Comentários dos meus filhotes aos filhotes da nossa gata:

(Nonô) E o pai, onde é que está? Foi trabalhar?

(Dudu) Agora temos a família maior, pois é?

(Sebastião) Não podemos dar os gatinhos todos, senão depois a Mia fica muito triste...

(Afonso) Mãe... já percebeste que agora és avó?
O milagre da vida voltou a acontecer em nossa casa...
Pelas 8.30h, estava eu já sentada a começar a trabalhar, a nossa gata aproximou-se de mim a miar e a chamar-me para o piso de cima. Chamava-me e ia até às escadas, voltava, miava e chamava-me com o olhar.

- O que queres, Mia?

Queria que eu subisse com ela e eu subi. Levou-me, a miar, até um canto escondido do meu armário da roupa, e começou a aninhar-se, sem tirar os olhos de mim.

- Mia... desculpa, mas tu não podes dar à luz no meu roupeiro...

Corri a buscar o caixote que tinha preparado para o grande acontecimento, meti-lhe mais uma manta e obriguei-a a ficar nele. Tentou escapar algumas vezes para o meu armário, mas acabou por acatar a minha decisão.

-E agora, Mia? O que é que queres que eu faça?

Passei-lhe a mão pela barriga inchada e ela aninhou-se no meu braço, com as patinhas a segurá-lo, com os olhos presos no meu. E foi assim, exatamente assim, comigo aninhada ao lado do seu caixote, que ela deu à luz o seu primeiro filhote.

- Não olhes para mim, Mia. Tu sabes o que tens de fazer...

E sabia. Lambeu-o muito bem e depois comeu a sua placenta, deitando o olho uma vez e outra a minha direção, para confirmar que eu ainda lá estava. E não havia como não estar.
Pouco depois, outro gatinho. E mais outro. E mais outro. E ainda outro. Cinco ao todo, em mais ou menos duas horas que pareceram 20 minutos.
Os bichinhos lá se iam aninhando nela, procurando mamar, e ela acomodava-se de forma a chegar a todos. Mas sempre lançando-me olhares que eram daquele tipo de cumplicidades que não precisava de palavras.
Só depois de tudo nascido, a mamar, higiene feita, ela aninhou-se um pouco mais, lançou-me um último olhar e adormeceu. E eu fiquei a olhá-la ainda, absolutamente maravilhada com o milagre que é a vida, e ainda a perguntar-me porque me teria ela escolhido para a acompanhar naquele momento, que eu sempre pensei que era de solidão, sem que ninguém se pudesse chegar perto. A minha gata escolheu-me para a apoiar, e eu senti-me verdadeiramente privilegiada por isso. Já tive muitos animais na minha vida, momentos fabulosos com alguns deles, desde os gatos pequeninos que eu salvava e levava de mota para minha casa, dentro do casaco, até uma ovelha que saltou atrás de mim para dentro de uma piscina, ou uma cadela que deu o seu último suspiro nos meus braços. Mas hoje senti, talvez como nunca, como homens e animais se entendem e podem partilhar juntos e em harmonia esta grande aventura que é a vida...



E depois de uma noite especial, a experimentar ioga e a ouvir o estrondoso som das taças tibetanas, na nossa primeira Hora da Terra ao som das velas, tive uma boa conversa com os meus filhos mais velhos sobre o estado em que está o planeta e o que nos toca a todos fazer por ele. Falámos de poluição, de desrepeito e desresponsabilização, de consumismo.
Claro que, chegando a casa, ligámos as luzes para ir para a cama, fizemos a higiene com os produtos normais e deitámo-nos nos lençóis de sempre, que amanhã serão lavados na máquina de lavar. Mas se calhar ligámos e desligámos a luz com outra consciência, olhámos duas vezes para os produtos que usámos na nossa higiene, e quando os meus filhos amanhã passarem pela máquina de lavar a roupa a caminho da escola, entenderão melhor porque troquei todos os detergentes por detergentes ecológicos.

Ainda fazemos todos muito pouco, a verdade é esse. Mas os grandes gestos começam nos pequenos. E acredito que a sementinha, ontem, enraizou-se neles. A prová-lo, o que me disseram no beijinho de boa noite:

(Sebastião) Devíamos mandar um email para todas as pessoas do mundo, para elas começarem a proteger a Terra.

(Afonso) Se os Fenícios não tivessem inventado a moeda, se calhar nunca tínhamos chegado até aqui. Só nós, mesmo... para evoluir a desevoluir...

Nem mais!


(Nonô) Mamã, eu quero ir ao mundo do inglês...

(Mãe) ???

(Afonso) É aquele programa da televisão onde se aprende inglês?

(Nonô) Não!

(Mãe) Queres aprender inglês lá na escola?

(Nonô) Não! Quero ir àquele sítio onde toda a gente fala inglês...


Pois claro! O que ela quer mesmo é ir a Inglaterra!
Uma hora para explicar aos nossos filhos em que estado deixámos a Terra, e como é tamanha a responsabilidade deles (de todos nós!) daqui em diante...

(Nonô) Ó mãe... é pois verdade que o Jesus é que dá os ovos da Páscoa?

(Mãe) Não, filha. Quem dá os ovos da Páscoa são os coelhos.

(Nonô) Mas esta não é a festa do Jesus?

(Mãe) Sim, mas não tem nada a ver com os ovos. Esta festa é do Jesus porque... hummmm... alguns homens fizeram muito mal a Jesus e nesta altura nós lembramo-nos disso.

(Dudu) Eu sei o que é que os homens fizeram! Pregaram o Jesus na cruz.

(Mãe) Foi isso mesmo.

(Dudu) Mas ele viveu outra vez!

(Nonô) E foi para onde???

(Mãe) Hum.... Para um lugar melhor. Acho que é lá no céu, mas a mãe não sabe bem porque nunca lá foi.

(Dudu) Eu já lá fui.

(Mãe) Ai já?! E como é que é?

(Dudu) Hum... Já não me lembro.

(Mãe) Então e como é que vieste cá parar abaixo?

(Nonô) Eu sei! Foi a Nossa Senhora que falou contigo e nós viemos...


Sem comentários possíveis...
Hoje a Nonô e o Dudu passaram o dia a cerca de 10 kms de distância. Ela na escola. Ele em casa, constipado.
No reencontro, cada um tinha um desenho para o outro:

(Nonô) Esta sou eu, com uma flor, uma árvore e muitos planetas...


(Dudu) Eu fiz um robot que deita pedras e lasers...



Os mesmos pais, o mesmo contexto, a mesma educação...
A meu ver, a prova de que eles já são o que são, o nosso papel é mesmo só tentar orientá-los para aquilo que podem vir a fazer com isso tudo que já trazem...
E os primeiros cogumelos da temporada estão prestes a ir para a frigideira...

Hoje os meus 3 guerreiros estiveram de volta de um livro da Star Wars que trouxemos da biblioteca. Entusiasmadíssimos, folhearam as personagens, as armas, as aventuras, enquanto a mamã lia uma história de princesas à sua Nonô.


(Afonso) O Star Wars é mesmo fixe, mãe!

(Mãe) Lembras-te quando tinhas um cartaz grande no teu quarto?

(Afonso de olhos a brilhar) Yá!

(Sebastião também de olho arregalado) Yá! Eu era pequeno, mas também me lembro.

(Dudu zangado) Opá... eu nessa altura ainda estava no céu!


Provavelmente às guerras com uma estrela qualquer...


Dudu num longo e profundo abraço à sua mamã:

(Dudu) Ó mamã, eu queria casar contigo...
(Mãe) Mas não podes, filhote. Tu sabes porquê.
(Dudu) Já és casada com o papá. Mas se nascermos outra vez eu caso-me contigo, pode ser?

Não sei onde ele arranja estas ideias. Mas foi impossível dizer que não...
Afonso ao deitar:

(Afonso) Podias fazer um livro sobre o meu submundo, mãe.
(Mãe) O sítio para onde tu vais todas as noites?
(Afonso) Sim. Eu tenho uma espécie de pasta com vários separadores. E cada vez que vou a um sítio diferente do submundo fico com um arquivo diferente. Depois posso lá voltar ou ir a um sítio novo.
(Mãe) Tipo jogo de computador, com vários níveis.
(Afonso) Sim, mais ou menos.

Sebastião mete-se ao barulho.

(Sebastião) E como é que eu vou para o teu submundo? É só fechar os olhos e concentrar-me?
(Afonso) Experimenta.
(Sebastião) Então vá. Boa noite e até já!

Deitaram-se os dois, entusiasmados. E a mãe, que é perita em sonhos estranhos, foi para o seu quarto com a certeza que, mais cedo ou mais tarde, acabaria também no submundo a ajudar os seus filhotes...
(Dudu) Ó mãe, o A. é preto?

O A. é o melhor amigo do Dudu. Ou melhor, o único a quem o Dudu chama de amigo, de há uns meses a esta parte.

(Mãe) Não, filho. Podia ser, mas não é. O A. só tem a pele morena, o cabelo preto e os olhos pretos.

(Dudu) Então se tem isso tudo preto, é porque é preto. O meu amigo A. é preto!


E pronto, está decidido. Se alguém quiser discutir questões racionais, o Dudu está ao vosso dispor...
(Nonô) Ó mãe... a avó Maria agora está aonde?

(Mãe) Não sei bem, filha.

(Dudu) Ela já não existe?

(Mãe) Talvez exista de uma outra maneira. O corpo já não existe, mas é como se ficasse qualquer coisa dela, a pairar no ar, que vai por ali acima...

(Nonô) Como uma borboleta?

(Mãe) Sim, mais ou menos isso.

(Dudu) E quando é que ela volta?

(Mãe) Eu acho que ela já não volta, filho. Pelo menos como avó Maria.

(Dudu) Hum... eu acho que ela volta, quando for o primeiro dia dela outra vez.


E pronto. Se há coisa que eu já nunca me atrevo a fazer, para além de não mentir e dizer que sei o que não sei, é contradizer o meu pequeno Dudu...
No sábado passado convidaram-me para dar um pequeno workshop sobre "Criatividade ao serviço da nossa vida", em Reguengos de Monsaraz, onde estava a decorrer uma Festa da Família. Foi por acaso, mas nem de propósito estou para lançar um livro sobre o tema, por isso as ideias até estavam bem frescas na cabeça... mas lançar ideias com a filharada à nossa volta, tentando ajudar, foi o maior desafio da tarde!

- A Nonô não largava o microfone, lançando sorrisos e procurando o protagonismo que a leva a cantar e dançar em cima da mesa, cá em casa, para quem quiser ouvir (e ela canta bem alto!).

- O Sebastião contribuía com ideias e mais ideias e mais ideias, quando eu efetivamente as pedi. Mas a ideia era mesmo que todos participassem, e que eu não enchesse uma folha só de ideias dele...

- O Dudu fazia tentativas para mexer nos botões da aparelhagem e depois resolveu fazer gincanas pelo espaço.

Resumindo... muita galhofa dos presentes e muitos cabelos em pé da mãe, que a dada altura teve de lançar um SOS aos avós, que levaram a filharada mais nova a dar um pequeno passeio para sossegar os ânimos...



A família é feita destas coisas, e ainda bem que assim é. Mas a vida é feita de muitas mais, e também houve espaço para elas, no dito "workshop". Não chegando o tempo para muito, falámos sobre a importância de:

- PARAR - Parar para pensar, para analisar, para sonhar e para decidir. Quanto tempo por dia dedicamos a isso, se no pouco tempo que nos sobra nos colamos à televisão, ao computador ou tudo o mais que nos faça esquecer que mais um dia passou e outro virá a seguir?

- OLHAR PARA O PASSADO - Com verdadeiro sentido crítico, que se liberte das armadilhas do ego (que tantas vezes nos leva a pensar que nós é que estamos sempre bem e os outros todos mal) mas também da excessiva vitimização (errar é só uma oportunidade para aprender, e quem mais erra mais hipóteses tem de acertar numa oportunidade seguinte).

- OLHAR PARA O PRESENTE - Com capacidade de perspetivação. Quem somos, na verdade, para além daquilo que fazemos, do que ganhamos, da vida que aparentamos... Quem somos e até que ponto estamos a ser verdadeiros connosco próprios no nosso dia-a-dia?

- OLHAR PARA O FUTURO - Com capacidade de sonhar. Que sonhos deixámos pelo caminho? O que ainda gostávamos de ser e fazer? O que nos falta? Será assim tão difícil ser mais feliz amanhã (um bocadinho que seja) do que sou hoje?

- PLANEAR A AÇÃO - É verdade que não está tudo nas nossas mãos. Mas está muito mais do que tantas vezes fazemos crer. Sonhar é maravilhoso. Mas o que nos faz felizes é partir do sonho à ação. À concretização. O que posso fazer para ser mais feliz amanhã? Aqui a CRIATIVIDADE é uma peça fundamental, e o Brainstorming uma ferramenta possível.


- MOTIVAÇÃO - Para fomentar o espirito de resiliência. O que posso fazer para me motivar? Para não desanimar perante os obstáculos que vão surgir? Para continuar a tentar todos os dias?


As ideias são básicas, na verdade. O difícil é mesmo pô-las em prática. Mas há que tentar... Porque a vida é ou pode ser uma grande aventura, uma grande escola e uma panóplia de oportunidades para experimentarmos aquilo que pode fazer de nós pessoas melhores e mais felizes.

(umas fotos da grande "confusão", aqui)
Decidida a não comprar mais bolachas de supermercado (e faria agora um post tão grande sobre os produtos industrializados... mas não, prometo que hoje não vou ser chata. Quem tiver vontade de ler sobre este tema espreite aqui), experimentei hoje as bolachinhas de aveia da Bimby, recomendadas pela tia Cristiana Resina:

Ingredientes

100 gr de flocos de aveia
100 gr de açúcar (usámos açúcar escuro, mas na próxima leva vou experimentar o malte de arroz ou cevada)
100 gr de farinha (aconselha-se a integral)
100 gr de margarina
2 colheres de sopa de mel
1 colher de chá de fermento
1 pitada de sal


Preparação

Colocar no copo a farinha, os flocos de aveia, o fermento e o sal. Bater 20 segundos velocidade 3.

Juntar a margarina à temperatura ambiente, o açúcar e o mel programar 20 segundos velocidade 6.

Fazer bolinhas pequenas ,que se colocam em tabuleiros untados . E com a ajuda de uma colher achatar as bolas para formar bolachinhas fininhas.

Vai ao forno préviamente aquecido a 180º durante cerca de 10 minutos. Quando ainda quentes ficam moles por isso deixam-se arrefecer no tabuleiros até estarem crocantes.




Como ficaram escuras e com pedaços de aveia mal triturada, temi o pior. Mas toda a família se deliciou, e quando dei por elas mal tinha que chegassem para a fotozinha da praxe...




Famílias felizes do Alentejo, ou outras que por lá queiram passar amanhã: apareçam na "Festa das Famílias Felizes", em Reguengos de Monsaraz. Eu estarei por lá com os meus "pequenos ajudantes" e, às 18h, darei um workshop intitulado "Criatividade ao serviço das nossas vidas".

Pode a criatividade ser posta ao serviço da nossa felicidade? Estou bem em crer que sim! Amanhã contarei porquê...

Quando comecei a defender a importância de ensinar técnicas de sobrevivência e auto-sustentabilidade às crianças, disseram que eu parecia uma "profeta da desgraça". A verdade é que o mundo como o conhecemos hoje está à beira do colapso. Só não vê mesmo quem não quer ver. Não vamos já a tempo de o impedir. Mas podemos e devemos começar desde já a implementar uma nova forma de vida, com outra visão, outras ferramentas, que nos dê a flexibilidade necessária para a transição que viveremos nos próximos anos.


"Com o desenvolvimento tecnológico, agricultura e indústria registraram um aumento de produtividade nos últimos 200 anos. Ao mesmo tempo, porém, contribuíram para que a demanda crescesse de um modo quase incessante. Hoje, se todos adotassem o estilo de vida dos americanos, seriam necessários cinco planetas para atender as necessidades da população. Por isso, segundo Motesharrei e sua equipe, “achamos difícil evitar o colapso”.
(...)
Mesmo rodeado por fenômenos rigorosos, como nevascas e furacões, apenas 42% dos americanos acreditavam, em 2013, que a maioria dos cientistas estava convencido do aquecimento global. Molina ressalta que 97% da comunidade científica está certa da influência do homem. O relatório conclui que faltam informações básicas para a sociedade entender como é grave o momento atual."

http://oglobo.globo.com/ciencia/nasa-preve-que-planeta-esta-beira-do-colapso-11917406


O Afonso criou com mais 2 amigos uma nova linguagem: o Estranhez.

(Mãe) Estranhez porquê, Afonso?
(Afonso) É estranho... e uma grande estupidez!


Casas com hortas, moradores que trocam os seus produtos... há quem lhe chame retrocesso. Felizmente, há quem o veja já também como evolução.
Já existe na Suíça e talvez em breve vingue em Portugal...

http://arquiteturasustentavel.org/moradores-de-bairro-na-suica-plantam-seu-proprio-alimento-e-compartilham-com-os-vizinhos/

A todos os Pais:


O Pai no século XXI

Não é preciso viajar muito no tempo para observar como o papel do Pai tem vindo a mudar e a assumir novos contornos, geração após geração. O Pai austero deu lugar ao Pai amigo e brincalhão, o Pai ausente deu lugar ao Pai presente, o Pai provedor deu lugar ao Pai cuidador, que partilha as tarefas e as responsabilidades do lar e da educação dos filhos...
Muito se tem escrito sobre estes novos desafios dos Pais, mas uma série de outros desafios teimam em desassossegar e questionar o papel do Pai, nos dias que correm. E quando o Pai não tem emprego? E quando o Pai, que se deseja presente, é obrigado a partir para garantir o sustento da família? E quando o Pai não tem vontade de brincar porque não sabe como pagar a educação e o bem-estar dos filhos? E o que dizer aos filhos sobre o seu futuro? Como incentivá-los a estudar para um dia ter um bom emprego, se isso não parece já uma certeza? Como indicar-lhes um caminho a seguir, se tantos parecem neste momento vedados?
Sendo a paternidade uma bênção inegável, há pais a viverem na angústia de não conseguirem ser os Pais que gostariam, presentes, fonte de alegria e garante de estabilidade a todos os níveis. Há Pais que perderam a esperança. E esse parece-me ser o grande desafio da paternidade do século XXI: conseguir manter a fé no futuro, por mais que ele seja difícil e traga novos desafios aos nossos filhos.
Hoje, mais do que nunca, é preciso mostrar aos mais novos que as dificuldades são aprendizagens e os obstáculos são desafios. Que nunca é uma vergonha perder, desde que se vá à luta. Que errar é só a outra metade de aprender. E que, por maior instabilidade que possa surgir, a família resistirá sempre se se mantiver unida, valorizando aquilo que realmente importa.
Vivemos dias difíceis, é inegável, mas o Pai do século XXI deve ser também aquele que consegue incentivar os filhos a seguirem os seus sonhos, a acreditarem na mudança, a lutarem por novas formas de ser e de estar que evitem os erros do passado e transformem o nosso país em algo melhor.
Porque amanhã, o país será dos nossos filhos. E será o que eles conseguirem fazer dele...

A todos os Pais que o conseguem, o meu bem-haja.
A todos os Pais que o tentam, a minha força.
A todos os Pais que lutam, a minha esperança.
E um feliz dia do Pai para todos!

Surpresas boas pela manhã...

(Dudu) Mamã, amanhã é o Dia do Pai. Podes pôr aquele risco preto nos olhos? Ficas bonita com aquele risco.

Sugere-me roupas, diz-me para me maquilhar... Tenho aqui um rapaz com olho... :)
Afonso por entre garfadas:

(Afonso) Ó mãe... o que é para lá do universo?
(Mãe) Não sei, filho. Há quem defenda que o universo é infinito e está a expandir-se.
(Afonso) Mas se ele se formou, é porque havia alguma coisa fora dele.
(Mãe) Talvez outros universos. Outras dimensões...
(Afonso) É estranho...
(Mãe) Também já achámos que a Terra era plana e depois descobrimos que era uma esfera. Também há quem defenda que o universo é redondo.
(Afonso) Mas o que é que há fora dele?
(Mãe) Talvez sejam outras esferas...
(Afonso) E fora das esferas? É estranho...

Definitivamente, há inquietações que mãe alguma consegue sossegar...


A sobrinhita M. desafiou-me para ir ver o "Orfeu e Eurídice" no Teatro Camões, e pareceu-me uma excelente oportunidade para levar a pequena Nonô ao seu primeiro bailado "à séria".
O pai foi com o mano mais velho para um jogo, o Titão tinha uma festa de anos, o Dudu ficou pela primeira vez com um amiguinho, e as três mulheres meteram-se a caminho da Expo para um "programinha de mulheres". What a day...

(Mãe) Vais conseguir ficar caladinha, Nonô?
(Nonô) Sim, vou. É um programa de meninas crescidas...

E levou aquilo tão a sério que, assim que nos sentámos, olhou para trás, para um casal que conversava antes do espectáculo começar, e soltou um sonoro "Xiuuuuu" com ar zangado...

Muito atenta e concentrada, lá assistiu à primeira coreografia, em silêncio, até que se sai com esta:

(Nonô) Mas eles não vão dizer nada, mamã??

São 4 anos de muito teatro e pouco bailado... Mas, no final, o balanço foi muito positivo.

(Mãe) Gostaste, Nonô?
(Nonô) Sim. Mas para a próxima podemos ver um "ballett dos outros"...

Aos 4 anos, o clássico ainda vinga sobre o contemporâneo. Lago dos Cisnes (CCB)... estás na minha mira!

E quando o nosso filho de 10 anos, depois de ser picado por um bicho no pé, nos tenta convencer de que está a sofrer uma metamorfose e a transformar-se lentamente em insecto?
E, por entre palavras, solta uns "Bzzzz", tremelicando o corpo, e agarra o lápis como se tivesse patinhas de louva-a-Deus?

Talvez esteja na hora de lhe dar a ler a "Metamorfose" de Kafka...

Eu recorro à música para produzir histórias.
A minha filha recorre às histórias para produzir música.
Uma curiosa inversão do papel da arte nas nossas vidas...

O desafio do trabalho de grupo era: Como apresentar o nosso trabalho?

Era um desafio criativo. E, para fomentar a criatividade, não conheço melhor do que o brainstorming, que se rege por duas regras fundamentais:

- Quantidade para chegar à qualidade: para chegar à qualidade é preciso passar pela quantidade.
- Não julgamento: aceitar todas as ideias, por mais estapafúrdias que elas possam parecer. Depois das ideias óbvias, surgem quase sempre as imbecis, e só depois dessas se esgotarem é que começam a surgir as interessantes.

Claro que, aos 10 anos, passar das ideias óbvias para as imbecis, não é nada difícil. Sair das imbecis é que são elas! :)

O Dudu e a Nonô trouxeram um recado muito especial para o papá... De um lado, um pedido para que o pai se desloque à escola deles para comemorar o Dia do Pai. No outro...


(Recado da Nonô)
Palavras para quê?


(Recado do Dudu)
Neste caso há palavras... a dizer o quê é que eu já não sei!
Mamã a fazer o jantar com a cabeça na lua:

(Mamã) Meninos, sabem do que é que a mãe gostava?

(Família em catadupa) Sim. De evitar o degelo. Limpar a Terra. Acabar com a guerra. Mudar o mundo...

Por acaso só estava a pensar num passeio para o fim de semana. Mas é sempre bom perceber como a família nos conhece tão bem...

(Dudu) Olha, mamã, desenhei a nossa família!

(Mamã) Que lindo, Dudu! Mas porque é que a Nonô não tem olhos?

(Dudu) Já estava farto, mamã!

E com alguma razão, que somos muitos! Ter uma família grande tem muitas vantagens, mas na hora de preencher formulários ou de desenhar a família, não há dúvidas de que os trabalhos são redobrados...



Mãe a conduzir e a cantar. Filhotes crescidos nos bancos de trás.

(Afonso) O pai conduz mais rápido.

Mãe continua a conduzir e a cantar. Mãe a cantar e a enganar-se no caminho (típico!)

(Sebastião) O pai é melhor a encontrar atalhos. E nunca se perde...

Mãe baixa a música, decidida a não perder a postura zen...

(Mãe) O pai é melhor a conduzir. Tem mais sentido de orientação. É tudo verdade. Mas a mãe também há-de ter algumas coisas boas, ou não?

(Sebastião) Claro que sim, mãe! Tu és mais carinhosa, dás-nos mais miminhos.

Já era qualquer coisa...

(Mãe) E tu, Afonso? Achas que a mãe se safa em algumas coisas ou não?

(Afonso) Claro que sim! E olha... quando estiveres com uma crise faz como eu vi num filme: olha-te ao espelho e canta "I'm sexy and I know it"...


Mas em que filmes é que se aprendem estas coisas?!


Hoje a mamã foi lançar o 4º livro da coleção "Portal do Tempo" aos 5º e 6º anos da escola dos filhotes. Claro que teve de falar no seu filho Afonso, sentado na plateia, de como ele a inspira e outras coisas melosas. Até se controlou um bocadinho... mas pelos vistos não foi o suficiente...

(Mãe) Então, Afonso, como é que correu?
(Afonso) Bem... mas escusavas de ter contado aquelas coisas sobre mim. Eu também não ando a contar aos teus amigos que te chamavam Biga na primária... (ar de gozo) E essas calças dos anos 80 são giras, mãe...

A adolescência ainda não começou... e eu já a odeio tanto!

Foi o avô que enviou, e o avô sabe do que fala... :)

Aproveito para agradecer aos avós todas as vezes que põem os seus netos a ajudar na horta, a cozinhar, a pôr e tirar a mesa, ou simplesmente a arrumar os brinquedos que desarrumaram. Às vezes parece mais simples tê-los longe do trabalho, minimizando a confusão, mas não há dúvida de que incentivá-los a "pôr as mãos na massa" e a dar o devido valor ao trabalho, é mesmo o melhor que lhe podemos fazer...


E agora, o texto:


"Um jovem de nível académico excelente, candidatou-se à posição de gerente de uma grande empresa.

Passou a primeira entrevista e o director fez-lhe a última, para tomar uma decisão.

O director descobriu, através do currículo, que as suas realizações académicas eram excelentes em todo o percurso, desde o secundário até à pesquisa da pós-graduação e não havia um só ano em que não tivesse sido classificado com a nota máxima.

O director perguntou: "Teve alguma bolsa na escola?"

O jovem respondeu: "Nenhuma".

- Foi o seu pai quem pagou as suas propinas?

- O meu pai faleceu quando eu tinha apenas um ano, foi a minha mãe quem pagou as mensalidades.

- Onde trabalha a sua mãe?

- A minha mãe lava roupa.

O director pediu que o jovem lhe mostrasse as mãos. O jovem mostrou as suas mãos macias e perfeitas.

- Alguma vez ajudou a sua mãe a lavar roupa?

- Nunca, a minha mãe sempre quis que eu estudasse e lesse mais livros.
Além disso, a minha mãe lava a roupa mais depressa do que eu.

- Eu tenho um pedido para lhe fazer. Hoje, quando voltar para casa, lave as mãos da sua mãe e depois venha ver-me amanhã de manhã.

O jovem sentiu que a hipótese de obter o emprego era alta. Quando chegou a casa pediu, feliz, à mãe que o deixasse limpar as suas mãos.
A mãe achou estranho, estava feliz, mas também com um misto de desconfiança e mostrou as mãos ao filho.

O jovem limpou lentamente as mãos da mãe. Uma lágrima escorreu-lhe pel face enquanto o fazia.
Era a primeira vez que reparava que as mãos da mãe estavam muito enrugadas e que tinham demasiadas contusões.
Algumas eram tão dolorosas que a mãe se queixava quando lhas limpava com a água.

Esta era a primeira vez que o jovem percebia que estas mãos que lavavam roupa todos os dias lhe tinham pago as propinas.
As contusões nas mãos da mãe eram o preço a pagar pela sua graduação, a excelência académica e o seu futuro.
Após acabar de limpar as mãos da mãe, o jovem silenciosamente lavou as restantes roupas por ela.

Nessa noite mãe e filho falaram durante bastante tempo.

Na manhã seguinte o jovem foi ao gabinete do director.

O director percebeu as lágrimas nos olhos do jovem e perguntou: "Diga-me, o que fez e que aprendeu ontem em sua casa?"

- Eu lavei as mãos da minha mãe e ainda acabei de lavar a roupa que faltava.

- Por favor, diga-me o que sentiu.

- Primeiro, agora sei o que é dar valor. Sem a minha mãe não haveria um eu com êxito hoje.
Segundo, ao trabalhar e ajudar a minha mãe, só agora percebi a dificuldade e a dureza que é ter algo pronto.
Em terceiro, agora aprecio a importância e o valor de uma relação familiar.

- Isso é o que eu procuro num gerente. Quero recrutar alguém que saiba apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conheça o sofrimento dos outros para terem as coisas feitas e uma pessoa que não coloque o dinheiro como o seu único objectivo na vida. Está contratado !

Desde aí, o jovem trabalhou arduamente e recebeu o respeito dos seus subordinados.
Todos os empregados trabalhavam diligentemente e em equipa. O desempenho da empresa melhorou tremendamente !


Uma criança que seja super-protegida e que tenha tudo o que quiser, desenvolver-se-á mentalmente mas sempre se colocará em primeiro. Ignorará os esforços dos seus pais e quando começar a trabalhar assumirá que todas as pessoas devem ouvi-la, e se se tornar gerente nunca saberá o sofrimento dos seus empregados e sempre culpará os outros.
Para este tipo de pessoas, que podem ser boas academicamente, podem ser bem sucedidas por um tempo, mas que eventualmente não sintam a sensação de objetivo atingido, irão sempre resmungar, estar cheios de ódio e lutar sempre por mais para si.

Se formos esse tipo de pais, estaremos realmente a mostrar amor ou a destruir os nossos filhos?

Pode deixar o seu filho viver numa grande casa, comer boas refeições, aprender piano e ver televisão numa grande TV.
Mas quando for cortar a relva, por favor, deixe-o experimentar isso. Depois da refeição, deixe-o lavar o seu prato juntamente consigo ou com os irmãos. Deixe-o guardar os brinquedos e fazer a cama.
Isto não é por não ter dinheiro para contratar uma empregada, mas por querer amá-lo e ensiná-lo como deve ser.
A coisa mais importante que os seus filhos devem entender é de apreciar o esforço e experiência da dificuldade e aprendizagem da habilidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.

Quais são as pessoas que ficaram com mãos enrugadas por mim?
Esse é o grande valor das nossas mães..."


(Nonô) Ah, mamã... sou eu! Sou eu, pois sou?

Não é. Mas é igualzinha a ela. E a Nonô ficou a admirar-se, foi ver-se ao espelho, comparou-se, perguntou-se quem seria aquela menina tão parecida com ela que, a avaliar pela língua original do livro, parecia morar do outro lado do mundo...
E a mamã lembrou-se do "Homem Duplicado", de Saramago. E... hummmmmm.... que bela história que isto dava!!!

A Nonô a tentar escapar-se da mesa escorregando pela cadeira abaixo.

(Mamã zangada) Nonô, senta-te na cadeira, sff.
(Nonô com a voz fininha) Mas eu estou a encolher, mamã...

Afonso depara-se pela primeira vez com a palavra "Quiçá".
Feitas as devidas apresentações, pedi-lhe que inventasse algumas frases com a dita cuja, a fim de aprender a dar-lhe uso.
Resultado:

- A "quiçáááá" -de ficar pronta... (leia-se "A quiche há-de ficar pronta")
- A "quiçáaáá´" -be essa comida? ("A que sabe essa comida?")

Quiçá, um dia, ele aprenda a usar esta palavra... Mas hoje, definitivamente, não foi o dia!

(Nonô) Mamã, tiras-me fotografias para eu um dia mostrar aos meus filhos e eles verem como eu era em pequenina?
(Mamã) Ohhh...
(Nonô) E tiras também fotografias comigo, para eles verem como nós éramos amiguinhas?
(Mamã) Ohhhhhhhhhhhh....

Só não sei se a coma com beijos ou com abracinhos. É que não se aguenta...
Filhos regressam a casa depois de dois dias em casa dos avós.


(Afonso) Então, mãe? Que tal a vidinha sem filhos?
(Mãe) Sabes que os pais às vezes precisam de ficar algum tempo sem os filhos para perceberem o quanto sentem a falta deles.
(Afonso) Mas no teu caso é melhor não ficares muito tempo sem os teus filhos, mãe. Com essa memória, eras bem capaz de te esquecer mesmo de nós...


E eu pensei num comentário interessante para fazer a esta frase energúmena... mas esqueci-me!
(Dudu) Mãe, fiz um carro!


Tem rodas, porta, um senhor lá dentro... mas tem também uma cadeira que sobe ao céu, para uma visão panorâmica, fios que ligam o senhor à cadeira, um volante aerodinâmico...

(Dudu) É um carro romântico, pois é, mamã?

Acho que ele ainda não percebeu bem o que significa "romântico". Mas pelo menos criativo, não posso dizer que não seja...
Os desenhos da Nonô para as suas amigas...
Metade dos nomes não se percebe o que são (mas ela lá sabe o que querem dizer!).
As meninas, de facto, são um mundo à parte.

Jovens que nos inspiram... este concurso é para vocês!


A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas convidou-me a apresentá-lo novamente, e foi com o maior prazer que aceitei. Não é todos os dias que temos o privilégio de conhecer jovens cheios de garra que acreditam que vão mudar o mundo. Cabe-nos a nós, adultos, dar-lhes força para que continuem a acreditar que esse sonho é mesmo possível e que está nas suas mãos levá-lo avante. O mundo precisa, como nunca, de mudar, e as crianças e jovens têm essa energia especial que não podemos deixar que se perca nos afazeres da vida, na pressão das notas, na vontade de sucesso e na ilusão de uma carreira. Nós precisamos de um mundo melhor! E o mundo precisa de cada um de nós para melhorar. E aos jovens que o tentam, com os seus sonhos, os seus projetos, as suas ousadias, participando ou não neste concurso, deixo desde já os meus parabéns e os meus votos de que nunca desistam! (eu cá já sou "velhota" e continuo a acreditar...)
É oficial! Temos uma gatinha prenhe que em breve terá a sua primeira ninhada de filhotes...
Em casa dos meus pais, as gatas iam parir longe, e só sabíamos da existência de gatinhos quando eles começavam a rondar a casa em busca de comida. Uma vez ou outra, se pariam mais perto, lá calhava o meu pai descobrir-lhes o esconderijo, e lá íamos nós todos os dias, em romaria, espreitar os recém-nascidos, à espera de lhes poder pegar.
Não sei onde vai parir a minha gata (parece que são elas que escolhem o local), mas dado que vive dentro de casa (dando todos os dias os seus passeios, e só por isso é que engravidou), imagino que escolha um local dentro de portas. Talvez sozinha. Talvez comigo por perto, se ela quiser. Conheço pouco do mundo dos gatos (vou ter de aprender!) e pouco do pensamento da minha gata (que não se aprende na internet), numa hora como aquela que a espera. Mas hoje olhei-a nos olhos, disse-lhe que estava muito feliz por ela, que a partir de agora conversaríamos de mulher para mulher, de mãe para mãe, e ela aproximou o focinho da minha cara e lambeu-me o nariz. Dentro do género... creio que me entendeu! Espero estar à altura de a entender também a ela...