... mas de volta dentro de poucos dias, com um caderno cheio de histórias para contar.
E boas férias!
Dudu, no auge das suas patifarias, aparece vestido com o vestido preferido da mana gémea, a sua coroa de princesa na cabeça e uma perna arrancada a uma Barbie. É de o virar do avesso... se o seu sorriso maroto não fosse irresistível!

- Pára, Dudu! Eu é que sou uma princesa!

E a mamã pensa para si que a princesa Nonô ainda vai ter muito que penar, à custa de ter nascido lado a lado com um príncipe...
Para quem não teve oportunidade de ver, aqui fico um pedacinho de nós e de outras famílias que "guardam" (em álbuns, quadros, blogs) a infância dos seus filhos, para mais tarde recordar.
Enfim... Coisas de Pais!

http://www.tvi.iol.pt/programa/voce-na-tv/2015/videos/128760/video/13926322/1
Não sei exatamente qual dos meus filhos desenhou isto, mas um ET tão cheio de amor merece ser partilhado...

Hoje foi mesmo dia de publicidade aqui ao blog dos filhotes! Depois da TVI, foi a vez da madrinha Cristiana Resina dar uma entrevista ao blog Indios e Cowboys e falar de nós. Claro que a reportagem é sobre coisas bem mais giras, da Cristiana e da sua decoração. Ora espreitem em: http://indiosecowboys.blogspot.pt/2013/07/indio-e-cowboy-do-mes-cristiana-resina.html
Hoje, entre as 11h e as 12h, no "Você na TV" (TVI), serei uma das mamãs a falar sobre aquilo que se guarda, dos filhos. No meu caso, guardo as maiores aventuras e conversas mais hilariantes no blog Coisas de Pais (http://coisasdepais.blogspot.com), que nasceu há 7 anos. Era na altura uma mãe de dois filhos a trabalhar em televisão, hoje sou uma mãe de quatro dedicada aos livros. Daqui a outros 7 anos não sei o que serei, e já nem o blog existirá (porque os meus filhos já não me deixarão falar sobre eles), mas espero que cada um deles tenha na mão um livro com tudo aquilo que recolhi, na sua infância, para recordarem sempre que lhes apetecer...
A mamã estava a tentar trabalhar, no silêncio da noite, a ver as estrelas, quando uns passinhos pequeninos se fizeram ouvir, atrás de si.

(Mamã) Vai dormir, Dudu.
(Dudu) Ó mãe... o sol já se foi embora?
(Mamã) Já, Dudu. Então não vês que é de noite?
(Dudu) E porque é que o sol se vai embora de noite?
(Mamã) Ele não se vai embora. O nosso planeta é que gira e ficamos de costas voltadas para o sol.
(Dudu) Então eu quero ir para um planeta onde eu possa ter o sol à noite. Eu quero fazer uma festa à noite, com o sol.
(Mamã) Mas sabes que os outros planetas são muito longe, Dudu... Tinhas de ir numa nave espacial.
(Dudu) Não. Nave espacial, não. Eu prefiro ser um Super-Homem...

E ali ficámos mais um bom bocado, prova provada de que a conversa é como as estrelas... aparece sempre mais uma!
Dudu para uma amiga da mamã, que viu pela primeira vez:

- Olha... tu já morreste ou não?
- Não...
- Ainda não morreste?
- Não...
- Mas pareces mesmo um fantasma...

Se querem elogios, por favor dirijam-se à minha filha Nonô (mas encolham a barriga, please, senão vão ter de ouvir o que não querem...)
A mamã teve de ir ao Chiado tratar de uns assuntos e, claro... levou as suas carracinhas atrás, Dudu e Nonô de seus nomes. Percorram os pombos, compraram um livro na famosa Bertrand, rebentaram bolas de sabão gigantes, deitaram uma moeda num músico que lhes tocou, no seu saxofone, a Pantera cor-de-rosa, distribuíam "hellos" aos turistas todos, e ainda comeram uma fatia de bolo de chocolate no KaffeHause. O Chiado foi deles! E a mamã só ficou com pena de não ter mãos para registar tudo o que eles iam dizendo...

(Nonô apontando para um edifício histórico) Mamã... ali ao fundo já é Paris?

(Dudu apontando a estátua de Fernando Pessoa) Mamã... aquele senhor está preto. Eu acho que ele já está morto.

(Angústias de Sebastião nas suas colónias de férias)

- Eu e o S. éramos amigos no primeiro dia. No segundo dia fomos à praia, ele começou a zangar-se comigo, e e blablabla blablabla... Acho que a praia nos separou...
Nonô olha fixamente para uma sem-abrigo sentada à porta de uma Igreja, de olhar fixo no vazio. Corre para o Dudu:

- Dudu, se aquela senhora te oferecer uma maçã, não comas! Pode estar envenenada...

Se calhar já era altura de começar a chamá-la à Terra, não?
Hum... Faz-me lembrar alguém...



Como eu costumo dizer ao meu filho Afonso, ninguém terá respostas para nos dar. Ou melhor, até poderão ter, mas só serão verdadeiramente úteis aquelas que formos nós a encontrar. E uma forma de as procurar... é escrever.


A coroa era uma coroa simples da Barbie. A fotografia era uma fotografia simples de telemóvel. Mas quando a mostrei à Nonô reparei que a coroa tinha ficado brilhante. O fenómeno é também ele simples de explicar, mas aos olhos da minha pequena fadinha houve ali um toque de magia.
- Estou mesmo a brilhar, não estou, mamã?
Impossível dizer que não...


O livro desta noite foi "A Semente sem Sono". Muito fofinha, que deixou os filhotes rendidos à bonequinha sementinha, que um dia cresceu e se tornou uma raiz.

(Nonô) E agora, mamã? Ela não vai sair da terra?
(Mamã) Vai. Os cabelinhos dela vão crescer e aparecer, aqui do lado de fora. Sempre que vocês derem festinhas nas plantas e nas flores, estão a fazer festinhas no cabelo das sementinhas que estão debaixo da terra.

Os rapazolas acabaram a noite aos saltos na cama, mas a Nonô abraçou o livro e levou-o consigo para o seu quarto. Conhecendo-a como a conheço, amanhã vai fazer tantas festinhas nas plantas cá de casa...
A máquina do papá até cortou bem, sempre a direito, ao mesmo nível. O problema foi que o Sebastião resolveu "dar um jeitinho"...

A ideia era ir ao "Humor com Húmus" na Quinta da Regaleira, mas por falta de clientela, o espetáculo acabou por ser cancelado. Confesso que fiquei alguns segundos parada junto à bilheteira, a dizer mal da vidinha. Tinha sido uma trabalheira para os arranjar a tempo, para chegar a tempo, para estacionar a tempo, para os levar estrada fora (sem passeio!) a tempo... e não havia espectáculo?!?
Felizmente, as mães são especialistas em rápidos Plano B. Voltar para casa, depois de tanta trabalheira, não era solução. Portanto, Sintra por Sintra, vamos lá à descoberta de Sintra!

Primeira Paragem: Museu dos Brinquedos. Os rapazes adoraram o piso dos carros e a Nonô o piso das bonecas. Giro. Um nadinha caro para famílias grandes.

Segunda Paragem: Apanhar o autocarro. Bilhete que dá para várias paragens. Compensa. Os miúdos adoraram (sobretudo porque andaram sem cinto!)

Terceira Paragem: Castelo dos Mouros.



Treparam. Desceram. Escorregaram. Rebolaram... Adoraram! A maior desilusão foi quando chegaram ao topo:
(Dudu) Ó mãe... mas o castelo está todo partido!
(Nonô) São só pedras, mamã... E o rei e a rainha?!
Mas valeu todo o trajeto e a recolha de pequenas preciosidades da natureza, como folhas douradas e pedrinhas mágicas.

Quarta Paragem: Palácio da Pena.



Mais uma vez treparam, desceram, escorregaram, rebolaram... adoraram! O palácio já estava inteirinho, só faltou ver o rei e a rainha.
(Dudu) Se calhar estão a dormir a sesta...

A desculpa serviu. Deixámos os reis a dormir e fomos perder-nos nos labirínticos jardins, onde o Sebaatião foi o rei dos disparates:

(Sebastião, abraçado a uma pedra com musgo) Adoro estas pedras "peludas"...
(Sebastião a olhar para um pombo): Se eu pudesse ser um animal, era um pombo. Andava sempre a voar... podia fazer cocó onde quisesse... até em cima das pessoas!

Seis horas depois estávamos de regresso, num autocarro cheio de estrangeiros com quem os meus filhos já metiam conversa, com as palavras em inglês que sabiam, mas sobretudo com outras que iam inventando, a fingir que sabiam. E a Nonô saiu-se com mais umas:

(Nonô, quando o autocarro parou no meio da serra) Porque é que parámos, mamã? Está vermelho?
(Nonô, debaixo do braço de um senhor que devia andar nas mesmas maratonas que nós) Mamã, cheira a comida... Acho que este senhor não tomou banho hoje...

Fechámos o dia a comprar uma caixinha de travesseiros para o papá. E agora só espero que os filhotes durmam... como reis e rainhas!

Acabo de descobrir que tenho cá em casa uma "gaveta das armas". Mas os meus filhos garantem que é só para situações de guerra.



E claro que houve várias situações de guerra durante o dia...

- O que é isto, Nonô?!?!
- É um remédio. Ela não estava a conseguir respirar.
- Nonô... tu pintaste a tua boneca de verde!
- Eu sei... mas teve de ser! Ela não estava mesmo a conseguir respirar através das paredes...

Mas quem é que lhe ensinou este poder de argumentação? Quem?!

Chegou-se ao pé de mim com esta barriga gigante.

- Mamã, vou ter bebés.
- Ai sim? Isso quer dizer que eu vou ser avó...
- Claro!

Pouco depois chamou-me a mim e ao mano Dudu a um cantinho escurinho da casa e deu à luz: da barriga dela saíram uma gatinha e uma ratinha. E ficou numa alegria só!

- Já és mamã, Nonô?
- Já! E tu já és avó! Viva!

Espero que a alegria se repita daqui a uns bons anos, não num cantinho escurinho, mas na cama de um hospital, com a família reunida à espera de ver o mais novo membro da família. E, se possível, que não seja uma gatinha ou ratinha, mas um pedacinho de gente a quem eu possa ensinar coisas sobre a vida e sobre o mundo.
Afonso no seu melhor:

- Às vezes imagino que sou um Aquan e venho de outro mundo. Aterrei na tua barriga e andei a fingir que era um menino normal até começar a ser sugado, durante a noite, para o submundo, onde recupero a minha couraça de escorpião e luto contra o mal.

A história tem milhentos outros pormenores, mas não vou contar porque o meu filho prometeu transformar estas suas aventuras em livro. Teremos bestseller?
Acabo de descobrir uma forma de conseguir ler com a filharada à volta: faço de Bela Adormecida! Enquanto devoro umas páginas eles lutam com dragões, pedem poderes às fadinhas, trepam a castelos, transformam-se em pedras... e só quando conseguem finalmente chegar junto a mim, é que levo uma beijoca e finjo "acordar". Não sei quanto tempo vai durar. Mas hoje já consegui ler umas valentes páginas do meu livro no sossego do meu feitiço...

Nonô vem ter comigo, angustiada. Senta-se ao pé de mim e sai-se com esta:

- Mamã, como é que eu posso ser a Branca de Neve a sério?
Guerra ao pequeno-almoço:

(Mamã) Come, Dudu, por favor! Não vês que assim vais ficar pequenino?
(Dudu) Não faz mal. O Mickey também é pequenino, como eu.
Transformou a senhora da caixa registadora em sapo, mas foi só para lhe dar um beijinho e transformá-la em princesa. E a senhora ficou feliz...

Viva a fadinha Nonô!


Os meus gémeos andam a suplicar por uns óculos de sol. Esteticamente, percebo o seu entusiasmo (sobretudo o da minha pirosinha Nonô), mas ontem testaram uma argumentação mais forte:

(Dudu) Se eu não tiver uns óculos, não consigo olhar para o céu. E eu quero ver as nuvens...
(Nonô) Quando eu olho para o céu, o sol olha para mim e eu tenho de fechar os olhos...

Parece-me uma argumentação poderosa e irresistível...
Mãe e Nonô numa loja:

(Vendedora) Que linda menina... És portuguesa?
(Nonô) Não. "Hello"...

É que é mesmo do contra...
Nasceu um blog dedicado ao ensino, da Ana Soares (professora) e da Bárbara Wong (jornalista), que vale a pena conhecer: http://www.educaremportugues.com/2013/07/resultados-dos-exames-nacionais.html

Eu não me contive, e lá estive a rabiscar umas coisas (muitas coisas... desculpem!), em busca de ver respostas para as minhas inquietações de mãe, que agora resumi nestas questões, que acho urgentíssimo discutirmos:


- Para que serve exatamente o ensino?
- Que tipo de alunos estamos a formar e para quê?
- Que modelo de sociedade queremos construir e de que forma estamos a contar com os nossos jovens?
- Quais são exatamente as funções (para além da pedagógica) dos professores? (sendo que cada vez mais os pais não têm tempo para formar os seus filhos)
- Que responsabilidade têm os pais, na formação daqueles que são o futuro do país e do mundo?
- Deverão também os pais, a par dos professores, ter formação para criarem a geração do futuro?
- Qual é o perfil dos alunos de hoje? Estará o tipo de ensino adequado aos tempos que correm e às suas mentes hoje tão rápidas, irrequietas e estimuladas? Qual a melhor forma de lhes dar vontade de aprender?
- O que pode ser verdadeiramente interessante e útil ensinar-lhes, para a sociedade que queremos construir? E de que forma podemos rentabilizar os seus dons e talentos?

Estejam completamente à vontade para responder (se quiserem, só àquilo que vos interessar). Acho mesmo que temos de fazer este debate, e nós, pais, não podemos assistir a ele "de fora", porque os alunos são nossos filhos e estão à nossa responsabilidade. E o que fizermos deles será aquilo que o país será, daqui a uns anos...
Dudu e Nonô vêm ter comigo, com a pergunta bem estudada:

(Dudu) Ó mãe... porque é que nós temos um cartão de cidadão?
(Mamã) Porque vocês são cidadãos. Sabem o que é ser cidadão?
(Dudu e Nonô) Não.
(Mamã) É fazerem parte deste mundo.

Dudu e Nonô olham um para o outro, desconfiados:

(Mamã) Vocês fazem parte deste mundo?
(Dudu e Nonô, imediatamente) Não!
(Mamã) Não?! Então fazem parte de qual mundo?
(Nonô) Do mundo encantado!

Ah, pois claro. A mãe, de facto, não percebe nada disto... Acho que hoje vamos fazer um cartão de cidadão especial para cidadãos do mundo encantado. Com fadinhas, duendes, princesas e super-heróis.
A Nonô geralmente desenha princesas e bailarinas muito felizes. Mas hoje saiu-se com esta menina triste.



- Ela portou-se mal e está de castigo, mamã.
- E não podemos tirá-la do castigo, para ela ficar feliz?
- Ela é feliz. Só está triste. Mas já passa.

No desenho seguinte, a Nonô voltou a fugir à regra e desenhou esta coisa horrível.




- O que é isto, Nonô?!
- É um astronauta. Tu também desenhavas astronautas quando tinhas 4 anos, mamã?
- Hum... se calhar. Não sei bem. Vou perguntar à avó. Mas o teu astronauta não tem olhos.
- Não. Ele está lá dentro.
- Ah! Isso é uma nave espacial.
- Sim.
- E o que são estes riscos à volta?
- São os ângulos.
- Os ângulos?! O que é que tu achas que são os ângulos?
- São uma espécie de cabelos. Têm muitas cores.
- Ah...

Enfim... estamos sempre a aprender...
Nova tarde de artistas:



- O que é isto, Dudu? És tu?
- Não, é um Cardeal.
- Um Cardeal?!
- Sim. Um Cardeal que fala inglês. Assim: "zabsfhesmfprmmslsws ssçlsijfkjfbdj"

Mas onde é que este miúdo vai a estas ideias?!
Afonso, para variar, hoje comeu depressa e perguntou se podia levantar-se da mesa para ir ler o seu livro (anda completamente viciado na "Escola", de James Peterson).

- Oh, filho... Fica na mesa. Estamos todos juntos a conversar...
- Não estamos, não. Estamos a ver notícias sobre pessoas que morreram com touros e em acidentes.

Deixei-o ir. Amanhã começarmos a almoçar sem o Jornal da 1.
O Duarte estava sossegado ao meu colo, num raro momento de serenidade, quando se sai com esta:

- Sabes que tu eras a mãe da avó? Mas ela era muito pequenina...
- Não, filho. A avó é minha mãe.
- Isso foi depois. Primeiro tu foste mãe dela. E estavas a ralhar com ela porque ela chorava muito.
- Mas eu tinha esta cara?
- Não. E eras baixinha.
- Então como é que era eu?

Riu-se, encolheu os ombros e fez-se à vida. Mais uma daquelas tiradas que ninguém explica...
Depois de uma boa meia hora a brincarem aos polícias e ladrões, o Dudu apareceu ao pé de mim a chorar.

(Dudu) Ó mãe, o Sebastião não me deixa ser dos bons!!!
(Mamã) O que é que se passa, Sebastião? Se o teu mano quer ser polícia, deixa-o ser.
(Sebastião) Os bons não são os polícias, mãe. São os ladrões! O Dudu quer ser ladrão...

Digamos que as imagens que inundaram as televisões em dias de manifestação não ajudaram muito... mas sim, tenho um trabalhinho "de casa" para fazer!

O fim de tarde foi a desafiar a arte... a mamã só lhes pôs a coroa. Parabéns aos meus reizinhos mais novos.

Estava a mãe a barafustar alto e em bom som com o novo programa da SIC, o "Olé", onde famosos experimentam pegar um touro, quando o Afonso resolveu descansar-me:

- Mãe... desafiar a morte a enfrentar um touro só para ver quem é mais forte... podes ficar descansada... eu nunca vou ser forcado!

Nonô, no Continente, grita o ver o meu novo livro.

- Mamãaaaaaa! O teu livro!!!!!!!

Pega nele, folheia-o, orgulhosa. E eu orgulhosa com ela.

- Foste tu que escreveste, não foste?
- Fui sim, filha.
- E quando é que eu posso começar a escrever livros, como tu? Eu queria tanto ser escritora!

Eu sei, eu sei. É coisa de mãe babada. Mas tinha mesmo de o partilhar...
Gémeos com falta de sesta, a fazerem birras descomunais para vestirem o pijama e lavarem os dentes. Mãe já com os cabelos em pé, capaz de os virar o avesso. Afonso aproxima-se, suavemente, completamente indiferente à gritaria e à confusão:

- Ó mãe... tu não ficas preocupada com o degelo dos glaciares?

Sim, filho. E com a paz no mundo, e o fim da crise, e o combate à fome e à desigualdade. Deixa-me só conseguir primeiro ser uma boa mãe, que a gente depois conversa sobre isso, ok?
Depois de um dia "daqueles", em que os meus filhos conseguiram tirar-me do sério um número de vezes acima do suportável, recorri ao já recorrente sistema cá de casa: toca a escrever um compromisso para as férias! O Afonso teve de fazer um compromisso com 5 pontos, o Sebastião fez apenas um, mas sempre que falharem em qualquer coisa terão de se dirigir ao frigorífico e recordar, em voz alta, o compromisso que cada um deles escreveu. Costuma funcionar... uns dias. Logo penso noutra coisa qualquer a seguir...



Ps - Passo a explicar as contas no canto inferior direito: o Afonso, entre um compromisso e outro, ficou com receio de já não se lembrar de fazer contas, e lá improvisou umas, pelo meio... parece que ainda se lembra da coisa. Mas ainda faltam dois meses de férias.....
Há dias que o meu filho Afonso me pedia para lhe contar o mito da caixa de Pandora. Eu só sabia a história por alto e hoje, finalmente, pesquisámos juntos sobre o mito.

"A história conta que após Pandora receber o jarro, recebeu uma ordem de Zeus dizendo para jamais abri-la. Dia pós dia, Pandora ficava cada vez mais curiosa, e um certo dia, decidiu que iria abri-la para ver o que havia dentro. Quando a abriu todos os males foram libertados, exceto um, que ali dentro permaneceu: a esperança."

- Ó mãe... mas a esperança não é um mal!!!

Não é, não... Era o único bem que estava na caixa e que não foi libertado (e como precisamos dele, nos dias que correm...) Mas há muito deste mito por reescrever. Há muitas culpas por libertar e muita carga por limpar, da figura feminina, de forma a colocar Pandora no seu lugar devido, longe de todas as culpas e todos os males dos Homens...
Ajudas-me, Afonso?
(Sebastião) Mãe, quando tiramos a camisola, no hóquei, fico com a minha barrigota à mostra...

O Sebastião tem uma barrigota, é verdade. Foi o meu bebé mais gorducho, agora de gorducho não tem nada, só a bochecha e uma barrigota que se faz notar sobretudo depois de comer.

(Mamã) Fica descansado, que a mãe vai arranjar maneira de acabar com a tua barrigota.

Sebastião fica com cara de pânico e coloca as mãos em posição de súplica:

(Sebastião) Por favor... não me mandes para o Peso Pesado!!!

O Afonso acaba de regressar da sua primeira semana fora de casa (sem contar com as semanas em casa dos avós). Foi a uns torneios de futebol e regressou a casa todo contente. Ao fim de meia hora de conversa, já tinha feito o meu balanço enquanto mãe dos aspetos positivos e negativos desta primeira experiência.

Positivos:
- Diz que se foi lembrando da longa conversa que tivemos antes dele ir, sobre liberdade/responsabilidade. A mãe é uma chata do pior, mas enquanto ele se for lembrando das coisas chatas que a mãe diz, não estamos mal...
- O pai tinha arranjado com ele uma estratégia de manter a roupa arrumada na mala e guardar a roupa suja. Chegado lá tinha um cacifo minúsculo para guardar as suas coisas. Digo que é positivo porque o obrigou a desenrascar-se e a improvisar uma estratégia de dobrar, arrumar e separar o sujo do limpo.
- Percebeu que há amigos e há aqueles com quem temos de saber lidar.

Negativos:
- Trouxe todo um novo rol de palavrões que fez questão de me "ensinar".
- Descobriu o que é o Facebook e agora quer ter um... para jogar.
- Pediu para ir a uma livraria comprar um livro para os tempos mortos, e chamaram-lhe nerd. Não foi comprar o livro, mas felizmente também se borrifou para o comentário.

E é assim. O rapaz está a começar a fazer-se à vida... E eu, prestes a ter de deixar de falar nele neste blog, porque o mais certo é ele qualquer dia criar o seu...
Mais um desenho do Dudu a revelar a sua falta de jeito para o desenho. Felizmente a revelar também a sua grande criatividade...



- O que é isto, Dudu?!?
- É um menino que deixou cair o chapéu e todos ficaram a ver que ele tinha orelhas de rato. Gozaram muito com ele. Ele estava na praia a molhar os pés e depois viu ao longe um golfinho, que era amigo dele.

Dava uma linda história, não dava? "O menino com orelhas de rato e o seu amigo golfinho"...
Os dias não andam a chegar às encomendas, mas aqui fica um pequeno best-off dos gémeos, desta semana:

(Dudu) Mamã, parece que estamos a viver num forno...


(Nonô) Mamã, posso pôr potalco nas minhas bonecas?
(Mamã) Não, filha. O potalco é só para os meninos a sério.
(Nonô) Mas se for uma boneca que fala, já posso?