Já não o cheirava desde a minha infância. Mas, em desespero de causa, já sem suportar tanta tosse e tantas viagens de quarto em quarto durante a noite, resolvi seguir o conselho de uma amiga e esfregar os pés dos meus piolhos com o velhinho Vick Vaporub. Foi um fartote de rir, porque temos todos pés sensíveis, sobretudo o meu Titão, que herdou de mim os frenicoques sempre que lhe chegam perto das solas dos pés.
Se vai resolver a tosse cá de casa, veremos. Mas por enquanto já nos fez soltar umas valentes gargalhadas...
Até hoje a Nonô não dizia os érres. Mas só até hoje:

(Nonô) Papá, eu que-do.
(Mãe) Não é que-do, Nonô. É que-ro.
(Nonô com muito jeitinho) Que-ro.

Mamã olha, espantada. Há uns 30 e tal anos, também a mãe tivera um dia assim. Um dia em que, inexplicavelmente, na casa de banho da Madrinha Amélia, lhe saiu o meu primeiro érre como deve ser.

(Mãe) Não acredito... Nonô, diz lá o-re-lha.
(Nonô) O-re-lha.
(Primeiro grande abraço)
(Mãe) Agora diz lá o nome da mamã.
(Nonô) Sa-ra.
(Segundo grande abraço recheado de beijinhos)

Aos 3 anos e 6 meses de Nonô, a mamã deixou de ser "Saia Magaída"... É tão lindo e tão arrepiante ao mesmo tempo vê-los crescer!



Tosses persistentes. Quilos de ranho. Viroses que geram vómitos e diarreia.
Noites MUITO mal dormidas.

Hoje dei por mim a espreitar, da janela, um gigantesco bando de aves, e pensei para comigo que, se calhar, os humanos também deveriam migrar nas estações frias para lugares mais amenos. Não temos a mobilidade das aves, infelizmente, mas quem sabe um dia, quando todos nos deslocarmos em mini-naves (quiçá até em teletransporte), e o trabalho e a escola for todo feito online, não venhamos a repensar o nosso sedentarismo... Resta saber se, nessa altura, o nosso sedentarismo não nos fez já perder a vontade de sair à rua e aproveitar a temperatura amena e os dias solarengos...

Vou ali distribuir umas colheres de xarope e já volto.


O desafio da Consultaclick deste mês era escrever sobre o Stress. Fazendo eu parte (infelizmente) da vasta comunidade de pais stressados deste mundo, rabisquei umas ideias sobre aquilo que o stress nos anda a fazer - a nós, pais - e aos nossos filhos. E em que medida podemos (ou não) contrariá-lo.

http://consultaclick.pt/blog/2012/11/29/coisas-de-pais-stressados/

(Por entre a leitura, numa das várias contradições humanas lançadas pelo Afonso Cruz):

- Já te aconteceu, Sebastião? Estares rodeado de gente e sentires-te sozinho?
- Claro que não!
- Não? Então imagina que te perdes no supermercado. Olhas à tua volta e vês muita gente. Sentes-te sozinho, ou não?
- Sinto! Bolas, mãe! Ganhas-me sempre!
- A mamã não te está a fazer estas perguntas para te ganhar, Sebastião. O meu objectivo é fazer-te pensar.
- Ahhh!

É esta uma das contradições dos pais: para ensinar os filhos, não basta deixar-lhes respostas. É preciso enchê-los também de perguntas...
Afonso, armado em meu agente:

- Sabes o que é que podes fazer para vender mais livros, mãe? Pões um anúncio no ecrã gigante daquela praça muito conhecida de Nova Iorque. Apareces a fazer uma careta, com uma frase ao lado: 'Se não me querem ver com esta cara comprem os meus livros!

O maravilhoso da infância é acreditar-se que tudo é simples e possível. E não há dúvida de que, nos dias que correm, é fundamental encararmos a vida com o espírito de uma criança. Pela parte que me toca, vou tentar não perder o Afonso que há em mim...

(A caminho de Santarém, para um jogo de hóquei dos mais velhos. Metade do caminho a identificar sinais de trânsito, para ver se o Sebastião tem boa nota no teste de Estudo do Meio. A outra metade a tentar descobrir a estrada no meio do nevoeiro. Mãe de olhos em bico. Afonso em delírio):

- Fiiiiiixe! Parece que estamos a viajar pelo mundo da farinha...
(Mamã apressadinha, para variar):

- Nonô, beijo à mãe. A mãe tem que sair.
- Vais de carro?
- Sim, filha. Adeus.
- Estás com pressa?
- Sim, filha. Muita pressa.
- Então vai de avião.

(Onde é que é a escola da vida desta gente?!)
A minha continha da Limetree andava a ganhar bolor. O tempo que passo ao computador já é tão grande, que me andava a custar aproveitar os buraquinhos que tenho para me sentar outra vez ao computador a carregar as fotos e os vídeos da filharada. Tenho vindo a adiar o arranque da coisa, mas felizmente a Limetree lembrou-se de arranjar uma solução para mães como eu: uma aplicação no i-Phone!
Agora, antes de uma reunião que se atrasou, parada numa fila de trânsito que não mexe, ou a fazer tempo para apanhar os miúdos numa atividade, pego no telemóvel e carrego na minha conta os quilos de fotos e vídeos que tenho guardados no i-Phone. Atrás deles virá a vontade de organizar os outros (até porque no tempo em que os meus mais velhos eram os meus mais novos não havia i-Phones) e, com sorte, no próximo aniversário deles, já terei uma conta organizadinha com a vida de cada um, para recordarmos em conjunto o bom que tem sido viver e crescer...




Para quem ainda não conhece a Limetree, aqui fica o site: https://limetr.ee/br/home
Para quem não conhece a aplicação: http://blogue.limetr.ee/post/35221536007/chegou-a-app-da-limetree-para-iphone
O meu filho Afonso descobriu que tem um dente a nascer-lhe por cima de outro que ainda não mostra sinais de querer sair. E foi o pânico!!!

- Vou ter que ir ao dentista?!? Ele vai ter que me arrancar o dente?!? Vai dar-me uma injeção?!?

O rapaz é medricas para estas coisas, não há nada a fazer. Mas como também é um criativo, hoje acordou com uma possível solução:

- Não marques já a consulta no dentista, mãe. Dá-me uma semana. Eu inventei uma estratégia. Todos os dias vou abanar vinte vezes o dente de baixo antes do pequeno-almoço, cinquenta vezes antes do almoço e cem vezes antes do jantar. Se o dente não cair, podes marcar a consulta.

Não sei se a estratégia vai resultar ou não. Mas gostei de vê-lo a criar um método próprio para combater o seu medo. E não foi sempre assim que a espécie humana foi sobrevivendo?
Depois de assistir ao colóquio "Ensina o Teu Filho a Estudar", com Renato Paiva, foi impossível não regressar a casa motivada para um graaaaaaaande fim-de-semana de estudo - já que para a semana os mais velhitos têm três testes cada um, fora a avaliação do Inglês e da Música e mais algumas que me estejam a escapar.
Geralmente a motivação até não me costuma faltar, começo sempre estas jornadas de revisão da matéria cheia de ideias para tornar o estudo divertido e um bom momento em família. O problema é que o fim-de-semana é só um, eu também sou só uma, nós somos seis a fazer confusão, e metade das ideias saem furadas por excesso de caos. E lá acabo eu a obrigá-los a sentarem-se e a lerem o que têm de ler e decorarem aquilo que têm que decorar e pronto. Acabam-se os modernismos!
A verdade é que, na viagem de regresso a casa, comecei a pensar se esta minha triste lamúria não continha em si a solução para o meu problema: efetivamente, para os estudos cá de casa (o pai tem outras funções de sobra) eu sou só uma. Não sou eu que tenho que arranjar estratégias divertidas para eles estudarem (até porque, se agora eles são dois, daqui a bem pouco tempo serão 4, e isso obrigar-me-ia a ter que arranjar estratégias para o estudo de umas 40 disciplinas!). São eles que têm que arranjar as suas próprias estratégias e descobrirem a forma de se divertirem a estudar. E como? Eu sou suspeita para falar, mas diria que a resposta (ou parte dela) está na criatividade.
Se os nossos filhos tiverem a criatividade estimulada, não conseguirão melhor pensar em estratégias para saber a matéria? (de preferência que não passe por cábulas, embora eu tenha conhecido grandes cabulões que eram muitíssimo criativos! Mas de preferência que se aplique a criatividade da forma correta...)
Este fim-de-semana, antes de qualquer revisão ou estudo, vamos fazer primeiro um brainstorming especial: que método de estudo posso inventar para ficar a saber melhor aquilo que me falta saber? Depois vou ficar a ver como é que eles o aplicam no estudo que fizerem. E depois... depois é esperar que lhes corram bem os testes, senão lá se vai o modernismo outra vez!

PS - Entenda-se "modernismo" por paciência :)


http://esferadoslivros.pt/livros.php?id_li=298
Entre hoje e amanhã, a Wook está a vender todos os livros a 20% e 25% (a partir da encomenda de 2). Para quem tem vindo a mostrar interesse em adquirir os meus, aqui ficam os links:

http://www.wook.pt/product/facets?palavras=sara+rodrigues
http://www.wook.pt/product/facets?palavras=sara+rodi

E obrigada!
Hoje o Afonso vai falar na turma dele sobre a crise. Fez uns tópicos para explicar o que é a crise, e recortou papelinhos para que cada menino escrevesse uma medida que vai tomar para ajudar os pais a poupar.
O Afonso estava nervoso com o tema, que tem muito que se lhe diga, mas achei importante
que ele se preocupasse também em fazer-se ouvir.

- Podemos ter coisas importantes para dizer, Afonso. Mas se não nos ouvirem, é como se não as disséssemos.
Regra número 1 para pessoas aceleradas como nós: falar pau-sa-da-men-te. É comum não nos entenderem porque falamos depressa demais. Se estiveres a falar para um grupo, ninguém te vai dizer para repetires. E o que disseres pode não servir para nada.
Regra número 2: respirar corretamente e projetar a voz.

Treinámos na casa de banho. Respiração concentrada no abdómen e voz puxada da garganta para a parte posterior da cabeça, a fim de poder ser projetada para mais longe. Claro que o Afonso gozou. Claro que desatou a cantar ópera e claro que eu acabei a mandá-lo à fava. Mas, à saída, lá de longe, já a entrar no carro do pai, lançou-me um "Adeus, mãe" bem projetado.

- É isso, Afonso! É isso!

Entrou no carro e não me ligou nenhuma. Mas tenho cá um pressentimento que hoje os coleguinhas o vão ouvir melhor. E, num mundo em que se tornou tão importante comunicar, não será isto também importante de ensinar aos nossos jovens nas escolas?

PS - Aproveito para divulgar que a atriz Sofia Froes, que podemos ver atualmente no Bairro Panda (é a professora Rita, a ruivinha) está a dar aulas de voz e canto em Caxias, para pessoas dos 7 aos 107 anos! Nos próximos dias 29 e 30 vai dar aulas experimentais gratuitas, às 11h e às 17h. Se alguém estiver interessado, pode inscrever-se através do 962908083.
Novo braintorming com os mais velhos sobre como combater a crise do país, e o Afonso sai-se com esta:

- Portugal devia jogar no EuroMilhões. Comprava um bilhete e, se ganhasse, pagávamos a nossa dívida.

Ralhei com ele. Disse que estávamos a ter uma conversa séria e ele não podia estar sempre a disparatar. Mas depois fiquei a pensar... É certo que o prémio máximo é de 190 milhões e a nossa dívida de 190 mil milhões, tínhamos de ganhar mil vezes para pagar a dívida... Mas se nos caíssem do céu, numa única jogada, 190 milhões, já ficávamos todos excentricamente mais aliviados...
Pensar em mais um não é fácil, numa casa cheia como a nossa. Mas ver este vídeo, num dia tão original e importante, ao mesmo tempo, como o de hoje - o DIA DO PIJAMA - dá mesmo vontade de abraçar esta ideia...

http://www.youtube.com/watch?v=vShuqeVSW3k&feature=share
(Vídeo sobre o acolhimento de crianças em risco)
(A sabedoria do meu entrevistado de ontem, de 92 anos)

"Dantes perguntava-se aos miúdos o que é que ele gostavam de fazer e eles iam aprender. Agora ninguém pergunta aos miúdos de que é que eles gostam. Aprendem todos a mesma coisa, quer gostem, quer não gostem, depois eles aborrecem-se daquilo, vão trabalhar mas não sabem fazer nenhuma coisa bem feita."

(Quando a taxa de abandono escolar, em Portugal, é de 23%... dá que pensar, não dá?)
(Dudu sentado no chão com um pé descalço, a tentar ligar um isqueiro junto ao pé):
- Duduuuuuuuuuu! O que é que tu estás a fazer?!?!?!?!?
- Tinha o pé molhado, mamã.
Depois de o Dudu me estragar o leitor de CDs do carro - "meti uma moedinha, mamã" - hoje dei com o único rádio com leitor que nos sobrava também sem funcionar. Tinha comprado o CD das canções da Maria para fazermos a nossa festa de final de dia, mas quando liguei o aparelho ouvi um chocalhar estranho. Olhei imediatamente para o Dudu:
- Eu disse à Nonô: "Não mexe. Não mexe".
Mas era "aquele" olhar. Aquele olhar maroto, que eu conheço muito bem.
- Duduuuuuu...
- Fui eu!
Que tinha sido ele, eu já tinha adivinhado. Mas a descrição da asneira deixou-me (mais uma vez!) sem palavras...
- (apontando um buraco que dava para o interior do aparelho) Pus aqui um bonequinho, mãe. Era para ele ouvir música...
(Nonô) Eu gosto da mamã.
(Papá) E do papá?!
(Nonô) Do papá, não... amanhã.
(Papá) Só amanhã?!
(Nonô) Sim. É um de cada vez...
3 paus e 1 praia quase deserta. Não foi preciso mais para uma hora de risos sem ralhetes. O mano mais velho estava num treino ali perto e nós fugimos para a praia. A intenção número 1 era livrar os gémeos das ranhocas que à noite os fazem tossir e dormir mal, mas claro que a praia nos deu muito mais do que saúde. Deu-nos liberdade. Felicidade. E, quando esses ingredientes todos se juntam, nasce também, de forma espontânea, a criatividade...

"Vou fazer bem grande, mamã, para os pássaros lerem..."


"Se a bandeira está vermelha, os peixes também não deviam andar na água, pois não?"


"Boa, Dudu! Fizeste um allien de 3 olhos!"


Se um Dudu a beber água já é um Dudu sem sono, um Dudu com três copos de Coca-cola no bucho... é um Dudu imbatível! Venha um batalhão de Joões Pestana que o Dudu nem pestaneja!
Chegámos a casa por volta das 23h, depois de um jantar onde perdi a conta aos copos de sumo que o Dudu bebeu, e ele parecia disposto a conquistar o mundo. Lavámos os dentes, vestimos o pijama, deitámos os manos, e o Dudu ainda estava capaz de ir à lua e voltar. Arrumámos as casas de banho (enquanto ele me partiu um blush de marca, daqueles que era suposto durar-me mais uns anos de festas e casamentos!), limpámos a casa de banho (enquanto ele me estragava um punhado de pensos higiénicos), contámos histórias, cantámos e quando, por fim, consegui metê-lo na cama, ele abre muito os olhos e diz-me:

- Ah, mamã... Mas falta o almoço!

Fome. Claro! Depois de tanta hora a fugir à cama, lá tinha ido o jantar. Mais meia-hora de iogurte e bolachas.

- E agora, Dudu? Vais para a cama, finalmente?
- Não, mamã. Comi, tenho que lavar os dentes outra vez...

Era quase 1 quando adormeceu. Querem apostar como às 7 já está levantado?
(Sebastião a reagir agressivamente, sem razão aparente. Mamã passada com ele, baixa-se e olha-o nos olhos)

- Sebastião, explica-me o que se passa.
- Não se passa nada.
- Tem que se passar alguma coisa, para estares tão zangado com a vida.
- Mas não se passa nada!

(Afonso, o intrometido, lá vem dizer das suas)

- Os meninos que andam zangados com a vida têm que ir a um médico especial que se chama psicólogo. Queres ir a um psicólogo, Sebastião?

Felizmente, no caso do Sebastião, o caso resolveu-se com um fim de tarde cheio de abraços. Mas nem sempre o caso é tão simples, e por vezes pode ser mesmo necessária a ajuda de um profissional, que nos ajude a perceber a melhor forma de actuar, ou simplesmente a compreender e aceitar. Tornamo-nos pais sem formação alguma, quando ser pai é das profissões mais exigentes que podemos assumir. Os pediatras ajudam-nos a tratar da saúde dos nossos filhos. Os professores ajudam-nos a formá-los. Os psicólogos podem ter igualmente um papel importante, para resolver questões do comportamento, desenvolvimento cognitivo, afetos, relacionamento. Ainda bem que os há. Toda a ajuda é bem-vinda, quando se trata de transformar crianças em adultos mais saudáveis, mais bem formados, mais felizes.
Achei curioso o Afonso já ter a percepção do que é um psicólogo e como ele pode intervir. Nunca falámos do assunto em nossa casa, porque efetivamente ainda não houve necessidade, mas não há dúvida de que os miúdos captam do mundo muito mais do que nós imaginamos...

http://youtu.be/XOUzYAKWOWU

Aqui fica o testemunho de uma criança que, aos 9 anos, fundou a ECO (Environmental Clidren's Organization) e, aos 12 anos, proferiu um discurso durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Brasil, 1992). Severn Suzuki, além de se tornar ativista ambiental e membro ativo do painel sobre Meio Ambiente das Nações Unidas, criou o projeto Skyfish, um site que incentivava a juventude a falar sobre seu futuro e adotar um estilo de vida sustentável.
O projeto atualmente já não existe. Severn casou, foi mãe duas vezes, tornou-se investigadora. É difícil ser mãe e querer mudar o mundo em todas as frentes ao mesmo tempo, porque ser mãe é igualmente exigente. Ser mãe é também mudar o mundo a partir de casa e isso não é de todo menos importante (cada vez que uma mãe o faz, o mundo já fica um pouco melhor! E um pai também, claro está...).
Só me pergunto porque não aproveitamos mais os jovens "disponíveis" que temos para pensar e mudar o mundo. Todos os jovens, em determinada idade, sonham contribuir para um mundo melhor (ou, pelo menos, se para isso forem orientados). Têm a força, têm a criatividade, têm a garra e a invencibilidade. Mas obrigamo-los a viverem angustiados com os exames que vão ter, as notas, as médias, e a entrada num curso universitário de onde poderão sair diretamente para o desemprego. Claro que o conhecimento é importante. Claro que formá-los é importante. Mas as "matérias" não podem ser tudo! Temos que lhes incutir também a vontade de serem úteis. Valiosos para este mundo, seja a discursar numa conferência ou a ajudar um idoso a levantar-se. Não podemos fazê-los sentirem-se uma despesa para os pais e para o Estado. Nem uma média. Nem um contributo para um ranking. Temos que os formar para sonharem ser verdadeiramente alguém para além do que estudam. Para acreditarem. Para construírem. Para se sentirem parte de algo que é o presente deles, e que será o seu futuro, na medida do que eles fizerem dele.
Quem não acredita que tem poder para mudar o mundo na sua juventude... algum dia o mudará?

Durante dois dias inteirinhos, os filhotes ficaram ao cuidado dos avós, para os papás poderem tratar de coisas que precisavam e descansar um bocadinho a algumas centenas de quilómetros de distância. Altamente positivo para os três lados: para os pais que descansaram dos filhotes, para os filhotes que descansaram dos pais, e para os avós que gozaram os netinhos (e vice-versa). Mas claro que, pelo meio, tinha que haver uns "senãos":

(Dudu, antes de adormecer) Mamã... a avó dava-me colinho. E cantava a canção do passarinho...

Não sou nada daquelas que acha que os avós estragam os netos. Se calhar, porque os avós dos meus filhos não são nada de os estragar. Mas é natural que ralhem menos, que permitam certas coisas que os pais não permitem, e lhes dêem outros mimos a que os pais não cedem. Têm outra paciência e disponibilidade. Não precisam de comprar certas guerras. Se um dia for avó (e espero ter muitos netos!) também o farei, porque faz parte e é saudável. Na dose certa, é até muito benéfico para os netos. Veio algum mal ao mundo de o meu Dudu, durante dois dias, ter tido um colinho extra a ouvir a canção do passarinho? Nenhum. Desde que ele perceba que esse é um exclusivo da avó. E que terá que esperar que ela volte para usufruir desse mimo outra vez. Até lá... é uma história pequenina, um beijo de boa-noite e a luz desligada! (Bem... e geralmente também um ralhete a seguir porque ele se levantou. E mais outro depois porque ele tornou a levantar-se. E às vezes o pai ainda tem que se fazer ouvir, para pôr fim à confusão. Se calhar o Dudu calava-se mais depressa com o colinho e o passarinho... :):) Mas pronto. Os pais têm outros limites para impor, a bem da sua logística familiar!).

PS - Obrigada, avós! Tencionamos repetir em breve :)


Acabadinho de comprar, o livro "PORTUGAL" (da Danuta e da Joana Paz) prometia ativar aqui o talento do pessoal para as artes plásticas. Ou melhor, contrariar a falta dele...
O Sebastião já tinha trabalho plástico que chegasse para um fim-de-semana só, na decoração de uma Roda dos Alimentos que trouxera da escola.


(sim, a mamã ajudou, mas também não tem jeitinho nenhum!)

Com a "baixa" do Sebastião, o único que se agarrou ao livro foi o Afonso, que decidiu começar pelo desenho da fisionomia das grandes personalidades da nossa História. E o resultado foi, como seria de esperar, tão DE-SAS-TRO-SO como DE-LI-RAN-TE! Aqui deixo um bom exemplo:



- Coitado do Manuel de Arriaga, Afonso!
- Ele não foi só o primeiro presidente de Portugal... Foi também o primeiro choque elétrico do país! Por isso é que ele ficou com o cabelo em pé...

- Meninos, então o que é isto???
- Portaram-se mal. Estão todos de castigo!


- E agora???
- Vão ouvir a história.


Esta era fácil. Não foi preciso perguntar...
- Boa noite, bonecada!
(Sebastião no seu melhor):

- Ó mãe... se não houvesse lápis, escrevias com o quê?
- Com uma pena, com tinta.
- E se não houvesse penas com tinta?
- Escrevia com pedras, nas rochas.
- Ah... Eu, se não houvesse lápis, escrevia com caneta.

(Dahhhh!)
A plateia preparada para assistir à festa protagonizada pelo Dudu, o Ginasta, e a Nonô, a Bailarina. A última a sentar-se foi a mamã, algures entre o Elefante e o Rato Mickey... E foi um espetáculo a valer!


Ontem entrevistei um senhor com 91 anos que só começou a usar sapatos e a dormir em casa (longe do gado) quando se casou. Um senhor que, à custa do seu trabalho, construiu um "império" e que não entende porque hoje não se arranja quem saiba trabalhar a terra, quem faça um bom trabalho de carpintaria ou soldagem ou porque é que a palavra e a honra valem tão pouco, o respeito depende do poder que se tem e a sobrevivência exija "chico-espertismo".
Infelizmente, não é só a economia do país que temos que salvar... E o futuro de Portugal depende (muito mais do que pensamos!) da formação que hoje dermos às nossas crianças.
A coleção completa está a 16,75€, na FNAC. Com um laçarote à maneira (bem diferente do meu, preferencialmente, que não tenho jeito nenhum para estas coisas manuais!) vai fazer uma vistaça neste Natal.
Sobrinhos e amiguinhos de palmo e meio... já devem ter ouvido falar da crise lá em casa, do Gaspar, do Coelho e da senhora alemã. É só para vos dizer que este ano vão todos receber livrinhos da tia Sara, ok? E, enquanto assim for, acho que não estamos nada mal...


http://pesquisa.fnac.pt/search/quick.do?posted=false&filter=0&culture=pt-PT&text=leo+o+menino+do+circo&category=book&subcategory=1




Estivemos há umas semanas no Museu do Fado e o Sebastião resolveu colar o autocolante que trouxe de lá na janela do seu quarto. Mas só ontem resolveu intrigar-se com a mensagem que ele contém:

- Ó mãe... porque é que o Fado é cinza?

A mãe também já tinha dado voltas à cabeça, em busca da resposta, e não tinha chegado a nenhuma conclusão brilhante, mas arriscou:

- É porque não é preto nem branco, filho. O fado fala de coisas tristes, ou negras, mas também de coisas felizes, muito branquinhas. Todos nós, no fundo, somos feitos das duas coisas, branco e preto. E se misturarmos branco e preto, o que dá?
- Cinza.

Não sei se ele ficou convencido... Eu também tenho dúvidas. Talvez o cinza seja de algo que ardeu, mas deixou rasto. Os restos de uma fogueira ou de um cigarro apagado, depois de um momento intenso... Vou mandar um mail ao Museu do Fado a perguntar se têm uma interpretação melhor. Aguardo as vossas :)
Todos os dias, às 8.15h da manhã, a caminho da escola, ouvimos a Mixórdia de Temáticas. O meu pequeno Dudu, apesar dos seus singelos 3 aninhos de idade, logo que senta no carro exige imediatamente: "Mamã, quero as 'Temáticas'".
A verdade é que nem sempre a coisa corre muito bem. 90% das vezes terminamos às gargalhadas sonoras, mas em 10% dos casos, quando a coisas mete rabos, mamas ou sexo, a mamã acaba é envergonhada, a dizer aos filhos que aquela mixórdia era para crescidos.
A verdade é que já vou tendo um filho crescido. E ao meu Afonso já não lhe escapa grande coisa... Hoje, por exemplo, o senhor Osvaldo Ribeiro (interpretado pelo Ricardo Araújo Pereira) queria engatar a senhora Merkel com o seu bigodinho português e, dessa forma, sacar-lhe uns tantos mil milhões de euros para pagar a dívida portuguesa. Como não era demasiado explícito (aliás, é raro ser) deixei a Mixórdia correr, a pensar que os meus filhos não estavam a pescar nada do assunto. Mas claro que estava redondamente enganada e, no final, o meu filho mais velho sai-se com esta:

- Ó mãe, o Titão não percebeu nada porque ele não sabe quem é a Merkel!
- E tu sabes, Afonso?
- Claro. É a "presidente" da Alemanha. E o Osvaldo quer fazer sexo com ela para depois lhe pedir dinheiro para ajudar os portugueses. Mas eu acho que a Merkel não vai na conversa dele...

As obras de arte dos meus piolhos mais novos! Só nós mesmo, pais, para nos maravilharmos com os rabiscos mal paridos dos nossos filhos...




Já lá vão 5 anos desde que fiz a adaptação para televisão da 4ª série de "Uma Aventura". Ontem dei com o Afonso agarrado ao "Caminho do Javali" (livro 47) e percebi que chegara a altura de ver os episódios com os meus filhos.
O que é preciso transformar num livro para que ele resulte em televisão?
Como partir os capítulos/cenas?
Como agarrar o espetador?
Que erros a mamã cometeu (porque também os houve)?
Este fim-de-semana vamos ter uma lição de guionismo cá em casa...

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=KxoUXARw3XY







Ena, ena! O que eu descobri na biblioteca!

Não sei se a minha filha vai gostar ou não, mas a mim já me deu um ataque de nostalgia. Sobretudo na página em que as duas amiguinhas deitam os bonecos todos. Naquela altura (devia ter uns 4, 5 anos) dizia que queria ter 100 filhos, e que não iria cansar-me porque, enquanto ia ao meu ballett, e à música, e ao teatro, e escrevia as minhas coisas, a família dava uma ajuda. Ficavam uns 20 filhos com os pais e mais uns 10 filhos em cada tia ou primo. Coisa fácil!
Hoje "só" tenho 4 filhos e grande parte da família está longe. Percebi finalmente o significado das palavras da ruiva Cristina:

"uf, acabou!
ter tantos
filhos cansa!"



(mas eu acrescentaria, vá... "e é tão bom!")
Hoje a Nonô veio comigo a um supermercado novo, com um daqueles talhos apetitosos, cheio de preparados, ideais para mães que, como eu, não têm tempo nem paciência para inventar pratos inovadores ou sofisticados. O talho agradou... mas o que agradou, sobretudo, foi o carrinho pequenino que estava à entrada, pronto para meninas e meninos que, como a Nonô, queriam ajudar a fazer as compras. A Nonô delirou e foi colocando os diferentes produtos que nos faziam falta no seu carrinho. Bem... às vezes também colocava uns que não faziam falta nenhuma, sobretudo chocolates, rebuçados e bolachas. A Nonô punha, a mamã tirava. A Nonô punha, a mãe tirava. E lá ia explicando porquê.
- Faz mal à barriga.
- Ah!
- Faz mal aos dentes.
- Ah!
- É muito caro.
- Ah!
Quando a Nonô estiver um pouco maior, e começar a entender o que é o dinheiro, vou usar o truque da minha amiga Cristiana Resina. Como no supermercado a que ela vai também existem carrinhos para criança, ela deixa que a filha escolha os produtos que quer, para seu consumo e usufruto. No final, avaliam o que levam e o dinheiro que têm. E a filhota dela percebe quanto custam as suas guloseimas, e o que a mãe teria que gastar, se levassem tudo o que ela quer. Fazem uma seleção e escolhem aquilo que faz realmente falta. Assim, a filhota dela entende que, até para os alimentos importantes, é preciso gastar bom dinheiro, por isso é melhor poupar nos que só servem para dar dores de barriga.
Um bom truque!


(Sebastião a ler um texto. Faz a sua milionésima pausa para falar sobre qualquer coisa de que se lembra. Desta vez, felizmente, era pertinente):

- Sabes que eu na escola leio sempre muito baixinho?
- Mas porquê, Sebastião?
- Tenho vergonha.
- E comigo não tens?
- Claro que não, mãe! A ti já te conheço há tantos anos!!!
(conversa do Titão com um amiguinho)

(amiguinho) A tua casa parece aquela série do 41. Também são 3 irmãos e 1 irmã (não sei o que é, mas vou averiguar). Mas eles não têm mãe. Para ser essa série a tua mãe tem que morrer.
(Titão) Ah... Ou então o meu pai tinha que ser solteiro. Mas se for solteiro não pode ter filhos...
(amiguinho) Pode ser "descasado" e a mãe ter saído de casa.
(Titão) Isso não tem lógica. Os filhos ficavam com a mãe, não ficavam com o pai.
(amiguinho) Isso é que não tem lógica! Se eles são três rapazes, têm que ficar com o pai! As mãe não percebem nada de rapazes...

(Acho que é hoje que começo a jogar PSP e faço um wrestling em cima da cama...)
(Dudu, o criativo)

- Mamã, mamã... sou o gato das botas!


(Afonso a ler um livro que trouxe da biblioteca)

- Estás a gostar, filho?
- Nem por isso. Vou na página 63 e ainda não aconteceu nada de excitante.

(Com leitores exigentes destes, os escritores que se ponham a pau! Os miúdos de hoje em dia têm a escola dos filmes, onde os primeiros 10 minutos são para os segurar ao ecrã. Um livro que não os agarre nas primeiras 10 páginas... já foi! Um desafio para quem escreve, mas também para quem educa, entretém, motiva e ensina esta nova geração. Agarrá-la exige velocidade... e é, sem dúvida, um grande desafio à nossa criatividade!)


Hoje de manhã, quando acordaram, os filhotes encontraram o prémio em cima da mesa. Se eu não estava à espera de ganhar, eles muito menos. Houve surpresa. Houve alegria. Mas também algumas observações mais cómicas...

(Afonso) Ganhaste isto por causa de qual livro, mami?
(Mãe) Acho que foi por causa de todos, filho.
(Afonso) Então há uma parte dessa prémio que é minha. Não dizes que fui eu te inspirei para o livro das "100 Histórias"?

O Sebastião reivindicou a coleção "Maria & Sebastião". O "Frio" é dedicado ao papá. Os gémeos não reivindicaram nada, mas também têm a sua quota parte, pela inspiração. E todos aqueles que votaram terão também o seu bocadinho, pelo incentivo. Não me resta, portanto, grande coisa... :) Fico com a samarrinha e já não é mau!

PS - E OBRIGADA!

Ontem a campainha tocou logo de manhã, ainda a criançada estava toda de pijama. "Doces ou travessuras", ouviu-se pelo intercomunicador. E o Afonso e o Titão ficaram em êxtase! Os pequeninos também, mas sem perceber propriamente porquê. A correr, fomos ao armário onde costuma haver uns restos das festas e descobrimos meia dúzia de caixas de Pintarolas.
- Damos todas?
- Não, Afonso! Temos de guardar para os outros meninos que nos vierem visitar.
Lá foram eles a correr para a porta, mesmo em pijama, para ver que espécie de "monstro" ou feiticeiro nos visitava. Mas nem uma coisa nem outra. Era um rapaz com uns 13 ou 14 anos, vestido normalmente, com um saco de plástico vazio na mão. Nada assustador. Nem sequer despenteado! E com todo o ar de quem iria mandar as nossas Pintarolas à fava...
Os meus filhos depositaram-nas no saco do Continente e voltaram para casa, desapontados. Ninguém mais voltou a tocar à nossa campainha, no resto do dia. As Pintarolas ficaram intactas. E nós, intactos ficámos, porque também não fomos bater à porta de ninguém. De Halloween, só mesmo os filmes que deram na televisão. Acho que andamos todos sem pachorra para festejos, é o que é! Vamos ver se o Natal nos anima.....





Hoje vamos ler isto cá em casa. Vamos criar um nome para o nosso país, arranjar um hino e uma bandeira, decidir quem manda e como manda, as regras e os limites, os direitos e as obrigações. E, com sorte, construir um país um bocadinho melhor do que o nosso...
Hoje nasceu a primeira lista de presentes de Natal. Só para as crianças, claro está, que a crise e a crise e a crise, blablabla. Mas as crianças já são taaaaaaantas! Num instante enchi uma folha A5 de um lado e de outro com os nomes das crianças a quem não posso mesmo deixar de dar presente. E não é obrigação, é mesmo porque me dá prazer e elas merecem, por serem quem são e/ou terem os pais que têm.
Chamei-lhe primeira lista porque é certo e sabido que esta lista ainda terá muito que crescer, até ao Natal, porque falham sempre alguns nomes e aparecem sempre outros de última hora. É bom sinal! Mas sendo que cá em casa não sabemos o que é o subsídio de Natal (ou melhor, até sabemos, porque o pagamos à nossa empregada, o que transforma o conceito, que era suposto ser agradável, numa grandessíssima dor de cabeça!), temos de começar a pen$ar nos presentinhos com alguma antecedência, para dosear os gastos até meados de Dezembro.
As promoções também já começaram, aqui e além, e aproveito para pedir já a todos os leitores deste blog a minha prendinha de Natal :). Se andam à procura de livros para oferecer, lembrem-se dos meus... Aqui vos deixo as melhores promoções online, numa assumidíssima estratégia de marketing, que espero que os meus filhos, um dia, quando lerem finalmente este blog, venham a perdoar :).

- Campanha 50% da coleção "Leo, o Menino do Circo" (7 volumes) - 2,50€ cada livro; 1,50€ cada livro de atividades:
http://www.leyaonline.com/pesquisa/pesquisa.php?chave=Leo+-+o+menino+do+circo

- Campanha 50% "100 Histórias do Outro Mundo", com ilustrações da Carla Nazareth - 7,19€
http://www.leyaonline.com/catalogo/detalhes_produto.php?id=25848

- Campanha 10% "Frei Livrinho de Sousa" da coleção "Clássicos a Brincar" - 10,98€
http://www.wook.pt/ficha/frei-livrinho-de-sousa/a/id/11449719

- Campanha 10% coleção "Portal do Tempo" - 10,71€
http://www.wook.pt/product/facets?palavras=portal+do+tempo

- Campanha 10% "D. Estefânia - Um Trágico Amor" (para os crescidos) - 18,90€
http://www.wook.pt/ficha/d-estefania-um-tragico-amor/a/id/13043277

- Para os restantes, sem campanha:
http://www.wook.pt/product/facets?palavras=clássicos+a+brincar
http://www.wook.pt/product/facets?palavras=%22maria+e+sebastião%22
http://limivi.blogspot.pt/p/livros.html


Pronto. Custou mas foi! É a prova provada de que a necessidade aguça o engenho :).