Coisas de Livro novo de Nuno Lobo Antunes e Ana Rodrigues

- 5.5.14

É hoje lançado mais um livro sobre Hiperatividade e défice de atenção, de Nuno Lobo Antunes e Ana Rodrigues. Mais um, mas nunca são demais, sobretudo se escritos por quem percebe do assunto e acompanha diariamente crianças e pais que lidam com o problema.
Tenho lido alguma coisa sobre o assunto, não porque tenha filhos hiperativos ou com défice de atenção, mas porque tenho filhos muito ativos e com alguma dificuldade de concentração. Quantos de nós, pais, perante comportamentos mais desfasados daquilo que era suposto, não pensámos já em trezentos e cinquenta diagnósticos possíveis para o nosso caso? Vivemos na era dos medicamentos, em que tudo parece ser resolvido a químicos, e ao primeiro alerta, somos tentados a pensar que há certamente algures uma pílula milagrosa para pôr tudo nos eixos e sossegar-nos o espírito. Há "pílulas" para casos complexos, sim. Mas para casos que verdadeiramente o justifiquem.
A partir do momento em que se fala de uma verdadeira "epidemia de hiperatividade e défice de atenção" (e têm saído artigos bastante polémicos sobre a "mentira da TDA"), é fundamental haver quem ponha os pontos nos iii e liberte os pais dessa ansiedade por um diagnóstico, dessa dependência da solução química. É fundamental que haja quem nos fale de estratégias, novas abordagens, mudança de hábitos, já para não falar de uma revisão urgente e profunda do que é o nosso ensino e de que forma pode ele adequar-se às crianças de hoje, que estão inevitavelmente sujeitas a outros estímulos e têm outras necessidades.
Nós, pais, precisamos que nos ensinem a lidar com as crianças de hoje em dia. Precisamos que nos apoiem, que nos dêem dicas, que pensem connosco no que tem de ser mudado em casa mas também fora dela, na sociedade em geral. Queremos uma geração que cresça de forma saudável, queremos crianças diferentes entre si, que possam seguir os seus sonhos e vocações, que vivam no mundo real (mais do que no virtual) e que recebam na infância as ferramentas necessárias para fazerem deste mundo um mundo melhor, mais do que matéria atrás de matéria debitada horas a fio numa sala fechada.
Está mais do que provado que crianças "diferentes" podem ser tão ou mais válidas do que as outras. Segundo um especialista do Texas, 100% das pessoas com Q.I. acima de 160 sofrem de Déficit de Atenção. Einstein tinha más notas na escola. Da Vinci e Miguel Ângelo provavelmente também sofriam de déficit de atenção. Teriam eles sido como foram e criado o que criaram se tivessem sido medicados? Não sei o suficiente para ter respostas para isto, mas acho que o assunto merece ser debatido por quem sabe, uma vez que 9% das crianças americanas já tomam medicação para o défice de atenção (ver aqui)...

Muito curiosa sobre este lançamento. Muito curiosa sobre este livro. E sobretudo com muita vontade de gerar debate sobre este e outros assuntos que nos interessam a nós, pais, e que poderão fazer toda a diferença para o futuro dos nossos filhos.

You May Also Like

3 comentários

  1. Nunca se viveram tempos educativos com tanta informação como os de hoje... Mas também nunca houve tantas dúvida como as que nos surgem hoje... Quanto mais informação procuro sobre a educação, mais penso sobre ela e mais dúvidas me surgem, num ciclo vicioso, da sociedade da comunicação em que vivemos! Qual será o nosso futuro e o dos nossos filhos que crescem nesta sociedade super hiper mega estimulada?

    ResponderEliminar
  2. Obrigada Sara pela partilha da informação. Nuno Lobo Antunes é de facto uma referência nestas questões e um comunicador nato. Tenho um filho com disgnóstico de défice de atenção (sem hiperactividade e com um nível de QI bastante acima da média) e foram, em grande parte, os livros deste senhor que me ajudaram a descodificar o meu filho. O meu filho chegou a utilizar medicação, a qual considero ter sido muito útil na fase em que foi utilizada, mas, neste momento, já não usa. Nós pais, somos quem melhor conhece os nossos filhos (ou deveríamos ser), por isso, a decisão de utilizar ou não medicação deve ser feita por nós, da forma mais informada e consciente possível. Obrigada mais uma vez!

    ResponderEliminar
  3. Não é fácil, sem dúvida, encontrar o equilíbrio entre a opinião médica especializada e a nossa intuição de pais. Não é fácil lidar, não é fácil decidir, sobretudo porque nós, mais do que ninguém, queremos o melhor para os nossos filhos. Por isso acredito que a partilha e a troca de experiências é sempre positiva. Obrigada pela vossa partilha.

    ResponderEliminar