Hoje, antecipando o Dia da Criança, fizeram na escola dos meus filhos um Bom Dia sobre os seus Direitos. O Dudu até falou pela primeira vez ao microfone para dizer que as crianças têm direito a carinho e afeto. Mas hoje foi o Direito a uma Alimentação Saudável aquilo que me ficou em mente.
As crianças têm direito à alimentação, condição fundamental para a nossa sobrevivência. Mas, mais do que isso, têm direito a uma alimentação saudável, que não comprometa o seu futuro. Como escrevi há dias, somos em grande medida aquilo que comemos, e o futuro do país será nessa mesma medida aquilo que dermos a comer aos nossos filhos.
Se os protegemos de sítios com tabaco, se os apetrechamos em cadeiras mais seguras, se os vacinamos, se os agasalhamos, se os vigiamos... como é que lhes damos a comer, sem qualquer peso na consciência, batatas fritas de pacote, refrigerantes, doces, chocolates, bolos, bolachas e afins?
Cá em casa também fazemos alguns seus disparates. Cometemos as nossas loucuras de vez em quando. Mas custa-me que a pressão sobre as crianças, por parte da indústria alimentar, seja tão grande e tão difícil de combater para um pai que queira controlar o que elas comem.
Levar os meus filhos ao supermercado é uma tentação! Eles passam pelas prateleiras das bolachas de chocolate e avançam, condoídos: "Já sabemos que a mãe não deixa...". Às vezes tentam enfiar pacotes de sugos e gomas (que estão sempre estrategicamente colocados junto às caixas) nos tapetes rolantes, mas já sabem que não vale a pena porque a chata da mãe está sempre a topá-los... E, no final dos treinos, ficam sempre chateados comigo porque os amigos comem batatas fritas e a fundamentalista da mãe deles não deixa...
No outro dia o Sebastião chegou a casa e revelou-me que, como leva fruta para o lanche da manhã, tem sempre uns amigos que têm pena dele e lhe dão... bolachas de chocolate! Os gémeos queixam-se que o seu lanche é sempre pão (e muitas vezes integral)... eles queriam Manhazitos e cereais de chocolate como alguns colegas! E a pressão é tanta, que eu às vezes dou por mim a perguntar-se se eu é que estarei errada...
A verdade é que esta é a primeira geração a comer MAL. MUITO MAL! Os nossos pais nunca tiveram acesso a um conjunto de guloseimas e iguarias de pastelaria industrial que hoje inundam os supermercados. Quanto muito, comiam um pirolito de vez em quando... A minha geração já começou a ter acesso a outras coisas, mas não era, nem pouco mais ou menos, como é hoje. Não havia restaurantes fast food em cada esquina. Não havia máquinas de guloseimas em cada instituição. Os nossos filhos são a primeira geração a comer muito mal desde muito cedo.
Se hoje se sabe que doenças como a diabetes, colesterol elevado, hipertensão, doenças cardiovasculares e até cancro estão relacionadas com hábitos alimentares, não estaremos a comprometer gravemente o futuro das nossas crianças? O futuro de toda uma geração?
Mundialmente, mais de 22 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade tem excesso de peso, bem como 155 milhões de crianças em idade escolar, segundo dados da British Medical Association. Em Portugal, uma em cada três crianças tem excesso de peso ou obesidade infantil, refere a Organização Mundial de Saúde. Somos dos países europeus com maior número de crianças a viver este problema. Alguma coisa tem de mudar, mas é difícil que mude enquanto as nossas crianças estiverem expostas, diariamente, a todo o tipo de tentações.
Se a alimentação saudável é um direito que elas têm, como podemos defender esse seu direito, contornando todas as pressões e tentações do mercado? Se o tabaco mata, e mesmo assim continua a ser vendido, como impedir que se vendam produtos nocivos para a saúde das nossas crianças? Há quem diga que impedir é limitar a liberdade de cada um. O problema é que uma sociedade doente não é um problema individual. Estaremos cá todos para pagar a fatura, que nos vai sair bem caro...



Nonô explica que ficou de castigo porque uma colega a puxou e ela a puxou em seguida.

(Sebastião) Não podes, Nonô. À guerra nunca se responde com a guerra. Senão a guerra nunca mais acaba.
(Mãe) Muito bem, Titão! Quem é que te ensinou isso?
(Sebastião) Então? Foste tu...

Pronto. Menos mal. A última vez que fiz uma pergunta deste género ele respondeu-me "Nas Tartarugas Ninjas"...
Dudu no supermercado, aponta para uma senhora anã:

(Dudu) Mamã, está ali uma senhora muito pequenina...

Mamã avança rapidamente para outro corredor, para não dar nas vistas.

(Dudu) Ela é uma senhora ou uma menina?
(Mamã) É uma senhora, mas fala baixinho.
(Dudu) Mas ela é pequena porquê?
(Mamã) Porque ela é anã, filho. Mas não se aponta assim para as pessoas...
(Dudu) Mas ela é pequena, porquê.
(Mamã) Porque nasceu assim, filha. Há algumas pessoas que nascem mais pequenas do que as outras.

Dudu prossegue, pensativo. Depois esboça um sorriso.

(Dudu) Eu acho que ela é do país das Maravilhas... Pois é?
À noite a minha gata estende-se no braço do sofá e, enquanto dormita, preguiçosa, abana a sua cauda para lá e para cá, enquanto os seus filhotes tentam apanhá-la, divertidos. Passam-se horas naquilo.
E eu dei cá comigo a pensar que se tivesse uma boa cauda, tinha mais algumas horas de sossego para ler e dormitar...


PS - Restam-nos dois gatitos para dar... Alguém interessado?
E o teatro do mês foi... Criançopólis, no Auditório Carlos Paredes, um espetáculo sobre os Direitos das Crianças.


(Mamã) Gostaram, meninos?
(Dudu e Nonô) Sim!
(Mamã) E afinal as crianças têm direito a quê?
(Dudu e Nonô) A brincar!

Foi o que mais registaram. Também se falou no direito à saúde, à educação, à higiene... mas não há dúvidas de que, crianças com as outras necessidades satisfeitas, querem mesmo é tempo para a brincadeira!

Parabéns à Companhia Umbigo!
O Dudu queria levar um livro seu para a escola. Nem por acaso, o livro que já foi o preferido do mano Afonso, depois o preferido do mano Sebastião... e que agora é o seu preferido também!


(Mãe) Podes levar, Dudu. Mas tens de pôr o teu nome.

Passados alguns minutos o Dudu aparece.

(Dudu) Já está.


(Mãe) "Duabias?" Mas isto está muito aldrabado, Dudu!

Dudu olha para o nome, pensa alguns segundo e depois explica-me com um sorriso.

(Dudu) Desculpa, mamã. Fiz em francês...
(Mamã) Meninos, já puseram a mesa?
(Afonso e Sebastião) Sim! E até pusemos a mesa para um almoço chique!!!



O esforço mereceu um valente beijinho. Mas vou ter rapidamente de os pôr a lavar a loiça, para eles perceberem que 7 talheres por pessoa, cá em casa, correspondem a 42 talheres por lavar...
"É na família que a criança aprende a cuidar do planeta, a se admirar diante da majestade simples da natureza. A família inclui a chave de muitos segredos, e a chave de abertura para a Ecologia ninguém mais do que a família possui. A família é o lugar no qual a vida acontece e faz sentido, e é lá que se deve ensinar que a Terra, nossa casa, precisa ser cuidada, amada, usada respeitosamente, tal qual ensinamos nossos filhos com relação à sua casa."
(Jorge Ponciano Ribeiro)

Dudu aproxima-se intrigado:

(Dudu) Ó mãe, como é que nós viemos para este mundo?
(Mãe) Tu e os manos nasceram da minha barriga, Dudu.
(Dudu) Mas como é que viemos cá parar? Caímos por um buraco? Viemos num túnel?
(Mãe) Não sei, filho.
(Dudu) Oh... tu também não sabes nada!

E foi-se embora, aborrecido comigo. Já lhe expliquei a história da sementinha, a evolução do bebé no interior das barrigas da mãe, mas este meu filho pensa (acha? sabe? Sei lá!) que, de alguma forma, já existia antes. Como é que veio cá parar, é que ele se intriga. E eu, que definitivamente sei ainda muito menos do que ele, não tenho qualquer resposta para lhe dar...

Nonô pela manhã:

(Nonô) Mamã, eu esta noite vi um crocodilo gigante. Ele estava à minha frente e comeu um peixinho e depois comeu outro.
(Mamã) Tiveste medo?
(Nonô) Sim. Mas eu pedi para ele não me comer e ele não me comeu.
(Mamã) Que bom, Nonô.
(Nonô) Depois eu fui para o meu quarto.
(Mamã) E o teu quarto era igual a este?
(Nonô) Sim, mas era no fundo do mar. Eu era uma sereia, mamã...


Já sonhei que era muita coisa. Mas sereia nunca me aconteceu. Vou tentar esta noite... E, pelo sim pelo não, fugir dos crocodilos gigantes...
Em que momentos é que eu senti/sinto que ter gémeos é uma desvantagem?

1. Nos primeiros meses quando, na melhor das hipóteses, conseguia dormir meia hora entre cada "mamada dupla".
2. Já na escolinha, quando a educadora lança um desafio aos pais para fazerem um trabalhinho com os seus filhos.

Felizmente já não sei o que é passar uma noite em branco. Mas ainda tremo cada vez que vejo afixado um cartaz na escola a sugerir um trabalhinho. E o desta semana era sobre... ABELHAS!

(Nonô) Eu quero fazer sobre a Abelha-rainha!
(Dudu) Eu quero fazer sobre o Zangão!

E pronto. Depois de muita e acesa troca de ideias, de muita bodegada com cola e muito corte e costura, lá temos os dois ditos trabalhinhos para apresentar na escolinha.


Visto assim, já pronto, até quase me faz esquecer o trabalhão que deu. Mas, amigas abelhas, se têm amor à vida, não me apareçam à frente nos próximos dias...
O Titão tem teste amanhã de Estudo do Meio, sobre a agricultura/pecuária e a indústria/comércio, e a mamã resolveu preparar-lhe um teste rápido, com perguntas formuladas às três pancadas:


- Se tivesses um porco, o que podias fazer com ele?
(Resposta do Titão) Comprar uma porca e ter muitos porquinhos.

- Se tivesses uma vaca, o que podias fazer com ela?
(Resposta do Titão) Montar uma linda quinta.


A ideia era que ele falasse no aproveitamento do leite, da carne, da pele... mas pronto. Se eu tivesse um porco e uma vaca também montaria uma linda e idílica quinta! Quem sabe um dia, querido Titão... Mas por enquanto, e se queres ter boa nota, é melhor falares no leite, nos bifes e na pele para os sapatos.

(Nonô) Mamã, as minhas amigas fizeram desenhos para mim!



Estou definitivamente rendida ao universo feminino... (talvez só até elas se começarem a zangar umas com as outras e a arranjarem confusões por causa dos namoricos, mas há que não antecipar o inevitável)
Os primeiros ecos dos 5 anos:

(Dudu) Agora já somos crescidos. Não precisamos de ouvir música para dormir. (adeus, meia hora à noite só para escolher o CD!)


(Nonô) Agora já somos crescido. Comemos nos pratos iguais aos vossos. (adeus pratos de plástico do Ikea!)

(Nonô) Agora já sou crescida, posso furar as orelhas. (e furou! Chorou um bocadinho, mas aguentou-se muito bem e já tem duas lindas estrelinhas nas suas orelhas)


Em suma, os 5 anos livraram-me da confusão dos CDs e dos pratos de plástico, mas trouxeram-me a confusão dos brincos de várias cores e feitios... Adoro! :)
Os meus mai'novos fazem hoje 5 anos. 5 anos de tantas e tão saborosas aventuras!
Como esse tempo todo passou, não sei... Voou. E eu voei com eles. Tanto que eles cresceram e mudaram. Tanto que nós todos, aqui em casa, crescemos e mudámos também com eles...

Obrigada por tudo, meus filhotes. Às vezes a mãe perde a paciência convosco, mas não há um só dia na minha vida em que eu não agradeça pela oportunidade de vos ter na minha vida e vos ver crescer todos os dias.

(e aqui vai o primeiro post que escrevi sobre eles...
http://coisasdepais.blogspot.pt/2009/06/coisas-de-4-filhos.html)
O Titão vai fazer amanhã a sua Primeira-Comunhão. E ontem calhou sentar-me sozinha com ele (o que é raro, dada a confusão habitual cá de casa) e perguntar-lhe se ele sabia o que ia fazer.

(Titão) Vou receber Jesus pela segunda vez.
(Mãe) E isso quer dizer o quê?

Ficou atrapalhado, sem resposta.

(Mãe) Sabes que a mãe não gosta de ter papagaios cá em casa... Nem para os testes, nem para nada na tua vida, não quero que repitas coisas que não sabes bem o que querem dizer. Combinado?

Disse que sim e depois percorreu comigo mais de 2000 anos de História, desde o nascimento de um menino especial numa gruta em Belém até à forma como, hoje em dia, se vivem os seus ensinamentos. Ele sabia a História. O que fazer com ela nos dias de hoje é que parecia mais complicado.

(Mãe) Jesus explicou que temos de nos amar uns aos outros como irmãos. Receber Jesus, como tu dizes, pela segunda vez, é lembrares-te pela segunda vez daquilo que ele veio dizer aos Homens.

Disse que sim com a cabeça, mas ainda tinha uma dúvida:

(Titão) Continuo sem saber porque é que mataram Jesus.
(Mãe) Naquele tempo havia homens que se sentiam superiores porque achavam que conheciamm as leis de Deus. Porque construíram templos ricos, porque se sentiam com poder para julgar os outros. Jesus veio dizer que aquilo que Deus quer não é nada disso. Ele quer que sejamos simples, que não demos importância aos bens materiais. Que nos amemos verdadeiramente e que não há superiores nem inferiores. Que devemos sobretudo julgar-nos a nós próprios e ajudar os outros no seu caminho. Que os templos são simplesmente pedra sobre pedra, e que aquilo que importa é o nosso templo interior. Foi por isso que mataram Jesus naquela altura. Havia muita gente que não compreendia o que ele dizia e que não queria perder o seu poder. E, infelizmente, ainda é assim hoje em dia...
(Titão) Pois é...

Depois fomos ver o álbum da 1ª Comunhão da Mãe e deparei-me com aquilo que escrevi nessa altura, em 1985. Hoje já não estou ligada à Igreja como estava, mas se tivesse de escrever uma oração, acho que escreveria basicamente a mesma coisa. Apenas acrescentava que, apesar de não compreender porque é que uns têm tanto e outros nada, já sei que está nas mãos dos Homens mudá-lo (e os Homens somos todos nós, em cada gesto que fazemos). E continuo a não saber muito sobre a criação do Homem (Darwin que me perdoe, mas há já tantos cientistas a contradizê-lo...) mas enquanto a lucidez mo permitir, não deixarei de investigar os grandes mistérios da Vida...


Parabéns, meu Sebastiãozinho. Que o dia de amanhã te dê força para essa grande jornada de Amor verdadeiro, que é a Vida...

E um bom dia da Família!

"Ser Mamã" é uma feira totalmente dedicada à temática da maternidade e da infância, daquelas onde as mamãs se perdem e ainda bem, por entre informação, produtos, atividades, jogos e um mundinho de coisas que nos dizem tanto e aos nossos filhos também.
Vai ser na Exponor, nos dias 16, 17 e 18 de maio (próximo fim de semana), aliada este ano a uma causa: qualquer visitante da feira poderá entregar um “cheque-afecto” à instituição representada e doar bens de que já não necessite.

A quem puder... apareçam!



Site do evento: http://www.sermama.pt
https://www.facebook.com/salaosermama
(Afonso) Mãe, sabes que se eu me concentrar muito antes de ir dormir, consigo sonhar com aquilo que quero?


Comecei há uns anos a interessar-me por sonhos justamente por perceber que os sonhos do meu filho mais velho eram tão loucos quanto os meus.

(Mãe) E que género de sonhos é que tens?
(Afonso) São aventuras no submundo. Antes de me deitar eu penso nos cenários e nas minhas evoluções e depois às vezes consigo sonhar com aquilo que imaginei.

Falei-lhe sucintamente das investigações que estão a ser feitas neste momento no campo dos sonhos, e expliquei-lhe o que era o chamado "sonho lúcido".

(Mãe) A mãe às vezes tem sonhos lúcidos, mas fica muito assustada. Quando percebo que estou dentro de um sono começo logo a tentar acordar.
(Afonso) Eu cá não. Uso a minha máxima de vida: que se lixe! E continuo a aproveitar...
(Mãe) Qualquer dia ainda tentamos sonhar o mesmo sonho juntos.
(Afonso) Consegue-se?
(Mãe) Há quem consiga. E quem consiga fazer muito mais coisas durante o sonho. Não te esqueças que há grandes vultos das História que tiveram as suas maiores ideias a dormir. Músicas, invenções, histórias para livros...
(Afonso) Pois, mãe... mas eu ainda sou uma criança. Por enquanto gosto mesmo é de ir ao submundo e passar de nível...

A conversa foi um pouco surreal, mas é a prova bem clara, claríssima, do pouco, pouquíssimo que sabemos sobre a nossa mente humana...

(Sebastião) Ó mãe, porque é que o Afonso decora logo tudo e eu não?
(Mãe) Porque o teu irmão tem jeito para decorar as coisas e tu tens jeito para outras coisas.
(Sebastião) Quais coisas?
(Mãe) Quando a mãe precisa de ajuda para entreter os gémeos, quem é que chama?
(Sebastião) Eu! Eu consigo sempre que os gémeos me obedeçam...
(Mãe) Quando o pai precisa de ajuda para arranjar alguma coisa cá em casa, quem é que chama?
(Sebastião) Eu! O Afonso não tem jeito nenhum para essas coisas.
(Mãe) E quando a mãe precisa de ajuda para cozinhar, quem é que vem sempre a correr?
(Sebastião) Eu! O Afonso não tem paciência nenhuma.
(Mãe) Estás a ver? O Afonso tem uns talentos e tu tens outros. Não adianta fazerem comparações porque vocês são diferentes. E serão sempre diferentes. O importante é saberem o que fazer com a vossa diferença.

A conversa ficou por aqui e o Sebastião foi-se embora todo contente, satisfeito com os seus talentos. Mas a mamã ficou a pensar que, apesar de os filhos terem talentos tão diferentes, serão avaliados nos próximos anos pelo mesmo, num ensino que (sem tempo e sem espaço, por mais que os professores se desdobrem) tem dificuldade em atender às suas diferenças, aos seus talentos específicos, às suas mais-valias individuais. E, enquanto o ensino não muda, terá de nos caber a nós, pais, abstrairmo-nos tanto quanto possível das notas e valorizar os nossos filhos por tudo o resto que não se traduz em médias nem se revela nos rankings... aquilo que, à parte o que eles têm de saber e demonstrar nos testes, são as suas qualidades, aquelas que poderão fazer deles pessoas interessantes com algo para dar ao mundo.
Só a conheci (pelo menos oficialmente) nos seus 26 anos, e reza a história que, assim que me viu espreitar de dentro dela, o médico terá dito: "Ui, esta não engana, é mesmo filha da mãe!"
Cruzámo-nos no mesmo tempo e no mesmo espaço quando ela já havia passado por muito, e a vida ainda lhe havia de pregar mais umas quantas partidas (ou aprendizagens?). Mas continuar a vê-la sorrir aos 63 anos, cheia de força, cheia de fé, sempre pronta para ajudar os outros, sempre criativa, talentosa, com uma sede inesgotável de aprender e fazer melhor, é um grande privilégio que eu tenho e que espero que se prolongue (pelo menos) por mais 63!

Parabéns, Mãe!

Hoje foi dia de celebrar o dia da Mãe com o Titão... e receber mais um presentão!

(este tinha dentro uma moldura que ele fez, com uma foto lindinha!)

(este é muito bom!!! Vou usar ao fim de semana :) )

E, depois de eu me ter queixado que o Afonso só me dava beijinhos... eis que recebo também um presente dele!

(supostamente é uma flor... e diz que lhe deu uma trabalheira!!!)

(a lembrar o "Portal do Tempo", saiu-lhe uma mensagem em código. Quem adivinha o que diz?)

A mamã foi devidamente mimada, mas o Pai também tinha uma surpresa do Afonso. Era suposto ter sido oferecido em Março, mas andou a ruminar na mochila dele este tempo todo...

("Sábio dizer: Steve Jobs inventar I-Phone. Teu Pai inventar-te a Ti" Como é que ele se foi lembrar disto???)

Mamã observa o cabelo da filhota no regresso a casa:


(Mamã) Ó Nonô, perdeste outro gancho?

(Nonô) Deixa lá, mamã. Ainda me tens a mim...


E assim, desta forma simples, se relativizam todos os nossos pequenos incidentes do dia-a-ia...
Na sexta-feira passada a dos gémeos. Amanhã a do Titão. O Afonso já não tem dessas coisas. Valem-nos os beijos e abraços roubados...

A Mamã aos olhos da Nonô.

A Mamã aos olhos do Dudu.

Os presentinhos, onde vamos semear no próximo fim de semana.
Nonô num campo de flores:


- Mamã, porque é que estas flores todas se chamam Margaridas? Não há nem umazinha que seja Leonor?


Observações da mai'nova cá de casa:


(Nonô) Ainda bem que eu fui a última a nascer. Assim sou a última a morrer...

(Nonô) Mamã, eu queria tanto ser tu! Tu tens sapatos de salto alto, batons, fazes o que queres...


Nenhuma destas constatações é necessariamente verdade. Mas há mitos que não devem ser desfeitos na infância...

É hoje lançado mais um livro sobre Hiperatividade e défice de atenção, de Nuno Lobo Antunes e Ana Rodrigues. Mais um, mas nunca são demais, sobretudo se escritos por quem percebe do assunto e acompanha diariamente crianças e pais que lidam com o problema.
Tenho lido alguma coisa sobre o assunto, não porque tenha filhos hiperativos ou com défice de atenção, mas porque tenho filhos muito ativos e com alguma dificuldade de concentração. Quantos de nós, pais, perante comportamentos mais desfasados daquilo que era suposto, não pensámos já em trezentos e cinquenta diagnósticos possíveis para o nosso caso? Vivemos na era dos medicamentos, em que tudo parece ser resolvido a químicos, e ao primeiro alerta, somos tentados a pensar que há certamente algures uma pílula milagrosa para pôr tudo nos eixos e sossegar-nos o espírito. Há "pílulas" para casos complexos, sim. Mas para casos que verdadeiramente o justifiquem.
A partir do momento em que se fala de uma verdadeira "epidemia de hiperatividade e défice de atenção" (e têm saído artigos bastante polémicos sobre a "mentira da TDA"), é fundamental haver quem ponha os pontos nos iii e liberte os pais dessa ansiedade por um diagnóstico, dessa dependência da solução química. É fundamental que haja quem nos fale de estratégias, novas abordagens, mudança de hábitos, já para não falar de uma revisão urgente e profunda do que é o nosso ensino e de que forma pode ele adequar-se às crianças de hoje, que estão inevitavelmente sujeitas a outros estímulos e têm outras necessidades.
Nós, pais, precisamos que nos ensinem a lidar com as crianças de hoje em dia. Precisamos que nos apoiem, que nos dêem dicas, que pensem connosco no que tem de ser mudado em casa mas também fora dela, na sociedade em geral. Queremos uma geração que cresça de forma saudável, queremos crianças diferentes entre si, que possam seguir os seus sonhos e vocações, que vivam no mundo real (mais do que no virtual) e que recebam na infância as ferramentas necessárias para fazerem deste mundo um mundo melhor, mais do que matéria atrás de matéria debitada horas a fio numa sala fechada.
Está mais do que provado que crianças "diferentes" podem ser tão ou mais válidas do que as outras. Segundo um especialista do Texas, 100% das pessoas com Q.I. acima de 160 sofrem de Déficit de Atenção. Einstein tinha más notas na escola. Da Vinci e Miguel Ângelo provavelmente também sofriam de déficit de atenção. Teriam eles sido como foram e criado o que criaram se tivessem sido medicados? Não sei o suficiente para ter respostas para isto, mas acho que o assunto merece ser debatido por quem sabe, uma vez que 9% das crianças americanas já tomam medicação para o défice de atenção (ver aqui)...

Muito curiosa sobre este lançamento. Muito curiosa sobre este livro. E sobretudo com muita vontade de gerar debate sobre este e outros assuntos que nos interessam a nós, pais, e que poderão fazer toda a diferença para o futuro dos nossos filhos.

Os filhos são lições de vida, aprendizagens diárias que nos fazem buscar em nós o melhor de nós, para lhes dar.
Testam as nossas fragilidades, mas para que nos fortaleçamos.
Espelham as nossas falhas, mas para que multipliquemos as nossas virtudes.
Descontroem-nos ideias feitas, mas para que possamos construir novos paradigmas mais sensatos.
Vemo-los crescer e sentimo-nos envelhecer, mas a idade, se aprendermos as lições que eles nos permitem aprender, acredito que se traduz em mais sabedoria.
Com os nossos filhos, ganhamos uma visão mais ampla do mundo, onde não somos já nós (ou apenas nós) que importamos, são eles e o mundo que lhes vamos deixar e para o qual queremos contribuir sem egoísmos.
É já não importar assim tanto, ao mesmo tempo que fazemos tudo para que a nossa vida tenha um significado maior.
Ser mãe pode ser muitas outras coisas. Mas para mim é isto. Uma luz para o caminho. Um sentido para o fim. Um obrigada constante e diário por ter ao meu alcance 4 mestres que me ajudam a ser melhor do que sou.




E parabéns a todas as mamãs! Com um especial à minha Mãe, que me deu vida, que cuidou de mim, que me contou histórias ao seu colo, que me ensinou a ser mais forte e mais firme, que me transmitiu fé e optimismo em todas as situações, que me deu liberdade para ir em busca dos meus sonhos, que me apoiou em todas as quedas e me perdoou todos os erros, que me apontou caminhos, que me mostrou que é sempre possível reconstruirmo-nos, até nas maiores perdas.
Serás sempre um exemplo para mim, Mãe. Espero que, nessa bonita reciprocidade que é a maternidade, eu tenha também sempre algo para te dar, que faça jus ao tanto que já me deste.

E os nossos pequerruchos já têm nomes: Barbie (a preferida da Nonô), Ben 10 (o destemido que faz as delícias do Dudu), Medronho (o mais medricas, que o Sebastião tenta sempre ajudar), Tigresa (arisca, e que por isso mesmo agradou ao Afonso) e Stick (por causa do hóquei).
Agora é vê-los brincar e deliciarmo-nos com este companheirismo animal, que é sempre seguido pelo olhar atento da Mãe Mia...

Faleceu-me há 3 dias um amigo. Um amigo de longa data, do tempo em que íamos de bicicleta para casa uns dos outros, abríamos com à-vontade o frigorífico de qualquer casa e improvisávamos um lanche, enviávamos cartas para dizer coisas importantes, mesmo morando a 5 kms...
O Chico - assim se chamava o meu amigo - era um de quatro irmãos. Tinha dois irmãos e uma irmã, e uns pais que sempre admirei pela dinâmica (entre tantas outras coisas). Observava muitas vezes a boa confusão da sua casa, onde todos entrávamos e nos instalávamos como se fosse nossa, e sempre pensei que um dia, se a vida mo permitisse, gostava de ter assim uma família grande, essa mesma boa confusão.
A vida acabou por permiti-lo. Numa boa coincidência, fui mãe exatamente de três meninos e uma menina, que lá vai tentando ganhar o seu espaço e aprender as suas técnicas de "sobrevivência" no meio de tanto rapaz. Muitas vezes, nas dinâmicas cá de casa, comigo a desesperar, procuro lembrar-me da mãe do meu amigo Chico e pergunto-me o que ela faria, no meu lugar. Tornou-se no meu bom exemplo a seguir, tendo eu ainda tanto por aprender. Hoje, a confusão é na minha casa e não podia estar mais feliz por isso.

Há três dias, quando morreu o meu amigo, fiquei triste porque o perdi, mas sobretudo porque aquela família ficaria mais pobre. Infelizmente tive de aprender, com aquilo que já vivenciei na minha própria família, que os filhos podem partir primeiro do que os pais. Sendo absolutamente contra-natura, é algo tão possível como outra coisa qualquer, sendo a vida aqui na Terra tão frágil e efémera. Não pude deixar de chorar com aquela mãe, com aquele pai, e com aqueles irmãos tão unidos. Mas não pude deixar de pensar também que, apesar de todo o sofrimento, valeu tanto a pena, para quem partiu e para quem ficou, tudo o que foi vivido...
De regresso a casa, do velório, fui beijar cada um dos meus filhos que já dormia. Olhei-os demoradamente. E prometi a mim mesma que, não sabendo eu qual de nós partirá primeiro e como ou de que forma, faria os possíveis por me lembrar todos os dias de fazer os meus filhos felizes, assim como de tentar aproveitar toda a felicidade que eles têm para me dar. De todas as lições que a partida do Chico terá para nos ensinar, esta já me tocou particularmente. Vivendo mais ou vivendo menos, a vida é um exercício de felicidade. Felicidade que devemos procurar e felicidade que devemos espalhar. Tudo o resto virá por acréscimo.
Obrigada, Chico. Até sempre...