E quem disse que só a Nonô é que gostava de pulseiras e colares?
5 minutos de Dudu sozinho na casa de banho, e fui dar com este estardalhaço...


A minha empregada ucraniana é, para mim, um braço direito que não dispenso. Prestes a ficar 3 semanas sem ela, sei que nesse tempo ficarei exausta o suficiente para passar todas as semanas e meses seguintes a agradecer-lhe a sua preciosa ajuda.
Mas, pelo facto de ser ucraniana, existem de vez em quando desentendimentos linguísticos que geram situações muito engraçadas. A última deixou-me meia hora a rir. Foi quando cheguei à despensa e dei de caras com o frasco do sal onde, por cima do sal grossa, estava despejado todo o pacote de sal que tinha comprado para a máquina de lavar a loiça. Felizmente detectei-o a tempo de ela o utilizar numa refeição qualquer. Prefiro não imaginar que resultados isso teria...


Acaba de ser publicado mais um artigo meu no blog da ConsultaClick, desta vez sobre um tema tão em voga, mas ainda a precisar de ser amplamente discutido: a alimentação das nossas crianças. Sou um pouco fundamentalista em teoria, mais liberal na prática, e gostava de saber a vossa opinião sobre o assunto. Podem ler o artigo em:

http://consultaclick.pt/blog/2012/06/29/coisas-de-alimentacao-saudavel/
- Ó mãe, ó mãe... o Mickey também fez um dói-dói!
E, por solidariedade com o pequeno Dudu, o Mickey terá também o seu braço ao peito nos próximos dias...


- Vai, Ronaldo! Para a frente! Vamos lá ganhar isto!
E, entre alguns amigos e primos, lá dávamos força a Portugal, enquanto a criançada brincava no jardim. E foi assim que, entre o nervosismo da falta de golos e a antevisão de uma disputa em penaltis, a criançada resolveu levantar a parte superior dos matraquilhos para tirar as bolas e a deixou cair bem em cima de um dos dedinhos do meu pequeno Dudu. O sangue fez-se logo notar, no meio de uma pontinha de dedo (felizmente só mesmo a pontinha) a dar para o esmigalhado.
- Hospital! Depressa!
Toalha no dedo, documentos na carteira, Dudu em lágrimas, crianças aflitas, amigos alarmados... e lá fomos nós para o São Francisco Xavier onde, sorte das sortes, tínhamos um amigo cirurgião de banco.
Felizmente não foi preciso coser. Como nesta idade tudo se sara, a carne foi unida com pensos e devidamente embrulhada e posta ao peito para ficar imóvel durante uns bons dias. Lá se vai a marcha da festa de final de ano e a praia com a escola. Lá se foi a nossa vitória, perdida em penalties que geraram gritos por todo o Hospital. Lá se foi a minha noite de sono, que passei a ir espreitar o piolhinho na sua cama. Mas felizmente também lá se foi o susto do Dudu, que hoje só está a tentar perceber como comer com a mão esquerda, como sentar-se na sanita sem uma mão e o que fazer sozinho em casa sem os irmãos. E repete várias vezes, para si, pensativo:
- É p'igoso. Dudu tem um dói-dói grande. Dudu foi ao Hospital. É p'igoso.
Há naturalmente coisas piores. Esta, podia ter sido bem pior do que foi. Mas já ninguém nos tira o susto que apanhámos...


Hoje à noite não houve história. O Pai desapareceu primeiro, depois desapareceu a filha, e quando demos por falta deles fomos descobri-los no jardim, a balancear-se numa rede. A noite estava invulgarmente quente, a lembrar as minhas noites alentejanas, que tanto me deliciavam na infância e juventude.
O Afonso pegou imediatamente numa bola e chamou o irmão para uma partida de basquete. O Dudu foi para o trampolim. A mamã foi para o baloiço. E a Nonô saltou para o colo da mamã, para voarmos juntas sob as estrelas.
- Mamã, o cabelo está a voar.
- É o vento, filha.
- Ah... Ai, ai, vento.
- Não, filha. O vento é bom. Fecha os olhos.
Não houve história. Mas saboreámos a noite. E eles adormeceram mais felizes. Vou tratar de fazer o mesmo.
Boa noite!
(Sebastião no regresso de mais um dia de ATL):
- Ó mãe... um menino mais velho chamou-lhe palhaço.
- E tu o que é que fizeste?
- Nada. Mas depois ele chamou-me atrasado mental.
- E tu o que é que fizeste?
- Disse igualmente.
- Mas ele bateu-te? Magoou-te?
- Não.
- Então tens de ignorar, Sebastião. Olha para mim. As palavras por acaso magoam?
(O Sebastião olha para mim e desata-se a rir)
- Claro que não, mamã!
(Claro que sim. Mas enquanto conseguirmos ir resolvendo os problemas desta forma, acho que não ficamos mal...).
Quase, quase a acabar a saga das apresentações... Desta vez vou levar a piolhada toda comigo. Estar em Évora é estar em casa. Em família e entre amigos. O pior que pode acontecer é, no final da sessão, já ter filhos às cavalitas do Presidente da CME, e os mais velhos a ajudarem-me a assinar os livros, que eu espero que sejam muitos, por todas as razões. A melhor delas todas é que 1 euro da venda de cada livro reverterá para os projectos desenvolvidos pela Cáritas da Dioceses de Évora. Como dizia há uns dias, a propósito da nossa rainha Estefânia, não sei até que ponto teremos o nosso destino traçado, mas uma coisa eu sei: há decisões que são única e exclusivamente da nossa responsabilidade.
Estefânia deixou-nos um Hospital. O que deixaremos nós aos outros, que justifique a nossa passagem por aqui? Ninguém nos exige hospitais. Nem tão pouco nada que seja material. Mas nós, que somos mães, sabemos que podemos dar muito àqueles que seguem o nosso exemplo...
Aos que puderem, lá vos espero com os meus filhos no dia 30, em Évora.





Ontem dei com a minha filha a rugir a uma pequena formiga, admirando-se com a capacidade de a assustar e a de ver fugir a seis patas. Por outro lado, assusta-se com a nossa cadelinha que é mais pequena do que ela, mas que tem muito mais força e deita-a facilmente ao chão. Enquanto espécie, a minha filha procura o seu lugar. De quem tem de ter medo, a quem consegue assustar, quem lhe é superior e inferior, algo ainda apenas aferido pela força e pelo tamanho. Pouco a pouco, lá entrará a inteligência a baralhar as fórmulas e a impor-se ao tamanho e à força, aos rugidos e aos empurrões.
3 anos acabadinhos de fazer:

- Nonô, anda comer o pão.
- Não posso. Nonô fica gorda.

Começa cedo...
Em Março, tínhamos cometido a loucura de comprar 2 bilhetes da Madonna, para assistirmos àquela que podia ser a última passagem da rainha da pop por Portugal (ou talvez não, que a mulher ainda está rija que nem um carapau!). Uma semana antes, já com tudo programado com outros amigos que também iam, começaram as complicações:
- Mamã tinha entrevista no Domingo de manhã.
- Sebastião tinha sido convocado para um torneio de hóquei importante e a final era no Domingo à tarde.
- A audição de música do Afonso era no Domingo à tarde.
A primeira questão resolvia-s facilmente, bastava esquecermos o almoço de leitão antes do concerto. A segunda e terceira questões eram mais complexas. Por isso lá nos desdobrámos a falar com os avós, a pesquisar pais que também fosse a um lado e a outro, e lá arranjámos boleias para aqui e para ali para ninguém falhar a nada. De modo que, só eu mesmo, na viagem, é que senti que falhei... enquanto mãe.
- Como é que está a jogar o Sebastião?
- O Afonso já cantou?
- Estão a perder?! Quantos é que o Sebastião já deixou entrar?
- Como é que está a ser o espectáculo?
- A equipa do Sebastião ficou em 2º? Boa!
- Já chegaram todos a casa? Óptimo!
Foi assim na viagem e nas duas horas em que tivemos que esperar pela Madonna. E só às 3 e tal da manhã, quando chegámos a casa, é que fui distribuir os beijinhos que devia ter dado nas horas certas:
- Parabéns, campeão!
- Que lindo espectáculo, Afonso!
- Boa noite, Dudu. Amanhã a mamã conta história.
- Boa noite, Nonô. Amanhã a mamã brinca contigo na casinha.
Os pais têm de ter vida própria, divertir-se, ter programas. Mas com 4 filhos é difícil fazer programas sem eles, porque é quase inevitável que eles (ou alguns deles) tenham os seus, e nos queiram presentes. Há que dosear tudo sem culpas, mas o que eu não dava para ter o dom da omnipresença...



Eu sei que não promove a identidade deles. Alguns dizem que é piroso. Outros acham que é uma betice. Mas eu gosto, o que é que se há-de fazer? Nas festas, visto os meus 4 piolhos de igual, rapazes em versão fotocópia, menina com umas diferenças de género, a combinar nos tons e pormenores. Chamem-me o que quiserem, estou a aproveitar enquanto eles me deixam (e já não vai faltar assim tanto para me mandarem à fava).



(Nonô a comer a segunda taça de melão)
- Nonô, sabes que esse melão é da horta do avô.
- Agora não, mamã. É da barriga da Nonô.
(e quem fala assim... já não passa fome!)

Esta semana já chamei 2 vezes Estefânia à minha filha. Felizmente que o pai se chama Pedro (e até já tivemos uma empregada ucraniana que teimava em chamar-lhe D. Pedro, qual marido de D. Estefânia)! Está a ser um mês de Junho louco, mas é bom ver que também os meus filhos se orgulham quando entram numa livraria e descobrem o meu livro nas prateleiras dos tops.
- És tu, mamã! É o teu livro.
- Xiuuu!
- Mas é mesmo!
Em Agosto serei todinha deles, e não me vou enganar nos nomes, prometo! Mas este mês ainda terão que me dividir com o seu mais recente irmão (o meu último livro). E aturar uma mãe cansada mas também muito feliz por fazer o que gosta.



(e estão todos convidados para a sessão de amanhã na Bulhosa do Oeiras Parque. Obrigada.)
(Nonô para a sua mamã, que chegara a casa de unhas pintadas):
- Mamã... pintaste as unhas?
- Sim, filha.
- Nonô também quer. E pintar os olhos também.
- Oh, filha... mas a Nonô não pode.
- Oh, mamã... mas a Nonô tem pipi.
(Bem... julgo que são os primeiros sinais de algum poder de argumentação...)
E quem disse que só as meninas é que brincam às casinhas?
(a versão oficial dos mais velhos é que estavam a arranjar a máquina de lavar. E a torneira do WC também estava sem tubo. E saíra uma perna de uma cadeira. Hum, hum...)





No passado Domingo eu, como tantos milhares de portugueses, vibrei com o jogo de Portugal. Não percebo muito de futebol, não conheço os jogadores, mas gosto de ver o meu país a ganhar, no relvado ou onde quer que seja. Por mais que nos julguemos cidadãos do mundo, quando ouvimos o nosso hino, quando vemos as nossas cores, sentimos uma inexplicável sensação de pertença, e toca a defender aquilo que sentimos como nosso.
E então berrei, torci, gritei, saltei da cadeira. E, quando vi o Ronaldo a marcar o primeiro golo, fiquei feliz e feliz também por ele, que bem deve ter penado depois do jogo anterior. Foi quando o vi olhar para as câmaras e fazer um gesto esquisito. Levou o polegar à boca e disse qualquer coisa que eu não percebi. Imaginei logo que fosse um nome feio, e o gesto também algo menos próprio. Mas pronto, desculpei o rapaz. Foi um acto de libertação, depois de uma semaninha de aperto. Foi quando me explicaram:
- Ele disse "É para ti, filho". O filho dele faz 2 anos hoje.
E pronto. Lá veio aquela lágrima marota. Se antes o perdoara, naquele momento revi-me naquele gesto de Pai, que dedica o seu melhor momento ao filho. A sua Paixão. A sua Honra. A sua Vida. Como não nos emocionarmos com isso? E só de pensar naquele filho, em casa, a ver o seu Pai a brilhar, e a enviar-lhe, de longe, um gesto e umas palavras que foram a melhor presença possível, na ausência, fico arrepiada. Eu sei que sou lamechas. Mas foi bonito, pá! E também por isso, valeu a pena Portugal ganhar.





Hoje de manhã, quando entreguei os meus filhos mais pequenotes na escola, a educadora deles tirou do bolso o plástico protector da caixa de pauzinhos e queijo que mandei ontem para o lanche, e entregou-me.
- A sua filha não me deixou deitar fora.
Já sabia que ela adorava a embalagem. Aliás, demora-se sempre (geralmente demais!) a escolher qual das embalagens vai levar, porque cada uma da caixa tem vaquinhas diferentes. Mas desta vez ela foi mais longe, como me explicou a educadora:
- À esquerda (touro preto) disse que era o Dudu, a seguir é a Lana, depois é ela (Nonô), depois a mamã e depois o Papá.
Posto isto, ela julga-se a vaquinha mais gira (até tem brincos e tudo!). O Dudu é o mais selvagem (deve ser pelas vezes que já lhe mordeu), o pai tem ar de boi indiano (sagrado, talvez. Freud daria as suas explicações), e eu sou uma linda vaca malhada de risquinha ao meio, argolas nas orelhas e valente papada debaixo do queixo.
Hoje vou ver com ela as outras embalagens para escolhermos também uns bois Afonso e Titão. E ficarmos a perfeita família Mu-mu...



E o sonho materializou-se!
Sempre sonhei ter uma casinha de bonecas. As mobílias, os cortinados, a casa de banho, os sofás... O meu Pai, grande engenhocas, pensou construí-la para mim e para a minha irmã, mas o tempo foi passando, até nós perdermos a vontade de brincar com bonecos. Eu, muito menos engenhocas (aliás, nada mesmo!), pensei pedir a um carpinteiro que construísse uma à medida dos meus sonhos, para satisfazer também os sonhos da minha pequenina filha. Mas é muito provável que também deixasse passar o tempo sem que a casinha de bonecas se materializasse. E o sonho se adiasse por mais uma geração.
Foi a avó paterna que resolveu o assunto, e comprou uma casinha já feita, com mobília e tudo, pronta a montar. Eu agradeci-lhe muito, o meu Pai montou-a e assim fizemos as pazes com as nossas promessas e desejos, e a casinha já repousa, desde ontem, no quarto da Leonor, de onde ontem custaram a sair o Duarte, o Afonso e o Sebastião, eu e a minha Mãe. Quem não gosta, afinal, de uma casinha destas?



(Afonso aponta a janela aberta do WC, enquanto esfrega os dentes):
- Ó mami, olha ali...
- Eu sei que ainda não está escuro. Mas os dias agora estão maiores, por isso não inventes. É lavar os dentes e ir para a cama!
- Não é isso, mami. É que o céu está vermelho. Está bonito...
(E com um ralhete de mami, se estraga um belo momento de poesia de filho)
No caminho, penso em tudo o que devia ter deixado pronto para eles. Bolas, que me esqueci de escolher o gancho da Nhocas. Quem é que vai atar os atacadores dos patins dos mais velhos? E se o rolo de carne não chegar? Será que a chucha do Dudu ficou na caixa?
Tudo ok, telefonemas da praxe, o pai tenta relaxar-me... e tento, pouco a pouco, sossegar o meu stress e o meu sentimento de culpa por estar longe dos meus filhos. Não sou eu que conto a história nessa noite, que lavo os dentes, não sou eu que dou o beijinho de boa-noite, que aconchego a roupa... Mas lá desligo o botão (há quem não consiga!) e usufruo de uma noite de sono sem filhos a choramingar porque perderam a chucha, sem pesadelos, sem chichis a meio da noite, sem filhos a meterem-se nos meus lençóis. E durmo uma noite inteira... Uau! Às vezes mais do que uma. Chamam-se férias dos filhos. Custam (geralmente mais às mães... acho que por isso é que eles nascem em nós), mas às vezes são importantes. Sabe bem dormir como antes, uma noite que seja. Relaxar. Desligar. Sentir falta. Ter saudades. E renovar, através do descanso, a vontade de ser melhor Mãe do que sou.
7 da manhã com tudo acordado (depois de uma noite daquelas... Acho que os meus filhos escolhem os dias em que a mamã precisa de dormir descansada para montar o arraial). Levar os mais velhos à escola. Tomar café com a editora. Pôr o livro que o meu filho Afonso e um amigo fizeram para a professora a imprimir. Ir contar uma história à sala do Sebastião. Ir buscar o livro que ficou a imprimir. Voltar à escola para o entregar ao Afonso. Para a TVI gravar o Livraria Ideal. Almoçar em casa enquanto estudo a lição para a tarde. RTP com a Sociedade Civil. Compras de supermercado para o fim-de-semana. Apanhar os miúdos na escola. Passar pela escola de ballet para inscrever a Nonô. Casa. Actualizar Facebook e blog enquanto o pai não chega para jantar. Alguns telefonemas de trabalho trancada no WC para fugir ao barulho. Depois será jantar, história, deitar pequenada e trabalhar o que não trabalhei durante o dia, no forró das televisões. Amanhã é Dia de Feira do Livro no Porto e Domingo é dia de Piquenique com os filhos e, assim espero, DESCANSO.
Têm sido dias de coisas boas. Muito boas. Mas muitas, também. Um bocadinho demais. Quem corre por gosto não cansa, mas agora já vinham umas feriazitas, boa?



O Dudu apanhou-se no outro dia com uma pistola de água na mão. Uma pistola, não. Pelo tamanho, era mais uma kalashnikov poderosa que alguém deixou cá em casa, e ficou (como quase tudo o que cá vai sendo deixado, porque a minha empregada trata de arrumar tudo como se fosse nosso, e geralmente quando aparece já não é possível descobrir os donos). E desceu sobre o meu Dudu o Rambo que há em cada criança do sexo masculino (às vezes também do feminino). Pegou na pistola e, ameaçadoramente, começou a perseguir os irmãos. O pior é que, a descer qualquer coisa sobre a minha Nonô, não é seguramente um Rambo, mas antes uma Sissi. E, assim que o Rambo Dudu lhe apontou a arma, ela ralhou com ele, de do no ar:
- Ó Dudu... a mim, não! A mana é uma Princesa!!!
E o Dudu foi à sua vida, para a história que lhe interessava, com menos frou frous e lantejoulas...


Filho escondido, perna de fora. (neste caso, 3 filhos, mas por enquanto 1 única perna com tamanho para se fazer notar)
Foi no outro dia que o Pai me chamou a atenção: "O teu post x é humilhante para o teu filho! Imagina que os amigos dele vêm o post. Ele vai ser gozado na escola..."
E, de repente, caiu-me a moeda! O meu blog, pelo menos nos moldes em que existe (contar as gracinhas que os meus filhos dizem, ainda que às vezes apenas como ponto de partida para algumas reflexões sobre a nossa condição de Pais), tem os dias contados. Não falta muito para que o meu filho mais velho comece a navegar na internet com menos controlo, comece a ter os seus perfis nas redes sociais, comece a ter os seus blogs e páginas pessoais. E, com ele, também os seus amigos o farão. Ele terá a sua comunidade própria (faça eu ou não parte dela) e também a sua privacidade. E, ainda que me reste sempre a minha condição de mãe com direito a desabafos, terei que excluir dela muitas das coisas que ele disser e fizer, e depois também muitas das coisas que os irmãos disserem e fizerem, para os deixar ser autores da sua própria vida.
Talvez o blog não tenha os dias contados. Talvez tenha apenas que reiventar-se. E não é isso que acontece também aos Pais quando os filhos crescem?
A propósito da barrigota gorducha da Nonô, onde hoje os manos disseram existir um bebé, resolvi mostrar à minha filhota a barriga da mamã, quando estava grávida dela e do mano. Descobri uma foto na praia e mostrei-lhe a minha barriga proeminente (corrijo, MUITO proeminente), protegida por um fato de banho cor-de-rosa.
- Vês, Nonô. A mamã tinha uma barriga muito grande.
- Ah! (aponta a barriga da mamã) Estava aqui a Nonô.
- Sim, querida. A Nonô e o Dudu.
E a Nonô resolve apontar a barriga do papá.
- Não, mamã... O Dudu estava aqui.
Na minha vizinhança existe um gato que gosta de se enfiar dentro dos carros. Sempre que apanha um carro aberto, trata de entrar para dentro dele, independentemente de ter gente ou não. Pancas. Cada um com a sua. E a deste gato é esta, vá-se lá saber porquê.
Já tinha tentado entrar no meu carro algumas vezes à socapa, enquanto eu tirava os miúdos, mas consegui sempre expulsá-lo a tempo. No outro dia distraí-me e ele ficou lá trancado. Passado algum tempo, o alarme disparou e lá fomos abrir a porta ao intruso... que tinha deixado um belo cocó na bagageira.
Os miúdos riram, o carro teve de ser lavado, o gato foi insultado, e hoje o assunto ainda estava na ordem do dia. O Sebastião e o Afonso tentavam ver, no auge da sua parvoíce, quem conseguia tocar com a mão no sítio onde a póia repousara. E o Dudu e a Nonô reflectiam sobre a provocação do felino:
(Dudu) O Miau ai-ai. Não pode. Miau foi feio.
(Nonô) O cocó é na sanita. Miau tem que ir à sanita.
Não sei se algum dia os meus filhos vão conseguir que o gato faça cocó na sanita. Mas se eu fosse ao gato, não arriscava a entrar no meu carro outra vez. Muito menos a chegar perto dos meus filhos...
O workshop de ilustração com a Carla Nazareth foi um sucesso! Antes de começar, os meus filhos resmungaram, resmungaram, resmungaram. Na véspera tinham tido jogos de hóquei e festas de anos. Apetecia-lhes descansar. E acordar cedo para ir para um workshop de ilustração - quando eles detestam desenhar - era aquilo que eles chamavam de "secador".
Mas não houve lugar a amuos. Era para ir porque era para ir. Quando eles tivessem boa nota a desenho, podiam ter opção de escolha. Assim, era participar e portar o melhor possível.
E lá os deixamos, no atelier Nós na Linha, com a simpática Carla Nazareth, que eu ainda não tinha tido oportunidade de conhecer pessoalmente, apesar de ela ter ilustrado o meu livro "100 Histórias do Outro Mundo".
- Eles prometeram que se portavam bem... Mas qualquer coisa, ligue.
2 horas depois estávamos de volta, e o sorriso deles dizia tudo. Cada um trazia na mão um pequeno livrinho que tinham ilustrado e um punhado de pinhões no bolso (e também alguma resina nos dedos, faz parte). Os desenhos são duvidosos, ainda muito longe de serem alguma coisa de jeito, mas nota-se algum investimento da parte deles, o que já não foi nada mau. Mais uns workshops do género, e temos artistas!



(Viagem de carro. Mamã leva o Afonso, filho mais velho, que acabara de receber uma medalha do hóquei. No rádio tocava uma música que a mamã e o Afonso gostam muito. E a mamã sai-se com esta):
- Afonso... és feliz?
- Hum.... Sim e Não.
- Não?! E o Não é porquê?
- Porque já sabia que me ias perguntar porquê...
(e, descontraidamente, sem grande reflexão, o Afonso deu uma resposta que pôs a mamã a pensar. O seu filho é feliz porque é feliz. As crianças são felizes porque são felizes. E, no dia em que começarem a pensar Porquê, é muito provavelmente porque terão crescido. E, se calhar, nesse dia, já não serão tão felizes. Ou, pelo menos, terão que fazer um esforço maior para justificar os porquês da sua felicidade. Talvez sejam igualmente felizes ou talvez mais - assim espera a mamã, ou não andaria atrás dos filhotes a ensinar-lhe formas de descobrir a sua felicidade. Mas sem a inocência da infância. Sem a felicidade pela felicidade, e um "sim" apenas porque "sim").
Já abriram as votações para o Prémio Blogger, e estas "Coisas de Pais" estão lá pelo meio (página 7), à espera do vosso voto (http://premiomaeblogger.com/votar/)
Não estou a pensar ganhar (e, se ganhar, o prémio será para a Ajuda de Berço que existe ao fundo da minha rua, a quem os produtos oferecidos serão de maior utilidade), mas se puderem espreitem, porque a iniciativa é curiosa e permite descobrir muitos outros blogs sobre essa grande aventura que é a maternidade.



Quando decidimos transformar um quarto de nossa casa numa casa de banho para os rapazes, o Pai lembrou-se de comprar uma cabine-duche. Facilitaria a questão das tubagens (do que não falo para não dizer disparates) e o preço compensava a compra avulso de tudo o que seria necessário para criar um duche de raiz. Com a vantagem de que este duche tinha rádio e luzes psicadélicas. Nunca mais os nossos filhos se queixariam por ter que tomar banho diariamente. O pior que podia acontecer era a nossa conta da água aumentar... mas cá estaria eu para mandar um berro "FECHEM A TORNEIRA" no momento certo.
A nossa única dúvida era: seria a cabine apertada, para eles se conseguirem lavar em condições?
A resposta é não. O Pai comprovou-o quando se ofereceu como voluntário para ser o primeiro a tomar banho ao som da Comercial, com luzes a piscar por cima. E o certo é que a cabine-duche, hoje, dá não para 1, não para 2, não para 3, mas para 4 filhos tomarem banho ao mesmo tempo! Apertados? Claro! Mas é isso que dá a graça toda...



(Sebastião, 6 anos)
- Ó mãe... sabes aquele livro que comecei hoje de manhã? Acabei-o à tarde, na escola. Amanhã, assim que acordar, vou logo começar outro.

A mãe tapou-o, deu-lhe um beijinho de boa-noite, e quando saiu do quarto fez "Yes!". Mais um leitor cá em casa. Eu sei que a leitura não é tudo na vida. Mas reconheço-lhe suficiente importância para ficar muito satisfeita. Os meus filhos já descobriram que podem viajar através dos livros. Que podem rir, que os leva a pensar, que aprendem mais sobre o mundo e entendem melhor aqueles que estão à sua volta, porque todos, mais ou menos adaptados, com mais ou menos defeitos, somos personagens desta vida.
E este ano, antes de irmos de férias, vamos escolher um bom lote de livros para lermos debaixo do guarda-sol e a seguir ao almoço. Ok, é provável que não seja a Condessa de Segur ou a Enid Blyton. "Os Cinco" e "Uma Aventura" também ainda não pegaram porque a mãe só tem os antigos, e o Afonso sente falta dos telemóveis e dos computadores, e também de uns quantos mais disparates que ele aprecia (quando a Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada levarem o 5 amigos ao espaço, o meu filho vai tornar-se fã). Mas entre o "Asterix" e o "Jeronimo Stylton" (para o Afonso), o "Capitão Cuecas" e o "Diário de um Totó" (para o Sebastião, porque o Afonso já leu todos... 2 vezes!), havemos de arranjar literatura para 3 meses!



Um artigo na Pais&Filhos sobre Filosofia para Crianças, escrito pela jornalista Ana Sofia Rodrigues, que em tempos já esteve cá em casa a entrevistar o meu filho mais velho sobre "Ter Opinião". E, de facto, se ele tem opinião, é também fruto do Dia da Filosofia que se pratica uma vez por semana cá em casa (com excepção das semanas loucas de testes deles, ou de vida complicada da mamã, como foram as 2 últimas. Mas retomaremos para a semana com "O que é a Beleza?")

http://www.paisefilhos.pt/index.php/criancas/dos-6-aos-10-anos/3003-aprender-a-pensar
Ontem estive num programa da RTP Memória a falar sobre o meu novo livro e, como a conversa era longa, acabou por estender-se aos Filhos e até a este Blog. E acabei por dizer uma coisa que não sabia que pensava. A Helena Ramos, apresentadora, perguntava-me porque é que as mães dantes pareciam saber tudo, e agora estão sempre com dúvidas, têm que consultar muitos especialistas, e queixam-se sempre da falta de formação. Acabei por lhe dizer que achava que se tinham perdido duas coisas fundamentais:

- Tradição Oral - dantes havia uma passagem de conhecimentos de avós para mães, de mães para filhas, que se perdeu. As avós estão em lares, as mães têm que trabalhar até uma idade avançada, as filhas não têm tempo para ouvir nem umas nem outras. E os netos acabam por não beneficiar dessa passagem de conhecimentos, e até desse acompanhamento de várias gerações, que dantes fazia parte dos "clãs familiares". Sem essa tradição oral e essa transferência de conhecimentos geracional, as mulheres procuram esses conhecimentos em especialistas, na net... e também nos blogs, onde há esta partilha também com vista ao conhecimento. Tem as suas virtudes, aprende-se muito e outro tipo de conhecimentos com os especialistas, e isso até pode trazer benefícios às crianças. Mas não há dúvida de que também se perderam outras coisas importantes pelo caminho.
- Intuição - a falta de tempo mata a intuição. A nossa corrida de mães leva-nos a procurar ajuda clara e a pedir apoio a quem dá respostas concretas, quando, com tempo, a nossa intuição poderia dar-nos um conjunto de respostas que talvez fossem mais verdadeiras e/ou adequadas. Mas a pressa mata o cheiro, o ouvido apurado, a sensibilidade do tacto, as decisões do coração e o tempo necessário à reflexão.

Saiu-me de improviso. Mas talvez tenha alguma razão no que disse. Vou pensar sobre isto...

(o programa passa dia 12 de Junho às 19h, na RTP Memória. Caso tenham curiosidade.)
Para além da escrita de livros com histórias disparatadas (muito inspirada no Capitão Cuecas e afins), o meu filho mais velho dedica também o seu tempo a criar canções imbecis. E eu não consigo deixar de lhe achar graça....
Hoje resolveu começar a inventar um novo trabalho intitulado "O CD das Frutas". E o primeiro single (segundo ele, aquele que o levaria aos tops) era qualquer coisa como:

Manga, manga, manga...
Banana, banana, banana...
Manga, banana, manga, banana, manga, banana, manga, banana
MAÇÃ!

E tinha teledisco e tudo. Terminava com o Afonso a espreitar da despensa com uma maçã, que agradecia, curvando o seu pauzinho. Enfim... Tentou cantar-me depois o segundo single - "Papaia" - mas estava na hora de ir para a escola.
O que é que eu faço a este miúdo?!




Hoje a Nonô descobriu umas asas cá em casa.
- De "boboêta", mamã!
Atei-lhas nas costas, e ela pulou e rodopiou com elas pela sala toda, achando eu que ela estava contente. Até que ela olha para mim, muito chateada:
- Ó mãeeee.... as asas não voam!
Lá tiveram que voar. Mas amanhã não me mexo com dores nos braços...
Ontem o meu filho Sebastião teve a sua primeira audição de guitarra. Mas, despassaradinho como só ele é, já íamos no carro a caminho de lá quando ele se consciencializou do que ia fazer. Tinha saído de um treino de hóquei, vinha a comer um folhado de salsicha (o seu preferido), quando lhe expliquei as regras de uma boa audição:
- 1º esqueceste-te que as pessoas estão a olhar para ti. Tocas como se estivesses em casa.
- 2º se te enganares, continuas. Ninguém vai notar se seguires em frente.
- 3º no final agradeces e sais calmamente.
E, de repente, o meu filho que parece estar sempre descontraído (normalmente até demais), embrulhou o que restava do folhado no pacote e levou a mãozinha à barriga.
- Acho que não consigo comer mais. Estou um bocadinho nervoso, mamã.
E comecei a ver o filme todo... ia ser uma desgraça! Ele lá foi, o professor afinou a guitarra, ele brincou com os colegas aparentemente descontraído, mas quando chegou a sua vez de subir ao palco, deu a primeira nota e parou. Eu estava a filmar e parei também, já à espera do pior. Ele arrancou outra vez, e falhou a nota. O professor tentou que ele continuasse, mas quanto mais tocava, pior saía. Foram uns 3 minutos altamente constrangedores, onde senti o meu coração apertado, não pela figura que ele estava a fazer perante tanta gente, mas porque eu sabia que o seu coração estava a bater forte demais, e as suas mãos tremiam de um nervosismo que ele ainda nunca tinha sentido e não sabia controlar.
Quando saiu, foi ter com os amigos sem olhar para mim. E senti-me mal no papel da mãe exigente, que afinal também sou.
Tive de o obrigar a vir ter comigo e dei-lhe colinho e beijinhos. O coração dele ainda batia muito forte, e tive de lhe contar a vez em que, com a idade dele, tive de subir ao palco para declamar uma poesia. Até costumava sair-me bem nessa tarefa, mas nesse dia bloqueei, não me saía uma palavra, e até chorei em palco. Às vezes falhamos. E é importante que aconteça. Quem nunca falha, não sabe dar verdadeiro valor às vezes em que consegue.
Hoje dei com os meus gémeos a brincar às caminhas no hall. Gosto particularmente da caminha do Tigre...


Zero chichis nas cuecas. Cocós também na sanita. Umas compras num centro comercial sem acidentes. Começo a ver ao fundo do túnel um orçamento mensal sem 300 fraldas e 3 pacotes de toalhetes...
A pilinha do Dudu cedeu... e acaba de fazer o primeiro chichi na sanita!!!
Ao fim de 6 dias sem fralda e dezenas de chichis pelas pernas abaixo (quando a irmã já faz tudo direitinho, no sítio certo, há dias), hoje decidi ter uma conversa com a pilinha do Dudu. Estava ele sentado na sanita, desesperado, e eu desesperada, ao lado dele, a olhar para uma pilinha que não se deixa comandar:
- Dudu... quem é que manda? Tu ou a tua pilinha?
- A pilinha.
- Então vou falar com ela. Ó pilinha... faz lá chichi. O Dudu só vai sair da sanita quando tu soltares o chichi.
E o Dudu riu-se. E a mãe entusiasmou-se:
- Eu estou a pedir baixinho, de forma calma, mas daqui a bocado vou ficar zangada e vou ralhar contigo, pilinha. Estás a ouvir?
E o Dudu, cada vez mais divertido, olha para a pilinha de dedo em riste:
- Ai, ai, pilinha! Faz chichi!
E a Nonô, que se juntou à festa, subiu também a voz para ralhar com a pilinha do mano.
- Que feia, pilinha!
- Dudu, se a tua pilinha não obedecer, o que é que lhe fazemos?
- Trocamos...
E agora foi a mamã a rir.
- Trocar não dá, filho. Temos que lhe fazer qualquer coisa. Nonô, o que é que fazemos à pilinha do Dudu?
E a Nonô não esteve com meias medidas. Aproximou-se do mano e deu uma palmada na pilinha dele, que quase o ia afundando na sanita.
E não, a pilinha do Dudu não obedeceu. Mas rimos todos tanto, que até a mãe ia precisando de fraldas!
O Dudu hoje aninhou-se em mim, de manhã, e eu perguntei, entre beijinhos:
- Gostas de miminhos, Dudu?
- Shimmm. Hoje é Dia da C'iança.
E o Dia da Criança é isto. Pode e deve ser todos os dias, ou pelo menos sempre que o Homem quiser, mas se fizermos de hoje um dia de mais miminhos e atenção, já terá valido a pena haver um dia especial.

Feliz Dia da Criança!