Peludim, já a caminho da Terra, deseja a todos os Terráqueos umas boas entradas em 2016!
Que a aventura comece...

Muito se tem escrito sobre esta matéria por estes dias. Da minha parte, quero muito que a minha filha cresça num país onde não precisa de baixar a cabeça, envergonhada, e acelerar o passo, quando um espertinho qualquer que se acha no direito de dizer o que quer, decide lançar-lhe um "piropo" ordinário.

Sempre aconteceu. Sempre nos marcou negativamente. Chegou a altura de lhe pôr um fim. O desejável era que não fosse preciso uma lei para o fazer. Mas que outra forma existe? A educação, sim, mas neste campo também ainda está tudo por fazer...

Há dias falava com os meus filhos mais velhos sobre este assunto e outros de teor sexual (o apalpão, o chocho roubado... por enquanto ainda me fiquei por aqui) que, infelizmente, não são debatidos nas escolas. Não são conversas fáceis de se ter, é certo, mas são necessárias. É preciso perceber e ensinar onde começa e acaba a liberdade de cada um, nesta matéria. Punir é só parte da solução. Mas a Punição só será desnecessária quando existir Educação.

http://www.dn.pt/portugal/interior/piropos-ja-sao-crime-e-dao-pena-de-prisao-ate-tres-anos-4954471.html
E manteve-se a tradição... chegados a casa, depois de uma noite de Natal em família, comida boa e bons presentinhos (felizmente menos, mais personalizados e até alguns feitos pelos próprios!), fomos espreitar a lareira de nossa casa, a ver se o Pai Natal tinha deixado os presentinhos do costume. Geralmente deixa uma lembrança para cada um dos filhos, mas este ano resolveu fazer uma coisa diferente...


"Amiguinhos, a vossa mãe escreveu-me a dizer que vocês têm de aprender a trabalhar melhor em equipa. E que tal fazerem um puzzle de 1000 peças, em conjunto? Não se esqueçam, sejam sempre muito amigos e entreajudem-se. O bom de ter irmãos é isso mesmo."


O Afonso e o Sebastião riram-se. Já sabem que o Pai Natal, a par da Fadinha dos Dentes, tem sempre um recadinho para lhes dar.

A Nonô ficou intrigada:

- Ó mãe... o Pai Natal usa o mesmo papel de embrulho do que tu!
- Deve ter comprado no mesmo sítio que eu, filha...

Já o Dudu, que é tão espertalhão para umas coisas, estava maravilhado...

- Eu já te tinha dito que gostava de ter aquele puzzle!
- Então, filho? A mãe avisou o Pai Natal...
- O Pai Natal é nosso amigo...

E vamos ver se ele consegue pôr estes manos a trabalhar em equipa...
Obrigada, Pai Natal!
Novidades fresquinhas para o início do próximo ano...
E umas boas festas para todos!


"Chega em 2016 um projecto muito especial, que vai ajudar as crianças a conhecerem melhor as diferenças do seu corpo, que as vai sensibilizar para a igualdade de género, ajudando a prevenir a violência sexual. Uma iniciativa no âmbito da educação sexual que contamos que seja tão importante para crianças como educadores. Uma ferramenta única, divertida, que vai apoiar a comunidade educativa nessa difícil tarefa que é responder à curiosidade dos mais novos.

Fiquem atentos! Mais informações em breve!

olapeludim@gmail.com

Sara Rodi, Vânia Beliz, Célia Fernandes"
Finalmente conseguimos ir ver a Polyanna. Estive quase a desistir (mais uma vez) porque o filho mais velho tinha um compromisso em Sintra, à mesma hora.

Oeiras-Sintra
Sintra-Odivelas
Odivelas-Sintra
Sintra-Oeiras

E ainda seria preciso vestir a malta, sair de casa com a malta, conter a malta dentro do carro, zangar-me 50 vezes com a malta dentro do carro... mas enfim! Diz-me a experiência que "a malta fora de casa" porta-se sempre melhor do que "a malta dentro de casa". Zangar-me 50 vezes seria sempre melhor do que zangar-me 100... Há que ver a coisa pelo lado positivo!

E assim rumámos a Sintra para deixar o filho mais velho meia hora antes (para alguma coisa é o filho mais velho. Já sabe esperar). E depois até à Malaposta, para vermos o espetáculo do grupo de teatro Animarte, composto por crianças e jovens muito talentosos, encenados pela Sofia Espírito Santo.
As expetativas já iam altas, mas foram largamente superadas. Rimos todas às gargalhadas com a velha, ficámos de coração cheio com a doce Polyanna, e se nos deixassem, saltaríamos para o palco no final, para participar na última dança. E, de regresso a casa, tive de improvisar uma bengala para o pequeno Dudu, ajudar a Nonô a preparar um bazar e brincar com eles ao Jogo do Contentamento.

Não sabem o que é o jogo? Então toca a ir à Malaposta ver o espetáculo, que vai estar em cena até ao dia 31 de janeiro.




Uma óptima alternativa para as férias. Suja a casa toda, é certo, mas mantém a filharada entretida por um bom par de horas.

(obrigada, prima Cadina, pela oferta!)

(Afonso) Mãe, tu podias candidatar-te a presidente da república?

(Mãe) Eu, Afonso?!

(Afonso) Tens mais de 35 anos. É preciso 8000 assinaturas e tu tens 5000 amigos no facebook...


Só mesmo um filho para nos propor para presidente da República...
Já não vou a tempo destas eleições, quem sabe para as próximas (ironia!). Por enquanto, vou tratar de tentar ser uma boa Presidenta da Democracia (tem dias!) cá de casa.
No carro, a caminho da escola. Penúltimo dia de aulas e 15 longos dias de férias pela frente:

(Mãe) Meninos, a mamã este mês está muito aflita. Tenho de fechar muitos trabalhos e preciso muito da vossa colaboração, para conseguirmos ultrapassar estes 15 dias com serenidade.

(Afonso) Nós podíamos ir de férias com o pai.

(Sebastião) Sim! Íamos tipo... para o Brasil!

(Dudu) Podíamos fazer um cruzeiro!

(Afonso) E assim tu ficavas tranquilamente a trabalhar.


Mamã suspira. Ouve-se então uma vozinha lá no fundo, solidária.


(Nonô) Eu fico contigo, mamã. Eu ajudo-te.


Os rapazes estavam a meter-se comigo. Não vão a lado nenhum. Quanto muito, vão todos passar umas ricas férias em casa dos avós!
Mas esta solidariedade feminina comove-me... Nonô, estás no meu coração!
Nonô tem uma pequena crise ao deitar:

(Nonô) Porque tu não brincaste nada comigo! E o fim de semana já passou, e amanhã há escola, e eu gosto taaaaanto de tiiiiii!


Abraços, beijinhos, choro, promessa de um fim de tarde a montar a casinha dos Playmobis... e a mamã consegue finalmente que a Nonô fique na sua caminha, a dormir um soninho descansado. Mas à saída...


(Nonô) O que é que estás aqui a fazer, Dudu?

(Dudu) A vida é difícil, não é, mãe?

(Nonô) Um bocadinho, filho.

(Dudu) Não deve ser nada fácil ter quatro filhos...

(Nonô) Às vezes não é, não. Mas a mãe há-de dar conta do recado.


E venha daí mais uma semana!
Miudagem a dançar na cozinha, de braços estendidos e rabiosque a dar a dar.


(Mãe) Que dança é essa, meninos?

(Afonso) Inventámos nós... chama-se "Kizombie".


Parece uma casa de malucos... mas que nunca lhes falte a criatividade!
Eu sou muito suspeita... mas gosto tanto deste selinho :)


E para quem tiver interesse, a Wook está com uma campanha de 20% até ao final do mês. AQUI

Dizem que é um "pino estrela".


Afinal de contas, é ou não é bom ter um mano gémeo, para se mandar connosco contra as portas?

Aventura para o próximo fim de semana: Pollyana na Malaposta!


Segue-se "Uma história do outro mundo" no Tivoli e "A Branca de Neve no Gelo", no CC de Alfragide.




E ainda temos de visitar as vilas de Natal de Óbidos, da Praça da Alegria e do Terreiro do Paço! (pelo menos...)

E vivam as férias do Natal! Ufa, ufa!


A segunda carta da filósofa Joana Rita Sousa aterrou hoje na nossa caixa do correio, com novas e desafiantes perguntas.


O Afonso olhou e torceu, como sempre, o nariz. "Porque é que ela me está a perguntar isto?". E, por isso mesmo, a Joana Rita perguntou-lhe desta vez porque é que ele lhe fez as perguntas que fez.

O Sebastião olhou de relance e soltou um rápido "Isto é buéda fácil!". Para concluir (tal como da última vez), ao fim de cinco minutos: "Se calhar não é assim tão simples..."

O Duarte e a Leonor estranharam (daquele bom estranhar, de brilho no olho) receber mais uma carta. "Agora vamos receber cartas todas as semanas?" "Porque é que a Joana Rita nos está a escrever outra vez, mamã?"

Porque a Joana Rita é uma filósofa curiosa com um projeto que me cativou. E que, carta a carta, tem vindo a cativar também os meus filhos.
E, se ainda não conhecem o projeto, toca a espreitar o #filopenpal.

Obrigada, Joana Rita!


E o milagre da leitura acontece...


Vai ser loooongo feriado!

Diz que é o meu caderno das ideias e das notas para as minhas histórias.
Por força das circunstâncias, tornou-se um verdadeiro especialista em retas numéricas...

(Mãe) Dudu e Nonô, venham cá! Cada um resolve uma página...

Tarde Livre.
Afonso vai buscar um livro e senta-se ao sol a ler.




(Mãe) "Factos bizarros"? Então e o teu livro?

(Afonso) Hoje apeteceu-me ler este. A minha cultura geral em factos absolutamente irrelevantes para a Humanidade anda um bocadinho em baixo de forma...


E não é que o raio do miúdo tem graça?
Baptizado no fim de semana é sempre sinónimo de discussão na semana que o antecede.

Afonso, 12 anos:
- Os sapatos fazem-me doer os pés.
- Porque é que as camisas têm que ter botões?
- Os cintos magoam-me.
- As calças são horríveis.
- O pullover é de betinho.
- Porque é que temos de ir todos vestidos da mesma maneira?
- Isto é alguma farda?
- Mas quem é que decidiu que as pessoas tinham de se vestir assim para as festas?
- E, se alguém decidiu, porque é que temos todos de obedecer? Quem é que nos obriga?
- E onde é que fica a nossa liberdade individual?
- Não és tu que dizes que as roupas não importam, e que o que importa é o nosso interior?


Já esteve mais longe de ficar em casa...






Bem-vindos à lojinha dos gémeos!
É quase tudo para cima de 100 euros, por isso toca a trazer a carteira bem recheada...




"Com os pais com quem trabalho, pergunto-lhes com frequência quem serão os seus filhos, aos 23 anos. Certezas ninguém as tem, mas é frequente definirem os miúdos com adjectivos que envolvem valores. Serão jovens que se respeitam e respeitam os outros, felizes e justos. E a seguir pergunto o que é que fazem, todos os dias, para que os filhos caminhem nesse sentido.
E, muitos pais, fazem uma pausa nesse momento."

http://mariacapaz.pt/cronicas/como-se-ensinam-os-valores-as-criancas-por-magda-dias/view-all/

É mais um excelente artigo da Magda Dias (Mum's the Boss), que vale a pena ler. Mas levou-me a pensar como se delegam hoje tantas responsabilidades nos pais, quando eles precisam tanto de trabalhar, até às tantas. Quando as crianças passam entre 8 as 12 horas na escola e ainda chegam a casa com trabalhos de casa, nos quais tantas vezes os pais ainda são "convidados" a participar...
O ensino (o ensino em si, porque os professores vão fazendo o que podem, com o pouco tempo que têm) não deveria colocar também esta questão a si próprio? "Que tipo de Homens serão os nossos alunos aos 23 anos? Que tipo de cidadãos estamos a formar?". E, se calhar, trocarem umas quantas disciplinas por valores...
Não quero de todo tirar responsabilidades aos pais, atenção, mas é inegável que, nos dias que correm, é na escola que os filhos passam a maior parte das suas vidas. Desejar que os pais sejam verdadeiros educadores para a mudança é legítimo e desejável, mas para isso, é preciso dar-lhes TEMPO com os filhos.

Termino com este texto que me fizeram chegar ontem, escrito pelo Prof. Santana Castilho, e que dá merece uma boa reflexão.


O tempo e os ódios
Santana Castilho*

Já se disse muito sobre o fanatismo religioso, que reduz a zero séculos de civilização. A barbaridade que Paris acaba de viver, mais uma, fez-nos retomar o tema, mantendo-se, na maior parte das análises, o foco apenas apontado ao fanatismo religioso: de um lado os “maus”, do outro os “bons”. Talvez devêssemos ampliar o campo das análises, para responder a perguntas que deveríamos estar a formular, com o intuito de intervirmos, de modo mais eficaz, nas nossas escolas e na nossa sociedade.
Comecemos por recordar algumas, apenas algumas, de tantas outras barbaridades recentes, cujos autores pertenciam às comunidades que atacaram:

> > A 20 de Abril de 1999, aconteceu no instituto Columbine o massacre que viria a dar filme. Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, ambos estudantes, atacaram alunos e professores, ferindo 24 e matando 15.

> > A 26 de Abril de 2002, na Alemanha, Robert Steinhäuser, de 19 anos, voltou à escola donde fora expulso e matou 13 professores, dois antigos colegas e um polícia.

> > Em Setembro de 2004, dissidentes chechenos assaltaram uma escola em Beslan, na Ossétia do Norte, onde sequestraram 1200 reféns, entre crianças e adultos. Tomada de assalto por forças russas, morreram na escola 386 pessoas e foram feridas 700.

> > Em 2005, Cho Seung-Hui, estudante sul-coreano de 23 anos, há 15 emigrado nos Estados Unidos, descrito como perturbado e solitário e referenciado por importunar colegas com telefonemas e mensagens, trancou com correntes as portas da universidade Virginia Tech e matou, uma a uma, 32 pessoas.

> > A 22 de julho de 2011, ocorreu uma violenta explosão na zona dos edifícios do governo, em Oslo, a que se seguiu o massacre na ilha de Utoya, com um balanço de 77 mortos, a maioria jovens que participavam numa espécie de universidade de verão, organizada pelo Partido Trabalhista Norueguês. Anders Behring Breivik, de 32 anos, o autor, foi descrito como nacionalista de extrema-direita, inimigo da sociedade multicultural e defensor do anti- islamismo.

> > Em Dezembro de 2012, Adam Lanza, jovem de 20 anos, protegido com um colete à prova de balas e vestido de negro, depois de ter assassinado a própria mãe, entrou na escola primária de Sandy Hook, em Newtown, também nos Estados Unidos da América, e matou 20 crianças e seis adultos.

Posto isto, as perguntas:

> > Como nasceu o ódio que levou os jovens protagonistas citados, nascidos no ocidente “civilizado” ou educados nas suas escolas, a fazerem o que fizeram?

> > Como se justifica que jovens europeus abandonem a cultura e os valores em que viveram para se envolverem voluntariamente, com dádiva da própria vida, em acções extremistas, de culturas fanáticas? Que atracção os motiva, que desilusões os catapultam, que ódios os animam, que desespero os alimenta? É o quê? É porquê?

> > Que ódios bombardeiam hospitais, assaltam escolas e assassinam em salas de concerto?

> > As constituições dos estados democráticos têm teoricamente acolhido a educação como componente nuclear do bem-estar social. Mas nem sempre a têm promovido, na prática, a partir do enraizamento sólido dos valores civilizacionais herdados. A substituição da visão personalista pela utilitarista tem empobrecido a nossa filosofia de ensino e aberto portas a desesperos e fanatismos. A solidão e o abandono, tantas vezes característicos desta via, podem ser compensados com o aliciamento fácil para pertencer a grupos fanáticos, dotados de cativantes espíritos de corpo, sejam eles religiosos ou políticos.

> > Talvez fosse tempo de roubar tempo ao tempo, ao tempo dedicado às chamadas disciplinas estruturantes, para termos algum tempo para olhar o modo como empregam o seu tempo os jovens para os quais nem a Escola, nem as famílias, nem a sociedade, têm tempo.

> > Talvez seja tempo de todos, particularmente os que definem as políticas de educação, relerem uma carta a um professor, transcrita no livro Saberes, Competências, Valores e Afectos, Plátano Editores, Lisboa, 2001, de João Viegas Fernandes:

“… Sou sobrevivente de um campo de concentração. Os meus olhos viram o que jamais olhos humanos deveriam poder ver: câmaras de gás construídas por engenheiros doutorados; adolescentes envenenados por físicos eruditos; crianças assassinadas por enfermeiras diplomadas; mulheres e bebés queimados por bacharéis e licenciados…
Eis o meu apelo: ajudem os vossos alunos a serem humanos. Que os vossos esforços nunca possam produzir monstros instruídos, psicopatas competentes, Eichmanns educados. A leitura, a escrita e a aritmética só são importantes se tornarem as nossas crianças mais humanas”.

Porque, digo eu, parece não termos aprendido com a História. Porque, insisto eu, podemos policiar ruas e caminhos, estádios e salas de concerto, mas só pais, professores, tolerância, justiça e amor moldam consciências.

* Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)



A Paula Teixeira é realmente uma fada, e a Rita Correia faz magia quando ilustra.
A Cristina Ferreira fez o prefácio e apresentará o livro com o César Mourão.
Estão portanto reunidas todas as condições para um excelente, divertido e ternurento fim de tarde.
Apareçam!

(Nonô) Mamã, desculpa, mas vais ter de me levar ao colo.

(Mãe) Não sejas preguiçosa.

(Nonô) Agora não é preguiça. Tens mesmo! Eu não consigo!

(Mãe) Consegues, sim.

(Nonô) A sério, mãe. Eu não consigo! Eu transformei-me numa sereia...


E quando a argumentação chega a este nível, alguém resiste a levá-la ao colo?





(Nonô) Mamã, é já amanhã que vou conhecer o senhor que escreveu "O Coelhinho Branco"

(Mãe) É, sim.

(Nonô em êxtase) Eu adoro o António "Tostado"!


Desculpa, António Torrado... mas o que eu já me ri com isto!




Apareçam! O Instituto de Apoio à Criança precisa do apoio de todos nós...




Palavras para quê?

A coleção é velhinha, vendia-se com o Expresso há uns anos, mas continua a ser solicitada de cada vez que um dos meus filhos dá as Fábulas na escola.
A narração é da Bárbara Guimarães e as músicas (viciantes!) do Gonçalo Pratas.
Hoje cantámos e dançámos ao som d'O Pescador e o Peixinho.


E amanhã há mais! Arroz com pardais...
O Afonso tem sempre dificuldade em adormecer, e hoje resolvi experimentar com ele uma nova técnica, que dizia assim:


"Chama-se Técnica do 4-7-8 e foi descoberta pelo Dr. Andrew Weil, doutorado pela Harvard Medical School, EUA. Esta técnica vai garantir-lhe um sono profundo e relaxado.

Como funciona esta técnica?

Trata-se de uma técnica completamente natural, que o vai fazer adormecer em pouco tempo, e com uma sólida base científica que a apoia.

Quando estiver com problemas em adormecer lembre-se destes números 4-7-8, pois são estes que vão determinar a partir de agora a sua respiração quando quiser dormir tranquilo.

Passos:

1 – Expire pela sua boca completamente deixando todo o ar sair com um som tipo “oooosh”.
2 – Feche a boca e inspire silenciosamente pelo nariz contando até ao número 4.
3 – Pare a sua respiração, mantenha o ar nos pulmões e conte mentalmente até ao número 7.
4 – Expire completamente pela boca com um som “oooosh” contando até ao número 8.
5 – Esta foi a primeira respiração. Agora faça de novo até perfazer um total de quatro respirações."

http://www.contioutra.com/a-incrivel-tecnica-4-7-8-que-faz-dormir-em-um-minuto/

Deixou que fizesse com ele, cumpriu à risca, foi deixando cair os olhinhos...

(Mãe) Muito bem, agora dormes tranquilo.

Escancarou os olhos.

(Afonso) O quê? Já acabou???

(Mãe) Não ficaste nem um bocadinho ensonado?

(Afonso) Nop! Ler o "Chocolate à Chuva" continua a ser o único método realmente eficaz...


(e desculpa, Alice Vieira, este livro marcou-me e marcou a minha geração, mas ele é um rapazola viciado em histórias de universos alternativos...)
Testes, testes e mais testes.
Nova ronda de testes, a quadriplicar.
Pelo meio, miminhos dos filhotes:

(Sebastião) De certeza que no teste de Português vamos ter de fazer um convite...
(Mãe) Então vá, inventa lá um convite, para treinares.

Esteve fechado no quarto alguns minutos e depois aparece-me com isto.



Fez-me sem cabelo e feioza (a Cristiana Resina ficou muito mais giraça!), mas miminhos destes nunca se desvalorizam...


Estão todos convidados a aparecer!

Eu estarei por lá com o António Torrado, a Margarida Fonseca e Santos, a Luísa Ducla Soares e a Raquel Palermo, entre outros autores que contribuíram com textos para esta agenda, a debater os Direitos das Crianças, e de que forma podemos construir uma sociedade que verdadeiramente os respeite.

Podem também encomendar a agenda através do site da IAC , contribuindo dessa forma para os projetos desenvolvidos pelo Instituto da Criança.

Até lá!

"Escolher a paz é escolher a vida"

E a fadinha dos dentes, desta vez, resolveu escrever ao seu amiguinho Sebastião (a quem agora caem dentes quase todos os dias!) sobre a Paz. A falta de juízo dos Homens. E a fé que ela tem no Sebastião.

(Nonô) Mamã, como é que se escreve "querida"?

Mamã soletra. Alguns minutos depois:

(Nonô) Mamã, fiz-te uma surpresa...




E há lá alguma coisa que se equipare a isto?
Mamã revista os livros da escola da Nonô, para ver o que ela deixou por fazer:


(Mãe) Então e este desenho? Não acabaste porquê?

(Nonô indignada) Ó mãe... nós somos muitos! As coisas em família dão muito trabalho a fazer!
Dudu no carro, de olhos postos na janela.


(Dudu) Este mundo é muito bonito, não é, mãe?

(Mãe) É lindo, filhote. E dá-nos tudo o que nós precisamos para viver.

(Dudu) Mas há pessoas muito más, não é, mãe? Que não vivem com Amor. E a partilhar...

(Mãe) Pois é, Dudu. Temos de partilhar o nosso Amor com todas as pessoas do mundo.


Continuou a olhar pela janela, e eu para ele, do espelho retrovisor. Maravilhada com essa poderosa dualidade, que faz do meu pequeno pestinha uma criatura sensível e amorosa...
Descobri há poucos dias que a Joana Rita Sousa (a "filósofa das crianças") tinha um desafio muito curioso chamado #Filopenpal, e que consiste em trocar cartas com crianças colocando-lhes questões. Apenas isto: perguntar e desafiar a responder.
Ora, se há coisa que eu gosto é de colocar questões aos meus filhos e ouvir as suas respostas. Ou deixar que eles me questionem e tentar responder-lhes. Mas ter a possibilidade de ter uma expert na matéria a interagir connosco, pareceu-me ouro sobre azul. Um desafio genial!
Inscrevi-nos. E ontem chegou-nos a primeira carta da Joana... um envelope muito original com 4 postais dentro, um para cada um dos meus filhos.



Ver os meus filhos de roda dos postais, de olhos muito abertos e a querer saber tudo (quem era essa Joana, o que é que ela fazia ao certo, como é que lhe respondiam, se ela ia voltar a escrever, se podiam também usar pensos rápidos para colar as cartas deles...) fez-me logo acreditar que aquele ia ser um desafio promissor.
As perguntas da Nonô e do Dudu são mais simples, divertidas e naturalmente adequadas à idade deles (e eu ainda terei de responder com eles).
A do Titão parece simples, mas assim que ele começou a pensar nela percebeu que tinha muito que se lhe diga...
E a do Afonso... bem, a do Afonso não era uma pergunta, mas um desafio para ele colocar à Joana três perguntas.

(Afonso) Já sei o que lhe vou perguntar...

(Mãe) Então o que é?

(Afonso) Isto é entre mim e a Joana. Eu tenho uns correios ao pé da escola, vou ser eu a pôr a carta no correio.

Engoli a curiosidade. Ter filhos crescidos tem destas coisas. Joaninha... está por tua conta!


E agora toca a espreitar o blog da Joana - http://joanarssousa.blogs.sapo.pt - e a deixarem-se desafiar também, com os vossos filhos, sobrinhos ou netos...
Mamã espreita à porta do quarto do Dudu, a ver se ele já saltou da cama para ir tomar o pequeno-almoço.


(Dudu) Ufa! Ainda bem que isto não é um sonho...

(Mamã) Isto o quê, meu amor?

(Dudu) Isto tudo.

(Mamã) A vida?

(Dudu) Sim.

(Mamã) Tinhas medo que isto fosse um sonho, era?

(Dudu) Sim. Depois eu acordava e tu já não eras minha mãe...


O que ele terá sonhado, não sei. Se a vida não passa de um sonho, também não sei. Mas senti-me muito privilegiada por fazer parte daquilo que ele considera os seus melhores sonhos...
Tarde de domingo a brincar às palavrinhas...


E viva a Caixinha das Palavras da Porto Editora! No Natal tenho tudo a ler...

(Nonô) Mãe, toma este código.


Facultou-me um papelinho com um número comprido, inventado por ela.


(Mãe) Isto é para quê?

(Nonô) É o código de acesso ao meu quarto. Tens de decorar e depois escondes o papelinho.


Havia mais dois códigos, que ela entregou aos irmãos mais velhos. O Dudu não tinha direito a código (sempre que lá entra faz algum disparate). E assim vai trabalhando o seu conceito de privacidade. Vedando o acesso a quem não deseja ter por perto. E qualquer dia, que é o mais certo, eu deixarei de ter acesso ao "código secreto"... Até lá, há que ir entrando, usufruindo do espaço e conversando o mais possível sobre o mundo lá fora e o nosso mundo interior também.



Imperativo ver. Imperativo refletir e pôr os nossos filhos a pensar.


(Afonso) Eu acho que isto tudo começou com as primeiras civilizações, que eram sociedades privadas... Talvez se o mundo continuasse a ser de todos, nunca tivéssemos chegado até aqui...

(Mãe) Não sei, filho. Porque antes disso as tribos também combatiam umas contra as outras, lutavam por território e pelos recursos. As sociedades tentaram criar organização. A verdade é que a sede de poder e de controlo é algo que está no ser humano. Enquanto não conseguirmos livrar-nos disso, nunca conseguiremos arranjar nenhum modo de vida que seja realmente eficaz, para todas as espécies, de uma forma sustentável.

(Afonso) Mas como é que fazemos isso?

(Mãe) A minha única esperança é na educação. O ensino tem necessariamente de deixar de ser um ensino competitivo. Se vocês crescem a competir para serem os melhores, essa semente que já existe em nós, será alimentada. Com consequências. O ensino devia ser algo que trabalhasse o nosso auto-conhecimento, a nossa capacidade de entreajude e solidariedade, o respeito pela diferença, a criatividade ao serviço do todo, a sustentabilidade...

(Afonso) Devíamos deixar de tentar ser os melhores, para aprendermos a dar o nosso melhor.

(Mãe) E temos mesmo de dar o nosso melhor para consertar este mundo, Afonso...


Olhos presos no computador. Corações suspensos no mundo.


(Afonso) Não sei se conseguimos sozinhos. Os alliens deviam mesmo vir ajudar-nos a dar conta disto...


E constato que o meu filho tem mais esperança em raças e civilizações que não temos a certeza de existirem, do que na nossa.
E penso para comigo que a Educação precisa também de ser uma fonte de esperança. Não num bom emprego, poder e em riquezas. Mas num mundo melhor que cada aluno poderá ajudar a construir.

Dia de choque.
Noite de juntar a filharada e explicar-lhes que o mundo não está nada bem. Que precisamos de estar unidos e trabalhar a nossa coragem e perseverança, a nossa serenidade e a nossa sabedoria, para sermos agentes de mudança. Vivemos num mundo global. Não somos apenas da nossa família, da nossa rua, do nosso clube, do nosso país, do nosso continente. Somos humanos e temos obrigação de trabalhar por uma Humanidade melhor, a todos os níveis e em todas as frentes. Por nós e por todas as criaturas que habitam este planeta.
Abraço de grupo.
Amanhã será outro dia...



Sensibilizar os mais novos para a importância de defender os nossos mares e oceanos, bem como as espécies que neles habitam, é uma das principais atividades da Sailors for the Sea Portugal... e a minha também!

Deste encontro de vontades nasceu "A Garrafa Mágica", um livro para os mais novos, editado pela D. Quixote, que pretende espalhar esta mensagem através da história de um menino que encontra uma garrafa mágica que vai mudar a sua vida...

Aqui fica a reportagem que passou na SIC K sobre o trabalho da Sailors for the Sea e este livro que já está nas livrarias à vossa espera...



(Afonso) Mãe, vou votar na lista A.

(Mãe) Porque eles oferecem esses óculos, é?

(Afonso) Óculos, T-shirts, coisas para enfeitar as portas... e hoje foi lá um rapper cantar à escola!

(Mãe) Muito bem! E qual é o programa deles? O que é que eles pretendem fazer ao longo do ano, se ganharem?

(Afonso).......

(Mãe) ??????

(Afonso) Ó, mãe... acha que isso interessa?



E assim se fermentam os futuros políticos e eleitores do nosso país...
É dedicado aos meus filhos, mas aos vossos também.
E o meu obrigada a todas as Mães e Pais que, mesmo com todos os seus receios, dúvidas, ansiedades, defeitos e contradições, procuram dar sempre, aos seus filhos, o seu melhor...

http://mariacapaz.pt/cronicas/carta-aos-meus-filhos-por-sara-rodi/

(Afonso) Mãe, mandei esta pergunta para aprovação do Trivia Crack... Só não sei se vai ser aprovada!




Não vai, seguramente. Mas com filhos destes a puxar por nós, quem é que precisa de ter uma pergunta no Trivia Crack?
(Afonso) A avó gostava muito que eu fosse médico. Ou advogado. Diz que até já tem um bom escritório para mim.

(Mãe) Um escritório pode servir para muitas profissões. Tens de escolher a que te fizer mais feliz.


Afonso reflete.


(Afonso) Posso montar um escritório de palhaços. Só podem entrar palhaços. A porta é muito pequenina, para se bater sempre com a cabeça, e a chave é uma chave enorme, do tamanho de um braço, que eu escondo sempre debaixo do tapete para não ser roubado.

(Mãe) Tu também vais ser palhaço, presumo.

(Afonso) Claro! Eu sou o chefe dos palhaços!


Augura-se um excelente futuro para este meu filho...
Mãe e Afonso nas suas dissertações místicas...


(Mãe) Afonso, quando começarmos a contactar com alliens, como é que achas que vai ficar a ideia de Céu? As pessoas vão acreditar num Céu para cada espécie? Ou num céu onde ficam todas as espécies do universo?

(Afonso) Bolas, era preciso um grande Céu. Só da espécie humana, juntar todos os Homens, desde a pré-história... E não sabemos se o céu também é para os animais...

(Mãe) O que é que tu achas, Afonso?

(Afonso) Da maneira como andam os homens, o céu mais certo que os animais têm é... o céu da boca!
A tarde estava a pedir um bom programa, e resolvemos fazer-nos à estrada até à Cordoaria Nacional, onde está a exposição Real Bodies. Esperavam-nos dois entraves:

- Fila de 1 hora - que só suportámos com o jogo de cultura geral do telemóvel (e até tivemos tempo de o experimentar em diferentes línguas e propor as nossas próprias perguntas) e o "coca-cola, pepsi-cola" e o "Sabonete Tinta Azul" (aquele joguinho com as mãos que os gémeos aprenderam na escola) em alta velocidade.
- Designação do bilhete-família: 2 adultos e respetivos filhos. "E se for só uma mãe com 4 filhos?" Foi preciso ir falar com um colega, saber se cumpríamos todos os requisitos para usufruir do pacote. Felizmente sim :)

Entraves à parte, a exposição valeu mesmo a pena. Ficámos todos a conhecer muito melhor o corpo humano... ou mais ou menos!


(Dudu a espreitar uns pulmões de fumador) Já sei, mãe... Os pulmões ficam pretos quando nós mentimos!

(Mãe) Não, Dudu. É de fumar.

(Dudu) O pai fuma mas mente e diz que não fuma...





"São centenas de corpos e órgãos verdadeiros e conservados, parados ou a simular movimentos, desde coisas que fazemos no quotidiano, a desportos específicos. Não é por acaso que é considerada a exposição de anatomia maior e mais completa de sempre, que já foi vista por mais de 15 milhões de visitantes em todo o mundo. O último local onde esteve, antes de Lisboa, foi Itália.

Os órgãos e corpos que se vêm na exposição, segundo a organização, são de cidadãos que viveram na China e que, depois de morrerem, não foram reconhecidos ou reclamados. Por isso, foram entregues para a investigação científica."

Tarefa de fim de semana com a filharada: fazer um vídeo #EarthforParis.
Quem se junta?


"O meu amor pelas crianças é a fundação de todo o meu trabalho. Eu amo-as e quero que cresçam seres humanos decentes..."
(Enid Blyton)

"Mais Aventuras no Colégio de Santa Clara", a Enid Blyton e eu, no programa "Literatura Aqui", da RTP 2 (Minuto 7'40'')

http://www.rtp.pt/play/p1990/e212283/literatura-aqui


Vá, chorem lá comigo!

Bravo, Ikea!

Assisti ontem à ante-estreia do filme "As Sufragistas", antecedido de um excelente debate sobre o que tem sido a luta da mulher portuguesa pela igualdade de direitos e de oportunidades, e o que lhe falta ainda conquistar. (Obrigada, ‪#‎mariacapaz‬!)
Desafiada a dizer o que falta (porque ainda falta, efetivamente, muita coisa), referi um dos aspetos que me toca particularmente e que tende tantas vezes a ser esquecido, que é o da valorização e dignificação da maternidade. Num país onde não há crianças, não consigo compreender como é a maternidade ainda encarada apenas como uma escolha pessoal, um extra que cabe ao casal gerir, como uma espécie de trabalho de voluntariado que ainda por cima todos exigem que seja cumprido exemplarmente, quando não é dado à mãe nem ao pai, tempo e apoios para o exercerem como gostariam. Como é possível que, num país em que ansiamos tanto por uma geração mais bem preparada para o futuro, a todos os níveis, os pais continuem a ter de trabalhar tanto e até tão tarde, muitas vezes mais do que quem não tem filhos, porque os filhos duplicam, triplicam ou quadriplicam as despesas? Queixamo-nos de que continua a ser a mulher a primeira a desistir da sua carreira para apoiar os filhos, e dizemos, ironicamente, que ela "não trabalha", esquecendo-nos de que essa mulher trabalha das 7 às 21h (pelo menos!) todos os dias, sem direito a feriados, fins de semana ou férias, e sem receber nada por isso. Nem sequer o reconhecimento da importância que o papel de uma Mãe (e de um Pai também, claro!) tem na formação dos futuros cidadãos do seu país.
Longe de mim desejar que todos as mulheres deixem os seus empregos para irem para casa cuidar dos filhos! Não é, de todo, disso que se trata. Apenas desejo viver num país onde mães e pais (porque deve haver igualdade neste matéria) possam ter mais tempo, apoios efetivos e eficazes, e o reconhecimento da importância da sua função, enquanto educadores daqueles que nos sucederão. E, no caso de ser necessário um dos membros do casal dar mais apoio aos filhos, essa sua disponibilidade e entrega ser-lhe reconhecida, valorizada e devidamente apoiada.
Eu, da minha parte, gostava de colocar cada um dos meus filhos no meu currículo. E ai de quem se atreva a dizer-me que aquilo que trabalhei por cada um deles, e aquilo que aprendi com cada um deles, tem menos valor do que qualquer outra tarefa que eu pudesse desempenhar...

Dos 61 livros que foram adoptados para as turmas dos meus filhos, só se aproveitaram 4 dos irmãos...
Também apagámos muito e aproveitámos pouco ou nada...
Estou consigo, Bárbara Reis!

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/este-ano-gastamos-tres-borrachas-a-apagar-manuais-para-nada-1712976
Um dia vou tirar todos os autocolantes da fruta que os meus filhos colaram na despensa...


Mas não, hoje não foi o dia...
1 mês e meio de escola...



E quem adivinha qual é, neste momento, a sua cor preferida?
... quando são todos diferentes!


Depois de um domingo com:

- 2 trabalhos de grupo cá em casa, um sobre Viagens Espaciais outro sobre o Xisto.

- 3 fichas de TPC para cada um dos gémeos (para fazer com eles, separadamente!)

- 2 jogos de hóquei em Torres Vedras (tarefa delegada ao santo Pai das crianças, felizmente)

- Mudança substancial dos 5 armários de roupa (parece que chegou finalmente o frio!)

- 2 máquinas de roupa e 2 de louça

- Bicharada tratada

- Almoços, jantares e lanche para esta gente toda


Vou finalmente sentar-me ao computador a fazer o meu trabalho.

(sim, porque cuidar dos filhos e da casa e dos animais não é considerado trabalho. Irónico, não?)
Afonso a roer uma maçã, pensativo.

(Afonso) Se eu pudesse agora mudar o mundo, sabe o que é que eu fazia? Em primeiro lugar, acabava com tudo o que é tecnologia.

(Mãe) Não acredito que me estás a dizer isto... Tu adoras a televisão, o teu computador e o teu telemóvel!

(Afonso) Mas se era para consertar o mundo, tinha de ser, mãe! Sem tecnologia, voltava a haver mais emprego, acabavam-se as fábricas e a poluição...

(Mãe) Mas se calhar não precisamos de ir tão longe, não? Isso era um grande retrocesso. A tecnologia também cria emprego. Precisamos é de encontrar mais fontes de energia limpa...

(Afonso) Mas a tecnologia também isola muito as pessoas. A segunda coisa que eu fazia era organizar as pessoas em comunidades que se sustentassem sozinhas. Até podia ser uma comunidade grande, mas tinha de produzir aquilo que precisava.

(Mãe) Nisso concordo em absoluto contigo, e há já muitas comunidades dessas a nascer. Algumas no nosso país. Acho que o futuro tenderá para aí. Por isso é que a mãe anda a teimar que temos de refazer a horta cá em casa. Temos de arranjar forma, em família, de sermos mais autosustentáveis.


(Afonso) Ya... Mas eu acho que sou melhor a pensar do que a fazer...


À parte a sua preguicite aguda, fico sempre muito satisfeita quando o vejo a pensar sobre o futuro, e em formas de a Humanidade se reorganizar, que garantam uma vida melhor e mais sustentável. Aos 4 anos dizia-me que ia criar uma nave para salvar a Humanidade. Talvez um dia possa mesmo vir a ajudar a espécie Humana a recomeçar, do zero, lá num planeta distante. E aí, sim, precisaremos de toda a (sua) criatividade...

PS - Vou levá-lo a Tamera! Está decidido...
No carro, a caminho da primeira escola onde todos os meus filhotes andaram:

(Mãe) Meninos, hoje vocês vão rever as vossas primeiras professoras. Se calhar já não se lembram, mas elas foram as primeiras a aturar-vos!

(Nonô) Não foram, não. A primeira foste tu!

(Dudu) Pois foi. Tu é que foste a nossa primeira professora de todas. E continuas a ser. És uma professora-mãe!


E é isto...

Afonso vê umas quantas notícias no telejornal sobre o que vai por aí no mundo. Desgraça, desgraça e mais desgraça. E a dada altura não se contém.

(Afonso) O mundo vai de mal a pior! Sinceramente, acho que o ser humano nunca devia ter passado da fase recoletora...
De cada vez que o meu filho Afonso resmunga que o ensino está obsoleto, desajustado, ilógico e ineficaz, desafio-o a pensar em modelos alternativos. E as ideias surgem-lhe. E as ideias são pertinentes. Arrojadas, mais ajustadas, lógicas e, quem sabe, eficazes.
Outra mãe americana fez o mesmo com o seu filho, e acabou a criar um projeto que estimula os jovens a idealizarem o seu próprio modelo de ensino...


"Quando Sam chegou em casa reclamando de achar suas aulas desinteressantes e sem propósito, sua mãe provocou: “Bom, então porque você não cria sua própria escola?”.

Algumas semanas depois, o “Projeto Independente”, uma escola-dentro-da-escola projetada e dirigida pelos próprios alunos, na Monument Mountain Regional High School, em Great Barrington, nordeste dos Estados Unidos, iniciava seu semestre piloto."

E o resultado aqui está...




E AQUI o artigo, em Português.

(Mamã) Meninos, se algum dia acontecesse alguma coisa à mamã, e me vissem aflita, o que é que vocês faziam?

(Afonso) Uma festa??

(Mamã) Estou a falar a sério!

(Afonso) Ligava para o 114!

(Mamã) 114?!

(Afonso) Para fazer uma chamada anónima, a gozar com alguém. Só depois é que ligava para o 112.


Mãe ignora o Afonso e volta-se para os outros filhos.


(Mamã) Perceberam, meninos? Se estiverem sozinhos com a mãe ou o pai, e nos virem aflitos, chamam o 112.

(Nonô) Chamamos como? Vamos à janela e gritamos "Cento-e-doooooze"?


Bem... o melhor é nunca nos acontecer nada!
(Mãe) Então, filho, como é que te correu o teste de Espanhol?

(Afonso) Era fácil. Mas já sei que errei uma coisa.

(Mãe) Então?

(Afonso) Pelos vistos era preciso saber o nome dos reis de Espanha...

(Mãe) E tu não estudaste isso?

(Afonso) Não, passei à frente. Achei que isso era imprensa cor-de-rosa...
Chega um livro novo a casa. Mamã dá pulinhos de contente.



(Afonso) Outro livro, mãe?

(Mãe) Não é um livro qualquer...

(Afonso) Não sei como dizer-te, mãe... Mas tu estás adicta. Tens um vício por livros. Tens de ser forte... deixa os livros, mãe!


PS - Mas este não é mesmo um livro qualquer! (ou todos os adictos dirão isto?) Uma edição limitada da Guerra & Paz, com textos de Fernando Pessoa sobre as Mulheres, o Casamento e a Solidão...
(Nonô) Mamã, hoje vais à reunião na minha escola?

(Mãe) Vou, sim.

(Nonô, ansiosa) E tu sabes a regras? Não te podes pôr a conversar com as outras mães. E se não vires o quadro, avisa a professora. Não te empoleires na cadeira. Nem te ponhas a mexer nas caixas que estão por baixo, ou ainda perdes o material.

Registei tudo e acho que não me saí mal.
Bolinha azul para o comportamento da mamã.

(Nonô) Mamã, hoje na escola disseram que davam docinhos a quem comesse a sopa rapidamente...

(Mãe) Não acredito!

(Nonô) Mas não te preocupes, mamã... Eu sei que os doces fazem mal, por isso disse que não queria.

(Mãe) Muito bem, Nonô.

(Nonô) E comi a sopa bem lentamente...


Percebi então que as minhas "ensaboadelas" sobre alimentação saudável começam a dar os seus efeitos.
Já enquanto mãe que consegue que os filhos comam em tempo útil, continuo um zero à esquerda...

(Nonô) Mamã, a M. da minha sala leva sempre bolinha vermelha. Mas eu acho que ela não se deve importar muito. É do Benfica!

Felizmente a cor escolhida para o melhor comportamento foi o azul... e a minha filha é do Porto!
(Nonô) Mãe, vou ali para a cama ler um bocadinho...


Dantes, quando o dizia, escolhia um livro, folheava-o e imaginava a história que as imagens revelavam.
Agora, cruza letras, procura desvendar palavras, ler o nome das personagens... Ainda lhe custa, ainda falta um bom bocadinho para conseguir ler uma história do princípio ao fim. Mas, devagarinho, o milagre da leitura começa a acontecer, cá por casa...
Estava para levar os meus filhos há semanas. Aproveitámos uma tarde de chuva, no fim de semana, e deliciámo-nos com "A Viagem de Darwin", a exposição que está agora patente no Templo da Poesia do Parque dos Poetas, em Oeiras.


Os mais pequeninos gostaram sobretudo de ver os animais que Darwin foi encontrando pelo caminho, na sua viagem à volta do mundo. Os mais velhos já procuraram perceber as questões que Darwin colocou e que deram origem à sua Teoria da Origem das Espécies.


Cá em casa gostamos muito de aventar hipóteses, de estudar curiosidades e pôr muita coisa em causa. Darwin, com toda a sua genialidade, deixou umas quantas pontas soltas por explicar, e a arqueologia continua a descobrir provas de que ainda há muito por relacionar e perceber. Mas a exposição é uma boa inspiração para inquietar ainda mais (no melhor sentido possível) as cabecinhas inquietas dos adultos e dos graúdos que a visitam. Ou não fosse a inquietação o melhor ponto de partida para a... Evolução!


(Afonso) Eu podia ser um aluno que adoraria Português. Adoro ler, escrever, analisar textos, inventar poemas, lendas... Mas estou há um mês e meio a dar gramática que não sei para que é que me serve, em aulas de 45 minutos que são a maior seca do mundo. Graças a quem imaginou esta distribuição da matéria, eu sou agora um aluno que odeia Português.

(Mãe) Tu sabes que já há muitos países a reformular o ensino, Afonso... O Brasil tem inúmeras escolas inovadoras. Na Finlândia e na Suécia estão a acabar com as disciplinas...

(Afonso) E não dava para nos mudarmos para um desses países?

(Mãe) Sabes que não é propriamente simples, filho. Mas eu espero que, no tempo dos teus filhos, o ensino em Portugal já seja totalmente diferente.

(Afonso) Nasci antes do tempo, portanto.

(Mãe) Ou talvez tenhas nascido no tempo certo. Se calhar vais ser tu a mudar o sistema...


Sorriu. Não era propriamente a resolução que ele queria para o seu problema, mas quem sabe, do seu problema, não nasça a solução para as futuras soluções...
Mãe a fazer perguntas de Ciências ao filhote Sebastião, que já deitava matéria pelos olhos.


(Mãe) E o solo é afetado por agentes atmosféricos e agentes...

(Sebastião) Imobiliários!


É bom que acorde com as ideias no sítio, ou este teste... já ERA!
Domingo. Dudu acorda e vem enfiar-se na minha cama. Calminho, tranquilo, mimoso.

(Mãe) Acordaste agora, meu amor?

(Dudu) Já acordei há um bocadinho. Mas ainda fiquei na cama algum tempo, a respirar fundo.

Abracinho bom.

(Dudu) Eu queria que fosse sempre assim. Acordar devagarinho. Deitava-me aqui contigo e depois é que nos levantávamos para ir tomar o pequeno-almoço...

E como eu queria também! Até porque o Dudu que acorda devagarinho e respira fundo antes de se levantar é muito diferente do Dudu que é arrancado da cama às 6.45 da manhã todos os dias, com pressa e confusão matinal.

E pergunto-me porque é que, sabendo nós como funciona o nosso corpo, o que nos faz bem e nos faz mal, inventámos uma vida que não o respeita. Que é corrosiva e stressante logo desde a infância. E que, por mais que os pais queiram contrariá-lo, estão eles próprios enredados num ritmo de vida que também não lhes faz bem.

E o Dudu, que queria viver numa aldeia, hoje fez-me pensar que talvez não fosse mesmo má ideia...
(Dudu) Mamã, quero escrever uma carta à Tia Inês.

Não sei de onde lhe veio a ideia, mas quem era eu para dizer que não...
Dobrou uma folha em forma de envelope e fez uma pinta "para ficar bonito".
Depois cortou uma folha até ela ficar com o tamanho que ele queria, fez-lhe linhas e pediu-me que escrevesse num caderno o que queria dizer à tia Inês. Estava preocupado com os primos gémeos que nasceram há pouco tempo e queria pedir à tia que tomasse bem conta deles.
Escrevi exatamente o que ele ditou e ele copiou. Agora é só pôr na caixa do correio da tia... e esperar pela sua resposta!