Coisas de viagem e crescimento

- 13.10.14

3 horas de viagem para o Alentejo profundo, onde decorreria um mega almoço com a família paterna. 1 das horas passada entre a nossa casa e a ponte 25 de abril, à entrada qual estava um aparatoso acidente com 4 carros, que entupiu o trânsito todo.

Se a viagem custou? Soube-me a meia hora. A Nonô adormeceu. O Dudu levou bonecos e foi o caminho todo a imaginar guerras entre eles. E o Afonso foi o caminho todo - literalmente TODO - a conversar.

- Às vezes penso sobre o dilúvio e a arca de Noé... e há uma coisa que eu não entendo: o Noé e a família até podiam ser boas pessoas, e percebo que Deus quisesse salvar a natureza... Mas porquê matar tudo o resto? Se era para fazer uma limpeza não podia matar só os homens maus?

- A história do Big Bang levanta muitas questões: se o universo começou com uma explosão, o que é que havia antes da criação do universo? Não havia nada? Ou havia outro universo maior? Se calhar o nosso universo é só uma coisinha pequenina de uma coisa maior. E nós somos os micróbios do universo, ahah!

- Eu às vezes é como se me visse fora do meu corpo, a olhar para mim e para tudo o que existe... e, visto de fora, há para aí tanto disparate...

- Eu criei uma Teoria, a Teoria da História: tudo tem uma história, e as histórias têm todas um princípio e um fim. Por isso tudo o que existe tem um princípio e vai ter de ter um fim.

- Tu também pensavas nestas coisas esquisitas quando tinhas a minha idade?

Oh, se pensava!

- Se pensamos é porque há alguma coisa dentro de nós à procura de respostas. Tens de ir atrás delas. Ler, investigar, pensar, perguntar... Mas tens também de ir vivendo e aproveitando a tua vida. A única certeza que temos é que estamos aqui, neste tempo e neste espaço, e que esta é uma excelente oportunidade para experimentarmos todas as coisas boas de viver...

No regresso, deixámos de lado as teorias sobre a consciência, os mitos das religiões, a origem do Homem e do universo e as experiências fora do corpo. Cantámos, ele contou as partidas que pregam lá na escola e as alcunhas que chamam uns aos outros, eu contei também todas as parvoíces divertidas que fiz quando tinha a idade dele, e chegámos a casa num grau acima de cumplicidade mãe/filho.

- Vive a vida, filho. Tens tempo para perceber o que podes fazer com essas ideias todas que te passam pela cabeça. Só não te deixes formatar nem estupidificar, porque ninguém como é por razão nenhuma... Abre-te à vida, põe os teus talentos a render... e vais acabar a tua história a sorrir.

Sorriu-me e entrou em casa. E eu pensei para comigo que a vida é efetivamente este milagre de relações, aprendizagens e partilhas. Acho que ele cresceu com esta viagem. E eu, definitivamente, também.

You May Also Like

0 comentários