E temos ainda tanto por descobrir sobre as capacidades das crianças...

"Bebés conseguem ler emoções nos olhos dos adultos
Os olhos podem mesmo ser o espelho da alma. Cientistas do Instituto Max Planck (IMP), em Leipzig, Alemanha, descobriram que, aos sete meses de idade, os bebés conseguem perceber o estado emocional dos adultos através da reação da parte branca dos olhos, a esclera."

http://boasnoticias.pt/noticias_Beb%C3%A9s-conseguem-ler-emo%C3%A7%C3%B5es-no-olhos-dos-adultos_21416.html?page=0
A Nonô arranjou um namorado novo.
Hoje, resolveu perguntar à sua mamã o que é que ela achava de ele namorar com ela e com outra.

(Mãe) Não pode, Nonô.

(Nonô) Mas ele diz que ele namora comigo enquanto a H. está a ver televisão. E quando eu for ver televisão ele namora com a H.

(Mãe) Pois... Mas não pode. Se ele gostar mesmo de ti, só quer namorar contigo.

(Nonô) E ele não pode gostar das duas?

(Mãe) Mesmo que goste... mas tem de fazer uma opção. Ou tu, ou ela. Se ele quiser as duas é porque não gosta de ti o suficiente.

De repente a mamã cai em si. A sua filhota só tem 5 anos!!! O namorico é a brincar, e a mamã já quer vender-lhe as suas teorias monogâmicas...


Uma meia depois...

(Nonô) Mãe, amanhã não levo brinquedo para a escola.

(Mãe) Ai não? Então porquê?

(Nonô) Vou ter uma conversa muito séria com o meu namorado! Vou dizer-lhe que ele tem de escolher: ou eu ou a H. E não quero ter as mãos ocupadas com brinquedos...


E a mamã percebeu que ainda precisa de refletir muito sobre o universo feminino... E preparar-se muito bem para todas as perguntas que aí vêm!
(Dudu) Ó mãe... eu pensava que os humanos estavam todos mortos.

(Mãe) ???

(Dudu) Eu pensava...

(Mãe) Então se os humanos estivessem mortos, quem é que estava vivo?

(...)

(Dudu) Não sei bem explicar... Então os humanos estão vivos, pois é?


Pois é... Agora, onde este meu filho vai a estas perguntas é que eu não sei...
A história de hoje era sobre gatos - "Como funcionam os gatos" (Civilização) - e, talvez por isso, a nossa gata resolveu hoje juntar-se a nós.

- Ó Mia, tu funcionas mesmo assim?

Lambeu as patinhas descansadamente, enquanto parecia gozar com a nossa cara. Os gatos, em geral, são um mistério. Mas esta Mia, realmente... é do outro mundo! (e se querem saber mais pormenores, leiam o livro ;))

Mãe faz perguntas de Ciências ao seu filho Afonso, na véspera do teste. Farta da sua memória invejável, pensa em qualquer coisa que ele possa não saber...


(Mãe) E para terminar, qual é o músculo lateral do pescoço que...
(Afonso) ...é o externocleidomastoideo!!!

E não é que sabe?? Temos doutor! Só lha falta mesmo cantar o fado.
Na preparação para o banho:


(Mãe) O que é que estás a fazer, Nonô??

(Nonô) Estou a tirar o lixinho que está no meio dos dedos... Eu gosto deste lixinho...


Eu fazia igual! Às escondidas! A herança epigenética é tramada...
Este ano o Afonso quis uma festa diferente: "E se viessem uns amigos meus dormir cá a casa?"
A ideia pareceu-nos boa, mas a lista dos amigos, entre os colegas da escola e a equipa do hóquei foi crescendo, crescendo, crescendo...
Resultado: 25 miúdos entre os 10 e os 12 anos "acantonaram" em nossa casa, numa noite que, tão cedo, nenhum de nós vai esquecer... Torneio de futebol, basquete, PSP e cultura geral... Filme, em que metade da pequenada adormeceu. A outra fez a sua primeira direta da vida, por entre Monopolio, Risco, palhaçadas e partidas aos que dormiam. Às 8 da manhã já estava tudo a comer tostas mistas e a pular no trampolim, com banhos à mistura.
Claro que, no meio disto, a mãe e o pai também dormiram muito pouco, revezando-se para acompanhar os mais resistentes. No dia a seguir estávamos todos podres, crianças e adultos, mas não deixou de ser muito bom poder acompanhar a filharada nas suas farras, enquanto podemos ou eles nos deixam. O nosso papel era impor a ordem e não deixar que a festa se transformasse num caos... mas também rimos muito, brincámos bastante e ficámos a perceber um pouco melhor o que vai na cabecinha dos nossos filhos e na dos amigos que os acompanham.




Ps - Claro que, para o ano, não nos apanham noutra destas... Há aventuras que só se fazem mesmo uma vez na vida!
Dudu aproxima-se do Titão, confiante.

(Dudu) Tu sabes que eu sou o melhor da minha escola?
(Titão) O melhor em quê?
(Dudu) O melhor em tudo!
(Titão) Ninguém é o melhor em tudo, Dudu.
(Dudu) Mas eu sou o melhor nos quadrados, o melhor nas letras e o melhor nos desenhos.
(Titão) Até podes ser... mas os outros meninos também são bons noutras coisas. Somos todos bons em alguma coisa. Todos diferentes por fora, mas todos iguais por dentro. É mais ou menos assim, mãe?

É só mais ou menos... mas foi suficientemente próximo para a mamã concluir que, ainda que pareça que os filhos não estão a ouvir-nos, fica sempre lá qualquer coisita...
Dudu aparece com o joelho a deitar sangue.


(Dudu) Ó mãeee... eu sem querer arranquei o entrecosto da minha ferida...


E nunca uma crosta teve um nome tão apetitoso...
(Mãe) Titão, já recebeste algum teste?

O Titão esquece-se. Ou, se acaso se lembra, esquece-se de quanto teve. E se a professora por acaso resolve dizer a nota a meio da aula, sem entregar o teste... pior! Quando chega a casa já se foi.

(Mãe) Mas foi boa nota? Má nota?
(Titão) Acho que foi boa...

Agora, quanto foi, nunca quer nem saber...
Mas a mãe hoje insistiu:

(Mãe) Titão, lembra-te lá, recebeste algum teste?
(Titão) Não recebi, mas a professora disse a nota de Matemática.
(Mãe a medo) E lembras-te quanto tiveste?
(Titão) Tive 90.

A resposta foi pronta. A nota, ainda por cima, era boa, e a mãe ficou toda contente com o seu filhote. Por isso e por se ter lembrado.
Mas à noite, antes de entrar na banheira, reparou que o seu braço tinha um valente 90 escrito a tinta esferográfica.

(Mãe) O que é isto, filho?!
(Titão) Foi a maneira que eu arranjei para não me esquecer...

Este meu Titão é único...
Chamo-lhe o meu "Pica-miolos nº1". Aquele que me roubou mais horas de sono, que é capaz de falar horas a fio a uma média de 5 palavras por segundo, e que adora (ADORA!) testar todos os limites da minha paciência.

Mas este é também o meu filho das ideias loucas, dos sonhos extraordinários, inventor, mágico, com uma perspicácia e uma abertura ao mundo e à vida que tem sido, para mim, absolutamente inspiradora.

Faz 11 anos. Ui! 11 anos de tantas aventuras que já davam para encher vários volumes.

Adoro-te, meu filhote AFONSO! Que a tua santa loucura e energia te levem onde tiveres de chegar...
(Mamã zangada) Meninos, qual de vocês ligou a televisão?

Silêncio.

(Mãe) Quem foi que se acuse, por favor.

Manos olham para o Dudu à espera que ele se acuse.

(Dudu) Não fui eu, juro! Eu só me sentei e o comando estava por baixo...
(Mãe) Ah, estou a ver... E tiveste tanta sorte que o teu rabiosque se sentou logo em cima do canal de desenhos animados.
(Dudu) Sim, foi sem querer...

Nonô não se aguenta.

(Nonô) O Dudu mexeu, mamã. Eu até lhe pedi para ele pôr mais alto e ele pôs.
(Dudu) Não foi nada! A Nonô disse-me "mais alto" mas era para eu crescer. E eu cresci...

É o primeiro mentiroso da família.
Mas como é que se dá a volta a um mentiroso com tanta graça?
Titão a caminho de casa, sentindo o vento através da janela aberta do carro.

(Titão) Ai, mãe... eu podia ser um pássaro como aqueles que estão ali no fio...
(Mãe) Para voares?
(Titão) Sim... E para não ir à escola...


Depois de duas semanas com testes, o meu Titão só quer ser livre como um passarinho...

Titão a lavar os dentes, olha para a pasta de dentes com olhos de ver:

(Titão) Ó mãe... antes de serem inventadas as pastas, como é que as pessoas lavavam os dentes?
(Mãe) Mascavam raízes e folhas... As pastas continuam a ser feitas com essas folhas, que nos ajudam a manter um hálito fresco.

Titão lava os dentes.

(Titão) Então não percebo... não era mais fácil continuar a usar essas folhas, em vez de andarmos sempre a gastar dinheiro a comprar pastas de dentes? Eu acho que estas empresas andam a enganar-nos...

Titão vai vestir o pijama e continua a saga.

(Titão) Destroem as árvores e as plantas que são importantes para nós... e depois temos de ir ao supermercado comprar-lhes as coisas que eles fazem com essas plantas...


Titão, meu rico filho, estou tão contigo!
E agora não vou descansar enquanto não arranjar umas folhitas para mascarmos cá em casa...
(Titão) Ó mãeeeeee! Eu não sei quais são os meus talentos! Eu acho que não tenho talentos...
(Mãe) Que disparate, Titão! És um rapaz tão talentoso.
(Titão) Então ajuda-me!
(Mãe) Quando nós achamos que não temos talentos, sabes o que é que nós podemos fazer? Perguntar às pessoas que nos conhecem bem que talentos é que nós temos. A mãe já te disse alguns. Experimenta perguntar agora aos manos...

(Titão) Ó Nonô... tu achas que eu sou bom a fazer o quê?
(Nonô) A abraçar!

E foi assim que o Titão, perguntando a quem o conhece muito bem, e todos os dias usufrui das suas coisas boas, encheu rapidamente a sua árvore de 9 talentos...

Sebastião a fazer a sua árvore dos Talentos.


(Mãe) Não estar atento?? Então não estar atento é um talento, Sebastião?
(Titão) Um talento não é uma coisa em que nós somos bons? Então... eu sou muito bom em não estar atento...

Dudu começa a tirar livros do seu quarto e a empilhá-los no hall.

(Dudu) Já não quero estes livros no meu quarto, mãe. São de bebé. Podes dá-los aos meninos pequeninos.


Poderia gabar-lhe a iniciativa, mas em vez disso senti um aperto no peito. Dar os livros de bebé?? A outros meninos que não moram cá em casa?? Foram livros que passaram de mano para mano, de quarto para quarto, lidos e relidos vezes sem conta pelos meus pequeninos, até eles crescerem e os passaram aos manos mais novos.
A verdade é que já não tenho bebés cá em casa! O Dudu e a Nonô não têm manos mais novos. Ninguém a quem ensinar as cores, os nomes dos animais, a contar, com quem falar sobre os chichis nas cuecas, sobre os popós e as coisas da quinta... Para o ano terei os gémeos no 1º ano, a estudar coisas importantes e a gostar de livros mais complexos. Já vão ser eles a ler-me as suas histórias, e o meu colo vai ficar inevitavelmente vazio (até porque eles já vão pesar o suficiente para esborracharem a mamã).

Se me importo muito? Nem por isso. Nem voltava atrás por nada! Mas que me vai dar cá umas saudades, isso vai...
Após uma valente birra do Dudu, daquelas que põem a mãe de cabelos em pé, o Titão vai dar-lhe um abracinho dos seus.

(Titão) Como é que tu aguentas, mamã?
(Mamã) Com os teus abraços. Quando o Dudu fizer uma birra tu ajudas-me a manter a calma?

Anuiu e apertou outra vez a sua mamã.

Quem tem um aliado assim, tem tudo...
Uma crónica muito cómica sobre a diferença entre pessoas sem filhos e pessoas com filhos AQUI

Acrescento os desabafos de uma escritora com filhos:

Um escritor sem filhos pode esperar que a inspiração lhe surja.
Um escritor com filhos suplica à inspiração que comece a trabalhar às 9 da manhã e que dure até às 5 da tarde, hora de ir buscar as crianças à escola.

Um escritor sem filhos pode passar a noite em branco, a escrever.
Um escritor com filhos obriga-se todas as noites a ir para a cama cedo, ou no dia seguinte não vai ter pedalada para ajudar os filhos nos trabalhos de casa, no estudo para os testes, no jantar, nas roupas, nas birras... muito menos paciência para a harmonia necessária.

Um escritor sem filhos procura estar sempre a par das novidades literárias.
Um escritor com filhos tenta ler as novidades literárias depois de deitar os filhos... lê três páginas e cai para o lado. Mas em compensação conhece muito bem as novidades literárias para a infância...

Um escritor sem filhos acorda a meio da noite com uma ideia.
Um escritor com filhos também acorda a meio da noite com uma ideia, mas vai escrevê-la cheio de medo que algum filho acorde. E, antes de voltar para a cama, ainda vai tapar a malta toda e distribuir beijinhos. Muitos!


Agora, uma coisa é certa: os escritores com filhos podem pecar por falta de tempo, cansaço e dispersão... mas têm por outro lado uma casa cheia de histórias por contar!

Hoje, em vez a história de boa noite, cada um de nós fez a sua árvore dos 9 talentos.
Pensei que fosse mais difícil, que os pequenotes ainda confundissem talentos com defeitos, mas não. Tenho filhos cientes das suas capacidades e com boa auto-estima.
Claro que saber estalar os dedos pode não vir a ser de grande utilidade, e ser bom nas rimas também não me pareça que seja garantia de futuro algum... mas hoje falámos só de coisas boas, antes de ir para a cama, e só por isso já os vi deitarem-se com um sorriso mais sorridente.


(Nonô) Ó mãe, também tens de fazer a tua árvore dos talentos!!!

Pois com certeza! Um pai que queira ajudar os filhos a valorizarem-se, tem de saber valorizar-se também.
(só faltou o Titão, que estava no hóquei. Amanhã faço-lhe uma árvore gigante só para ele!)

Mãe observa o Titão a ensinar os números e algumas letras aos irmãos mais novos. Com muita paciência, cheio de truques.

(Mãe para o Pai) Hum... Acho que o Sebastião vai ser professor...
(Pai) Não digas isso... Coitado!

Em noite de PRós e Contras sobre o ensino, é esta a voz do que se passa no nosso país neste momento. A profissão de professor, outrora tão dignificante, e desejada por isso mesmo, é hoje uma hipótese que não interessa a ninguém. Aqueles que a escolhem por vocação (felizmente ainda muitos, e só isso nos vale!), partem para ela com o sorriso de um condenado: "Sei que vou ser maltratado, mas ainda assim sacrifico-me, pela minha paixão e por tudo o que posso fazer pela próxima geração." É bonito, é de louvar. Mas até um mártir, na hora H, duvida da sua entrega: "Valerá mesmo a pena passar por isto tudo?". "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste..."

As crianças são cada vez menos no país. Temos professores a mais. Muitos a mais. Temos de voltar a ser criteriosos na seleção, sim, com menos universidades, provas de acesso mais exigentes onde se tenha em conta a vocação, etc etc. Mas depois temos de valorizar os que avançarem, apoiá-los e dignificá-los, porque dessa dignificação depende em larga medida a sua motivação, o seu empenho e, claro está, os resultados daqueles que são os principais prejudicados desta história toda: os alunos.

Sou filha de uma professora que ainda hoje, reformada, diz com orgulho que o é. Uma vez professora, professora para sempre.
Sou mãe de um filho que talvez lhe tenha herdado a vocação, mas a quem vou mostrar outras alternativas, com esperança que ele se convença a ser outra coisa qualquer.
Vamos ver se, na altura dos meus netos, ser professor já será outra vez uma profissão de prestígio...

Só lhe falta começar a escrever...

Porque às vezes há imagens que valem por mil palavras...

Conversa à hora do jantar:

(Dudu) Ó mãe, quando eu e a Nonô formos crescidos, quem é que vai ser o nosso pai?

(Mãe) Ó filho... nós temos sempre o mesmo pai, a vida toda.

(Dudu) Ai é? E quando os pais morrem?

(Mãe) Nunca deixam de ser nossos pais. Pai há só um, a vida toda.

(Dudu) Ah.


Dudu diz que sim com a cabeça e continua a comer.

Mãe, pai, manos, olham uns para os outros, com estranheza. É só mais uma conversa estranha à la Dudu. Mas nunca deixamos de nos perguntar: "De que mundo é que este rapaz veio??"
(Dudu) Eu acho as miúdas todas feias. Todas, menos a minha namorada.

(Nonô) O quê, Dudu? Eu também sou feia????

(Dudu) Sim, só a minha namorada é que é bonita.


O drama. O horror. O choro compulsivo.


(Nonô) Ó mãe... o Dudu diz que eu sou feia!!!!!


Depois de todas as cenas de ciúme que o Dudu fez à mana gémea, resolveu virar agora o bico ao prego e é ele a fazer-lhe ciúmes.
O que vale é que os namoricos ainda são a brincar. Quando forem a sério é que eu quero ver...
(Leonor) Eu acho o M. da minha sala muito giro...


Pai salta da cadeira.


(Pai) Quem é que é giro?? Que conversa é essa, Leonor?

(Leonor) Mas tu também és muito giro, papá...


Só 5 anos de vida, e já sabe dar-lhe a volta tão bem...
- Natação
- 2 treinos e 1 jogo de Hóquei
- 1 festa de anos
- 1 lanche na Casa da Criança
- 1 teatro
- Estudo para 3 testes (Titão)
- Construir 2 rodas dos alimentos (Gémeos)
- Trabalho da mamã

Metade por obrigação, metade por prazer, foi mais um fim-de-semana e tanto!
E ainda me perguntam porque é que eu gosto tanto da segunda-feira...
Aos 18 anos, ganhei um irmão de 9. Adoptado numa dessas coincidências da vida que nos fazem sentir que tudo tem um sentido de existir.

Lembro-me do seu olhar assustado, na primeira vez que me viu.
Lembro-me da sua curiosidade tímida sobre tudo aquilo que eu era e tudo aquilo que eu fazia. E da minha curiosidade também, sobre quem ele tinha sido, mas sobretudo sobre poderia vir a ser, se o ajudássemos.
Lembro-me da primeira vez que, timidamente, me deu a mão no banco de trás do carro dos meus pais.
Lembro-me da primeira vez que adormeceu no meu colo e de tudo o que pensei enquanto decorava as linhas do seu rosto.
Lembro-me de o ver engordar e querer comer tudo aquilo a que antes não tinha acesso.
Lembro-me da sessão do tribunal em que ele ganhou o nosso nome e, acreditando finalmente que éramos uns dos outros, começou a chamar a minha mãe de MÃE e o meu pai de PAI. Eu era Sara e Sara fiquei, mas agora um bocadinho mais mana. De verdade.
Lembro-me de o tentar pôr a estudar e de desesperar!
Lembro-me da primeira e única bofetada de irmã que lhe dei, e do que chorámos juntos depois disso.
Lembro-me das nossas férias, de o ver nadar, de o ver andar de bicicleta, de o ver esquiar.
Lembro-me das músicas que ele gostava e que ele me punha a ouvir.
Lembro-me de o ver crescer, começar a usar desodorizante, fazer a barba, arranjar-se todo para sair.
Lembro-me de já não saber bem o que lhe dizer. "Estás grande, João..." Sorriso. Silêncio. Adolescência vs Mana Cota.
Lembro-me de o ver olhar para os meus filhos. Os seus sobrinhos.
Lembro-me do seu cheiro. Do seu cabelo fino, que ele puxava para o lado. Da sua voz.

Aos 27 anos, perdi um irmão que me deu isto tudo. E todo o sentido que essas coincidência da vida nos haviam feito ganhar, foram abaladas. "Porquê?" "Porquê ele?" "Porquê agora?"
Depois, com as feridas já mais saradas, lembro-me de pensar que ninguém é de ninguém. Que os filhos não são nossos, são da vida. Os manos também. E que nada pode roubar o sentido da vida se, enquanto vivermos, fizermos por usufruir desse mesmo sentido, em cada dia, com cada pessoa que passar pela nossa vida.
Custa a dor, doem as saudades. Mas o sentido é o sentido. Apesar de tudo, faz sempre sentido.

O João foi o nosso presente da vida. Esperemos ter sido também o dele...

(Mãe) Que giro, Dudu! O que é que desenhaste?

(Dudu) O pai... A mãe... E eu, numa nave espacial.


Eu bem digo que este meu filho é um pequeno allien, mas ninguém acredita...
(Afonso) Mãe, não vais acreditar... a composição do meu teste de Português era sobre ser ecológico!!!

(Mãe) Não estou a perceber... Achaste bom ou mau?

(Afonso) Mãe... depois de todas as secas que já nos deste, o que eu mais sei é falar sobre ecologia!


Espero que as minhas "secas" sirvam sobretudo para a sua vida prática... mas se o ajudarem a ter boa nota no teste, será juntar o útil ao agradável!

E porque é Dia da Alimentação, termino o dia com este vídeo importante - "Muito Além do Peso" - sobre a alimentação que estamos a dar às nossas crianças e os efeitos que isso terá a curto, médio e longo prazo.
É que vale mesmo a pena pensar nisto...



(Afonso) Ó mãe, não existem máquinas para fazer dinheiro?

(Sara) Sim. Todo o dinheiro que circula no mundo foi feito em máquinas.

(Afonso) Então não percebo... Porque é que não se faz simplesmente mais dinheiro para dar aos pobres?


E a verdade é esta. Até uma criança de 10 anos a entende...


(Documentário sobre o dinheiro aqui)

Afonso resolve testar a minha paciência respondendo a todas as minhas perguntas... 2.

(Mãe) Afonso, o que é que queres lanchar?
(Afonso) 2.
(Mãe) Afonso, tens trabalhos de casa?
(Afonso) 2.


Algumas vinte perguntas depois...


(Mãe) Afonso... a minha paciência já está no limite, ok? Se voltares a responder-me "2", eu vou-me chatear contigo "à séria". Entendido?


Anuiu.
Alguns minutos depois.


(Mãe) Afonso, já fizeste os trabalhos de casa?
(Afonso) 4.
(Sebastião) Ó mãe, tu também fazes exercício físico?

(Mãe) Claro, filho. A mãe não tem muito tempo, mas costuma correr aqui à volta, ou na praia. Não te esqueças que nos primórdios da Humanidade nós éramos nómades e caçadores. O nosso corpo continua igual ao que era nesse tempo. Precisa de movimento para sobreviver.

(Afonso) Então porque é que as pessoas passam o dia todo sentadas?

(Mãe) Pois... não devíamos. O nosso corpo ainda não sabe bem o que fazer com o sedentarismo e há muitas doenças que provêm disso. Mas as profissões de hoje em dia implicam passar muito tempo em frente ao computador...

(Afonso) E porque é que nós passamos o dia todo sentados na escola? Também estamos a fazer mal ao nosso corpo?

Ui, ui! Começou a complicar...

(Mãe) Sim... um bocadinho. Mas se vocês depois pularem e saltarem nos intervalos e fizerem desporto, já estão a dar ao vosso corpo o movimento que ele precisa.

(Sebastião) Eu cá gostava de ainda andar pendurado nas árvores...


E galgar os montes, mergulhar nos riachos, e depois dormir uma bela soneca ao sol. Também eu, Sebastião...
E não consigo deixar de me perguntar o que pensará o nosso corpo, na sua inteligência interna, sobre o que lhe temos andado a fazer nos últimos séculos...

Ao ver as imagens do Fábio, o jihadista português, não consigo deixar de pensar nos jogos tipo "Call of Duty", em que se mata e morre por "dever", durante horas a fio, numa guerra eletrónica que se sobrepôs ao diálogo, à orientação, à descoberta de um sentido para isto que andamos aqui a fazer.
Não conheço o Fábio nem exatamente o que o conduziu até aqui (porque ele fala efetivamente de um sentido... Mas é um sentido que implica a morte e a tortura de milhares de pessoas, que ficam assim privadas do seu sentido pessoal). Assim como não conheço os pais, de quem apenas me sinto solidária. O que sei é que, com maiores ou menores diferenças, o Fábio podia ser qualquer um dos nossos filhos...

(reportagem sobre o Fábio aqui)

Mãe a ralhar desesperadamente com o pequeno Dudu, depois de uma valente sessão de desesperantes disparates.


(Mãe) Vais ficar de castigo, Dudu.

(Dudu) Mas tu em pequenina também te portavas mal...


Mãe olha-o, desconcertada.


(Dudu) Sim, sim. Eu sei que fazias muitas birras e que o avô um dia até teve de te dar uma palmada porque tu abriste o carro quando ele ia a andar...


Mãe reduz a intensidade do ralhete.


(Mãe) Mas a mãe depois começou a portar-se muito bem.

(Dudu) E eu também me vou portar bem... depois.


E foi assim que, às custas dos telhados de vidro da mamã, o pequeno Dudu se livrou de um valente castigo...
3 horas de viagem para o Alentejo profundo, onde decorreria um mega almoço com a família paterna. 1 das horas passada entre a nossa casa e a ponte 25 de abril, à entrada qual estava um aparatoso acidente com 4 carros, que entupiu o trânsito todo.

Se a viagem custou? Soube-me a meia hora. A Nonô adormeceu. O Dudu levou bonecos e foi o caminho todo a imaginar guerras entre eles. E o Afonso foi o caminho todo - literalmente TODO - a conversar.

- Às vezes penso sobre o dilúvio e a arca de Noé... e há uma coisa que eu não entendo: o Noé e a família até podiam ser boas pessoas, e percebo que Deus quisesse salvar a natureza... Mas porquê matar tudo o resto? Se era para fazer uma limpeza não podia matar só os homens maus?

- A história do Big Bang levanta muitas questões: se o universo começou com uma explosão, o que é que havia antes da criação do universo? Não havia nada? Ou havia outro universo maior? Se calhar o nosso universo é só uma coisinha pequenina de uma coisa maior. E nós somos os micróbios do universo, ahah!

- Eu às vezes é como se me visse fora do meu corpo, a olhar para mim e para tudo o que existe... e, visto de fora, há para aí tanto disparate...

- Eu criei uma Teoria, a Teoria da História: tudo tem uma história, e as histórias têm todas um princípio e um fim. Por isso tudo o que existe tem um princípio e vai ter de ter um fim.

- Tu também pensavas nestas coisas esquisitas quando tinhas a minha idade?

Oh, se pensava!

- Se pensamos é porque há alguma coisa dentro de nós à procura de respostas. Tens de ir atrás delas. Ler, investigar, pensar, perguntar... Mas tens também de ir vivendo e aproveitando a tua vida. A única certeza que temos é que estamos aqui, neste tempo e neste espaço, e que esta é uma excelente oportunidade para experimentarmos todas as coisas boas de viver...

No regresso, deixámos de lado as teorias sobre a consciência, os mitos das religiões, a origem do Homem e do universo e as experiências fora do corpo. Cantámos, ele contou as partidas que pregam lá na escola e as alcunhas que chamam uns aos outros, eu contei também todas as parvoíces divertidas que fiz quando tinha a idade dele, e chegámos a casa num grau acima de cumplicidade mãe/filho.

- Vive a vida, filho. Tens tempo para perceber o que podes fazer com essas ideias todas que te passam pela cabeça. Só não te deixes formatar nem estupidificar, porque ninguém como é por razão nenhuma... Abre-te à vida, põe os teus talentos a render... e vais acabar a tua história a sorrir.

Sorriu-me e entrou em casa. E eu pensei para comigo que a vida é efetivamente este milagre de relações, aprendizagens e partilhas. Acho que ele cresceu com esta viagem. E eu, definitivamente, também.
(Mãe) Afonso, vai lá estudar!

(Afonso) Não, mãe... Pensar é estar doente dos olhos!

Se calhar não foi muito boa ideia ter-lhe lido Alberto Caeiro...


"
(...)
Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
(...)
"
As decorações dos domingos...


A Cristina Baptista desafiou-nos, e nós lá fomos ao primeiro workshop Familiar Smile Dance da Clínica Construímos Sorrisos, em Belém.
Claro que, por entre o mau feitio matinal do Dudu, a vaidosice da Nonô e a pouca orientação da mamã, fomos os últimos a chegar. A Cristina já estava a explicar que iríamos dançar um micromusical para aprender a fazer amigos e a resolver conflitos na escola, por entre sorrisos, corações, "tufas" e líderanças, e perguntei-me algumas vezes se os meus piolhos estariam a entender a mensagem e se colaborariam como era suposto na dança que se seguiria.
A verdade é que seguiram, dançaram, sorrimos (muito!) e hoje, depois de uma micro-zanga com o seu mano gémeo, a Nonô fez-lhe um tufas e foi brincar com outro mano.

(Não sabem o que é um tufas? Pois... terão que ir ao próximo workshop da clínica... :)).

Seguiu-se outra dança para aprendemos a lavar os dentes e agora os meus filhotes não lavam a língua sem abanarem o rabinho, de braço no ar, celebrando a limpeza e a saúde... E não é que isto da smile dance funciona mesmo??


- Agora os mais pequenotes vão para a outra parte da clínica para brincarem aos dentistas...

A ideia, para remate do workshop, era os pais ficarem sozinhos com a Cristina, para que elas nos pudesse transmitir alguns conceitos que enquadravam tudo aquilo que havíamos feito. Tinha a certeza de que os meus filhotes não iriam sem mim para lado algum, mas parece que a Smile Dance faz mesmo os seus milagres... se um dos objetivos é transmitir-lhes auto-confiança e ensiná-los a lidar com os seus problemas, no caso dos meus filhos começou desde logo a dar frutos: o Dudu ainda olhou para mim, aflito, mas depois deu a mão à Nonô, sorriu-me e seguiu com a mana, atrás dos outros, para a sala dos dentistas. Quando voltaram, de bata, touca e um kit de dentista, sorriam, sorriam muito. E a mamã com eles.

Obrigada, Cristina! Foi só uma manhã e já deu tantos resultados...
Conta connosco para a tua próxima aventura!
O Instituto Gulbenkian da Ciência abriu portas este sábado, com jogos, experiências e passerelle de "topmodels" (sapos, borboletas, moscas, etc).
O espaço estava cheio de mais para se conseguir ver tudo como deve ser, mas isso é também um óptimo sinal. As famílias gostam de programas destes. Desafiem-nos que nós lá estaremos em força com a pequenada, para lhes mostrar como a ciência é importante mas também muito divertida!
Até à próxima...




A mãe tem andado aflita, por entre TPCs dos filhos, revisões para testes, treinos de hóquei tardios e os seus próprios trabalhos. De modo que, na última semana, não houve relaxamento noturno para ninguém!
Bem... para "ninguém", não é bem assim, porque a Nonô continua a relaxar todas as noites, e agora ao som das meditações da Isabel Leal. Senta-se em cima da cama, sentada em flor de lótus, fecha os olhos e a mamã põe o rádio a tocar, enquanto vai despachar os manos.

- "Senta-te numa posição confortável... fecha os olhos e imagina que..."

Alguns minutos depois a Nonô chama pela mamã:

- Já está, mãe. Estou relaxada... Um beijinho e uma boa noite!

Dá-me um abracinho e deita-se descansada.
Ainda não consegui ouvir uma meditação da Isabel até ao fim, mas já sou fã! Agora é só arranjar tempo para me sentar ao lado da minha filhota e relaxar com ela...

Afonso "esparramado" no sofá.

(Afonso) Eu já sei a matéria, mãe... Depois é só fazer um texto de opinião.

(Mãe) Então faz lá um texto de opinião para a mãe ver...

(Afonso) Ih! Mãe... Não!!!

(Mãe) Faz sobre o que tu quiseres. A mãe só quer ver como é que tu expões os argumentos.

(Afonso) Posso fazer sobre a obesidade dos gatos?


Encolhi os ombros, certa de que a pergunta era imbecil demais para eu perder tempo a responder-lhe, e fui rever os ossos com o Sebastião, que também tem teste para a semana.
Uns 5 minutos depois o Afonso aproxima-se com um texto... sobre a obesidade dos gatos!


Dei-lhe nota 20 a parvoíce. Mas também 20 a capacidade argumentativa. Como é que alguém escreve 15 linhas em 5 minutos sobre a obesidade felina???
As primeiras aventuras do mai'novos pelo reino da Matemática...

(Afonso) Mãe, eu acho que sou uma espécie de Fernando Pessoa...

(Mãe) ???

(Afonso) Andam a pedir os nossos nomes para as listas da Associação de Estudantes. Eu inscrevi-me numa como Afonso e arranjei heterónimos para me inscrever nas outras...

(Mãe) E que heterónimos é que arranjaste??

(Afonso) Fernando Pessoa... Manuel António Pina...

(Mãe) E ninguém desconfiou?

(Afonso) Não. Agora o Fernando Pessoa faz parte da lista M e o Manuel António Pinha da lista F...

(Mãe) Isso não é seres o Fernando Pessoa, filho. É seres um bocadinho aldrabão...



A verdade é que, depois de tudo o que já li sobre Fernando Pessoa, estou mesmo a vê-lo a fazer isto e a rir-se à brava, interiormente, com o resultado da partida...


Um dia sonhei que uma criança reunia um "exército" de crianças para salvar o mundo.

A "guerra" existe.

Felizmente, a criança também.

Obrigada, Malala.

Dudu assalta a cama da mamã às 3 da matina.

(Dudu) Tive um pesadelo horrível!

(Mamã estremunhada) Queres contar-me?

(Dudu) O pai pôs uma bomba num sítio e eu estava lá... Explodiram muitas pessoas. E eu também explodi!

(Mamã) Tu sabes que o pai não põe bombas, filho.

(Dudu) Agora não. Mas isto já foi há muito tempo. Tu não eras casada com ele. Eras só namorada.

(Mamã) Mas tu só nasceste depois dos pais casaram, filho.

(Dudu) Mas eu não era vosso filho. Era crescido.

(Mamã) E a mãe também andava a pôr bombas?

(Dudu) Não. Tu eras boazinha. E o pai também. Não sei porque é que ele fez aquele disparate...


Ele não era ele. Eu e o pai não éramos bem nós. Pelo menos éramos todos bonzinhos... apesar dos disparates. E um valente disparate deu nisto: uma bomba e gente a explodir num passado distante.


E ainda estamos tão tão longe de compreender os nossos sonhos...
Um pequeno vídeo sobre educação que vale mesmo a pena ver...

https://www.youtube.com/watch?v=EtGYlKKBKu4


"Em cada coração
há uma janela para outros corações.
Eles não estão separados,
como dois corpos.
Mas, assim como duas lâmpadas
que não estão juntas,
Sua luz se une num só feixe."
(Rumi)

(Dudu) Ó mãe, quando é que a nossa gata faz anos?

(Mãe) Ui, filho! Não faço ideia.

Na verdade, já é uma sorte a mãe saber as datas de aniversários dos filhos!

(Dudu) Temos de escolher uma data para ela. E fazer uma festa!

(Sebastião) Boa! Convidamos os gatos dos vizinhos.

(Dudu) Não, eu já falei com ela. E ela quer antes convidar os meus amigos lá da minha escola... Disse-me assim: "Ma'tim... Miau Miau... João... Miau Miau... Vasco... Miau Miau........"


E é isto! É o mais novo, e já bateu aos pontos os manos nessa singela arte de "Tentar enrolar a Mamã"!

Pediu-me para escrever que ele estava doente por baixo do seu nome e para o desenhar com uma espada numa mão e o termómetro na outra (presumo eu que seja para mostrar como ele está a lutar contra a bicharada que tomou conta dele). Depois, levar o recado à professora, que tratou de o pregar no placard da turma.

Temos guerreiro!


PS - Já agora, aqui deixo uma mezinha caseira, tirada da minha sebenta da macrobiótica, para baixar a febre: sumo de maçã com kuzu.


"Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer."
(Albert Einstein)

Para repetir muitas vezes hoje à noite à filharada. Até ficar de língua de fora!

Hoje foi a vez do Titão preparar o "Bom dia" lá na escola e ele quis fazê-lo sobre o livro "A Maior Flor do Mundo", de José Saramago (dedicado pelo próprio ao Afonso, o único filhote que existia na altura). Na sala, viram o filme de animação e depois o Titão distribuiu uma folha para os alunos preencherem com o pequeno grande contributo que cada um estava disposto a dar para um mundo melhor.
Fiquei curiosa com as respostas, mas só tive acesso à do Sebastião, assim que chegou a casa...


"Vou sorrir para alguém e esse alguém vai sorrir para outras pessoas, até passar pelo mundo todo."

É, sem dúvida, uma pequena grande ação. A mim, pelo menos, já me deixou a sorrir.... :)))

Dudu em casa com febre = 5 horas intensivas de "Minipólio" (como ele diz)


Já deito "Minipólio" pelos olhos (sobretudo porque tinha de ter um no jogo e outro no trabalho). Mas a coisa boa foi que, ao fim de algum tempo, já estávamos a emprestar dinheiro um ao outro ("deixa, não precisas de pagar"), a oferecer propriedades, a desculpar a renda...
Ontem, a jogar com os manos, o Dudu viveu a euforia do dinheiro e do "ter mais do que o outro". Hoje, já cansados da competição e da luta pelo "ter mais", percebemos que partilhar e ajudar os outros nos deixa a todos muito mais felizes. No "Minipólio" e na vida real...
(Dudu) Pronto, mãe, já sei fazer o meu nome. Queres ver?

Sentou-se e esteve para ali a rabiscar uma porção de tempo. Ele bem me tinha avisado que um dia ia aprender a escrever o seu nome. Que era melhor eu não stressar, que esse dia ia chegar. E chegou.


Foi mais uma boa lição para eu (aceleradinha de serviço) encaixar a importância de respeitar o tempo das crianças...
(Mãe) Dudu, vem cá uma amiga da mamã a casa. Vais-te portar bem?

(Dudu) Sim. Eu gosto de ser simpático com as pessoas. É pois que quando damos amor nós recebemos amor de volta?

Gostava de dizer que tudo isto ele aprendeu em casa, mas em abono da verdade, acho que estou a dever um mega agradecimento à professora de espiritualidade, que anda a trabalhar com a turma dele os sentimentos e as virtudes das boas práticas.
Agora... agora é fazer os TPCs e reforçar a matéria dada (que com estes TPCs eu concordo e muito)!
A cronista Maria João Marques decidiu escrever uma crónica onde fazia um Manifesto pela Abolição dos Trabalhos de Casa, e caiu-lhe literalmente tudo em cima (felizmente, também houve muita gente a concordar, mas digamos que as opiniões contrária foram mais... "acesas")!
Pessoalmente, e ainda que entenda as razões pelas quais os professores mandam tantos trabalhos para casa, não gosto de TPCs. Acho que as crianças têm uma carga horária enorme, falta-lhes tempo para brincar, para estarem com a família, conversarem, passearem, aprenderem mais sobre outras coisas e experienciarem outras realidades. Saírem da escola para se sentarem a uma secretária e continuarem a trabalhar não é necessariamente produtivo (o descanso é metade do trabalho bem feito), para além de ir contra aquilo que é da nossa natureza: não somos animais sedentários, precisamos de correr, saltar e apanhar ar puro. Os pais têm falta de tempo para estarem com os filhos. Passá-lo às turras com os TPCs é perder excelentes oportunidade de aprendizagem mútua, passagem de conhecimentos importantes para a vida (mais importantes do que as contas e a gramática) e educação (tão importante como instrução).
Como digo, entendo os professores e as razões pelas quais passam trabalhos de casa. Com turmas de 30 alunos (em que metade está na lua, porque o próprio sistema de ensino, importado do tempo da revolução industrial, está totalmente desadequado às crianças de hoje em dia, que precisam de outros estímulos para "funcionarem"), quilos de matéria para dar e a corda ao pescoço por causa das médias e dos rankings, não há como não pedir aos pais (esses pais, coitados, que também não têm tempo nenhum e também estão com a corda ao pescoço por tantas outras razões) toda a colaboração que puderem dar para o "sucesso" das crianças. Muita coisa está mal, e muito precisa de mudar para que cheguemos a um sistema perfeito, adequado às crianças que temos e orientado para algo que nos sirva a todos enquanto comunidade (no geral) e enquanto seres humanos (em particular). Quando assim for, o conceito de TPCs até poderá parecer-nos ridículos. Até lá, entendo os professores, mas estou absolutamente solidária com a Maria João Marques. Convido-a desde já (se ela tiver coragem para isso) a visitar a minha casa entre as 18h e as 20h da noite, tempo de banhos, preparação do jantar, conversas, arrumações, confusões... e trabalhos de casa! (para o ano a quadriplicar), para ela perceber até que ponto eu estou solidária com ela...
(Dudu) Tenho uma namorada na minha sala.

Chegou-nos com esta novidade há uns dias e parece bem certo da sua escolha.

(Pais) Mas ela sabe que é tua namorada?
(Dudu) Sim, eu perguntei-lhe se ela queria namorar comigo e ela disse que sim.

E pronto, nada mais a dizer. Ficou a mamã satisfeita por ver o seu pequeno Dudu deixar de encarar as meninas da sala como alvos a abater (porque lhe roubavam as atenções da irmã), mas por outro ficou de coração apertadinho, a pensar que os filhos crescem depressa demais e que, qualquer dia, assim quase sem dar conta, dou em sogra...


A noite hoje foi dedicada à filosofia. Não houve história, não houve relaxamento, houve apenas 3 perguntas:

- Precisamos dos outros para sermos felizes?
- O dinheiro dá felicidade?
- Somos infelizes quando sonhamos demais?

As respostas foram muito curiosas, cada um tinha uma opinião, que refletia bem a sua forma de viver. E a dada altura saltou a tampa ao Afonso:

- Ó mãe... não há uma resposta certa para as tuas perguntas. "Depende" sempre de qualquer coisa...

E não será isso mesmo filosofar? Pensarmos por nós próprios e percebermos que na vida não há respostas fechadas nem fórmulas concretas? Cada um tem de encontrar as suas e respeitar as dos outros.

E para a semana há mais!

Feliz Dia do Professor!

Com um abraço especial a todos os professores que tive, todos os professores que têm acompanhado os meus filhos, todos os professores que conheci nas minhas visitas às escolas... E, claro, um beijinho gigante à minha mãe, com quem aprendi a respeitar e admirar a figura do professor, profissão de vocação e de entrega diária, hoje tantas vezes descurada.
Vivemos dias difíceis, a vários níveis, mas da motivação, resiliência, criatividade e alegria de um professor depende em larga medida o futuro de toda uma geração. Por isso o meu obrigada. E a minha força!

Mãe percebe que os filhos estão crescidos quando...


... dá com eles a jogarem monopólio, autónomos e coordenados, sem birras nem confusões. Resta saber o que vai acontecer quando algum entrar em bancarrota...
Mãe sente-se cota quando:

- Tem o filho de 10 anos a enviar-lhe stickers para o viber
- O viber foi-lhe instalado por esse mesmo filho
- Mãe não sabe o que fazer com o viber, muito menos com esses tais de stickers...

4 filhos a cantar em falsete "O Meu Pai Tem Bigode" às 8 e picos da manhã, chegou a comover a mãe...
Quando os 4 filhos resolveram fazer uma surpresa à Mãe e cantar-lhe em uníssono "A Minha Mãe Tem Bigode", a Mãe já não achou piadinha nenhuma...

Qualquer dia vamos ter uma conversinha de pé de orelha, senhor Nilton...

"Toda a educação só tem um fim, que é o de preparar-nos para a vida. A existência de todos nós se caracteriza por relações com nossos semelhantes e quanto mais culto é o homem, mais apto deveria estar para conciliar sua vida à daqueles que o cercam. O povo de Natal, infelizmente, acreditava que o importante eram as coisas de ordem prática, a habilidade de fazer uma operação aritmética ou escrever uma sentença, sendo o mundo das humanidades relegado à condição de um sentimentalismo piegas."

W.H.Nicholas, professor de latim de Fernando Pessoa em Durban, no seu discurso de despedida da escola onde leccionou durante 30 anos.
(Titão) Mãe... sabes aquela coisa que eu mais odeio fazer?

Vi-lhe o livro na mão e imaginei imediatamente o que ele me vinha dizer, mas disfarcei:

(Mãe) Levar uma vacina? Ser virado de pernas para o ar? Não estou a ver...
(Titão) Tenho de fazer uma composição!!!

O tema era facílimo: uma singela viagem de um caracol. Total liberdade para ele escrever o que quisesse. E ele estava completamente bloqueado sem fazer a mínima ideia do que escrever.
Forcei-o a ficar um bocado sentado, a escrever o que lhe viesse à cabeça, mas eram 18.30h da tarde e não lhe vinha nada senão uma enorme vontade de brincar e descansar. Até que desisti.

(Mãe) Anda comigo dar banho aos manos e fazer o jantar.

Enquanto saltitava atrás de mim, fi-lo imaginar que era um caracol. Imaginámo-nos criaturas lentas e pegajosas. Falámos de lugares onde ele tinha gostado de ter estado ou onde gostaria de ir. Falámos do ato de criar. Ouvimos música. E, quando os manos já estavam prontos e o jantar na mesa, ele gritou:

(Titão) Tive uma boa ideia para a minha composição!

Não era nada daquilo que tínhamos falado, mas era nem mais nem menos uma das melhores ideias que eu já tinha ouvido. Ele inventou um caracol que tinha 3 empresas: uma empresa para ensinar os outros caracóis a serem rápidos, outra para os ensinar a serem espertos e outra para viajar no tempo. Ia nesse dia viajar até um encontro de empresários onde ia apresentar as suas mais recentes instruções para se ser estas 3 coisas. Arranjou então forma de se colar à asa de um avião que ia para Londres, depois saltou para cima do Big Ben, desceu pelos ponteiros, aterrou no segurança do elevador e subiu por ele acima para carregar no botão do andar onde ia acontecer o encontro. O problema foi que, quando chegou lá... não havia lá ninguém! Claro! É que os outros caracóis não eram tão rápidos nem espertos como ele. Ainda nem conheciam as suas instruções! Felizmente, ele também tinha instruções para viajar no tempo, por isso voltou atrás, à sua casa, antes de partir, e voltou a fazer a viagem. Desta vez a pé, para chegar lá ao mesmo tempo dos outros...

Onde ele foi a estas ideias, não sei. Sei que, se as teve, foi porque criou nele esse espaço, essa disponibilidade, com tempo, carinho e magia.
Há crianças que são rápidas a ter ideias (o Afonso, por exemplo, é um super sónico!). Há outras que precisam de tempo e condições para criar e, se esse tempo e condições existirem, podem até ser mais criativas do que as outras. Ou seja, não é um defeito, pode mesmo ser uma qualidade. Mas é uma qualidade para a qual há muito pouco espaço e tempo no nosso sistema de ensino, onde se pede, num exame, que se escreva uma história de 20 linhas em poucos minutos. E assim se avalia a criatividade de uma criança. E assim se transforma uma criança criativa numa criança que diz, de cara fechada, que "odeia composições"...

Mais um programa a não perder, para nos deixar a todos mais sorridentes!

"A Clínica Construimos Sorrisos vai brincar com as crianças aos dentistas e partilhar momentos de grande alegria e sabedoria com os pais. Sorrir e brincar é para quem leva a vida muito a sério!"


Chegaram há meia dúzia de dias e devorámo-los no fim de semana, com a calma necessária para o prazer ser redobrado.
Conheci a Rita Correia através de uma amiga. E amigos dos nossos amigos, são logo um bocadinho nossos amigos também. Pesquisei sobre ela, sobre o seu trabalho de ilustradora, e descobri estes seus dois livros de autor, que andam a fazer sucesso por diversas escolas.
Não vou contar as histórias, prometo, mas posso adiantar que, no final do primeiro, demos todos um grande abraço de família, e que, após o segundo, os meus filhos decidiram que alguns dos nossos livros deveriam ir dormir para o Parque dos Poetas, para que outros meninos os possam encontrar e conhecê-los também...

Obrigada, Rita! Que dois finais de dia bons nos proporcionaste... Ficamos a aguardar o próximo ;)
O xadrez é bom e recomenda-se. Diversos estudos por todo o mundo comprovam que, mais do que um jogo, o xadrez é um poderoso exercício para a mente, que exercita a memória, a concentração e o raciocínio lógico.
O Afonso já era fã, o Sebastião andava com preguiça de aprender a regras, mas nada como uns bonequitos da Star War para aguçar o apetite. Estiveram mais de uma hora a jogar e diz o Sebastião que até ganhou o último jogo! (o mano contesta, diz que houve batotice, mas que me conste não houve peças a voar nem cabeças rachadas. Prova superada!)