhetes, dei por mim sozinha do lado de fora do supermercado com o único membro da família que consegui controlar...



(Terminou bem, felizmente. Aliciei-os a voltar para o carrinho com a promessa de uma bela corrida pelo tapete rolante. Proposta mais aliciante do que chocolates e gomas...)
E depois de um dia sem sesta, e todas as birras que o impediram, o Dudu passou a tarde a fazer estragos. Ora carregava nos botões do comando da tv a meio do filme do papá, ora mandava almofadas para o chão, ora trepava às prateleiras, ora empurrava a cadeira da irmã para ela cair... Resultado: passou metade da tarde de castigo, a ouvir os nossos ralhetes desesperados. Pela parte que me toca, o pior foi quando ele percebeu que a mesa onde eu estava a (tentar) trabalhar tinha um buraquinho no meio:




- Mamã, mamã... olha eu aqui!

Comecei por achar-lhe graça (o que justifica a fotografia tirada). O problema foi quando fui à casa de banho e dei com isto...


Lá vão mais umas provas de livro danificadas pelos meus filhos para a editora...
Depois de mais de uma hora a tentar que o pequeno Dudu adormecesse, que teve de tudo, desde beijinhos a ameaças, a mamã cedeu e o Dudu foi para cama dos pais ver televisão. Foi uma hora desgastante, para fazer a mamã engolir todas as vezes que disse que os seus 3º e 4ºs filhos dormiam lindamente e que isso era também fruto de alguma experiência acumulada. Uma ova! Hoje foi a prova de que não há experiência que nos valha quando cai em nós o desespero de tentar adormecer um filho e não conseguir.
Pelo meio, felizmente, algumas coisas engraçadas dignas de registo:

- Dudu, a mamã vai cantar uma canção, está bem?
- Sim.
- Dorme dorme, meu bebé... Que a mamã...
- ... cheira a cholé!


- Dudu... se voltares a falar a mamã vai zangar-se muito contigo.
- Mamã?
- O QUE FOI, DUDU?!
- Eu estou feliz.
(Afonso faz uma espera à mamã. Quando ela sai do WC ele ataca-a com uma pistola de água):
- Quieta, mami! Isto é um golpe de Estado!
- Contra a mamã?!
- Não. Não te preocupes. É só contra o Estado, que é uma grande porcaria.
O Dudu é o mais endiabrado dos meus filhos. Para onde se vira sai disparate. Mas também anda pródigo em respostas muito cómicas, que resultam sempre nas nossas gargalhadas. 2 exemplos de hoje:

(Dudu de rabiosque literalmente enfiado na sanita):
- Dudu, então?! Estás preso?!
- Não, é assim. É para o cocó não sair...


(Mamã hoje saiu um bocadinho para ir a Lisboa. Ele ficou chateado por não ir também e quando, a seguir aos banhos, viu a mãe voltar a vestir o mesmo vestido, veio ter comigo, aborrecido):
- Não, mamã! Tira este vestido.
- Porquê, Dudu? Não gostas?
- Não! Esse é para ir a Lisboa.
O meu pequeno Dudu, que dantes era o primeiro a ir para a caminha, agora não quer ficar nela nem por nada. Primeiro achámos que era por ainda dormir na cama de grades, depois achámos que era a excitação da caminha nova (ex. do primo Manel. Obrigada!), pelo meio ainda culpámos a coca-cola (que ele prova de vez em quando... e gosta)... o certo é que ele inventa tudo e mais alguma coisa para não ficar na cama. Ora é o xixi, ora o cocó (que nunca faz), ora é a água, ora é o calor...
Já sem saber o que lhe fazer, e cansada de andar a subir e descer escadas, hoje resolvi ajoelhar-me aos pés dele e contar-lhe uma história no escurinho. Como a história antes de dormir foi de princesas (escolhida pela Nonô, claro!) resolvi seguir com a temática e criar a história do príncipe Dudu:
- ... e o príncipe Dudu encontrou uma princesa...
- Não, mamã. Com princesas, não!
- Encontrou então um sapo e foi atrás dele até ao mar. O sapo disse-lhe para ele dar um salto e o príncipe Dudu deu um salto tão grande que foi parar ao fundo do mar.
- Boa, mamã! Um salto grande, grande!
- Então encontrou o rei dos Peixinhos e umas sereias...
- Sereias não, mamã. Só peixinhos.
- ... e fizeram uma festa no fundo do mar. Depois os peixinhos vieram trazer o príncipe Dudu cá acima.
- Não, mamã! O Dudu veio sozinho, a nadar.
- Pronto, sozinho, e foi parar à sua caminha, porque era hora de dormir.
- Não, mamã. A uma ilha. Onde há um tesouro pequenino...

E pronto. Escusado será dizer que foi pior a emenda do que o soneto. São 11 da noite e está aqui ao meu lado a falar nos castelos e nos peixinhos...
(Nonô a mexer num creme anti-rugas)
- Nonô, não mexas nisso... é para as rugas da mamã.
- Ah, pois... (aponta para a boca da mamã) Tens aqui, ao pé do bigode.

Eu já sabia que ela era observadora, mas tanto, era um bocadinho escusado...
Acabaram-se as fraldas cá em casa! À sesta, à noite, tudo, tudinho, limpinho. Não há mais pacotes de fraldas para ninguém. Um grande obrigada à avó Tó que iniciou o processo. Oferece-se um pacote e meio de fraldas Pingo Doce 18 - 25 Kgs a quem precisar.
E, finalmente, a minha empregada chegou! Dei-lhe primeiro aquele abraço longo e profundo de saudades... depois então mostrei-lhe os baldes de roupa que ficaram por passar... Hoje é dia de voltar a pôr a casa em ordem. E amanhã, com sorte, voltarei a ter cabeça para pegar no meu trabalho...
De qualquer forma, apesar de tudo, o balanço destas 3 semanas foi positivo:
- O Afonso e o Sebastião tornaram-se ás a pôr a mesa e tirar e pôr a loiça da máquina.
- Já fazem a cama (desajeitadamente, é certo, mas é um princípio)
- Deixam um pouco menos rasto do que antes. A roupa já não é tão atirada para o chão, e já fazem caras de aflição quando a sujam, porque sabem que terão de suportar a fúria da mamã.Também já conseguem perceber um pouco melhor o conceito de "tudo arrumado".
- A mamã conseguiu organizar as roupas de verão e do próximo inverno dos 4 filhotes, e conseguiu livrar-se de 6 enormes sacos de roupa velha que estava a entupir a arrecadação.
- A mamã livrou-se de inúmeros sacos de papeladas velhas que estavam espalhados nos seus "mini-escritórios" que existem pela casa.

Balanço positivo, portanto. Agora... que só se repita no próximo ano, por favor!

(e, por último, o lindo presente ucraniano que a Lana trouxe à minha filhota. Também trouxe legos para os rapazes, que estão neste momento a proporcionar-me 5 minutos de sossego. OBRIGADA, Lana!)



A minha pequena Nonô agora deu de pegar no microfone e improvisar canções dedicadas à nossa amizade. Faz aqueles seus olhinhos irresistíveis e emite sons esganiçados muito cómicos com letras... enfim, como é que eu hei-de explicar... São bonitas e tal, reflectem os laços fortes que nos unem, mas são, no mínimo, pouco adequadas para um concerto público. Aqui fica o último exemplo, cantado em plenos pulmões na nossa sala, de olhos fixos em mim:

"Eu e tu,
somos amigas.
Somos meninas.
Porque temos pipi!"
Depois de fazer uma composição a contar as suas férias, resolvi abusar da pré-disposição do meu filho Afonso para trabalhar (o que não acontecia, justificadamente, há umas boas semanas, desde que as aulas terminaram) e pedi-lhe que escrevesse também o que gostaria de fazer nas próximas férias. E o resultado foi:

"Nas próximas férias quero ser o Rei Supremo do Universo. Quero demonstrar a todo o Mundo a lealdade para com as crianças e quero fazer um programa de televisão chamado 'Jorge, o Cadaverzinho'". (uma das Mixórdias de Temáticas que está no top cá de casa)

A sede de poder e o humor de mãos dadas na cabecinha do meu filho. Isto promete...
(Afonso, o gozão)
- Mami... a tua mãe está perdida.
- O quê, Afonso?!
(Afonso mostra o ecrã do meu telemóvel onde se pode ler "MÃE perdida")
(Dudu a escolher os calções de banho):
- Mamã, não quero esses. Esses são de Inverno...
(Perspectiva-se mais um membro da família com boa capacidade de argumentação...)
A 36 horas bem contadas (em versão decrescente, para parecerem menos) do regresso da minha empregada de umas merecidas férias, louvo todas as mulheres (e homens também, claro) que se entregam de corpo e alma à manutenção do lar. Trabalho mais invisível não há. Quando a criançada acorda não pensa que se o chão está impecável, sem os restos de comida do jantar anterior, é porque alguém o varreu e lavou. A cozinha cheira bem. Há loiça limpa e arrumada. A casa de banho não tem restos de dejectos e o chão não está pingado. A roupa está lavada e passada para eles vestirem e haverá comida pronta à hora certa. Quem o fez? Eles até imaginam, mas é difícil dar valor a um trabalho que não se vê (pelo contrário, só se vê quando não é feito).
A minha empregada vai levar um valente abraço quando regressar. Para lhe agradecer todo o trabalho invisível que faz pela minha casa enquanto eu trabalho ou me divirto com os meus filhos.


(Afonso a tentar acompanhar a actualidade política)
- Mamã... quando escreveste aquilo livro do "Eurico, o Insecto" estavas a pensar no Eurico de Melo?



Os panados cá em casa são regados com sumo de limão. Mas a Nonô hoje decidiu que não gostava.
- Não gosto de limão. (x 10)
- Não é limão, Nonô. É Simão.
- Ah, está bem.
E assim a Nonô comeu os panados com limão... desculpem, Simão. E gostou.
5 minutos depois, o Dudu já de prato limpo e à procura de mais:
- Quero mais panados com Simão...
Os meus filhos mais velhos estão absolutamente fãs da Mixórdia de Temáticas. O pai compila e chegamos a ouvir no rádio do carro, assim às 20 de seguida, dependendo da duração da viagem.
Mas aquela em que ouvi os meus filhos rir mais alto, descontroladamente, a ponto de o Afonso dizer entre soluços "Ai, mãe... este Ricardo Araújo Pereira é hilariante!", foi a do "Jorge, o cadaverzinho". Não tenho graça para a conseguir explicá-la como deve ser, por isso ela aqui fica, para quem ainda não ouviu:

http://www.youtube.com/watch?v=nNDd0SLb0OY
(Mamã ao telefone com a Nonô):
- Como estás, minha filhota?
- Grande... e gorda.
(Dudu intervém, ao fundo)
- Gorda no rabo!

(Estava à espera de ouvir esta conversa quando eles tivessem uns 14, 15 anos. Aos 3... sem comentários!)
(Quando o Fonso e o Titão perceberam que iam fazer um cruzeiro, um dos seus sonhos depois de um ano inteiro a ver o Zack e Cody do Nickelodean. Só souberam mesmo à entrada do barco, e mesmo assim eles ainda pensavam que os estávamos a enganar):
- Eu sei que tu não gostas que eu diga "bué", mami, mas isto é mais do que muito bom. (Afonso)
- Estou tão emocionado que até fiquei com soluços. (Sebastião)


(Mãe e Afonso no Vaticano)
- E quando morre o Papa os principais bispos juntam-se todos numa sala para decidirem quem vai ser o próximo Papa.
- E como é que decidem? Fazem uma luta até à morte?

(Mãe e Sebastião em Itália)
- Sebastião, aqui tens que dizer os nomes das lojas em italiano: "Stazione", "libreria"...
- E se for uma loja dos chineses?


Quiz-show ao Afonso no regresso a casa:
(Sobre Florença):
- Ainda te lembras como se chama aquela cidade onde fomos?
- (...)
- Começa por "F"...
- Floribela??
(Sobre a Córsega):
- Lembras-te do nome daquele homem importante francês que nasceu na Córsega?
- (...)
- Começa por "N"...
- Nikola Sarkosi?




O sentimento primeiro foi o de "coitadinhos dos meus pequeninos" que ficam em terra. Várias vezes me perguntaram: "E os gémeos não vão convosco esta semana?". Não, não vão. Não foram. Custou-me, mas quem tem famílias grandes como a nossa (ou ainda maior) sabe como é difícil darmos atenção a todos os filhos, de acordo com a idade, expectativas e feitios de cada um deles. À custa de só ter 2 braços, e eles terem andado já suficientemente ocupados com os dois piolhos mais novos, sentia que me escorregava pelos dedos o crescimento da vida dos meus mais velhos. Entre os ralhetes e as responsabilidades a eles atribuídas, lá ia faltando o tempo para as conversas, para uns ralhetes mais direccionados, para umas orientações mais particulares, para uma aprendizagem mútua e uma partilha sem tanta pressa nem ocupações.
A última semana teve tudo isso. A bordo de um barco, demos mergulhos, fizemos torneios variados, vimos filmes, explorámos cidades, zangámo-nos e rimos várias vezes uns com os outros, e voltámos mais próximos. A mãe teve os braços livres para o Fonso e Titão (ultimamente mais amparados nos braços do pai) e até teve oportunidade para perder vários jogos de cartas (e não é que os safados me ganham?), de dar um valente tralho a patinar no gelo (enquanto eles voavam sobre os patins) e ver pela décima vez o Indiana Jones (sendo que a última tinha sido há uns 25 anos...).
Morrei de saudades dos meus gémeos pequeninos mas encontrei-os mais crescidos (as férias nos avós fazem milagres!) e trouxe também dois filhos mais velhos ainda mais velhos. Eles cresceram. E nós, estou em crer, também crescemos como família.
E agora... agora é a 6 outra vez! E que bom que é... :)

- Mamã, mamã! Olha... sou eu e tu.
(palavras para quê?)

(Afonso no seu "despassaranço" habitual):
- Mami, quando é que vamos para Mochilaga?
- Para onde, filho?!
- Então não vamos a Mochilaga?
(Ele sabia que era um sítio com nome de saco e acabava em "ga". Só faltou acertar com o tipo de saco...)
(Nonô, depois do banho, escondeu-se durante alguns minutos na sua casa de banho, às voltas com uma toalha):



- Pronto, mamã, já está. Igual à mamã.
(ressalvo que os manos mais velhos ainda hoje não sabem como a mamã consegue enrolar uma toalha à cabeça)

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(Dudu, depois do banho, resolve ir sozinho vestir o pijama, à semelhança dos irmãos):


- Mamã... vesti o pijama sozinho.
- Ó Dudu, mas a parte de cima é de um pijama de inverno... e essas sapatos são só para as festas.
- Eu gosto assim, mamã. Hoje é festa.
(e com argumentos destes, quem consegue contrariá-lo?)
(Afonso a ver a aterragem em Marte):
- Uau! Hoje foi um grande dia para os NASianos.
- Tu por acaso sabes o que é a NASA, filho?
- Sei. É uma espécie de EDP. Uma marca para astronautas.
(As coisas que o meu filho sabe............)
Depois de sucessivas asneiras e consequentes pedidos de desculpa imediatos do meu Dudu, olhei-o zangada e disse-lhe:
- Chega de desculpas, Dudu! Só podes pedir desculpa se for uma desculpa sincera!
E virei costas para baixar o volume interno e enxertar mais uma dose de paciência na minha exaltação.
- Mamã...
- Diz, Dudu.
- Desculpa sincera...
E se eu já perdoava as outras, quem é que resiste a perdoar as sinceras? Comi-o de beijos e pronto... ele continuou a fazer asneiras.

Hoje a manhã foi passada na Academia de Santo Amaro, com "A Bela e o Monstro".
Para variar saímos atrasados, para variar houve stress (como não haver multibanco e a mãe ter que voltar ao carro para ir levantar dinheiro, nas ruas anexas, em contra-relógio. Valeu-me a prima Maria e um pacote de bolachas, para controlar as hostes). Mas, para variar também, o saldo da aventura foi mais do que positivo!
- A Nonô delirou com a Bela, e batia-me no braço para me sorrir.
- O Dudu adorou os "leãos" (que na verdade eram lobos).
- O Sebastião soltava das suas gargalhadas efusivas sempre que aparecia o amigo trapalhão do Gastão (Sérgio Paulo).
- E o Afonso divertia-se a tentar perceber a forma como o cenário mudava e os actores se distribuíam pelos papéis.
No final, houve direito a foto com o elenco, festinhas no Monstro (Miguel Dias) e a Nonô ainda bateu o pé porque queria "Ota vez".
Saímos de lá, portanto, todos felizes e contentes. Mas só há pouco, antes de os deitar, percebi o verdadeiro efeito que a peça tinha tido neles. Por brincadeira, tirei da prateleira o livro da "Bela e do Monstro" e fui ter com eles a cantar o tema principal. A Nonô e o Dudu começaram a bater palminhas, entusiasmados, enquanto o Afonso e o Sebastião gritavam: "Não! Mais coisas de Amor, não!". E a história acabou por ser mesmo essa. Mas ligeiramente adaptada, para todos os gostos e idades.
- Há muito muito tempo, bem há bocadinho, ali em Lisboa, um lindo príncipe, que por acaso também fazia de Lumiére e de bibliotecário, desprezou uma velhinha que procurava ajuda. A velhinha na verdade era uma bruxa, que lhe entregou uma rosa... de plástico.
E por aí fora. As florestas transformaram-se em papéis de cenário, os lobos eram pessoas que não conseguiam libertar-se dos fatos onde se tinham aprisionado, o pai de Bela (que na peça desapareceu, para a tornar mais curta) afinal ressuscitou e foi não a uma feira de invenções, mas antes de mortos-vivos... E desta forma conquistei a atenção dos dois mais velhos, para quem a magia das histórias de encantar já tem que ser um bocado mais "cool", sem defraudar a magia dos pequenotes. O Dudu foi dormir ainda a dizer que tinha gostado muito dos "leãos". E a Nonô levou com ela o livro para a cama. E, antes de eu fechar a luz, disse-me baixinho: "Mamã... Já tenho saudades do Monstro".
Segue-se a Alice no País das Maravilhas, na Quinta da Regaleira. Depois, claro, de uns valentes dias para eu respirar fundo e me preparar para outra aventura cénica em família.



Hoje foi a loucura do camarão cá em casa. Produto do dia no Continente, foi o nosso banquete ao jantar e num instante despachámos um quilo de bicharada. O pai descascava para uns, eu descascava para outros, e o Afonso tentava descascar sozinho, resmungando contra esses alegados privilégios de filho mais velho.
Foi, no entanto, do Dudu, o melhor comentário, quando o pai lhe entregou um camarão com um pedaço de casca:
- Olha, papá. Este ainda tem o pacote...
- Mamã, posso fazer uma massagem na tartaruga?
A minha Nonô é sofisticada, sei lá! Em vez de festas nos animais, faz-lhes massagens...



O fato é só para 4 anos, mas ela insiste que é a Nonô-bailarina. Veste-te (hoje com ajuda da prima, que lhe pôs as meias e tudo!), vai buscar as minhas sapatilhas de ballett e vem entregar-mas:
- Mamãzinha... vamos "dançaí" ballett?
E depois olha para mim e diz com pena:
- Oh... não tens saia... A Nonô compra, sim?
E não é que hoje, em plena Sportzone, ela e o papá encontraram uma saia de bailarina para a mamã?
(não comprámos, ok? Voltar a calçar as pontas ainda vai. Maiô... talvez um dia, se ela continuar a chamar-me de "mamãzinha". Mas sainha de ballett para rodopiar pela casa parece-me um pouco too much...)
(Dudu arrisca-se e lança-se das escadas da piscina para o seu interior. Braçadeiras postas, mamã por perto, tudo controlado, mas ainda assim uma grande aventura para quem ainda está a ganhar confiança com a água. E a sua alegria foi vibrante):
- Mamã, mamã! Eu "consego"!
- Boa, Dudu.
- Mamã, mamã! (sorriso ainda mais irresistivelmente triunfante) É bom conseguir.
(E são destas pequenas constatações que se fortalece a auto-estima dos nossos filhos).
Terceiro dia sem Lana e continuamos todos inteiros. A casa está limpa e arrumada, até mais organizada do que antes (porque tive entretanto um ataque de organizativite-de-papelada-aguda), a roupa ainda não acumulou e ainda não há cotão nos cantos. O pai arranjou um esquema com os mais velhos que consiste em deixá-los responsáveis por certas partes da casa (com castigos de ausência de televisão quando essas mesmas partes aparecem desarrumadas) e de repente eles até já fazem a cama e põem a louça na máquina (gémeos incluídos).
Quando a nossa empregada se estava a ir embora, eu disse-lhe:
- Descanse bem, e prepare-se, porque quando voltar nem vai conseguir entrar em casa, tamanha vai ser a confusão.
E não é que hoje até dei por mim a pensar que talvez conseguíssemos organizar-nos sem termos uma pessoa a trabalhar em nossa casa o dia todo?
(Mas foi um pensamento breve, ok? Tão depressa veio como foi. Volta, Lana, e depressa, que esta nossa organização familiar não dura para sempre!).
(Nonô a preparar uma malinha para ir para a praia):

- Mamã, posso levar a minha filhinha?

(E digam lá que a minha neta não vai para a praia toda fashion...)


(Mamã no WC)
- Nonô, trazes papel higiénico à mamã?
- Sim!
(Nonô desaparece para o interior da casa e aparece com isto):


- Só isto, Nonô?
(Nonô imita a mamã)
- Não se pode gastar...

Mai'nada!