As criações do Dudu:


- Sou eu e tu, mamã. Tu estás um bocadinho triste porque te doem as costas.
- E não vais pintar o teu desenho?
- Não. Nós somos azuis.

Criativo, com preguiça para os pormenores, como o mano mais velho. Já o Titão e a Nonô têm menos queda para as "loucuras", mas são mais pacientes para o detalhe. Agora é só saberem potenciar estas diferenças...
Depois de descobrir que o nitrato de prata deixava as mãos castanhas, o meu filho mais velho entusiasmou-me com a Química.
- Mãe, arranjas-me uma tabela periódica para eu decorar os símbolos químicos?
Já vai em 15 e fala-me em possíveis combinações de elementos dos quais eu nem nunca ouvi falar, nem tão pouco tenho interesse em saber.
Aqui está a prova de que os filhos são um espelho nossa... mas com coisas que são só suas!

(Dudu) Ó mãeeeeee! Quando eu e a Nonô estávamos na tua barriga e tu comias, a comida vinha para o meio de nós e ficávamos lá todos a rebolar?

Tentei explicar-lhe o funcionamento do sistema digestivo, mas acho que ele achou mais piada à ideia de andar às cambalhotas com as cenouras, os bifes e o esparguete...
O livro é de 1981. Mas eu diria que voltou a ser importante. Acho que até fazia dele uma disciplina escolar...


Aqui jazem dezenas de livros escolares por encadernar (obrigada, sobrinha M., pelos que já "despachaste"!). Dezenas de livros que custam um balúrdio e que os irmãos não vão poder aproveitar porque os livros têm exercícios incorporados e acabam o ano todos rabiscados (quando poderiam lançar apenas exercícios que podiam ser feitos nos cadernos) e porque, na guerra das adopções, é muito raro um irmão vir a trabalhar sobre um manual da mesma editora.
E não consigo deixar de pensar que isto não passa de um grande negócio, onde são esquecidos os sacrifícios dos pais, e ignoradas as famílias numerosas.
Ainda só tenho dois filhos com manuais escolares. Daqui a três anos serão quatro. 600€ em livros, na melhor das hipóteses. Serão mesmo necessários estes livros todos (incluindo os 2 de Educação Física, os 2 de educação Musical, os 2 de Catequese...) para termos um ensino de qualidade?
Esta foi a semana das afilhadas Marias. Depois da primeira M. ter passado 4 dias connosco (e até conseguiu levar-me aos saldos!), foi a vez de recebermos a segunda M. para uma tarde de brincadeira. E chegou com uma surpresa muito especial: um livrinho feito por ela, para a sua tia Pompom. Não é de ir às lágrimas? (de emoção, claro...)







(deixo a ressalva que a M. é filha da minha grande amiga e artista Cristiana Resina. Tudo se herda, pois claro...)

Tenho a sorte de ter 5 afilhadas lindas, que me mimam muito (apesar da tia ter tão pouco tempo para elas!). Um beijinho especial para todas elas!
Férias no sofá? Hummm... Não me parece.

(Afonso) Mãe... eu tenho tanta pena da Mia... Separada da mãe, vem viver para uma casa com 4 putos malucos que lhe fazem a vida negra...

E daqui já nascia uma boa história para um livro...
Já conhecia a Oficina da Terra há muitos anos (aliás, os meus filhos têm todos de segundo nome "do Ó" por causa de uma Nossa Senhora do Ó de barro feita por eles, que andou pelo meu quarto sempre que desejei engravidar), mas só agora descobri que a Oficina transformou-se numa Aldeia, ali para os lados de Arraiolos, que vale mesmo a pena visitar! Uma aldeia recheada de figuras de barro, cidades, momentos, recantos... que arregalam o olho a miúdos e graúdos, sendo que no final ainda se pode trabalhar o barro e trazer para casa, de recordação, uma criação original.
Aqui ficam umas fotos, para aguçar o apetite.





As criações do Afonso e do Sebastião...
Culinária e criatividade... o jeito é que não é muito, mas não se pode ter tudo...

Apareceu a correr, desengonçado, como sempre que tem uma ideia louca qualquer:

(Dudu) Olha, mãe... fiquei sem o meu dedo e pus este penso.
(Mãe) Ficaste sem o dedo como?
(Dudu) Entalei numa porta e ele saltou. Agora o meu dedo tem de ser uma colher...

(Dudu aparece no jardim) Ó mãe... eu comi muitas bananas.
(Mamã) Muitas como?!
(Dudu) Comi três bananas. Agora já sou um macaco?

O que é que eu lhe faço???
Nonô aparece a correr:

- Mamã... vê lá se o meu coração está a bater...

Mamã leva a mão ao coração da Nonô, preocupada.

- Dói-te?
- Não. Mas está a bater ou não?
- Está.
- Ufa! Se não batesse, eu estava "morrida"...
Dudu a correr à volta do jardim com a sua blusa e capa do Super-Homem, crente de que vai voar. A mamã incentiva:
- Força, Dudu! Tu consegue.
Nonô olha-o, descrente...
- Ele não consegue. Precisa de mais vento...

A prima M. resolveu fazer um filme com as amigas e convidar os primitos cá de casa a participar nele. O Afonso era irmão da prima, Benjamim de seu nome, um hippie cool. O Titão era o rapaz da claquete, a Nonô a assistente de realização, e o Dudu... bem, o Dudu era o "penetra" (figura sempre presente numa rodagem...). Os outros primos, irmãos da prima M., também entraram, e o entusiasmo foi tanto, que o universo cinematográfico chegou para ficar, nas suas vidas. Ao ponto de o Dudu, a fazer uma corrida na praia em direção à água, gritar de longe para a Nonô, que ia à sua frente:

- Não vale, Nonô! Eu não disse "Ação"!

Como diz a avó Antónia, "vocês brincavam aos teatrinhos. Hoje brinca-se aos filmes". E o filme, depois de devidamente montado no computador da Maria, será exibido numa televisão das nossas casas, com direito a pipocas e tudo!

Agora com aromas e compotas diversas. Agora é só convencer os filhotes de que os iogurtes da mamã são melhores do que os Yocos e os Actimel...

Deixei a Nonô escolher outra música no Youtube (ver post anterior). Apontou para "Chuva", de Mariza. Aos primeiros acordes, exclama:

- Ah, mamã... é a Fada!
- Não, filho, é o Fado.
- É uma Fada a cantar o Fado.

E ela bem sabe...
Uma Nonô com pesadelos, fruto da febre que lhe chegou hoje sem avisar, está neste momento ao meu colo, a pedir miminhos.

- A mamã conhece uma música que afasta os pesadelos todos...

Olhou-me com os olhinhos inchados, expectante.
Coloquei "Ponto de Luz", da Sara Tavares (http://www.youtube.com/watch?v=R2i_-F8JftE) e ela aninhou-se um pouco mais. Que pesadelo não se vai embora com Sara Tavares?
Mamã atira um beijinho ao Dudu, que lhe aterra em cheio na bochecha. Maroto, o Dudu começa a passar a mão com força na sua bochecha...

(Mamã) Não acredito, Dudu... Já não queres os meus beijinhos?
(Dudu, com ar ainda mais maroto) Quero... só lhes estava a fazer festinhas...
Andava há algumas noites a acordar com um estranho "recado" (que a cabecinha à noite trabalha e não é pouco): andas demasiado agarrada ao telefone! Liberta-te dessas maquinetas todas!
O computador já tinha crashado há uns tempos, mas não houve hipótese senão substituí-lo por um novo, porque o trabalho depende dele. Mas tenho feito por lhe dar descanso mais vezes. Mas, à falta dele, o telemóvel foi eleito o substituto perfeito. Com mail, net, bloco de notas, fotos de qualidade que se podem usar em blogs e redes sociais... desligá-lo parecia tarefa impossível.
Poderemos passar sem ele? A Nonô tratou de me "ajudar" a provar que sim. Sem querer puxou uma blusa, onde ele estava a repousar e, ao embater no chão, o vidro protetor do telemóvel ficou feito em cacos.
Totalmente sem telemóvel não poderei ficar. Mas vou usar, por agora, o do meu filho Afonso, um daqueles baratuchos que lhe comprámos quando foi para uma colónia de férias.
Se isso tem inconvenientes? Claro que tem! Já não sei o que é um telemóvel sem fotos e 3G. Mas, até a filharada voltar para a escola, acho que ter um telemóvel que faz unicamente chamadas vai acabar por nos fazer bem a todos...

PS - Não tenho imagens do telemóvel desfeito pelas razões óbvias: não tinha telemóvel para o fotografar!
Dudu com a Mia ao colo, longe do alcance da vista da mãe:

(Dudu) Mia, é hora do banho...
(Mãe a estranhar) Ela está-se a lamber ao teu colo, Dudu?
(Dudu) Não, eu é que estou a "lamber ela"... Eu também sou um gato.
(Dudu) Mamã, eu queria dormir na lua. Queria dormir sempre na lua!
(Mamã) E dormias lá sozinho?
(Dudu) Sim. Eu não tenho medo.
(Nonô) Não vás, Dudu. Não vês que na Lua está muito frio? Vai antes para o Sol.

Conversa de carro, com os mai'novos:

(Nonô) Mamã, onde está aquele ladrão que levou os meus sapatos?

(leia-se ladrão que, há uns tempos, nos partiu o vidro do carro e levou, entre outras coisas, um saco com uns sapatos cor-de-rosa que eu lhe tinha comprado)

(Mamã) Não sei, filha. Se calhar já foi preso.
(Dudu) Nós devíamos ir ter com ele e roubar as coisas dele.
(Mamã) Não, filho. Porque nós não somos ladrões.
(Dudu) Então íamos só buscar as nossas coisas.
(Mamã) Mas a mamã nem sabe quem ele é...
(Nonô) Então perguntavas-lhe assim: "Olha, como te chamas, se faz favor?"
(Mamã) Mas a mamã não o viu. Quando chegou ao carro ele já tinha levado as coisas.
(Dudu) Podíamos ir ter com ele com uns zoombies...
(Mamã) Ó Dudu...
(Dudu) Ou íamos buscar os animais do jardim zoológico... Os leões e os tigres...
(Mamã) Ele se calhar já se arrependeu, Dudu.
(Dudu) E pediu desculpa?
(Mamã) Se calhar pediu.
(Nonô) E os meus sapatos?
(Mamã) A mamã compra outros.
(Nonô) Então se calhar até podemos ser amigos do ladrão...

E ainda me perguntam como é que eu me perco tantas vezes a conduzir...
A primeira geração de iogurtes caseiros cá de casa... Aceitam-se receitas e sugestões!

Afonso nos seus bons delírios:

- Eu acho que sou muito parecido com o protagonista do livro "A Escola". Ele também está sempre a gabar-se como eu. A diferença é que ele sonha com o irmão que morreu, e eu sonho que tenho monstros no meu quarto e tenho de usar a colcha vermelha da cama como escudo protetor.

Sem comentários...
Primeiro telefonema depois de ter deixado a filharada toda em casa dos corajosos avós:

- Divertimo-nos muito. Encontrámos umas canas e brincámos às lutas medievais. Nós os três (três manos) éramos gloriosos guerreiros. Foi difícil porque não tínhamos escudos, mas ninguém se magoou. Só a Nonô é que não lutava porque era rainha.

Às vezes temos vontade de lhes dizer: "E se fossem ver televisão, para não se magoarem?" Mas não há dúvida de que as "lutas" (sem se magoarem, de preferência) fazem parte desta idade. E andarem a sujar-se na terra e a pendurarem-se nas árvores é do melhorzinho que lhes podemos desejar...

A minha Nonô não decora nomes! Sabe tudo o que tem, tudo o que já visitou, tudo o que fez... mas decorar os nomes das pessoas com quem se cruza não é com ela. As meninas são "meninas" ou "amigas", os meninos são "meninos" (raramente "amigos") e até a gata é "gatinha" e acabou-se. Como eu sou igual (não me peçam nomes, por favor!), fico a pensar como se transmitirá esse "defeito" de pais para filhos. Imagino que se herde a boa ou a fraca memória, mas agora a boa memória para umas coisas e a fraca memória para outras já me parece uma herança muito detalhada...
Com o Dudu e o Titão nos avós, e um Afonso que já tem leituras próprias, hoje a Nonô teve (finalmente) direito a ouvir a mamã contar, do princípio ao fim, sem lutas, sem assobios nem gozos, uma história de meninas. E a eleita foi... a "Anita mamã".


As ilustrações continuam a deliciar. O texto é ternurento como tudo. Mas claro que, nos dias de hoje, as perguntas impõem-se:

- Mas quantos anos tinha a Anita, para ficar com o seu mano sozinha, um dia inteiro, em casa?
- Então e os pais não ligaram uma única vez, a saber se estava tudo bem?
- Deixaram a Anita levar o mano a passear sozinha?
- A Anita deixou o mano sozinha no terraço - onde pelos vistos havia o perigo de aparecerem ratos - e foi para dentro de casa?

A Anita sobrevive, com toda a sua beleza e ternura. Mas não há dúvida de que os tempos são outros...
Nonô aproxima-se da mamã com uma braçadeira do mano:

- Mamã, se eu puser assim a braçadeira tenho o 5...


- Se eu virar ao contrário tenho o 2.


Não é lá muito verdade, mas para 4 anos eu diria que já foi uma grande conclusão.
(Afonso) Lembras-te de falarmos sobre o portal do tempo e sobre se havia ou não um futuro?
(Mãe) Sim.
(Afonso) Eu acho que existe um futuro. Mas nós podemos mudá-lo a todo o momento.
(Mãe) E como é que sabemos se a decisão que tomamos, a cada momento, é a decisão desse futuro ou se estamos a mudá-la?
(Afonso) Sei lá, mãe! Eu não conheço o futuro! Só os videntes é que podem saber se estamos a mudar o futuro ou não.

E pronto. A mamã está sempre a aprender...
Nonô e Mamã em frente ao espelho, a pentearem o cabelo.

(Nonô) Ó mamã... eu queria ser como tu...
(Mamã) E a mamã também queria ser como tu.
(Nonô) Mas tu já foste como eu. Só estás crescida. Eu é que ainda não fui como tu. Eu é que queria ser a tua mãe!

Eu até lhe satisfazia o desejo, se soubesse como. Mas parece que a única solução é mesmo tomarmos conta uma da outra, cada uma no papel que nos está destinado.

Gatinha a miar desalmadamente. Nonô aparece desesperada:

- Mamã, ela está a dizer "Mãe, mãe..."
- Se calhar está com saudades da mãe dela...
- Mãe... agora a mãe és tu! Tens de ir lá!

E hoje fiquei com a certeza de que as crianças percebem melhor do que nós (ou pelo menos do que eu) os animais..
O seu primeiro Tereré...
Ai, ai... miúdas!

Mãe e Pai a discutir política. Salta o Afonso:

- Estão outra vez a discutir aquela coisa da esquerda e a direita?! E se falássemos antes do quanto eu sou fantástico no tiro às latas?

De facto, é um assunto que merece bem mais a nossa atenção...
Numa feira, o Afonso descobriu que era um ás na pontaria. Com uma pistola de chumbinho acertou em quase todas as latas que tinha de derrubar, e, claro... passou a noite a gabar-se.

- Vou-te explicar uma coisa, filho. Quando alguém se gaba muito, os outros fartam-se e afastam-se. O teu amigo já não te podia ouvir...
- Não te preocupes, mãe. Para ele não ficar triste, eu disse-lhe que eu até podia ser o ás do mundo real, mas que ele era o ás do mundo virtual...
A pensar sobre isto...

"A educação que tem prevalecido no passado tem sido insignificante, incompleta, superficial. Só ensina as pessoas ganhar dinheiro para viverem, mas não abre os horizontes sobre a vida em si mesma (...). Não só é incompleta como daninha... Porque está baseada na competição. Qualquer tipo de competição tem uma raiz violenta e cria pessoas que não sabem amar... Naturalmente, têm de lutar e estar em conflito com elas mesmas. Isso destrói as suas alegrias e destrói as suas amizades."

"O Livro da Criança", Osho

Chegámos a casa e fomos a correr para o nosso sótão, abrir a janelas e procurar as prometidas estrelas cadentes. Mas nem uma... As luzes da cidade eram tantas, que mal se via a Ursa Maior e mais um punhado de estrelas ténues, daquelas que vemos todos os dias.
A vontade era tanta, que terei de arranjar para breve um programa com estrelas a sério, num céu escurinho, incluídas!

A mamã cantava esfuziante o "Que seja agora" dos Deolinda:

http://www.youtube.com/watch?v=pjACOG_loM0

"Tem de acontecer, porque tem de ser
e o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois que seja agora"

Salta o Afonso, gozão, do banco de trás:

- Mãe... sabes que esta música é imprópria para pessoas com tendências suicidas...
Voltinha de carrossel em Cascais. A senhora da bilheteira diz-me que os meus filhos podem dar uma voltinha.

(Mamã) Que sorte, meninos!
(Afonso) Porque é que ela nos deixou dar mais uma volta?
(Mamã) Se calhar achou-vos piada.
(Afonso) Eu acho é que ela teve pena de ti, mãe... Sozinha a passear com 4 filhos...

Perspicaz, o rapazola!
Brincadeiras favoritas do Dudu com a gata Mia:

- Levantá-lo no ar e deixá-la cair para ver se ela cai sempre de pé.
- Enfiar-lhe o dedo na orelha para ver onde vai dar.
- Ajudá-la a fazer cambalhotas para a frente e para trás.
- Puxar-lhe o gato e os bigodes.

Adora a sua pequena gatinha. Mas um ninja é um ninja. É esperar que a pequena Mia ganhe defesas contra o outro felino que temos cá em casa...
Depois de 4 anos de farda, o meu filho mais velho vai começar a ir para a escola com roupa "normal". Nunca fui grande adepta de fardas e outras padronizações, mas entendo a lógica e, mais do que isso, vivi 4 anos muito satisfeita por não ter de me preocupar com as roupas dos meus filhos. Durante a semana, farda. Ao fim-de-semana, equipamento do hóquei. Mais duas ou três mudas de roupa, uma fatiota para casamentos, e estava feito. A partir de Outubro haverá toda uma semana com roupa por vestir...

- Afonso, a mãe vai ter de te comprar umas roupas. Queres alguma coisa ou algum estilo em particular?

Afonso deixa-se rir.

- Podes escolher tu, mãe.
- Diz-me só o que é que preferes... calças de ganga, camisas, camisolas de capuz...
- Posso ser sincero, mãe? Eu quero lá saber...

Talvez, mais lá para a adolescência, venha a chamar-lhe vaidoso, mas por enquanto tenho um filho que não consegue compreender o mistério da moda...
É a nova habitante cá de casa. Chama-se Mia e, avaliar pelas primeiras horas cá em casa (entre festas e apertões), vai dar muita matéria para este blog...


- Afonso e Sebastião, o que é que levam aí?
- Sandes de atum.

E assim de repente, para matar um ratinho a meio da manhã, marcharam duas latas de atum e meio pacote de pão de forma.
Começo seriamente a pensar que a melhor forma de dar conta das despesas de alimentação que se avizinham (porque isto ainda só agora começou!) é mesmo abrir um supermercado...
Nonô ao lado da mamã, na borda da piscina, a imitar o seu balouçar das pernas, intrigada:

- Tu não usas braçadeiras, como as sereias. Tu tocas no fundo da piscina, como as sereias. Mas não podes ser uma sereia porque tens pernas. Pois não?

Poderia tê-lo dito a tentar comprovar-me que eu não era uma sereia. Mas não. A minha filha gosta mesmo é de olhar para mim e tentar perceber se há alguma hipótese de eu ser a fada, a princesa ou a sereia que ela gostava que eu fosse.
Até agora não tem tido muita sorte. Resta-lhe a Mãe-Bailarina, e mesmo assim é quando o Rei faz anos...
E o que eu temia aconteceu...

O Afonso hoje saiu-se com mais uma das suas teorias brilhantes, e quando viu os olhinhos da mãe a piscar, foi peremptório:

- Mãe, não quero que ponhas isto no blog.
- Mas porquê, Afonso? Não tem nada de mal. É uma ideia tão gira.
- Mas eu não quero.

Andei a namorá-lo mais um bocado, mas nada. Não quer que a mãe publique, e a mãe prometeu que respeitaria, no dia em que ele o dissesse. Posto isto, caríssimos leitores, receio que a sua pré-adolescência e adolescência fique um dia mais tarde como um grande vazio de situações, ideias e piadas por contar, porque a mamã não irá fazê-lo sem a sua autorização. É o começo da sua Idade Média. Com sorte, cá estarei para dar conta do seu Renascimento (ou, melhor ainda, ele dará conta dele por si próprio).
O caderno da mamã é sempre uma caixinha de surpresas. Se sempre guardei os meus cadernos todos, com pena de deitar fora tudo o que pensei, agora muito mais preciso de os guardar, para que estas "surpresas" (neste caso da Nonô) não se percam...

Cucu, mamã...

De braços abertos para abraçar a mamã...
Em casa dos avós é assim... Com uma mãe nada dada a guloseimas, só mesmo em casa dos avós é que os filhotes se deliciam com estas saborosas brincadeiras. Diz quem lá esteve que o Dudu resumiu assim o resultado final de uma tarde de bolos e pudins: "Perfeito!"

(Dudu) Ó mãe, eu quando fizer anos vou fazer uma festa muit'a grande de piratas.
(Mãe) Boa! E convidas-me?
(Dudu) Ó mãe... tu és a mãe e vives nesta casa. Eu não preciso de te convidar.

Dahhhh! Quem é que nos manda a nós tentar ser engraçadinhas?
Depois de a minha filha Leonor se ter tornado fã da formiga Juju (se não conhecem o projecto espreitem aqui) na última Feira do Livro, e de ter aprisionado os dois livros que trouxemos no seu quarto, hoje lemos finalmente o segundo, que nada fica a dever ao primeiro. Com a vantagem que, neste, aprendemos a dizer coisas bonitas e importantes em linguagem gestual. "Eu gosto de ti", em linguagem gestual, será de agora em diante a nossa despedida silenciosa, antes de dormir...

Bravo, formiguinha Juju! Pelo tanto que fazes pelas crianças de Moçambique, e pelo tanto que nos inspiras também, aqui em Portugal.

Sebastião com um amiguinho em casa, em busca de comida no frigorífico:

(Amigo) Na minha casa as coisas doces estão sempre na prateleira de cima.
(Sebastião) Cá em casa, não. Pomos sempre tudo à balda.

Reformulando, "nós, os filhos, vasculhamos tudo e deixamos o frigorífico todo à balda". Amanhã, Sebastião-o-Baldas já tem tarefa...
(Dudu) Mamã, eu lembro-me sempre de tudo?
(Mãe) Sim, filho. Tu tens cá uma memória...
(Dudu) Então se eu não me lembro de estar na tua barriga é porque nunca lá estive.

Se isto é assim com 4 anos, então como será na adolescência?
É minha afilhada e só por isso já merecia toda a publicidade do mundo. Mas a verdade é que faz dos melhores bolos do mundo e acerta em cheio nas bonecadas preferidas da criançada cá de casa.
Ora façam o favor de espreitar e de se deliciarem com os Bolos da Chica:

https://www.facebook.com/Bolos.Chica

Máquina da loiça avariada e uma mãe apostada em arranjar novas formas de fazer o máximo de coisas possíveis ao mesmo tempo...



Mãe 1 - Varizes 0
Hoje foi dia de cortar as 80 unhas dos filhotes (como é possível que elas cresçam tanto nas férias?!). E o Afonso, para variar, foi o mais queixoso. Por mais que os anos passem, sempre que lhe corto as unhas dos pés berra como uma criança pequena.

- Não é possível que te doa, Afonso. São só unhas!
- Eu tenho uma teoria para isso.

Claro! Claro que ele tinha de ter uma teoria...

- Não dizem que o ser humano um dia vai nascer sem unhas dos pés, porque elas já não lhe fazem falta? Eu acho que já estou a evoluir e as minhas unhas já estão muito coladas à pele...

Tem a sua lógica, sim senhor. Até lhe cortei as unhas com mais delicadeza. É que, mais ou menos coladas à pele, continuam a crescer e não é pouco!
- Mamã, desenhas aqui deste lado a mamã?
- Mamã, desenhas a seguir a Nonô? Tem de ser de mão dada.
- Mamã, desenhas a seguir o Dudu? Tem de estar de mão dada comigo.
- Mamã, desenhas a seguir o Titão? Temos de estar todos de mão dada.
- Mamã, desenhas a seguir o Afonso?

Felizmente (para mim, que já perdi o jeitinho de desenhar) o papá já não cabia...

A mamã tinha de sair e pediu ao Afonso que ficasse a entreter os manos. Quando tinha tudo pronto para sair, o Afonso já tinha igualmente pronta uma caça do tesouro para os manos piratas.
Quanto não vale ter um filho criativo...











No top dos chapéus cá de casa...

Mãe em êxtase:

- Afonso, tira uma fotografia à mãe, ao lado do Dostoievski.
- Quem é esse, mãe?
- É um dos meus escritores preferidos.
- Ah, percebo. Eu também estaria assim se encontrasse uma estátua do James Patterson (autor dos livros que ele anda a ler agora)...




E, pelo meio do seu caderno, a mãe descobre as criações do pequeno Dudu...
Com um caderno povoado de Kitties e alliens, e um telefone com um mega-autocolante da Branca de Neve cheio de corações (que a mamã não consegue tirar porque a Nonô diz que é para a mamã se lembrar sempre dela), como é que a mãe há-de parecer uma pessoa credível, nas suas reuniões?

(Mas pronto... à falta de credibilidade, temos sempre as alegrias do reino da fantasia...)



A mãe muito concentrada a tentar descodificar no seu caderno os segredos do universo. Afonso passa por ela, deita os olhos ao caderno e comenta, tranquilo:

- Sabes o que é que eu acho sobre isso? Que já vivemos todos milhares de vezes, só não nos lembramos.

Se ele já começa a formular hipóteses, aos 9 anos, estou para ver os cadernos dele, aos 35 anos...
(Sebastião no seu melhor)

- Mãe... quando eu estava na tua barriga sentia-me numa espécie de cruzeiro.

(Soube-me a elogio, mas trazia água no bico)

- Eu vinha com mil euros e escolhi o cruzeiro da tua barriga, que custava 100. Assim ainda me sobrou muito dinheiro para outras coisas.

Ou seja, ele podia ter escolhido uma mãe com barriga de cruzeiro de luxo, mas escolheu uma mãe com uma barriga de cruzeiro mais modesto, a fim de poder ter mais dinheiro para excursões e souvenirs. Gostei da noção de poupança. Quanto à modéstia do cruzeiro, é conformar-me. Pior seria se ele me chamasse barquinho a remos...
Sim, as férias servem também para ouvir os filhos. Mas há filhos que abusam... Por vontade do meu filho Afonso, os pais eram ouvintes 24 horas sobre 24 horas das suas histórias, que podem ir desde ideias que teve, anedotas intermináveis que inventa, a reprodução de filmes e episódios (na íntegra!).
É muito bom e importante deixá-los expressarem-se, mas não é menos importante explicar-lhes o valor do silêncio. Quem fala o tempo todo não consegue ouvir. Nem observar. Nem avaliar. E, em última instância, torna-se um grandessíssimo chato!

- Afonso... 1 hora de silêncio!

Experimentámos duas ou três vezes, já em desespero (e 10 minutos bastavam para ele respirar fundo e começar a olhar à sua volta). Parece à partida um bocado violento, assim imposto, mas o silêncio é uma aprendizagem importante, para quem não consegue estar calado. E a mãe lá foi falando, no silêncio do filho, para lhe explicar quais eram as suas 3 regras de oiro da conversação:

- Saber ouvir
- Pensar antes de falar
- Avaliar antes de opinar

Valem o que valem. Até porque a espontaneidade também é importante. Mas, como em tudo na vida, é no equilíbrio que está a virtude.
De volta! E absolutamente fascinada com o fomento à natalidade nos países do norte da Europa. Um exemplo da Dinamarca:

- Enfermeiras que visitam as recém-mamãs em casa para lhes dar apoio e lhes transmitir os conhecimentos necessários.
- Constituição de grupos de mães, por zona de residência e interesses comuns, que se reúnem com frequência para troca de experiências, acompanhadas por uma enfermeira.
- 1 ano para acompanhamento dos filhos, a receber o dobro do salário.
- Bolsa para pagar o Jardim de Infância (a partir do 1º ciclo é gratuito)
- Horário habitual de trabalho: das 8h às 15h, porque é possível ser produtivo e simultaneamente ter tempo para si próprio e para a família.

Tudo isto num país onde 55% da população anda de bicicleta (e os atrelados para levar os piolhos são deliciosos!) e onde se vendem nas ruas sumos de fruta fresca e sacos de legumes para trincar.

Adoro o meu rico Portugal, a nossa luz, a nossa temperatura, o nosso calor humano e o nosso sorriso. Mas não há dúvida de que em matéria de dignificação da maternidade e valorização das criança que serão o futuro do país (deixo a ecologia e a alimentação para outras núpcias), estamos a precisar de umas valentes reformas...