Os avós vão fazer as vezes de papás por 2 dias... (vivam os avós!) Mas ficam com um valente caderno de encargos de 4 longas páginas...

(Afonso) Ó Mãe... a Nonô fez um desenho no meu caderno de EV...
(Mãe) Para a próxima guarda melhor o caderno.
(Afonso) Ó Mãe... o caderno vai ser avaliado pela professora.

Na confusão do pós-jantar, nem lhe dei resposta. E, quando fui finalmente ver o caderno, percebi que o meu filho já se tinha desenrascado sozinho...


É tão verdade, que até dói.
E em vez de lhes dizermos "Tudo isto um dia será vosso", teremos necessariamente de lhes dizer "Façam melhor do que nós, por favor..."
Conversas de carro:

(Mãe) Sebastião, qual é que a tua maior qualidade?
...
(Sebastião) Jogar futebol?
(Mãe) Mas agora não quero saber uma coisa que tu faças. Quero saber uma coisa que tu sejas.
...
(Sebastião) Engraçado. Acho que sou o segundo mais engraçado da turma.
(Mãe) E qual é o teu maior defeito?
...
(Sebastião) Não sei desenhar bem.
(Mãe) Mas agora não quero saber uma coisa que tu não faças bem. Quero saber uma coisa que tu sejas mas que não querias ser. Ou não ser tanto.
(...)
(Sebastião) Tu dizes que eu devia ser mais empenhado.
(Mãe) Mas não é o que eu digo. É o que tu achas...
...

Ficou sem resposta. E dou por mim a pensar que andamos numa saga tão grande para os nossos filhos saberem tanta coisa, e não os ensinamos a olharem-se e a conhecerem-se, nas suas maiores qualidades e nos seus maiores defeitos. É verdade que ainda são pequenotes. Mas esta é também a fase de ouro para eles se "moldarem". Não para se formatarem, iguais aos outros. Mas para saberem o que pode levá-los mais além e o que é que, de si próprios, lhes pode ser entrave.
Meia hora de silêncio e a mamã teve de ir espreitar os dois marotos mais novos. Descobri-os não a fazer disparates (para variar), mas a dar uma verdadeira aula à bonecada. Todos sentadinhos e com uma folha e caneta à frente, pareciam os alunos perfeitos para a minha dupla de professores.

- Meninos da Nonô e do Dudu... trabalhem!

Hum... Alguém descobriu os batons da mamã...


A Stella agrada sempre. A todos os meus filhos. Mesmo quando é muito pequenina. Mas hoje, terminada a leitura, a Nonô intrigou-se.

(Nonô) Mas a Stella não tem pais? Ela está sozinha em casa, sozinha no jardim, sozinha na praia...
(Dudu) Ohhh! Se calhar os pais dela morreram...

"Stella, a história trágica", não me parece que exista. A verdade é que "Stella, a menina que brincava à vontade, fazia os disparates que queria em casa e passeava sozinha ou com o irmão" é uma realidade que já não existe na cabeça das crianças...
Um excelente artigo sobre o ensino e o que ele terá de mudar:

http://www.publico.pt/temas/jornal/quando-a-escola-deixar-de-ser-uma-fabrica-de-alunos-27008265

"Há muito tempo que a escola se concentra em ensinar aos alunos as competências básicas da matemática, da escrita e da leitura. Agora, estas aprendizagens básicas já não são suficientes. No livro The global achievement gap, Tony Wagner, investigador de Inovação na Educação no Centro de Tecnologia e Empreendedorismo da Universidade de Harvard, descreve o que está a ser ensinado aos jovens nas escolas, por oposição ao que eles deveriam estar a aprender para triunfarem nas suas carreiras, numa economia global.

Wagner defende que a escola deve desenvolver sete "competências de sobrevivência" necessárias para que as crianças possam enfrentar os desafios futuros: pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas, colaboração, agilidade e adaptabilidade, iniciativa e empreendedorismo, boa comunicação oral e escrita, capacidade de aceder à informação e analisá-la e, por fim, curiosidade e imaginação."
E dar com os meus filhos mais velhos a olhar de queixo caído para a televisão, onde estava a ser emitido o videoclip de "Wrecking Ball" de Miley Cyrus - a sua amiga Hannah Montana - é qualquer coisa de que não me vou esquecer tão cedo...

- Passou-se...


E depois de experimentar os livros do Principezinho, do Banana, do Capitão Cuecas, os Comix... o Sebastião encantou-se com o seu primeiro livro! Chama-se "Bat Pat", nunca tinha ouvido falar dele, mas parece que a coleção é vasta. E, antes que o entusiasmo se perca, a mãe vai já falar com o Pai Natal e encomendar-lhe mais uns quantos...

Nonô pinta os olhos com os seus brilhantes, põe a mala ao ombro e decide a brincadeira:

- Eu sou a mulher e vou ter de ir ao médico. Mas temos de falar em inglês, ok?

Parei o que estava a fazer e viu espreitar... duas criaturas de palmo e meio a fazerem de mulher e homem ingleses e a entenderem-se na perfeição numa linguagem absolutamente imperceptível para qualquer outra criatura. Só mesmo gravado!
- Ó mãe, os políticos que fazem as leis têm filhos?
- Sim. Alguns têm.
- Então porque é que eles não fazem uma lei para as crianças receberam um salário?
- Porque não tem lógica, Afonso. O salário é para quem trabalha. Tu queres ir trabalhar?
(Afonso pensa)
- Sim, era boa ideia. Assim não ia à escola...
- No nosso país não se pode trabalhar antes dos 16 anos. Mas imaginando que tu podias ir trabalhar... o que é que tu achas que sabias ou podias fazer?
(Afonso pensa)
- Podia ser psicólogo. Quando fosse lá um pai com um filho que estivesse triste, eu recomendava uns doces e uns filmes fixes, e ele ficava logo bom.
- Para se ser psicólogo é preciso estudar, filho. Pelo menos até aos 22 anos.
(Afonso pensa)
- Já sei! Podia ser pintor.
- Pintor?!? Mas tu não tens jeito para pintar!
- Por isso mesmo. Ninguém me contratava e eu ficava em casa com o subsídio de desemprego.

É certo que estava a gozar, mas ainda assim o assunto vai merecer uma boa discussão ao jantar...
Afonso "esparramado" no sofá, num ataque de preguicite aguda, quando devia estar a fazer um trabalho para a escola...

(Mãe) Tu que achas que és um génio, Afonso, sabes o que é o Fernando Pessoa dizia sobre os génios? Que é verdade que nascem com uma potencialidade imensa, mas se não se esforçarem e não usarem a sua genialidade para produzir, tornam-se uns inúteis. Uns patetas.

Mãe larga a bomba e afasta-se para ir arrumar a cozinha. Algum tempo depois, Afonso aparece na cozinha.

(Afonso) Estive a pensar sobre aquilo que disseste, mãe.
(Mãe) E então? Vais fazer o trabalho?
(Afonso) Não. Acho que prefiro ser um pateta...

Afonso regressa ao sofá. Argumentação sem sucesso...
(Dudu) Mamã, estou com dor de cabeça...
(Mamã) É porque estás cansado, filhote.
(Dudu) Eu acho é que tenho muitos meninos a brincar na minha cabeça...

Pois... Também é uma possibilidade.
São as terceiras desta semana a regressar a casa esburacadas...


Tenho cá para mim que roupa rasgada é sempre sinónimo de brincadeira da boa. Não há é orçamento que aguente!
Publicidade fresquinha!!!

A wook inicia hoje a sua campanha de Natal com 25% de desconto. Como andam por lá os meus livros, e alguns são verdadeiramente difíceis de encontrar, aqui deixo os links aos interessados:

http://www.wook.pt/product/facets?palavras=sara+rodi (adultos e jovens)
http://www.wook.pt/product/facets?palavras=sara+rodrigues#section:pSearchButton_1 (pequenada!)

- Então, Afonso, como correu o teste de Português?
- Era fácil, mas o texto não correu como eu queria. Ia bem lançado, mas depois vi no enunciado que não podia ter mais do que 140 palavras. E eu já ia nas 180 e tal!
- Então e depois?
- A professora vai perdoar-me o que eu fiz a mais. Mas o texto não vai ficar tão bom, porque estava a ir todo ao mesmo ritmo, e depois tive de lhe dar um fim acelerado.

Gostei de o ver falar no ritmo do texto (e, para mim, não há um bom texto que não tenha um ritmo próprio). Mas não compreendi o porquê de composições com limites de palavras no 5º ano. Eu até acho que o limite de palavras é um bom exercício para trabalhar o poder de síntese. Mas no 5º ano não seria melhor fomentar o "dá largas à tua imaginação"? O "escreve o mais possível e liberta tudo o que tens em ti"?
Ontem foi dia de Encontro de Filosofia para Crianças, na Universidade Católica Portuguesa. Eu ia no papel de Mãe (estava portanto em minoria, porque naturalmente a discussão e partilha eram mais endereçadas a facilitadores, educadores e professores), e foi muito interessante ouvir os testemunhos de quem, no terreno, já está a implementar a Filosofia para crianças, seja nas escolas, em workshops, no desenvolvimento de materiais próprios, etc.
Acho, efetivamente, que esta é a primeira vez, em toda a História do Homem, que estamos verdadeiramente a democratizar o pensar. O nascimento da escola pública foi, no seu contexto, um passo importante para essa democratização, mas a escola foi (e continua a ser, na maioria dos casos) um espaço de conhecimento balizado, de "formatação" dos futuros trabalhadores e cidadãos do país, sem grandes oportunidades (de espaço, de tempo) para potenciar os "Porquês" da infância, que são talvez os mais importantes porquês da nossa vida toda. Não havia, salvo raras excepções, a promoção de uma liberdade do pensar e do sentir, como agora se está a tentar promover.
Claro que nem todos virão a ser pensadores. No meu microcosmos cá de casa, tenho 4 crianças completamente diferentes com estruturas de pensamento e ação diferentes. Não irão os 4 pensar o mundo no futuro, porque felizmente alguns deles são os que vão agir, os que vão criar, e até mesmo os que vão cumprir. Todos terão o seu papel diferente, e é assim mesmo que tem de ser. Mas há, pela primeira vez na História, uma vontade de oferecer liberdade a todas as crianças, e isso inevitavelmente vai ser determinante para uma mudança profunda na sociedade como a entendemos hoje. Uma criança com liberdade para questionar, põe em causa o que não lhe serve. E, se aliar o pensar à criatividade, vai recriar o que não lhe serve, de forma a servir. Sempre houve quem o fizesse. Quem chocasse, por isso. Até quem fosse queimado vivo, por isso. Alguns tornaram-se génios. Outros nunca foram compreendidos. Sempre foram os "diferentes". Os "loucos". Os "marginais". Os "génios" (dentro ou fora do seu tempo). E agora estamos a criar a possibilidade de todas as crianças o serem e fazerem, desde já, nos seus dias. De todas tirarem de dentro de si as dúvidas, as inquietações, as vontades de mudança... e fazerem-no. E mudarem-no.
A Filosofia para Crianças - assim como a Criatividade - deveriam ser, a meu ver, disciplinas obrigatórias em qualquer escola. Mas não tenhamos dúvidas de que estamos a promover, como alguém dizia ontem, uma "revolução silenciosa". E essa revolução não pode restringir-se à sala de aula, uma vez por semana, ou ao workshop, uma vez por mês. Tem de ser uma luta diária, de várias frentes, com vários aliados, que são todos aqueles que intervêm no dia-a-dia da criança e a preparam para o amanhã.
Falava-se ontem sobre quem está ou não habilitado a promover debates filosóficos, e eu claramente não estou nem estarei, no sentido académico da coisa (e desculpem-me a franqueza, nem quero estar, porque apesar de ser uma estudiosa por natureza, cada vez me identifico menos com as formalidades do meio académico). Mas ninguém me tira da ideia que, de entre todas as obrigações inerentes dos pais, está também a de porem os seus filhos a pensar. A debater a sua existência, a sua essência, o mundo em que se inserem e o que querem fazer dele. Filosofia ou não, não interessa. Para mim, Filosofia é a Vida. E, no caso concreto da Filosofia para crianças, é a promoção de um mundo que finalmente se auto-questiona com liberdade, para se tornar naquilo que realmente possa vir a satisfazer o ser humano.


Acabaram-se os meninos e as meninas nos desenhos dos meus mai'novos. Ultimamente o que lhes sai é disto:

(uma árvore de maçãs e maçãs a voarem com o vento - made by Nonô)

(uma árvore de maçãs, relva, o caminho de um comboio e um foguetão - made by Dudu)
E, depois de uma quinta-feira de testes, nada melhor para relaxar do que... finalmente... fazer a carta ao Pai Natal!!!

A cartita do Titão.

A cartita da Nonô.

A cartita do Dudu (que só quis 3 coisas e ninguém o convenceu a escolher mais. Pedi-lhe que tentasse copiar o nome dele, para encher o espaço vazio, e escreveu "FA". Pedi-lhe que tentasse mesmo fazer o nome dele... e voltou a escrever "FA". Nada a fazer. Quem é do contra é do contra e acabou-se!)
Afonso e Sebastião na parte traseira do carro:

(S) Imagina que estavas num deserto sem ninguém... O que é que fazias? Com A.
(A) Comprava um Avião para sair dali para fora.
(S) Imagina que não tinhas avião. Com J.
(A) Jogava Póker para ganhar dinheiro para comprar um avião.
(S) Não podias comprar um avião. Com Z.
(A) Comprava uma Zebra para jogar póker comigo.

Riram a bandeiras despregadas...

(Mamã) De onde é que veio esse jogo?
(A) Fui eu que inventei. Quando um amigo meu estava meio tristonho, comecei a dizer-lhe para pensar que estava numa ilha deserta, e imaginar o que é que podia lá fazer...

A parte das letras veio depois, para tornar o desafio criativo mais complexo. E eu diria que, se jogássemos a este jogo sempre que estivéssemos em baixo, parte do problema ficava logo resolvido...
Sebastião e o Estudo do Meio:

- O que eu ainda não percebi muito bem, mãe, é a função "escritora".

(Efetivamente, a escrita é muitas vezes uma forma de excreção... Não esteve assim tão longe da verdade!)


Afonso e o Português:

- Afonso, na composição de amanhã é que podes puxar por toda a tua criatividade.
- É para descrever um espaço. Mas estou a pensar usar muitos recursos estilísticos...

(Teme-se o pior...)
Teste de História. O Afonso chegou a casa muito satisfeito. Não tinha conseguido rever o teste, mas em compensação tinha feito dois textos "muito criativos".
- Num teste de História, filho?!
Temi o pior...
E o pior até não aconteceu. Teve boa nota. Mas claro que, empenhado em fazer textos "muito criativos", parte da matéria ficou pelo caminho...

Texto 1:
Elabora, na tua folha de ponto, um texto em que:
- Apresentes os três tipos de relevo, a altitude e a formação.
- Refiras o significado da rede hidrográfica.
- Indiques os elementos que fazem parte o clima.

Texto do Afonso:
"Havia um pódio de alturas lá na minha terra. Em primeiro lugar as montanhas, com mais de mil metros de altura. Depois os planaltos, que ficaram em segundo, que medem de duzentos a mil metros. E, por último, coitadinhas, são as fraquitas das planícies.
Um dia os meus netos pediram como história que eu lhes explicasse como é que se formam. E e disse.....
(...)
Agora, vão-se deitar. Boa noite!"

Texto 2:
Elabora um texto sobre os seguintes aspetos das tribos recoletoras: (...)

Texto do Afonso:
"Era uma vez um Humano. Mas não é um Humano como nós, é um membro de uma tribo recoletora. Como ainda não sabe fazer criação de gado nem fazer a agricultura, tem de caçar, pescar e procurar plantas para se alimentar. Por isso, vive em tendas feitas de pele de animais. (...)"

Abracei-o, embevecida. Mas se calhar é melhor explicar-lhe que nem todas as matérias precisam de textos "muito criativos". Que, às vezes, é mesmo melhor preocupar-se em pôr lá a matéria...



A mamã pede. A mamã exige. A mamã suplica.

- De manhã, têm de ser rápidos e eficazes. POR FAVOR!

Mas o Sebastião faz aviões na sanita. O Afonso dança em frente ao espelho. A Nonô faz desenhos com tudo o que apanha e o Dudu faz birras por tudo e por nada. Temos conseguido enfiá-los todos os dias no carro a tempo e horas, mas sai-nos do pêlo. E hoje, ainda estava eu a respirar fundo e a apanhar o "rasto" que cada um deles tinha deixado pela casa, deparo-me com este espectáculo na casa de banho:


Como se não tivessem mais nada para ocupar o seu tempo, ainda se entretiveram a lavar os dentes ao tubarão de borracha!
Claro que tem graça. Muita graça. Só preciso de saber onde comprar uns nervos de aço!
A mamã anda a prometer que vamos fazer a carta ao Pai Natal desde o fim de semana. Arranjou catálogos de brinquedos para os filhotes mais novos, pô-los a riscar e a rabiscar, mas entre os testes dos manos, as festas de anos, os treinos de hóquei e os jogos da Seleção, não houve tempo para a fase decisiva, a da concretização.
- Amanhã fazemos.
- Se calhar vai ter de ser amanhã.
- Amanhã vai ser sem falta.
Nunca mais era. E o Dudu, farto de nunca mais ser, resolveu desenrascar-se sozinho...


- Toma, mãe. Já fiz a minha carta ao Pai Natal...

Só pelo poder de iniciativa, acho que já merece um presentinho ou outro...

Mais uma "obra de arte" da minha pequena Nonô. Uma raposa na floresta, diz ela. E a mamã acredita.
E hoje, na história de boa-noite, os peixinhos comeram-se uns aos outros, e o último foi pescado por um menino maroto.




(Sebastião) É a cadeia alimenta, mãe.
(Afonso) É a lei da vida...

A história até era mais para a dupla mais nova, mas eu diria que a dupla mais velha é que a entendeu na perfeição...
E depois de uma tarde a correr entre a Matemática do Afonso (e o seu alegado cansaço crónico), o Estudo do Meio do Sebastião (e a sua cabeça no ar), o puzzle da Nonô (que era para 6 anos, mas ela insistia que tinha de o fazer... comigo!), o Dudu resolveu fazer esta linda obra de arte, no livro que o irmão mais velho vai trabalhar na escola...


A mãe já estava em modo Domingo-à-tarde, ou seja, com a paciência a roçar o limite e a voz a começar a atingir os limites suportáveis pelo ouvido humano. Contou até 10, por respeito à avó que veio dar uma ajuda, mas subiu as escadas com o Dudu aflito já adivinhar o pior. E, perante o desespero do filhote mais novo, tirou todos os livros que o Dudu tinha no seu quarto, aos montinhos, e amontoou-nos no corredor.


- Enquanto não souberes respeitar os livros, não tens direito a nenhum!

Chorou, berrou, esbracejou, esperneeou, depois pediu desculpa, prometeu que não voltava a fazer... Mas os livros hoje dormiram no corredor. O Dudu adormeceu de quarto vazio e eu de coração apertado. Quem disser que é sempre fácil ser pai/mãe, diz uma grande mentira.

PS - Mas compensa sempre, ok?
- Ó mãe, o Papa Francisco já morreu?
- Não, filho, ainda está vivo.
- Vive lá noutro país com o outro papa?
- Só há um Papa, filho.

(Dudu pensativo)

- Mas ele não vive lá com outro Papa?
- Bem, mais ou menos. Vive lá com outro que não é bem papa mas já foi.
- Sabes que quando eu e a Nonô formos crescidos o Papa Francisco já não vai existir. Só o outro Papa.

E pronto. Quando o rapaz começa a profetizar, é deixá-lo falar e esperar para ver...
Nonô a contar mais uma história à sua bonecada. Um pouco mais afastado, a observá-la, estava um Homem Aranha:


- Também estás a contar a história ao Homem Aranha?!
- Não! Esse maroto é que está a espreitar, para ver se me apanha com a sua teia...

Quanto não vale a imaginação!
Já há algum tempo que defendo a importância de levar a Filosofia às Crianças. Eu sei que o nome Filosofia costuma assustar um bocadinho, há sempre pais e professores que recordam os seus professores monocórdicos, às vezes loucos, do liceu, e que acham que a Filosofia é mais uma das grandessíssimas secas do ensino.
O nome Filosofia vale o que vale. Por mim podem chamar-lhe outra coisa qualquer. Ou podem nem lhe chamar coisa nenhuma. Desde que ponham as crianças a pensar.
Andamos todos a precisar de pensar, na verdade. De parar. De nos questionarmos. De pormos em causa o que já não nos serve e/ou não serve à Humanidade e inventar novos modelos. Mas é sobretudo nas crianças que temos de incutir esse espírito, para que não cresçam na apatia que tomou conta de nós. Temos de as fazer acreditar que o mundo será delas e que elas o poderão construir de outra maneira qualquer, com outros paradigmas, modelos, sistemas, organizações. O que lhes demos não nos serviu, nunca lhes poderá servir a elas. E é fundamental que elas treinem essa capacidade de questionarem e reiventarem mundos melhores.

Dia 21, estarei a discutir o assunto com quem percebe dele mais do que eu. Estou entusiasmadíssima. E prometo contar aqui as conclusões a que chegar...

E depois de ganhar 8 estrelas com o seu trabalho sobre os detergentes ecológicos, o Afonso tem uma nova cartada na manga.


(Afonso) Vou alertar contra o corte de árvores.

Fundamentais à vida humana. Fonte de oxigénio, alimento, abrigo, vida. Pareceu-me muito bem.

(Afonso) Espera aí... mas isto não tem lógica! Para falar sobre o abate de árvores não posso gastar duas folhas de papel que foram feitas com o abate de árvores...

E não é que tem razão?
Hoje a noite foi dedicada aos Mitos Gregos. A mãe e o Sebastião (que hoje leu as falas) leram primeiro o "Carro do Sol" (escolhido pelo Dudu) e a Nonô escolheu "A caixa de Pandora".

- A caixa de Pandora?! Eu quero ouvir - disse o Afonso, juntando-se.

Ouviu o mito, do qual em tempos já tinha ouvido uma outra versão, sem tirar grandes ilações. Mas desta vez bateu com a mão na testa, e riu-se muito.

- Mas isso é igual à história do Adão e Eva!
- É a versão da Grécia Antiga. Cada cultura tem a sua.
- Não sei como, mas a culpa de todos os males do mundo é sempre das mulheres...

E isto daria pano para mangas...


- O que é, Dudu?
- É uma carta à I.V. (amiguinha que fez anos na escola). Diz "Parabéns, I. V."
- Ah, boa! E esta bolinha aqui de lado, o que é?
- É "dar beijinhos à mamã".

Quanto não vale uma carta destas...

- Quem é, Nonô?
- Sou eu e tu, mamã.

Sorrisos. Sorrisos.

- E à nossa volta?
- São muitas casas e uma árvore.

Não está nada mau, para a idade, mas acho que a vou inscrevê-la nas aulas de desenho caseiro dadas pela mamã, ao fim de semana...
Hoje voltámos ao tema da ecologia. O tufão nas Filipinas levou a que falássemos obrigatoriamente de alterações climáticas, planeta doente, atitude absolutamente negligente do ser humano.
O que fazemos nós, aqui por casa? Reciclamos o lixo.

(Mãe) Já é qualquer coisa. Mas sabem que há toneladas de lixo a boiar no oceano sem que ninguém saiba que consequências isso terá? E que, mesmo assim, continuamos a produzir lixo que não sabemos destruir?
(Afonso) Não podemos simplesmente desintegrá-lo?
(Mãe) Podemos. Precisamos é de descobrir como é que isso se faz.
(Afonso) O quê? Ainda não descobrimos a desintegração?! Estamos mesmo atrasados na nossa evolução.

Subscrevo.
Conversa no banho:

(Mamã) Então, Dudu? O que é que fizeste hoje na escolinha?
(Dudu) Estive a brincar com o meu amigo A.
(Mamã) E a quê?
(Dudu) À kuna matata.
(Mamã) Que giro! E tu eras o Timon ou o Pumba?

Dudu olha para si, crítico:

(Dudu) Era o pequenino e magrinho...

Pois... Com mil ideias criativas e um montão de disparates pelo meio. Cola com ele na perfeição!

Dudu a ver-me encher a cara de cremes:

- Mamã... tu queres mesmo que eu cresça e tu fiques velhota?
- Ó filhote... é mesmo assim que tem de ser.
- Mas tu queres ou não?
- A mamã não se importa. Se for para tu cresceres e ficares lindo e forte, a mãe não se importa de ficar velhota. Tu importas-te que a mãe fique velhota?
- Sim.
- Querias que a mãe ficasse assim para sempre?
- Sim.
- Mas vais ver que a mãe quando for velhota também vai fazer coisas giras contigo. E tu vais-me levar ao colo, a passear. Porque já vais ser grande e forte.

Animou-se. E claro que tentou vir pegar-me ao colo e por pouco não caíamos os dois.
Acabei a pôr os cremes de lado. Vou mesmo ficar velhota e não são os cremes que o vão travar. A única forma de desacelerar o tempo é só mesmo aproveitando cada dia e gozando o mais possível o crescimento daqueles que ficarão por cá depois de mim.

E o dia de São Martinho, na escola dos meus filhotes, é dia de... corta-mato!

O Titaneco ficou em 8º.
O Afonso ficou em 4º.

E a mãe ficou em 1º em "mães-que-gritam-pelos-seus-filhos". "Respira", "Vai lá", "É o sprint final", e outros que tais, ecoaram no campo. Tudo aquilo que eu achava que nunca ia fazer na vida... pois que fiz, e valeu a pena! Só veio uma medalha para casa (só recebiam os 6 primeiros) mas o entusiasmo era geral e os sorrisos dos manos atletas valiam tudo.
Depois fui eu dar uma corridinha junto ao mar, sem medalhas, sem competição, sem ninguém a gritar por mim. Exatamente como gosto (bastou-me a minha dose de corta-matos na adolescência!). E se os meus filhotes um dia conseguirem usufruir da corrida como eu, já me darei por muito satisfeita.
- Mamã, o Dudu não me deixa brincar. Ele não está a fazer o bem...

E o que eu gosto da minha santinha Nonô...
Resultado da segunda aula caseira de desenho:

Automóvel

Antes da aula:


Depois da aula:



Casa

Antes da aula:


Depois da aula:


Árvore

Antes da aula:


Depois da aula:



No final dei por mim a perguntar-me por que razão não terei eu feito isto quando ele tinha 6 anos e começou a ser avaliado em desenho, na escola?
Depois lembrei-me... Nessa altura ele tinha um irmão de 4 e dois bebés recém-nascidos em casa.
Definitivamente, não se pode ter tudo...

Um humano, pela mão do Afonso...



Um humano, pela mão do Afonso... depois de umas dicas da mãe:


Eu diria que, com tempo, chegamos lá...

As teorias do doutor Afonso sobre o ser humano:

- Eu acho que os dejá-vu são a nossa parte de vidente, que todos temos. Mas uns olham para as coisas e acham que já as viveram. Os videntes a sérios sabem que elas vão acontecer antes de as verem. São mais rápidos.

- Se a consciência pode não estar no cérebro, ela é assim uma espécie de satélite. Se nós soubermos comandar o satélite no futuro, podemos mandá-la à escola por nós e nós ficamos em casa a brincar.

- Ainda não sei o que é que vou ser no futuro. Depende da evolução do ser humano. Se calhar vou voltar a ser macaco...
No regresso a casa...

(Dudu) Mamã, sabes como é que se vão chamar os nossos bebés?
(Mãe) Quais bebés?
(Dudu) Miguel e Helena.
(Mãe) São os nomes dos teus filhos?
(Dudu) Sim. Meus e da Nonô.

Claro...

(Mamã) Mas a Nonô não pode casar contigo. Vocês são irmãos.
(Dudu) Não faz mal. É assim que eu quero e é assim que vai ser.
(Mamã) Mas não pode ser mesmo, Dudu. Vocês são manos. Podem ser muito amigos a vida toda. Mas não podem casar.
(Dudu) Nós vamos casar na amizade.

Menos mal... Com o tempo há-de perceber o resto. Mas não tenho dúvidas nenhumas de que a mana não vai ter a vida facilitada, nos amores...
Nova saga de cartoons do menino Afonso...

A vida difícil de um matraquilho...


Ironias do quotidiano escolar...


Deste fim-de-semana não passa... À falta de um workshop à séria, a mamã vai ensinar-lhe todos os truques que sabe.
Ainda lhe falta em baixo um lindo desenho, em baixo, mas amanhã o Sebastião vai levar estes ingredientes para a escola...


(Mamã) Somos nós, Nonô?
(Nonô) Sim. Claro!

(e quando deixar de ser "Claro" é que vai ser escuro...)

(Mamã) E o que é isto aqui à nossa volta?
(Nonô) São MUUUUUUUUUIIIIIITOS corações.

O papel parece que saiu do rabo de um gato. Mas a mamã guardou-o como se fosse um diamante. Há melhor coisa do que isto?
Afonso depois de assistir a uma sessão de stand up comedy na televisão.

(Afonso) Mãe, quando eu for cómico vou dizer assim: "Quando eu era mais novo tinha um irmão que era igualzinho a mim em ponto pequeno...". Esta parte é só para fazer uma introdução, estás a perceber? "Um dia estava a tomar banho com ele e ele disse-me: 'estou cego, estou cego!' E eu disse-lhe: 'Já experimentaste abrir os olhos?'"

Não teria graça nenhuma, se ele não fosse um filho meu a tentar ter graça. Sendo-o... ri-me tanto, que já nada o demove da ideia de vir a ter um futuro brilhante na comédia...
Na última ida com o Dudu e a Nonô no talho habitual, eles depararam-se com uma imagem que se dispensa: uma grande vaca pendurada num gancho no tecto, a ser tranformada em bifes e afins.
Olharam-se, aflitos, trocaram impressões só deles e depois vieram ter comigo a correr:

- Mamã, mamã! Está ali uma vaca morta. Nós achamos que é a Vaca que ri!
Hoje terminámos de ler "A Caixa de Saudades".
Terminámos, salvo seja! Foi o Sebastião que leu sozinho, para mim e para os manos. Claro que eles se impacientavam com a morosidade e a falta de entoação próprias da idade, mas a verdade é que, em duas semanas, o Sebastião melhorou imenso e, nas últimas páginas, até já fazia vozes diferentes!


A caixa das saudades guardava a memória de todos os nossos momentos bons e, no final, a pergunta impôs-se:

(Mamã) O que guardam na vossa caixa das saudades, meninos?
(Nonô) O anel que a mamã me deu. E quando a avó me ensinou a fazer carinhas.
(Dudu) As vezes em que fui ao médico.

Sebastião, o indeciso, continuava calado.

(Mamã) E tu, Titão?
(Sebastião) Eu esqueço-me de quase tudo...
(Mamã) Não esqueces nada. Tens é tudo bem guardado. Puxa lá pela cabeça.
(Sebastião) Acho que a minha caixa das saudades vai ter a mãe a falar sobre a Caixa das Saudades...
(Mamã sorri)
(Sebastião) E a Nonô a tentar meter um elástico no nariz e o Dudu a fazer caretas...




Como a ecologia começa em casa, este fim-de-semana sugeri ao Afonso que vasculhássemos a dispensa em busca de detergentes poluentes. Tirando alguns que eu já tinha comprado ecológicos, tudo o mais continha substâncias altamente poluentes. E, tão grave quanto isso, potenciadoras de alergias e acumulação de toxicidade no organismo de todos nós, os que a eles estamos expostos diariamente.
A mãe já andava com vontade de renovar os materiais de limpeza, mas este trabalhinho foi o empurrão que faltava. Não me vou render às soluções "das nossas avós", porque o tempo não chega para isso, mas investir um pouco mais em produtos ecológicos é poupar no médico e na farmácia. E, claro, contribuir para um planeta mais saudável.


PS - Agora vamos ver quantas estrelas (concurso turma ecológica) isto dá...
- Meninos, vamos cortar as unhas!

Estava prestes a começar a saga das 80 unhas, quando o Dudu se sai com esta:

- Eu já cortei as minhas.

A tesoura estava em cima da bancada, meia aberta. E metade das unhas do Dudu (às outras ele, felizmente, não chegou) estavam... assim a modos que... como é que hei-de dizer? Escortanhadas. Louvei-lhe o "desenrascanço". E fiquei feliz por ainda ter os dedinhos todos...

Sebastião observa a gata a tomar banho. Lambe-se nas diferentes partes, mordisca os pedaços de coisas que se agarraram ao pêlo e depois lambe vigorosamente a pata e passa-a por cima da sua cabeça, lá, onde a sua língua não chegaria.

- Quem é que lhe ensinou a fazer isto, mãe?
- Todos nós já vimos programados para saber fazer muitas coisas sem pensarmos, filho. Chama-se instinto.
- Nós também temos instinto?
- Sim, claro. Os bebés agarram-se ao peito da mãe para mamar. Começam a gatinhar sem que ninguém lhes ensine o movimento. Depois agarram-se às coisas para se porem de pé. Quando caem, poem as mãos no chão. O instinto está em nós. E a intuição também.
- O que é a intuição?

Não soube bem responder-lhe. Sinto em mim a diferença entre essas duas nossas faculdades, mas não arranjei nenhuma boa maneira de lho explicar. Hoje, no entanto, deparei-me com isto:

"Dois conceitos bastante diferentes na sua origem e aplicabilidade, mas muitas vezes confundidos, baralhados e por vezes até mal interpretados. (...)
O instinto faz-nos lançar os braços para o chão se cairmos. A intuição faz-nos desviar de algo que não sabemos bem o quê, nem porquê, mas que por certo nos faria cair.
O instinto é educável, a intuição educa-nos. O instinto faz-nos agir, a intuição predispõe-nos. O instinto actua antes de processarmos, a intuição processa sem o percebermos.
São dois níveis fantásticos, quase autónomos, desta nossa fantástica inteligência humana. Recursos moldáveis e utilizáveis em função do nosso equilíbrio emocional."

Hoje vamos falar de instinto e intuição cá por casa...
Duas novas "obras de arte" no caderno de desenho do Afonso...

A CABEÇA DECEPADA


RATOS HÁ MUITOS


Eu vou-me rindo, mas isto está mesmo a precisar de um bom workshop intensivo de pintura...
Uma carta aos Pais, do blog Mama Mia, que vale bem a pena ler (e, sobretudo, refletir):

http://mamamiaparentalidade.blogspot.pt/2013/11/cara-mae-caro-pai-caro-adulto.html?showComment=1383307532171


"Cara Mãe, Caro Pai... Caro adulto!
Não te quero oferecer nada. Não te quero ajudar com nada. Simplesmente porque não posso. Simplesmente porque é completamente impossível. O que quero fazer, e o que posso fazer, é questionar, apelar à reflexão e apontar para uma verdade eventualmente diferente daquela a que poderás estar habituado.
Se todos investirmos algum tempo a olhar para nós mesmos, para o que está a nossa volta, se pararmos só um pouco, conseguimos facilmente ver que vivemos num mundo de sonâmbulos. Não sabemos o que realmente somos, recusamo-nos a ver o quão profundamente adormecidos estamos. Continuamos cegamente a alimentar um modo de vida condicionado por resultados, objetivos ”ambiciosos”, ”sucesso”... tudo para nos manter adormecidos. E estamos a passar este condicionamento para as nossas crianças. E as nossas crianças estão a tentar dizer-nos que algo está mal. As nossas crianças estão a espernear por todos os lados. Estão a protestar das únicas maneiras que lhes são possíveis.... birras, hiperatividade, falta de concentração, distração, violência, etc..... E nós adultos recusamos a que o problema é nosso. Não é das crianças. Continuamos a escolher o caminho mais fácil, tentando ”tratar” dos ”problemas das crianças”.... recorremos a estratégias e métodos para ”ajudar” (mas a verdade é que a única coisa que estamos a fazer é exercer o nosso poder).... castigamos, batemos, avaliamos, medicamos.... Estamos tão adormecidos que estamos a perder a oportunidade que as nossas crianças nos estão a dar. Estão a tentar acordar-nos.
ACORDEM! É o grande grito e a grande mensagem que estamos a abafar, a recusarmo-nos a ouvir.
(E parece que não temos em mente que um dia nós, como idosos, vamos estar completamente dependentes destas mesmas crianças.)
O que tenho para te dizer sobre educação de crianças provavelmente algumas vezes vai doer. Dói-me a mim! Dói porque as vezes estou muito abraçada ao meu ego. Não é porque tenho ”pena” dos meus filhos. É tudo sobre mim. Tal como para ti, é tudo sobre ti. E é a única forma que pode ser. Sou eu que me tenho de por em causa. Sou eu que tenho de estar em paz. Sou eu que tenho de saber quem sou. E só aí posso realmente ver quem é o meu filho.
E no dia que isso for mesmo claro, não terás mais dúvidas. Porque a resposta não existe independentemente da pergunta....
Porque é que tantos adultos gostam do que escrevo? Porque acredito que ressoa dentro deles! Porque é que tantos adultos desistem de fazer o que sugiro, não conseguem responder às perguntas que faço? Porque dói! E porque é muito mais fácil e muito mais rápido (que grande ilusão!) implementar o sistema de recompensas que o psicólogo sugeriu...
Com um método qualquer, ao pôr a criança de castigo, ao dar um prémio, ao bater.... não preciso de olhar para dentro. Ponho toda a responsabilidade na criança e continuo a sonambular. Utilizar um método é normalmente menos trabalhoso e menos custoso do que olhar para dentro. Mas tu sabes, tão bem como eu, que é realmente essa a única forma. E agora se calhar estás aí a pensar que “ah, mas não é assim tão fácil” e ”as crianças precisam de limites” e ”isso é tudo muito bonito mas neste mundo em que vivemos” bla, bla, bla... Se for esse o caso digo-te: Pára! Nunca disse que é fácil. Nunca disse que as crianças não precisam de limites. Se tens a tendência de utilizar estes argumentos é porque ainda não olhaste para dentro.
No início da minha maternidade era a rainha das estratégias e dos métodos. Até um dia, em que ouvi o grito do meu segundo filho: ACORDA! Porque o grito dele foi muito mais alto do que o da irmã mais velha. E foi o que me fez perceber o que estava a fazer. Que andava a fugir de mim mesma. Que estava a tentar gerir algo que não é possível gerir. Que só se pode viver. E percebi que a minha paz, é a paz dos meus filhos. E que é tudo mesmo muito simples (e tão, tão difícil).
Continuo a fazer muitas ”asneiras” como mãe. Mesmo! Mas nunca, mesmo nunca, ponho a culpa e a responsabilidade disso nos meus filhos. Se grito, não é porque eles se estão a portar mal, é porque eu não consigo aceder a outros recursos naquele momento, o meu ego assumiu o controlo e a responsabilidade é só minha. E peço sempre, sempre, desculpa quando me apercebo que fiz algo fora daquilo que acredito certo. Uma desculpa autêntica! (Sem ”mas vocês estavam a, bla, bla,”)
Fazer o que proponho, poderá abanar as tuas crenças, pode-te até confundir e frustrar e provavelmente às vezes vai irritar o teu ego (tal como irrita o meu). Mas se quiseres acordar, se quiseres mesmo conseguir ter intimidade com as crianças e proporcionar um desenvolvimento realmente saudável... acredito que este caminho vai fazer bem! A escolha é completamente tua. Mas se me quiseres acompanhar neste caminho da parentalidade consciente, convido-te a explorar tudo e não só o que te faz mais sentido no momento. Tem curiosidade! Experimenta e explora a brincar, mas a sério! Prometo continuar a dar dicas, mas acredito que as perguntas e as reflexões são muitíssimo mais importantes. Por isso, utiliza as dicas se te fazem sentido, mas responde também às perguntas, faz as tuas reflexões. Faz as tuas escolhas, informadas. Só assim é que poderás praticar a parentalidade consciente.
E depois diz-me o que descobriste.
Espero que aceites o convite.
Com muito amor e compaixão,
Mia"
Os peluchinhos Ikea estão de volta!

Começa a cheirar a Natal, com as primeiras campanhas de solidariedade a saírem à rua. Natal pode ser muita coisa, o que nós quisermos. Mas é cada vez mais, felizmente, ajudar quem precisa, e só por isso já vale a pena esta quadra.


"Dado o sucesso do ano passado, com cerca de 4100 peluches entregues a crianças de nove hospitais portugueses, este ano a IKEA Portugal repete o desafio de convidar os seus clientes a doar um peluche IKEA nas lojas, deixando-o depois da linha de caixas.
Esta iniciativa, paralela à Campanha de Peluches, decorre nas três lojas da IKEA Portugal, entre 1 de Novembro e 27 de Dezembro. Todos os peluches angariados serão este ano entregues a instituições de apoio à criança, entre as quais: Cruz Vermelha Portuguesa, a Ajuda de Mãe, o Refúgio Aboim Ascensão, as Aldeias de Crianças SOS, entre muitas outras."