E quando damos com a nossa filha pequenina com o "Anita no Ballett" aberto, a imitar os passos?
E percebemos que esta caganita de gente é igualzinha à mãe dela e faz o que ela fazia quando tinha a sua idade? Até os cestinhos de plasticina com os ovos... Os desenhos das princesas e das rainhas...
É assustadoramente bom.
E hoje a mamã, já sem aguentar a "baba", resolve mostrar-lhe uma foto sua quando era mais nova. E a pequena Nonô exclama, sorridente:
- Oh! A mamã é como mim! A mamã é como mim!

Hoje o Afonso deu comigo a falar com uma mãe de uns meninos que adquirira uns livros meus infantis. E estava, muito simpaticamente, a contar-me como tinha sido a leitura de um deles. Quando se afastou o Afonso olha para mim com o seu ar de maroto e sai-se com esta:
- Não te safas nada mal, mami. Espero que depois também vendas assim os meus livros...

Agora digam-me como é que eu consigo levar a minha profissão a sério, com esta maltinha a dizer-me estas coisas..
A Nonô adora brincar às professoras com o Dudu. Hoje fui dar com ela com um livro aberto a apontar um aquário.
- Onde está isto, Dudu?
E o Dudu aponta esse mesmo aquário:
- Está aqui.
Nonô aponta então uma televisão no outro canto do livro.
- Não, Dudu. Agora está aqui.

A minha filha é uma professora muito "à frente". Aos 3 anos ensina já ao seu irmão gémeo que nem tudo é o que parece...
Depois de 3 dias seguidos com testes, o meu Sebastião ontem desabafou:
- Ó mãe... eu estou tão cansado de ter sempre que estudar, estudar, estudar...
Ouvir isto da boca de um menino de 6 ano, a estudar no 1º ano, é no mínimo angustiante. Como explicar-lhe que ele vai ter mais 12 anos de ensino obrigatório, das 8.30 da manhã às 16.10 todos os dias (fora as actividades extra e os trabalhos de casa), e se quiser um emprego aceitável ainda o esperam mais 4 ou 5 anos de intenso estudo e trabalho?
Eu sou a favor da educação. Já não estudo na escola, mas todos os dias estudo muito coisas que gosto para poder escrever os meus livros. Claro que é importante ter cultura geral, aprender, saber, conhecer, formar.
Mas eu organizava a escola de uma maneira tão diferente. Eu organizava a sociedade de uma maneira tão diferente! Não questiono o nosso paradigma político e social. Estou mesmo em dilema é com o nosso paradigma civilizacional.
Hummmm... Acho que estou a precisar de escrever outro livro. Mas primeiro vou buscar os meus filhos... e vou BRINCAR!

Como os meus filhos são uns desbocados e contam tudo na escola, só lhes falo sobre os meus livros quando eles estão prontos e nas bancas, e já não há secretismo nenhum a defender.
Mas a minha vida tem andado tão confusa, que por estes dias recebi os primeiros exemplares do romance que vou lançar em breve, e nem me lembrei de contar aos meus filhos a novidade. Até que hoje o meu filho mais velho dá com um exemplar em cima da mesa, e olha para mim, indignado:
- Foste tu que escreveste?
- Ah, fui sim, filho. A mãe esqueceu-se de contar. É a histórica da Rainha Estefânia de Portugal.
Afonso olha, vira, espreita, folheia, e depois diz, com aquele seu ar crítico que me tira do sério (e me faz amá-lo!):
- Of! Ainda se fosse sobre o rei D. Afonso...

(O lançamento será dia 4 de Junho às 18.30h, na FNAC do Chiado, com apresentação de Maria Filomena Mónica. Considerem-se todos convidados)
O Dudu, num acto de puro disparate, atira as mãozinhas em direcção à Nonô, que chora e olha para ele, indignada:
- Ó Dudu... a Nonô é mana. O Dudu não p'ecisa de bater na mana!

É certo que estou a enlouquecer, a tentar trabalhar com eles em casa, adoentados. Mas só para ouvir estas coisas, vindas de duas criaturas tão fofinhas, já valem a pena todas as loucuras.
- Ó mãe, ensinas-me a fazer uma contra-capa?
O meu filho Afonso anda a escrever um novo livro com um amigo, que tem autorização para levar o seu Magalhães para a escola (o meu filho não tem, pelo menos até ser menos cabeça no ar e deixar de perder tudo). Aos intervalos rumam a uma sala anexa à sala do Directora (a misteriosa SSPB - Sala Secreta do Professor Bruno) e escrevem mais umas páginas. O Afonso dá ideias. O amigo escreve. A dupla funciona, por isso já me deixei de preocupar com a ideia de que o meu filho possa vir a ser um criativo preguiçoso.
- Na contra-capa normalmente aparece um texto apelativo, Afonso, para as pessoas ficarem com vontade de ler o teu livro.
- Ah... tipo: Eu era um rapaz normal. Até ao dia em que decidi fazer um viagem e tudo aconteceu...

Eu fiquei curiosa. E vocês?
O coração de uma Mãe vive em sobressalto. Ora são os acidentes, ora as asneiras, ora os deveres da escola, ora os momentos emotivos... Um coração de Mãe tem de se preparar para ser forte. E exercitar-se todos os dias com Amor.

É este o novo artigo que escrevi para o blog da Consulta Click, e que podem ler em:

http://consultaclick.pt/blog/2012/05/29/as-4-cavidades-do-meu-coracao/




Mais uma noite, mais uma aventura...
Hoje foi a vez do Dudu. Chamou por mim por volta das 3 da manhã, muito alto, aflito, e a mãe saltou da cama para ir ver o que se passava. Correu para o quarto dele e PUMBA! Choque frontal em pleno corredor, quando um e outro corriam para os braços do outro.
- Ai, Dudu, desculpa!
- Dudu quer ir para o quarto da mamã...
Depois de um choque frontal, não tive como dizer que não. Lá o mimei um bocadinho, festinhas e abracinhos, e quando ele já estava mais calminho fui levá-lo à cama.
Uma meia hora depois:
- Mamãaaaaaaaaaaa!
Mamã correu novamente para o quarto do Dudu, desta vez já com mais cuidado para evitar o choque frontal, mas assim que chego à porta sinto os meus pés empastelarem-se numa mistela viscosa que estava no chão.
- Mamã... Dudu vomitou.
Pois... a mamã entretanto percebeu. Toca de tirar as meias e a levá-lo a correr para a casa de banho, onde saíram mais umas golfadas de restos de comida.
- Dudu quer ir para o quarto da mamã...
E quem consegue dizer que não a uma criança que vomita?
Lá o deixei mais um bocadinho, entre miminhos e festinhas e voltei a deixá-lo na cama. Mas como não há duas sem três, passado algum tempo o Dudu voltou a chamar:
- Mamãaaaaaaaaaa!
Corri para lá. Agora já evitando o choque frontal e o pisar do vomitado. Mas sem paciência para resistir a mais um:
- Dudu quer ir para a cama da mamã.
Lá foi ele outra vez. E com isto tudo, às 5 da manhã a mamã ainda não tinha adormecido. Ontem a Nonô. Hoje o Dudu. Se o Afonso ou o Sebastião se lembram de me roubar o sono esta noite, juro que vou dormir para a casota do cão.
Depois de um fim de tarde de estudo (testes, testes e mais testes), ralhetes, chamadas de atenção, estudo de guitarra, noite sem história porque já não houve tempo, o Afonso e o Sebastião resolvem retaliar e preparar-me uma armadilha. No meu regresso da casa de banho, depois de mais uma dúzia de berros porque os gémeos resolveram comer pasta de dentes, o Afonso atira-se à minha perna esquerda. O Sebastião à direita. E não descansaram enquanto, divertidos, não me deitaram ao chão. Ainda levei com um Dudu em cima, e valeu-me só a minha Nonô que, no Wrestling caseiro, fica sempre do meu lado, a tentar libertar-me dos manos marotos.
Mãe sofre... Foi uma risota pegada, mas amanhã vou descobrir umas tantas nódoas negras e arranhões.
(Nonô para uma das nossas tartarugas, quando esta estava em pleno acto de libertação dos seus dejectos nojentinhos no aquário):
- Ah! Não, "tataúga"! Não é aqui. É na sanita...
Depois de deitar os filhotes, a mamã vai tomar o seu banho relaxante, antes de ir fazer companhia ao pai, ao computador ou à almofada. Mas ontem, talvez por mal terem dormido a sesta (o que é um contrasenso, mas é assim que funciona), os meus pequenos gémeos não queriam ir para a cama nem por nada. E, depois já de me ter chateado com eles e os ter obrigado a ficar nas caminhas, lá rumei ao chuveiro, para me entregar 5 minutos à água quente.
Foi quando ouvi os primeiros passinhos. Pé ante pé, o Dudu entrou na casa de banho, foi buscar o baldinho do lixo e sentou-se em frente à porta de vidro do duche:
- O que estás a fazer, Dudu?
- A ver a mamã a tomar banho.
Logo em seguida apareceu a Nonô.
- Se não ficarem sentadinhos e quietinhos, a mãe chama o papá para vos pôr na cama.
É horrível a técnica do "vou chamar o papá", mas estando eu molhada e ensaboada, foi a única solução.
E os gémeos lá ficaram sentadinhos, a ouvir a água a correr e a ver a mamã a banhar-se, esfregando de vez em quando o vidro para lhes fazer caretas.
Só depois foram para a cama. Bem... o Duarte ainda teve de ter uma conversinha com o papá... (que teve mesmo de entrar em cena, e lá o convenceu a dormir com um coelho de peluche). E a Nonô... chamou-me tantas vezes a meio da noite, que acabou na minha cama.

Não resisto a ver os meus gémeos a brincar na casinha, aos pais e às mães. A Nonô é a mamã e toma conta dos bebés. Faz sopinha, dá-lhes de comer, adormece-os, tapa-os... Enquanto isso o Dudu papá arranja a casa com as suas ferramentas. E é delicioso perceber como, por mais iguais que tentemos ser, somos naturalmente diferentes desde que nascemos, e é quando usufruímos destas diferenças e nos completamos nas tarefas para as quais estamos mais talhados (sejam elas quais forem... o Dudu também é muito bom a lavar a casinha com toalhetes!) que a vida se torna numa agradável brincadeira, sem zangas nem discussões.

(Nonô) A Nonô vai dançar ballett, não vai, mamã?
(Mamã) Vai, sim.
(Dudu) E o Dudu?
(Mamã) O Dudu vai jogar hóquei.
(Dudu triste)
(Nonô) Ó Dudu, não faz mal. O Dudu vai com a Nonô ao ballett. Dudu vai sentar e vê a Nonô a dançar...

É oficial. Não lhes resisto...

- Dudu, o que estás a fazer?!?!?
- A ajudar a mamã a lavar a loiça.
O pequeno Dudu é um grande ajudante. Não vos digo é como é que ficou a cozinha e a roupa dele...
- Mamã, quero fazer xixi!
- Rápido, Nonô! A correr.
- A correr, não, mamã! A voar! Nonô é uma borboleta...
As borboletas cá em casa fazem xixi na sanita. Ou, pelo menos, deviam. Na maioria dos casos fazem pelas asinhas abaixo...
E pronto. O dia chegou. Tirei aos meus gémeos a fralda da manhã e pus em cada um umas cuecas e uma roupa velha. E o saldo da primeira hora foi:
- Nonô já foi à sanita algumas dez vezes. Em nenhuma delas fez xixi.
- Dudu já foi à sanita algumas dez vezes. E as duas vezes que já fez xixi foi fora dela, pelas perninhas abaixo. Pontaria...
- Numa das vezes em que a Nonô foi à casa de banho ("Sozinha, mamã. A mamã fica lá fora") voltou de lá com um penso higiénico meu enfiado nas cuecas.
Estou a 5 minutos de lhes voltar a pôr as fraldas.......
(Afonso na sanita):
- Mami, podes lavar-me os dentes enquanto faço cocó?
- ?!?!?!?
- É para pouparmos tempo...

Eu sei que tento incutir nos meus filhos o multitask, mas há limites...
Mamã à pressa, a despachar um trabalhinho ao computador antes de ir visitar a última escolinha do ano.
Mamã à pressa, não foi ao cabeleireiro, nem à manicure, nem à pedicure, atou o cabelo, escolheu os sapatos fechados, e depois pintalgou as unhas de cor-de-rosa, enquanto mandava os últimos mailes.
Eis se não quando a pequena Nonô repara no pequeno frasquinho de verniz. E grita.
- Ahhhhh! Nonô também queíiii!
- Ai, filha, outro dia. A mamã está à pressa.
- Ó, mamã. Nonô quer. É cor-de-rosa...
E quem é que lhe resiste? E assim, entre segue mail entra mail, ainda lhe pintalguei as unhas. Foi a primeira vez. E de cor-de-rosa! E ela dizia, em êxtase:
- Uau, mamã. É lindo, mamã!
- Agora não podes mexer, Nonô. Tem de secar. Põe as mãozinhas no ar. Isso.


E estava tudo a correr muito bem quando chegou o Dudu.
- Ah, mamã... Dudu também quer!
- Não podes, Dudu. É só para as meninas.
- Não, mamã. Dudu quer. Pinta de azul...
Ainda bem que não havia, ou não sei se resistiria a pintalgar-lhe também as unhitas...
(Dudu e Nonô acordam, bem-dispostos. A Nonô mais bem-disposta do que o Dudu, que acordou todo picado)
- Bom dia, Dudu. Sonhaste com alguma coisa?
- Sim, mamã. Com a mosca. A mosca mordeu o Dudu.

(Passados alguns minutos, a Nonô vê uma mosca no ar)
- Olha, Dudu, a mosca.
(Nonô e Dudu enfrentam a mosca, furiosos)
- Vai embora, mosca.
- Embora daqui!
- Ai, ai, mosca!

Não é de andar o dia todo atrás deles a registar o que eles dizem?
- Ó Fonca, passa aí!
- Queres uma bolacha, Fonca?
- Quando é o teste, Fonca?
Apercebi-me hoje que o meu filho mais velho ganhou uma nova alcunha. De Afonso passou a Fonca. Eu sei que não tenho propriamente jeito para alcunhar os meus filhos, mas Fonca é MUITO MAU! Tão mau que, no regresso a casa, não resisti e gozar um bocadinho com ele.
- Como é que correu a escola, ó Fonca?
- Fonquinha... está caladinho.
- Ai, se eu ti pego, Fon-ca Fon-ca, se eu ti pego...
Pronto, ok. Gozei um bocadinho demais. O suficiente para depois me sentir obrigada a dar-lhe alguma coisa em troca. E revelei-lhe um segredo poderoso:
- Sabes que, na escola, a mãe era chamada de Biga.
- Porquê, mami? Tinhas um umbigo muito grande?
Não propriamente. Mas, entre a versão oficial e a renunciada, optei pela oficial:
- Era porque a mãe tinha notas altas. Notas Big. E então fiquei a Biga.
A verdade é que, apesar de a maioria dos meus amigos achar que esta versão é a correcta (alguém tratou de a difundir, juro que não fui eu!), a verdade, verdadinha, é que o Biga calhou-me em rifa por causa de uma personagem de uma novela brasileira chamada "Abigaílda". Era feia, horrível e mandona. E um colega meu, que embirrava comigo (exactamente por causa das notas, essa parte é verdadinha), resolveu apelidar-me de "Abiga", que degenerou em "Biga".
Pronto, tréguas feitas com o passado. Revelada a verdadinha dos factos. Agora só tenho que obrigar o meu filho Afonca e parar de me chamar Mãe Umbiga!!! Ou isto vai correr MUITO mal...
Nova rapadela na cabeça do Sebastião. E, à hora do jantar, o pequeno Dudu não largava a cabeça do irmão, tão boa de mexer. Tão, tão boa, que a mãe juntou-se ao pequeno Dudu e deliciou também o tacto na pequena alcatifa de pêlos. E o Sebastião sai-se com esta:
- Ena! Já tenho 2 fãs.
Que amanhã serão muitos mais, na escola. Ninguém lhe vai largar a cabecita. E ele vai perceber que esta coisa de ter fãs tem muito que se lhe diga...
(Dudu e Nonô zangados um com o outro no banco de trás):
- Dudu, ca-la-do!
- Nonô, ca-la-do!
- Não, Dudu! Não é Nonô calado. É Nonô calada.
- Ah! Nonô, ca-la-da!
- Boa, Dudu!
(e assim se acabou a zanga)
Antes de ser Mãe, uma bola de sabão era um mundo fechado à espera que alguém lhe tocasse.
Depois de ser Mãe, as bolas de sabão ganharam o riso das crianças que as rebentam com um simples toque mágico.

Antes de ser Mãe, a chuva era o choro de um dia triste.
Depois de ser Mãe, é o dia das botas de borracha e dos chapéus de chuva coloridos, das pocinhas com formas e dos arco-íris quando o sol resolve ralhar com as nuvens.

Antes de ser Mãe, a terra nos sapatos e as nódoas na roupa eram vergonha e trabalho a dobrar.
Depois de ser Mãe, são sinónimo de brincadeira e diversão sem tempo.

Antes de ser Mãe, o tempo chegava para tudo e ainda assim parecia não chegar para nada.
Depois de ser Mãe, o Tempo não chega para nada, mas basta vermos um sorriso nos nossos filhos para percebemos que chegou para tudo o que foi importante.

Ser Mãe é receber novos olhos para o mundo. É aprender, com os filhos, a descobrir a felicidade em tudo aquilo que nos rodeia. É voltar a ser criança. E a perceber como o amor pode ser a resposta para todos os desafios que a vida nos coloca.
Há uns anos, escrevi uma peça de teatro sobre a metáfora de uma bola de sabão. Um mundo fechado onde habitava aquele que ninguém compreendia.
Hoje, as bolas de sabão são para mim o riso das crianças que as rebentam com um simples toque mágico.
E mais não digo. Sou feliz.


(Afonso em frente ao espelho do WC, depois de uma sessão de futebolada no hall, em que conseguiu bater com a cabeça em todos os cantos possíveis):

- Ó mamiiiiii! Tenho 2 corninhos!
- Deixa lá, filho. Os touros não se importam. E os bodes também não. Se não forem demasiado afiados, não magoas ninguém. E até podes aproveitar para pendurar os casacos.

Ficou orgulhoso. Tenho cá a impressão que, daqui a alguns anos, quando chegar a altura das namoradas e afins, já não terei esta conversa com ele de ânimo tão leve...
Durante algum tempo pensei que a maternidade e a escrita seriam incompatíveis.
Depois percebi que a minha escrita poderia ser exactamente sobre tudo o que a maternidade me tinha ensinado.
Depois entendi que poderia escrever o que quisesse, fora dela, porque aquilo que ela me ensinara era mais profundo e estendia-se a várias outras esferas de acção.
E hoje sei que, ser mãe, é uma aprendizagem para a vida. Uma das mais pungentes formas de crescer. Uma das ferramentas mais perfeitas para apurar a escrita.

http://sararodi.blogspot.pt/2012/05/o-meu-proximo-livro.html
Dudu dá um encontrão na Nonô.
Mamã ralha com o Dudu.
Nonô vai por trás da mamã e dá uma palmada no Dudu.

- O que é isso, Nonô? A mamã já ralhou com o Dudu. Nonô não bate!
- Nonô não bateu, mamã. Nonô só fez "Pum".

Estão-me a sair melhores que a encomenda, estes dois... Estão, estão!
O Dudu ontem também deu o ar da sua graça, em pleno caminho para Évora. Com os manos a estrebuchar no banco de trás, ele voltou o corpo na sua direcção e, espreitando-os por entre os bancos, com a sua voz grossa, proferiu: "EI! CAL-MEX!"
Qualquer semelhança com as proferições da sua mãe, são pura coincidência...
(Conversa entre Fonso e Titão, no banco de trás):
- Titão, sabes que eu hoje vou comungar pela segunda vez?
- Porquê? Chumbaste na primeira?
(Acho que ele ouviu isto algures. Mas vindo da boca dele, foi tãoooo mais engraçado!)
A Primeira-Comunhão de um sobrinho em Évora às 11.30. Desde as 9 que estávamos nas vestimentas e preparativos das fraldas, das bolachas, dos presentes.
- Ó mãe, os sapatos ficam-me grandes!
- Ó Sara, jardineiras com sapatos de feijão?!
- Mami, não quero a camisa dentro das calças...
- O laço, Nonô!! Já perdeste o laço?!
10.30 e ainda estávamos naquilo.
- Afonso, olha-me esse cabelo. Vai pôr gel, sff.
O Afonso foi, enquanto a mãe (sempre a última a vestir-se, para não correr o risco de rasgar as meias, partir os saltos ou esborratar a pintura) tratava de enfiar a fatiota.
- Mami, o gel cheira mal!!!
- Está calado e despacha-te!
- Mas cheira mesmo mal, mami.
Já não respondi. E daqui a pouco oiço a voz do pai, do andar de baixo:
- Ó Sara! O Afonso encheu a cabeça de gel adelgaçante!
Era dos caros, que o papá tinha trazido de surpresa depois de a Oprah o ter considerado o melhor de 2011. Despejado na cabeça do meu filho. Que teve que ir pôr a cabeça debaixo de água outra vez.
Chegámos às 12.15h. E às 15h o Afonso já tinha tirado os sapatos, o Dudu já estava de ténis, o Sebastião já tinha posto a fralda de fora e a Nonô já não sabia do laço. E o cabelo do Afonso... se vai adelgaçar ou não, veremos!
Mas a melhor de hoje, a melhorzinha de todos, foi mesmo durante o banho que tomámos quando chegámos a casa, depois de uns quantos disparates seguidos:
- Mas o que é que se passa contigo, Sebastião?!
- Desculpa, mamã... São os meus "intestinos" que me levam a fazer isto!
Os "instintos" do meu filho ficam bem na zona do abdômen. E às vezes dão muito trabalho à mamã...
Hoje a tarde foi só minha e do Sebastião... e de todas as crianças presentes na Biblioteca de Carnaxide, onde fui fazer uma sessão. Com medo que o meu filhote se portasse mal, passei-lhe uma máquina fotográfica para a mão e pedi-lhe que fosse o repórter de serviço. E o resultado foi lindo:
- Fotos só minhas, com a Vera (co-autora do "Portal do Tempo") sempre cortada a meio.
- Fotos minhas a falar com os pais dos meninos presentes ("Para mostrar ao papá, que não vai gostar nada de te ver a falar com outros homens")
- Fotos várias do jardim que ficava do lado de fora da biblioteca.
Valeram-me as 2 fotos que tirei, antes da sessão começar, para experimentar a máquina!
Primeiro dão-se beijinhos ao Papi. O Afonso dá um e recebe outro. O Sebastião igual. Dudu e Nonô o mesmo. E vão 8.
Depois da história, o Dudu e a Nonô dão um beijinho e levam outro do Afonso. A mami igual. O Sebastião não dá porque já não gosta de andar aos beijos aos rapazes. E vão mais 6.
Segue-se o Sebastião. O Dudu dá-lhe um beijinho e leva outro. A Nonô igual. A mami também. E vão mais 6.
Depois deita-se o Dudu. A mana não lhe dá beijos (já se aturam o dia todo, não devem achar preciso). Mas a mamã dá-lhe um e leva outro. E vão mais 2.
Por último deita-se a Nonô. Dá um beijinho à mami e leva outro. E vão mais 2.
24 beijinhos por noite é o nosso ritual. Depois ainda há os que a mami dá ao papi, e vice-versa, mas desses não vou falar. E também há aqueles que a mami dá aos filhotes quando eles têm insónias ou pesadelos. Mas esses, prefiro que não cheguem a acontecer. Mesmo sem contar esses, somos, definitivamente, uma família beijoqueira...
Com o Afonso, perdia horas a pensar no que lhe oferecer, pesquisava, organizava, fazia acontecer.
Com o Sebastião, o tempo era menos, mas tentávamos dar-lhe a volta, improvisando, fazendo acontecer.
Com os gémeos:
- Ó Pedro, os miúdos fazem anos amanhã e não comprámos nada!
- Bolas! Vou passar no Chinês antes de os ir buscar. O que é que eu compro?
- Qualquer coisa que não se parta.
Veio uma bola, um telemóvel da Kitty, e braçadeiras para todos. Arranjámos um bolo metade Kitty metade Leão Max. Fizemos acontecer na mesma. E eles foram menos felizes do que os irmãos? Nem pouco mais ou menos. Talvez a felicidade seja bem mais barata e implique menos tempo e logística do que pensamos. Sobretudo numa casa cheia onde os mais novos estão habituados a não exigir grande coisa. Ou a contentar-se com pouco.
Ainda assim, vou ver se trabalho a questão da antecipação, no próximo ano...
"


Dentro do sapo há um duende
Um duende chamado Dudu
"- Se não sais já para lavar o dente,
Levas tau-tau no tu-tu!"


- Olha, mamã, és tu...
Só a Nonô me compararia a uma Brataz. Só ela, mesmo...
Há exactamente 3 anos, por esta altura, estava estendida numa cama de hospital, com a barriga cosida, dois filhos a dormirem em casa com o pai, outros dois a dormirem numa incubadora no hospital, a minha mãe felicíssima ao meu lado, e eu a pensar, cá para mim: "Sara Margarida... no que é que tu te foste meter???". Eu, que sonhara um dia andar pelo mundo a escrever romances complexos, tinha agora 4 filhos e escrevia livros infantis. E não é que estava muito mais feliz? E pensei também para comigo que a vida, de facto, dá muitas voltas, e que há muitos caminhos para chegarmos à felicidade que buscamos.
Três anos depois, acabei de deitar os meus filhos depois de um dia intenso de parabéns, presentes e velas sopradas, e vou agora sentar-me a escrever um romance. É verdade! Voltei a eles... Mas, hoje, incomparavelmente mais rica, mais sábia, mais experiente, mais feliz.
Parabéns Dudu e Nonô! Estão uns crescidos!
Obrigada marido e filhotes, por tudo o que me fizeram crescer.



Sim, é um braço do meu sofá.
Não, não me vou conseguir zangar, quando perguntar à Nonô quem fez isto e ela me responder sorridente:
- Foi a Nonô! Fiz a mamã...



(Afonso e Sebastião à hora do almoço):

- Afonso... Vamos fingir que eu sou o homem do Pingo Doce e tu o homem do Continente.

(os dois olham-se. Rugem. Depois dizem ao mesmo tempo):

- Pedra, papel ou tesoura... Pedra, papel ou tesoura.

(Ganhou o Continente... E assim se discute as guerras dos hipermercados cá em casa)
O Titão tirou-me um cafezinho, pôs-me um bocadinho de leite e tudo. A Nonô fez questão de me dar a papaia, colher a colher, na boca. Depois trouxe-me a Visão e disse: "Podes ler, mamã". Foram 5 minutos. 5 minutos apenas. Mas era capaz de me habituar a isto...
Hoje repesquei a velhinha Carochinha, aproveitando para perguntar à Nonô e ao Dudu como faz o cão, o porco, o burro, e todos os animais que se iam apresentando à janela da Carochinha para casar com ela. E as personalidades diferentes dos meus gémeos lá foram dando o ar da sua graça. A Nonô não saiu do meu lado, e permaneceu com um livro aberto a fingir que contava a mesma história que eu, imitando tudo o que eu fazia. E até foi mais longe... sempre que um dos irmãos se portava mal, ela dava-lhe com o livro na cabeça (o que eu só faço quando estou muito irritada!). Já o Dudu, trocava propositadamente o som dos animais para pôr os manos mais velhos a rir.
- Como é que faz o cão, Dudu?
- Muuuuuuu!
- Como é que o porco, Dudu?
- Iô - iô!
E pumbas! Lá levava uma livrada da irmã! Um caos...
Mas do que eu gostei mais foi da conversa final com os mais velhos.
- Qual é a mensagem desta história, meninos?
Eu também não estava a ver qual, mas eles toparam-na à distância:
- Nunca comer sopa nenhuma, porque pode correr mal - disse o Sebastião.
- Nunca aceitar casar com ninguém, porque pode correr mal - disse o Afonso.
- Mas se vocês não casarem a mãe nunca vai ter netos. E depois vocês crescem e a mãe fica com a casa vazia. Depois de quem é que eu tomo conta?
- Mami... não stresses. Aproveita mas é enquanto dura.
E pronto. Agora vou eu dormir com esta mensagem dos meus filhos.
Leonor pulula em frente à televisão, agitada, com umas meias da Dora, que mostra à Dora que aparece nos desenhos animados da televisão. Depois olha para mim com ar triste:
- Mami... a Dora não diz "Sou eu nas meias da Nonô"...
E, só esta cena, já dava uns novos desenhos animados...
Primeira-Comunhão do mais velho, 2 torneios de hóquei, 1 festa de anos, trabalhos de casa, 1 livro por fechar, galos na cabeça, refeições para 6, birras, pilhas de mailes por responder... E dizia-me assim hoje uma amiga:
- Então... e não escreves no teu blog?
Pronto, já escrevi. Agora vou voltar ao trabalho, que a malta amanhã acorda às 7 da matina...
A notícia da morte de Bernardo Sassetti inunda os media, e não há como fugir das perguntas das crianças. Esta semana o Afonso questionava:
- Mas o Miguel Portas morreu de quê?
- Doença, filho.
Hoje o Afonso vai perguntar:
- E este pianista morreu de quê, mami?
- Caiu de uma ravina.
E ele vai franzir o lábio superior, como faz perante as coisas estúpidas, e eu não vou ter mais nada para lhe dizer. Depois vai ouvir falar da mulher que ficou, dos filhos que o perderam, e ele (ou a criança que há em mim) vai perguntar-se:
- Mas não morriam só os velhinhos, mãe?
A resposta é não. Só não me perguntem porquê, porque hoje um "Porque sim" não chega. Há certezas que, por mais que eu cresça, continuarão sempre a ser perguntas.
Ena, ena... Será que é desta que ponho os meus filhos a gostar de desenhar?
A mãe escrevia, os filhos desenhavam, os livros nasciam, os filhos cresciam... e o país agradecia mais um caso de sucesso de uma empresa familiar...
Ai, ai! Vou mas é trabalhar (sozinha!)


Nonô faz festinhas no rosto da mamã, como só ela sabe. Depois faz festinhas nos seus braços. E depois diz, meiguinha:
- Os b'aços da mamã têm barba.
Lá se foi a meiguice pelo cano abaixo...
Ainda não descobri uma imagem da Nossa Senhora do Ó da Oficina da Terra (www.oficinadaterra.com), mas acabo de descobrir que a madrinha Cristiana Resina também criou umas para nos dar uma forcinha:

http://www.cristianaresina.com/2012/04/santos-e-as-suas-historias/



(Afonso, a 3 dias da sua Primeira-Comunhão):

- Hoje provámos umas hóstias "falsas" lá na escola. Eram horríveis, pareciam papel. Espero que as "verdadeiras" sejam melhores...

- O M. é que tem sorte. Vai comer umas hóstias especiais que estão dentro de uma caixinha de ouro.
(o M. é celíaco, e a caixa era apenas dourada. Mas o meu filho está na expectativa de que as hóstias dele sejam ainda mais saborosas...)

Ainda não percebi muito bem se o meu filho vai fazer a 1ª Comunhão, ou vai participar num evento gourmet...
Continua a saga "Margarida" cá em casa...

(Nonô, 2 anos) Mamã é Sa'ia Ma'ga'ida. Nonô é Leonor Ma'ga'ida. Dudu é Duarte Ma'ga'ído.

Não se pode dizer que a questão do género não esteja bem resolvida...

Provas de Aferição para a semana?! Testes sobre toda a matéria dada ao longo do ano?!
Socorroooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!!!
Pai, mãe, Afonso e Titão devoram o pequeno-almoço da manhã, com o tempo contado. Nonô aparece, sorridente, com o seu "Nonô aqui. Nonô sozinha", o que significa que ainda se sente feliz por acordar sozinha e descer as escadas sem pedir ajuda a ninguém, e senta-se à mesa. Olha-nos a todos, com as nossas pressas, e sai-se com esta:
- Nonô é a mamã. Nonê é mãe de todos.
Linda, linda! Bem podes começar a dar descanso à verdadeira mãe.
Não posso ficar indiferente a alguns comentários que fizeram ao meu último post. Nunca o partilhei porque não é propriamente uma história da vida dos meus filhos. Mas é certamente a história que lhes deu origem.
Por um acaso da vida, os meus ovários nasceram poliquísticos. Poderia explicar melhor o que isso é, mas até o Google sabe fazê-lo melhor do que eu, e o essencial é que sou alguém com dificuldade em engravidar. Provavelmente ninguém o diria, quando me vê rodeada de filhotes, mas a verdade é que os meus 4 rebentos foram frutos de 3 fertilizações in vitro tremendamente bem sucedidas. Sou um caso de sucesso! Mas isso não significa que não saiba o que é tentar, mês após mês, desejar uma gravidez que não acontece. O que é procurar um médico atrás do outro em busca de respostas e perguntar-me "Porquê eu? Porquê nós?". Hoje sou um caso de sucesso, mas não me esqueço de todas as injecções que dei a mim mesma, de todas as esperas, de todas as forças que tive de ir buscar aqui e ali, e sobretudo da imensa alegria que senti quando os tratamentos resultaram e eu vi um ténue risquinho no meu teste de gravidez.
Só quem passa por isto consegue entender o que eu digo. Por isso o digo pouco. Só a quem entende, e é curioso que cada vez mais mulheres me procurem para que eu o diga, e ajude a acreditar que é possível.
Este post é para vocês.
E termino com uma história curiosa: aos 4 anos, a educadora do meu filho mais velho pediu aos alunos que fizessem um desenho deles mesmos. Todos desenharam uma cabeça com corpo, pernas e braços. O meu filho desenhou um conjunto de bolinhas pegadas umas às outras. A educadora não o questionou, e colocou assim o desenho junto ao suporte da sua mochila. Fui eu quem lhe perguntou mais tarde porque se desenhara daquela forma:
- São ovinhos, mãe. E eu sou um deles.
E foi, na verdade, esta a primeira imagem que tive do meu filho, quando espreitei a minha colheita em laboratório e desejei que, nela, estivesse aquele que viria a ser o meu primeiro filho. E ele lá estava... Desenvolveu-se, foi introduzido dentro de mim, cresceu, nasceu... E hoje gosto de pensar que nunca se esqueceu da primeira vez que eu lhe sorri...
Hoje o programa da Júlia Pinheiro começava com uma conversa sobre os nomes. Os nomes das mães, dos filhos, dos netos, os nomes que se herdavam e os nomes que hoje estão na moda. E eu não posso deixar de contar, não a explicação dos nomes da minha família (que tiveram a ver com isso tudo e nada mais), mas sim o nome que eu e o pai resolvemos juntar aos escolhidos e aos herdados.
Todos os nossos filhos se chamam "do Ó" de segundo nome! Tudo porque, sempre que eu estava a tentar engravidar, uma Nossa Senhora do Ó da Oficina da Terra olhava por mim da minha mesinha da cabeceira. Eu que até sou de crenças muito próprias, deixei-me render àquela boneca de barro que já tinha bafejado a minha cunhada com as graças da maternidade. Se com ela funcionou, porque não acreditar que também funcionaria comigo?
E a Nossa Senhora do Ó tem saltitado de casa em casa, pela da minha cunhada (que já tem 3 filhos), pela minha (que já fechei a loja) e pela de várias pessoas que, invariavelmente, quando colocam esta figura na sua mesinha de cabeceira, engravidam. Não gosto da palavra "milagre", mas acredito muito na força da nossa fé...
Curioso é que, na minha última gravidez, a minha amiga Cristiana ofereceu-me outra Nossa Senhora do Ó que se juntou à primeira. Até partiu a cabeça pelo caminho, mas mesmo assim fez o seu trabalhinho bem feito... em vez de 1 filho, tive 2! Ainda bem que mais ninguém se lembrou de me oferecer Nossa Senhoras nessa altura...
E assim insisti com o meu marido para ele colocar "do Ó" ao nosso Afonso. A conservadora não queria deixar, porque alegadamente "do Ó" era apenas nome próprio, mas o meu marido insistiu, disse que ia fazer um requerimento ao Patriarcado, e à Santa Sé, e isto e aquilo, e a conservadora, só para não o ouvir, aceitou o "do Ó".
Com o Sebastião não queriam deixar novamente, mas como já tínhamos um filho com esse nome, tiveram que abrir outra excepção.
Quando chegou a altura dos gémeos, o meu marido chegou a casa com ar muito triste e disse-me:
- Nada feito, Sara. Não me deixaram pôr "do Ó". Tive que arranjar um nome parecido. Ficaram "da Ota". Não te importas, pois não?
Até me iam saltando os pontos! Mas felizmente era apenas mais uma brincadeirinha deste pai desconcertante que eu tenho cá em casa. E os meus filhinhos do Ó cá andam, abençoadinhos por uma Senhora de barro que agora anda a fazer as suas em casa de uma amiga. Por isso mesmo não consigo uma foto dela. Mas deixo-vos com a foto da Nossa Senhora do Ó sem cabeça, que me valeu uns lindos gémeos! Obrigada, Cristiana.

PS - Eu juro que hoje a encho de cola! Mas não deixo de achar piada a vê-la sem cabeça, e pensar que também os meus filhos tantas vezes me fazem perder a minha...

(Mãe a rever os TPC dos filhos)

- Ó mãe, estás a fazer as nossas contas na calculadora do computador?!
- Ó mãe, porque é que escreveste "fasciculada" no Google?
- Ó mãe, estás a ver no dicionário?!

Férias precisam-se. Para os filhos e para a mãe!


(Sebastião a espreitar as compras na Feira do Livro)
- Compraste este livro para eu ler, mami?!
- Não, Titão. Esse é para mim.
- Ufa!

(Vou ter que o pôr a gostar de livros antes de o mandarem ler "Os Maias". E ainda dizem que o tamanho não conta...)
As marcas do fim-de-semana. Sim, é uma parede. Sim, jaz no hall da minha casa. Sim, é uma mão de um dos meus filhos. Amanhã tiro as medidas... e alguém vai esfregar a parede com Dodots, ai vai, vai!



Hoje, por circunstâncias menos felizes, que obrigou a família a ausentar-se, fiquei sozinha com os meus 4 piolhos e 3 sobrinhitos. Mãe "solteira" de 7 filhos até meio da tarde, quando o pai chegou. Pais de 7 filhos até à noite, quando os respectivos pais levaram os 3 filhos que tinham ficado connosco. E correu tão bem..... De repente, o dia da mãe tornou-se também no dia da tia, e orgulhosamente, entre refeição daqui, brincadeira de acolá, ralhete de acoli e miminho a ti e a mim e a todos, percebi que conseguia dar conta do recado. E, ao jantar, terceira refeição do dia, com uma prole de 7, olhei para todos e não é que me passou pela cabeça que seria até engraçado ser mãe daquela miudagem toda?
(Só passou pela cabeça, marido. Passou, passou, depressinha e não voltou. Não te preocupes, ok?)


Afonso - 8 anos, gabarola - conversa com o Sebastião - 6 anos, memória de galinha - sobre o "Ato de Contrição" (como se escreve agora... credo!):

- Sabes, Sebastião, para fazer a 1ª Comunhão vais ter de aprender o Ato de Contrição.
- É difícil?
- É. Vais demorar imenso tempo a decorar...
- Ó mãeeeee! Eu nunca vou fazer a 1ª Comunhão!

Feliz Dia da Mãe!

(e depois de o Afonso, o Sebastião e a Nonô entregarem os seus presentes, chegou a vez do Dudu. Olhou para mim, olhou para o presente e disse: "É meu!". O papá desapareceu com ele uns minutos, e depois o Dudu voltou para me entregar o presente:
- Então, Dudu? O presente já é para mim?
- Não... É p'ra todos!
Já melhorou qualquer coisinha...)
Dudu aparece com o iPad do papá:
- Papá, posso jogar? Papá, posso jogar? Papá, posso jogar?
E o pai resolveu começar a contar. Ao fim de 16 vezes, a mãe e os manos já tinham dores na barriga de tanto rir. E a mãe pediu:
- Ai, Dudu, pára por favor! Arranja outra coisa para dizer...
O Dudu olhou à volta e descobriu o telemóvel da mamã:
- Mamã, posso jogar? Mamã, posso jogar? Mamã, posso jogar?
O pai já tinha os dez dedos levantados. A mamã e os manos estavam prestes a vomitar o almoço, e a mãe suplicou:
- Ai, Dudu, pára por favor! Tomar o iPad e o telemóvel... Faz o que quiseres!
Normalmente ele vence-nos pelo cansaço. Hoje venceu-nos pelo riso...
(Conversa de Nonô ao pequeno-almoço):
- A Nonô é princesa. A mamã também princesa.
- A mamã não pode ser rainha? A rainha é a mãe da princesa.
- Ah...
- E se a Nonô é princesa e a mamã é rainha, o papá é o quê?
(Nonô pensa e pensa...)
- O papá é... rua!
Portugal vai ter a sua primeira corrida para bebés!
Não sei sinceramente se o Mundo vai ter a sua primeira corrida para bebés, porque nunca ouvi falar de tal coisa em parte alguma, e achei a ideia o máximo! Se eu berrei que nem uma louca a puxar pelo meu filho Afonso, no último corta-mato, não sei o que seria capaz de fazer numa corrida onde o pequeno Dudu e a princesa Nonô corriam ao lado de outras criaturas fofas de bochechas irresistível, fraldinhas e chuchas. E a avaliar pelas corridas que eles fazem cá em casa, era bem capaz de me habilitar ao primeiro prémio (6 meses de produtos grátis da Aptamil). Hum... começo seriamente a ponderar ir!

Mamãs e papás com crianças até aos 3 anos... Toca a correr! Aqui ficam as datas e os locais dos campeonatos, onde também vão estar presentes especialistas em nutrição infantil para esclarecer dúvidas aos papás.

- 5 de Maio - CC CascaiShopping
- 12 de Maio - CC GaiaShopping
- 19 de Maio - CC NorteShopping
- 26 de Maio - CC Colombo


Hoje cheguei à escolinha dos meus gémeos e descobri isto... E depois arrumei os casacos, fui escolher os livros à biblioteca para o fim-de-semana, distribuí beijinhos e abraços, meti os piolhos no carro, liguei a ignição, pus o "Fungagá da Bicharada"... e só depois chorei. É capaz de haver coisas melhores do que ser mãe... mas não estou a ver quais.

(Gosto particularmente da frase: "A mamã fez cocó na sanita". Juro que nunca mais os levo comigo à casa de banho!)



Apelo em causa própria!
Amanhã estarei na Feira do Livro às 16h, na Praça Leya, a ler o livro "Maria&Sebastião - exploram a selva e aprendem a contar". O Sebastião é o meu Sebastião que, graças a este livro (eu, pelo menos, prefiro acreditar que sim) ficou um ás na Matemática! A Maria é a filha da madrinha Cristiana Resina, que ilustrou esta colecção.
Os meus 4 piolhos também estarão por lá... com o pai na retaguarda para, se for preciso ("Aquela é a minha mamã!", "Não é Maria&Sebastião, é Nonô&Dudu" e coisas do género), fugir com eles!
Se puderem, são todos muito bem-vindos!

O Afonso e o Duarte (amiguinho) correram para mim a mostrar-me o mais recente livro que tinham feito, juntamente com o Diogo (outro coleguinha). Formam um trio criativo que, nos últimos tempos, tem passado os intervalos a inventar histórias e a criar livros. Futura mão de obra para a minha empresa, portanto.
Folheio o livro, muito giro, sobre o Super Zezé, o robô Teté e a Lulu Marcheirosa. E começo a ver desenhos do Duarte... a letra do Diogo...
- Ó Afonso, mas espera aí... Se o Diogo escreveu e o Duarte ilustrou, tu fizeste o quê?
- Não percebes, mãe. Nos nossos livros é assim... Eles pintam e desenham, e eu tenho as ideias. É para isso que serve esta coisinha que tenho em cima dos ombros...
Tal e qual. Sem tirar nem pôr. Se calhar não tenho futura mão de obra para a minha empresa. Tenho é um futuro patrão para ela, e eu que trabalhe!

(Sebastião, 6 anos)
- Mamã, hoje posso ler o meu livro, como o Afonso?
(Mamã incrédula, porque o Sebastião ainda nem deu as letras todas, e resmunga sempre que tem que ler um simples texto dos TPC)
- Queres ler um livro... sozinho?
- Sim. Vou começar a ler o Phineas e Forb.
- Muito bem. Então o teu irmão lê o Capitão Banana, tu lês o Phineas e Forb e eu... vou tomar banho. Quando voltar apago a luz.
(Fui tomar banho, cremes e afins, muitos, ruga aqui ruga acolá, pijama e pantufas, e quando cheguei o Sebastião ainda estava a ler. É certo que ainda ia na segunda página, mas quase que suava, coitadinho, para acompanhar o silêncio e a concentração do mano Afonso).
- Já vou na página 3, mamã.
- Boa, Sebastião! Mas agora vamos dormir.
- O quê?! Não vai haver história?!?
(É o eterno dilema entre crescer e ser-se pequeno. Também a mim me apetecera perguntar há pouco: O quê?! Já não querem a história da mamã?! Também eu às vezes quero que eles cresçam sem crescerem completamente. Mas há coisas que não voltam atrás. Bem... neste caso ainda houve direito a uma mini-história...)

Descoberta uma nova manifestação de criatividade infantil. A prateleira é baixa, por isso os autocolantes passaram despercebidos durante algum tempo. Até que apanhei os meus filhos fechados na despensa, a contar "34, 35, 36...". Não, não estavam a contar latas de atum (essas são um bocadinho menos. Mas só um bocadinho). Eram mesmo os autocolantes marotos das últimas bananas ingeridas...

Nos sítios mais inacreditáveis da minha casa, descubro a imaginação dos meus filhotes...
(Afonso, o gozão)
- Mami, sabes quantas fases tem a lua?
- 4, filho. Lua cheia, lua nova, quarto crescente e quarto minguante.
- Errado! Esqueceste-te da lua de mel...
(E não é que eu acho-lhe graça?)
Feira do Livro. A mãe toda inchada, armada em escritora, a dar autógrafos, quando toca o telefone:
- O Dudu vomitou!
A frase poderia não me ter causado um aperto no coração, se o meu pequeno Dudu não tivesse, antes de eu ter saído de casa, caído e batido com a cabeça. Nessa altura saí sorridente e despreocupada, ou não fosse o Dudu perito em cair e em fazer galos, soltei apenas:
- Liguem-me se ele vomitar.
E ligaram. Beijinho aqui, adeus ali, e lá foi a mãe, esparvoeirada, rumo a casa, para ver como estava o seu pequeno Dudu. Claro que se enganou no caminho, deu 3 voltas até encarreirar, ficou sem bateria no telefone (que fica sempre sem bateria quando é preciso) até, finalmente, conseguir chegar a casa. O Dudu estava murchinho, mas não voltara a vomitar. Só dizia, pobrezinho:
- Dudu doente. Dudu tem de ir ao médico.
Lá agarrei nele e fui à clínica mais próxima. Uma pontada de febre, dorzinha na barriga, mau-estar. O problema não parecia estar no galaró, que esta noite cantará, mas num virozito que parecia estar a querer dar sinal. Vigilância, dieta e ben-u-ron. À partida, nada com o qual eu não soubesse lidar.
Mais aliviada, aproveitei para ir comprar pão na Sacolinha, a pastelaria mais afamada das redondezas, que estava cheiinha até às costuras. 4 pães árabes especiais, 6 fofinhos e 6 pães de mafra (o habitual, que desaparece em 2 dias). E o simpático senhor que nos estava a servir acena com umas bolachinhas de chocolate ao Dudu.
- Obrigada, mas ele hoje não está muito bem...
Assim que termino a frase, o Dudu solta o seu primeiro vómito, a que se seguiram vários outros, a cheirar a iogurte e as bolachas azedas, por cima dele, da mãe dele, no chão, na vitrine dos bolos... Uns olhavam-nos, incrédulos. Outros fugiam ao cheiro. Outros (sobretudo mulheres, quase de certeza mães) aproximavam-se com lenços e toalhitas. Uma cena à Exorcista, que virou do avesso a Sacolinha.
Eu sei que há coisas piores. Felizmente, o meu pequeno Dudu só está com uma virosezita que havemos de controlar. Mas este dia (e o cheiro a vomitado) vai-me ficar na memória. E na memória dos empregados da Sacolinha também...

Ontem recebi um sms de um amigo: "Amanhã 50% de desconto no Pingo Doce". Duvidei, pensei que seria só em alguns produtos, ou em alguns Pingo Doces, mas precisava de encher a despensa e rumei ao supermercado depois de deixar o Sebastião no hóquei.
1º Pingo Doce: não consegui estacionar. 2º Pingo Doce: também sem estacionamento, mas depois de três voltas apanhei um senhor a sair mesmo em frente à porta.
Eram 10 da manhã e entrei, tranquilamente, no supermercado. Fui à primeira zona de carrinhos... mas não havia nenhum disponível. Fui à segunda zona de carrinhos... que também estava vazia. Cestos pequenos, junto às caixas: cadê eles? Começou finalmente a cair-me a ficha: o Pingo Doce estava efectivamente em saldo. Todos os que possuíam o afortunado carrinho, enchiam-no com tudo o que podiam. Tudo a 50%! O único senão era que só se podia levar 12 produtos de cada. Pouquinho....
Rapidamente, fiz as contas. Com uma média de 150 euros semanais em supermercado, se comprasse produtos para o mês inteiro pouparia 300 euros. 300 euros dava quase para uma escola de um filho! E significava também menos 3 horas de supermercado por mês (o que não tem preço!). Compensava. Assim eu conseguisse arranjar um carrinho.
- Minha senhora... será que me dispensava o seu carrinho depois de pagar?
- Lamento. Já a prometi àquela senhora além...
3 tentativas depois, e já prestes a mandar a poupança às urtigas, descobri um casal com 2 carrinhos cheios. Repeti a pergunta e desta vez a resposta foi:
- O primeiro carrinho está prometido. Mas o segundo não. Só tem que nos ajudar a pôr tudo no carro.
Valia tudo. Arregacei as mangas e lá fui com o casal ajudar a guardar os pacotes de leite. Meti conversa com o filhote, fiquei a saber qual a sua marca favorita de bolachas, e no final já éramos amigos.
- Adeus! E boas compras! - desejaram-me.
Finalmente, estava na posse de um carrinho. Já suava um bocadinho, mas só nessa altura, com o Pingo Doce a encher, e várias pessoas a perguntarem-me se eu lhes dispensava o meu carrinho, no final, encarnei a verdadeira mãe-fona-que-quer-alimentar-as-suas-crias-a-metade-do-preço-para-lhe-sobrar-qualquer-coisinha-no-final-do-mês.
- Eu até lhe dispenso o meu carrinho... mas vai ter que esperar, porque eu vou ter que o encher mais do que uma vez...
Foram só 2, vá. Mas o pai juntou-se a dada altura, com os mais velhos, e vários sacos do Pingo Doce, para não faltar nada importante. Leite, fraldas, toalhetes, detergentes, champôs, paletes de bifes e bacalhau a rodos. Cereais, bolachas e iogurtes, pizzas, sacos e sacos de batatas e cebolas.
- Tu vais aqui que eu vou ali. Afonso, segura o carrinho. Sebastião, guarda as fraldas.
E a família uniu-se em prol dos descontos. Foi uma beleza! Descarregámos o carro todos juntos, cooperámos na organização da despensa recheada. E, no final, fiquei com a certeza de que, se houver uma guerra um dia destes, saberemos organizar-nos em prol da nossa sobrevivência.
Uma campanha com muitas coisas erradas, tenho que admiti-lo... mas sociologicamente imperdível!