(Nonô) Mãe, hoje demos o Hino Nacional!


E já se está mesmo a ver qual foi a "história" desta noite...


(Dudu) Como é que será o Hino do Butão?


A mãe sacou do portátil... e não é que, numa pesquisa rápido no Google, me surgiram os hinos de todos os países de que nos poderíamos lembrar?

(Afonso) Eu quero ouvir o de Inglaterra...

(Nonô) E eu o do Brasil!



E estivemos uma boa meia hora a ouvir (e às vezes a rir a bom rir, tenho de confessar) os hinos dos diferentes países de que eles se iam lembrando.
Mas terminámos, claro está, todos de pé, de braço ao peito, a cantar de forma muito séria o nosso hino português... (ou quase! É que a mamã resolveu pôr a tocar ESTA VERSÃO do Coro do Teatro de São Carlos com a soprano Elisabete Matos, que canta maravilhosamente bem... mas também nos ia furando os tímpanos! Mas que noite de galhofa!)

Foge dos meus beijinhos como uma enguia, e franze o nariz quando lhe chamo "meu docinho de coco"... Mas continua a ser o meu filhote meigo e tranquilo, que sabe apreciar como ninguém as coisas boas da vida.
"Sem stress" é o lema... E tanto que eu tenho a aprender com ele!

Parabéns, Titão! 12 anos de coisas boas já cá cantam!

A Nonô, à semelhança de algumas mulheres da família, é uma mulher de negócios!

De dia, abriu um centro de estética na escola: levou amostras de cremes para fazer massagens (e inventou massagens com dados, com fitas, com borrachas...) e escovas e elásticos para o salão de cabeleireiro. Amanhã uma auxiliar faz anos e vai ter direito a um tratamento completo num dos intervalos. (Eu tenho vindo a escapar-me, mas no fim de semana não me livro de uma boa "esfrega"!)


À noite, apareceu-me com vários dossiers cheios de fichas antigas:


(Nonô) Mãe, vou abrir um centro de estudos! Se aceitares ser a aluna, eu deixo-te ser também a diretora...


Vai ser um looooongo fim de semana!




(Dudu) Mãe, sabes que os meus colegas, de vez em quando, falam em ti.

(Mãe) Ai é? Mas falam bem ou mal?

(Dudu) Falam bem, por causa dos livros. Mas às vezes acho que falam mal...

(Mãe) Então o que é que dizem?

(Dudu) Chamam-me filho da mãe...
Dia 1 os papás vão às urnas, mas amanhã é dia de os filhotes mais novos votarem nos delegados de turma.

Da turma, só três alunos se candidataram - duas raparigas e um rapaz - mas foi o bastante para uma semana de grande confusão, entre campanhas nos intervalos e amizades desfeitas ("Não estás comigo, estás contra mim!").
Mas, apesar das atribulações, a semana tem permitido grandes aprendizagens acerca do processo democrático... E a prova disso foi a conversa de hoje, ao jantar.

(Nonô) Deixa-me adivinhar, Dudu... Vais votar no S., só porque é rapaz.

(Dudu) Achas? Isto não tem nada a ver com amizades. Vou ouvir os discursos finais e depois decido qual deles é o melhor. E o voto é secreto, por isso também não vais saber em quem votei!

(Nonô) As raparigas fizeram muita confusão. Zangaram-se todas, dá-me vontade de não votar em nenhuma!

(Mãe) E tu não te candidataste, Nonô?

(Nonô) Até acho que era uma boa candidata. Pelo menos não fazia tanta confusão...

(Mãe) Então não te candidataste porquê?

(Nonô) São as primeiras eleições. Se fizesse asneira, ninguém votava em mim. Prefiro ver como é que isto vai funcionar, e depois candidato-me no próximo período...


Dudu, o cidadão justo. Nonô, a política cautelosa.
Sendo que depois ainda tenho cá em casa um Sebastião sem aspirações políticas (para quê ter cargos, quando o que interessa na escola são os intervalos com os amigos?) e um Afonso disruptivo, sem paciências para coisas demasiado humanas.
E eu, com um bocadinho de todos, a aprender com todos eles...
Afonso comenta, aborrecido, que tem de ir ler um texto obrigatório para Português.

Depois fica em silêncio, pára, relê, ri-se, intriga-se, devora o texto e inquieta-se.


(Afonso) Como é que este Lobo Antunes ainda não ganhou o Prémio Nobel, mãe?


Ui! Grande questão. A mãe lá contou o que sabia: a novela Saramago-Lobo Antunes, o alegado mau feitio do escritor, mas sobretudo o seu talento inequívoco, e o Nobel que, no entender da mãe, já lhe devia ter sido atribuído.


(Mãe) Sabes que ele é Médico Psiquiatra.

(Afonso) Sim. Eu se calhar também gostava de ser. Para me entender.

(Como eu te entendo, Afonso... Hoje, se voltasse atrás, nem sei se não faria a mesma coisa...)

(Mãe) E depois podes sempre escrever, como ele...


Sorriu. Só faltou dizer-lhe que o mau feitio já ele o tinha, mas não foi preciso. Ele também o sabe, e daí a graça toda...


(Mãe) Mas é preciso ter grandes notas para entrar em Medicina.

(Afonso) Eu conseguia...


E, se conseguir, fico a dever esta ao Lobo Antunes!
(Nonô) Ó mãe, sabes que a mãe da M. todos os dias lhe deixa um presentinho na mochila?

(Mãe) Ai é, filha? Mas tu sabes que a mãe não pode estar a comprar presentes todos os dias. Vocês são quatro... E mesmo que fosses só tu. Que sentido é que faz estares a receber presentes todos os dias?

(Nonô) Mas a mãe dela deixa coisinhas especiais que não valem muito: uma conchinha, uma florinha... Só para ela se lembrar da mãe durante o dia!

E a mãe da M. acaba de me meter em trabalhos...
Primeiro trabalhinho para casa dos manos mais novos!
Quem sou eu, como sou, como é que os outros me vêem... e, lá pelo meio, a nacionalidade, o distrito, concelho e freguesia onde nasceram. Depois terão de pesquisar sobre a sua terra, sobre a evolução do seu corpo ao longo do tempo... E se aprende, criando laços emocionais ao conhecimento!

E quando o pequeno e endiabrado Dudu resolve inventar que a mãe tem uma outra família com outro homem, e repete a invenção a vários dos seus amiguinhos do hóquei?
E o papá liga à mãe, do clube, a perguntar: "Quem é o Jorge"?

Penduro-o no tecto ou ponho-o já a escrever novelas?

No ano passado não tinha lá ido, mas este ano fui duas vezes, e das duas vezes que fui, com a filhota Nonô como companheira, cumprimentei o nosso Presidente Marcelo, grande anfitrião do evento.

Hoje à noite, quando cheguei ao quarto dela, tinha tudo preparado para uma surpresa: ela era a Presidente da República, eu a "curiosa" que queria ir assistir à sua partida de avião. Tive de passar por um check in rigoroso, à porta, (ela era a funcionária que me pedia os objetos de metal e me dava a credencial), depois ficar a bater palmas enquanto a Presidenta Nonô subia umas escadas de almofadas para a cama, onde assumiu o seu lugar no avião. Depois tive de esperar pelo voo presidencial e ver o avião pousar novamente, acenar à presidente e bater-lhe palmas enquanto ela descia.

Escritora, já não quer ser (a dislexia atrapalhou-lhe os planos, anda um bocadinho zangada com as letras). Mas hoje parece ter descoberto uma nova vocação...

Obrigada, professor Marcelo!
Em que escola é que eu gostaria de andar? Se eu criasse uma escola, que escola seria?



Foi com esta ideia em mente que escrevi "Escola das Artes", onde toda a aprendizagem das mais variadas disciplinas é feita em torno de projetos artísticos. Cada aluno tem um desafio pessoal (uma superação) por cumprir, existe uma tenda de circo para ir relaxar (inspirada no Projeto Âncora, dirigido pelo professor José Pacheco), um bosque para inspirar, e momentos de celebração com música e dança para tornar cada dia de esforço numa festa. Entre muitas outras coisas que não vos posso contar...
Quando 4 irmãos aterram nesta escola, por causa de um infeliz acontecimento, vão entrar num mundo novo de aprendizagens e relacionamentos que hão-de virar as suas vidas do avesso. Afinal, como diz Tatá, a diretora, o objetivo da escola é, antes de tudo o mais, preparar os alunos para o palco da vida...

Espero que gostem! Que partilhem os livros com os mais jovens e se divirtam todos tanto quanto eu. E enviem-me também as vossas críticas, sugestões, e até, quem sabe, vídeos dos musicais que prepararam com as dicas que estão no final do livro.

Vamos a isto! :)

Uma semana sem empregada numa casa grande com 4 filhos e papás cheios de trabalho... Consegue-se! Mas, se dúvidas houvesse, já só restam certezas: só consigo ser a mãe que sou (carregadinha de defeitos e contradições, mas esforçada, otimista e sorridente) porque tenho capacidade económica para pagar a alguém para fazer aquilo que me tira do sério.

(Afonso a procurar numa pilha de roupa uma camisola de desporto) Ó mãe, diz lá... ainda falta muito para a G. chegar?
Na segunda aula de Competências Sociais dos meus filhos mais novos, falaram-lhes sobre o funcionamento do cérebro, para que eles se conheçam melhor e tenham mais consciência dos seus talentos, dificuldades e emoções... assim como dos outros.

O Dudu resmungou um pouco, estava com receio que aquilo que a psicóloga lhes explicou saísse em algum teste...

(Dudu) E ela falou de nomes tão esquisitos, mãe!

Quando lhe expliquei que não, não era para avaliação (o grande terror do meu filho), mas que saber como é que a cabeça dele funcionava até podia ajudá-lo a ter melhores notas - ou, pelo menos, a relaxar mais, face a elas - ficou mais interessado. E ao deitar saiu-se com esta:

(Dudu) Acho que o lado direito do meu cérebro funciona melhor do que o esquerdo, mãe. O esquerdo anda um bocadinho avariado...
Os filhotes ainda andam entusiasmados com a escola.
Digo ainda porque os últimos anos têm sido tão penosos, que estou sempre à espera que este "estado de graça" tenha um fim...
A verdade é que a flexibilização curricular tem conseguido, até ver, esse milagre de conseguir devolver os meus filhos com entusiasmo, ao invés de mos mandarem para casa com um ódio de morte à escola, que eles depois confundem com um ódio ao saber.
Mas não é que o saber pode mesmo ser um prazer?
E não é que, com pequenas mudanças no ensino, conseguem-se logo melhores resultados?
Depois é claro que nós, pais, também podemos dar uma ajudinha...

(Sebastião na sua primeira tarde livre) Adorei as experiências que fizemos. A professora tinha lá uma massa que parecia líquida, mas que se lhe tocássemos com força ficava rija de repente e não nos sujava as mãos.

Filho a gostar de experiências?
Vamos a elas!
Felizmente não nos faltam kits da Science For You cá casa, acumulados dos aniversários. Só tínhamos de escolher o certo. E o certo, neste caso, era o da "Ciência Viscosa", onde por acaso conseguimos encontrar a experiência da massa que mais o tinha entusiasmado, na escola.
Meteu os óculos de cientista... e mãos à obra!


Não ficou tão consistente como a da professora, mas já deu para nos surpreendermos com o resultado (sobretudo porque esta, ao contrário da da escola, teve o dedo do Sebastião).

Seguiu-se a da plasticina moldável, que não ficou tão bonita, mas ainda deu para moldar algumas coisas...


Quando os irmãos mais novos chegaram a casa, entusiasmaram-se com o entusiasmo do irmão (porque o desânimo é contagiante, mas o entusiasmo, felizmente, também o é) e quiseram fazer também a sua experiência. Construíram um vulcão, que agora vai ficar a secar 2 dias para depois o fazermos explodir.



Não decoraram os distritos nem decoraram a tabuada (e bem precisam!), mas acabaram o dia a pensar que ser cientista deve ser uma coisa bem gira. Já valeu a pena...
Depois da revolta ditatorial imposta ontem pela mamã (AQUI), o dia de hoje encheu-se de sol, de paciência e vontade de fazer melhor.

E hoje, no regresso a casa, a mamã lançou um desafio:

(Mãe) Vamos arranjar em nossa casa um espaço que seja o cantinho da Calma. Sempre que começarem a perder o controlo, vão lá acalmar-se um bocadinho e depois voltam.

(Afonso) E se não quisermos ir?

(Mãe) Ficam de castigo!!!


Pronto, a mãe esteve a pensar numa solução para pôr fim à sua própria ditadura, mas ainda não é nenhuma santa...


(Mãe) O que têm de fazer hoje é pensarem em objetos ou atividades que vos acalmem, para depois montarmos o nosso cantinho.


A Leonor foi a mais participativa. Adora estas coisas! E, rapidamente, foi buscar um cesto para pormos as coisas de cada um, e fez uma lista dos seus objetos "calmantes":

- Almofada em forma de coração
- Livro de mantras para pintar
- Porta-chaves peludo
- Rádio e CDs de meditação
- Puff
- A nossa gata

Os rapazes demoraram mais tempo a decidir-se, mas as ideias começaram a aparecer:

- Uma bola para mandar à parede
- Saco de boxe
- Nerf para mandar uns tirinhos


Desporto e ação, portanto. Quanto mais físico, melhor.
Se calhar vou ter de arranjar 2 cantinhos da calma... Ou deixar os rapazes dar murros no saco de boxe ao som de uma música para meditar. Jogar futebol com a almofada em forma de coração... Ou mandar tirinhos com bolas peludos...

Ai, Sara, Sara... Quem disse que a democracia era fácil?




(Mãe) Meninos, vamos fazer uma experiência... qual é o som que vocês acham que se assemelha mais ao som do universo?


Experimentámos copos, panelas, vento com folhas... até que o Dudu se lembra de ir buscar um objeto mágico...




(Dudu) Dahhhhh! Este é que faz o som do universo!


E não é que parece mesmo?
Palmas para o hoverboard!


PS - E se não sabem qual o som do universo, toca a ir ao Google, que está cheio de vídeos com sons reais.
Por circunstâncias várias, todos os meus filhos tiveram este fim-de-semana uma noite fora, em casa de amigos.
E claro que uma noite fora é sinónimo de noite mal dormida... e um humor de cão no dia seguinte!

Elétricos, quezilentos, impossíveis. Implicaram tanto uns com os outros, teimaram tanto, chatearam-me tanto, que a dada altura a mãe também perdeu a paciência.

(Mãe) Vão todos escrever dez vezes "Não vou chamar nomes aos meus irmãos".

Ah, e tal, isso é uma parvoíce, castigo parvo, não faz sentido...

(Mãe) Tu escreves 20. E tu 30!

Resmungaram mais um bocadinho, mas como o castigo ia acumulando, acabaram mesmo todos sentados a escrever o que lhes impus. Parvo e sem sentido, é certo, mas a mãe também tem os seus limites.

(Afonso) A mãe, com o cabelinho preto curtinho, passava bem por Kim Jong-Un...

(Mãe) Isto é assim, meninos: a democracia só funciona quando as pessoas são conscientes e cumprem as regras. Quando a democracia se transforma numa anarquia, sabem o que é que acontece?

(Afonso) Aparece um maluco qualquer a impor uma ditadura.

(Mãe) Ora aí está! Eu sou a maluca e esta casa só volta a ser uma democracia quando vocês se souberem comportar.

E foi a maluca da mãe que escolheu a história da noite, e foi a maluca da mãe que a leu sem interrupções, distribuiu mais meia dúzia de berros e outros tantos beijinhos.
E, com jeitinho, amanhã acorda tudo mais sereno (mãe incluída), a ditadura volta a ser uma democracia e a maluca da mãe pode deixar de fazer coisas parvas e sem sentido para impor à força a ordem e o respeito...
(Mãe) Filhote, amanhã já tens aulas o dia todo... Queres que a mãe te vá buscar, para vires almoçar a casa?

(Titão) Hum... Hã... É que eu já combinei com uns amigos meus, vamos almoçar todos juntos.

(Mãe) Amigos? Mas é o terceiro dia de aulas. Já se combinaram?


Pois claro que sim.
Ah, que saudades do meu 7º ano! Da escola nova, dos portões abertos, da liberdade conquistada...


(Mãe) Sabes a regra, não sabes? Liberdade exige...

(Titão) Responsabilidade!

(Mãe) Se não houver responsabilidade acaba-se a...

(Titão) Liberdade!


Pelo menos em teoria a lição está sabida. Vamos ver na prática...
E quando o nosso filho mais velho (9. ano, supostamente nem abrangido pelas mudanças) chega a casa a contar que nas aulas de hoje teve de se descrever criativamente, e responder a um questionário sobre quem era, o que mais o tinha orgulhado até agora, o que era para ele o sucesso, o que esperavam do professor e da disciplina, etc, etc. Auto-conhecimento e espírito crítico no seu melhor, fomentando ainda os laços entre professores a alunos, tantas vezes inexistentes, nesta fase.
E não é que a escola está mesmo a mudar?

(Afonso) Depois ainda perguntavam qual tinha sido a coisa mais criativa que eu fiz até hoje...

(Mãe) E o que é que respondeste?

(Afonso) Quando estivemos a recriar quadros famosos! Fizemos coisas bem criativas nestas férias, mas acho que esta bateu todas...

E a mamã até corou um bocadinho :)
(Dudu) Mãe, se tu e o pai se separassem, eu ia querer ficar contigo, mas também com o pai.

(Mãe) Claro, filho. Quando as pessoas, por alguma razão, se separam, os filhos são sempre filhos dos dois pais. E eles organizam-se para que os filhos estejam com a mãe e com o pai.

(Dudu) Mas os pais vivem na mesma casa?

(Mãe) Não, geralmente vão viver para casas separadas. E os filhos, é como se ficassem com duas casas... Pode ser confuso, ao início, mas depois, com muito amor, tudo se resolve.

(Dudu) E depois os pais e as mães arranjam outros namorados?

(Mãe) Sim, é possível que sim. Podem apaixonar-se outra vez e até casar...


Dudu fica pensativo durante algum tempo.


(Dudu) Se vocês se separassem e arranjassem outros namorados, eu acho que ia gostar de os conhecer. Eu gosto de conhecer pessoas diferentes...


Não é um assunto que se fale, habitualmente, cá em casa, mas as crianças lidam, diariamente, com colegas filhos de pais divorciados. É natural que se questionem. Alguns podem preferir não imaginar o que seria, se os pais se divorciassem. Outros, como o Dudu, gostam de colocar em cima da mesa todas as hipóteses. Quando assim é, não vale a pena dizer-lhe que os pais nunca se vão separar e que vamos ser a família "perfeita" para o resto da vida (who knows?). É preferível explicar-lhe que, independentemente daquilo que vier a acontecer, ele será sempre muito amado, e vamos fazer o possível por descomplicar tanto quanto ele próprio já descomplicou, na sua cabecinha de 8 anos...
As escolas dos meus filhos aderiram à flexibilização curricular, e o dia de hoje foi passado entre reuniões numa e noutra, a ouvir o que vai mudar e os resultados que os professores esperam obter com essas mudanças.

Nem tudo vai ser perfeito. Nem tudo vai funcionar como gostaríamos (alunos, pais e professores). Mas começar o ano com espírito de mudança e entusiasmo contagiante, só pode resultar em coisas boas.

Amanhã o meu filho do 7º vai passar o dia em workshops sobre alimentação saudável e cidadania. No dia a seguir tem um peddy paper. Depois começa a ter aulas "a sério", mas pelo meio haverá semanas temáticas e interdisciplinares com jogos, apresentações, teatros, arte... e um ensino mais centrado no aluno e no seu desenvolvimento de competências essenciais (mais do que conteúdos descontextualizados).

Na escola dos mais novos, agora no 3º ano, aposta-se em aulas de projeto, Expressão Dramática, Assembleias de Escola e aulas de Competências Sociais. E hoje o Dudu e a Nonô já regressaram a casa entusiasmados com um papelinho cheio de elogios, colado nas costas.

(Nonô) Cada um de nós tinha de escrever um papel a outro colega, com elogios. Escreveram coisas tão bonitas, mamã!


Perguntarão alguns para que serve perder tempo a escrever elogios, com tanta Matemática e Português para aprender?
É que hoje, felizmente, a Neurociência conhece melhor o funcionamento do nosso cérebro, e crianças com boa auto-estima aprendem melhor. Assim como crianças entusiasmadas com uma escola que fomenta relacionamentos saudáveis e espírito de grupo.

Força, professores! Para a frente é o caminho...


"Estou aqui para ensinar umas coisas e aprender outras. Ensinar, não: falar delas. Aqui e no pátio, e na rua e no vapor, e no comboio e no jardim, e onde quer que nos encontremos..." (frase de Sebastião da Gama, partilhada hoje numa das escolas)
Começou a escola, retomaram os treinos desportivos... e começou a correria para conseguir pôr os filhotes na cama a tempo e horas, sem
perder um momento de brincadeira e a história de boa noite, e os 1001 beijinhos... Ufa!


(Dudu) Mãe, podemos jogar à bisca a seguir ao jantar?

(Mãe) Já não vai dar tempo, Dudu.

(Dudu) Bolas, agora já não há tempo para nada!


Estávamos só nós os três (eu e os gémeos), o papá com os manos mais velhos no treino, por isso havia ainda espaço na mesa para uns quantos disparates.
Não há tempo para jogar a seguir à refeição? Muito bem... coma-se enquanto se joga!

E foi assim que, entre uma garfada e outra, deitávamos cartas e vencíamos ou perdíamos a jogada.

Se o ideal é comer tranquilamente, com boa postura e os talheres alinhados? Sem dúvida!
Mas nem sempre o ideal é o melhor...

E já agora... a mãe ganhou :)
O jornal Público organizou um Festival - o Festival P - para pôr jornalistas e convidados à conversa com os leitores.
A jornalista Bárbara Wong, que escreve amiúde sobre temáticas ligadas à Educação e Parentalidade, convidou-me a participar num dos painéis - "Os pais, os filhos e a escola" - com a nutricionista Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, e o resultado foi uma hora e tal de boa conversa (com este Coisas de Filhos e o Coisas à Pais à mistura) e até muitas gargalhadas!



Esta foto é do fotógrafo Nuno Ferreira Santos, mas as restantes foram da minha filha Leonor, que adora participar nestas coisas e ainda me dá sempre dicas preciosas sobre o que vestir, como me pentear, sobre o que falar... (eu bem digo que ela vai ser minha agente um dia destes!).
Pelo meio, ainda participou num workshop de ilustração com a Teresa Cortez, a provar que o Público também pensa nas famílias e não as esquece na hora de informar e debater (às vezes também de entreter!)


Obrigada, Bárbara Wong!
Go on, Público!
... primeiro ao sol, a "sorver" os bons ares do mar.


Depois no Oceanário, um dos tópicos da lista feita por eles para as nossas férias, que ainda ficara por cumprir.



Dudu suspira, a ver os peixes:


(Dudu) Ai, mãe... Se eu fosse um peixe, amanhã não tinha de ir à escola.


E hoje, ao acordar, saiu-se com outra:


(Dudu) Mãe, vê lá se não está a never. Se estivesse, podia ser que as escolas fechassem e não houvesse aulas para ninguém!


Não tenho filhos que sejam fãs da escola. Pelo menos deste modelo de ensino. Passaram as férias a passear, a aprender, a jogar, a visitar, a interagir, a descobrir, a criar. São fãs de tudo isso. Aulas expositivas durante um dia inteiro é que estraga a magia do Saber.
E este ano, no entanto, as escolas onde eles estudam (um colégio privado e uma escola secundária) integram a lista das 200 e quarenta e tal escolas que vão experimentar coisas novas, em 25% do tempo. Workshops, área de projeto, horas interdisciplinares, competências sociais, teatro, cidadania, são algumas das excelentes novidades. E eu faço votos para que corra tudo muito bem, e os meus filhos (a par de tantas outras crianças e jovens), cheguem a meio de setembro sem vontade de serem peixes...

Um bom ano letivo para todos!
Mamã a tentar despachar um livro ao computador:

(Nonô) Mãe, tu gostavas de ganhar mais dinheiro?

(Mãe) Gostar, gostava. Mas a mãe também gosta de ter tempo para estar com vocês... Enquanto vocês ainda são pequenos, a mãe prefere não trabalhar tanto, para vos poder acompanhar...

(Nonô) Fazes muitos sacrifícios por nós, não fazes?

(Mãe) São opções, filha. Há pais que não podem fazê-lo, a mãe pode e quer fazer. Vocês também me dão tantas coisas boas...


Nonô fica pensativa:


(Nonô) Sabes que mais? Quando eu ganhar dinheiro e tu fores velhinha, também vou cuidar de ti. E se não tiveres dinheiro nessa altura, vou dar-te algum, para tu poderes fazer as coisas de que gostas...


Palavras para quê?
<3
Dia 9 de setembro, o Público chama o seu público a debater, partilhar, conviver, saborear os grandes e pequenos temas do nosso dia-a-dia. Em 4 palcos diferentes, vai acontecer se tudo um pouco, para todos os interesses, todos os públicos.
Às 12.30h, eu estarei num desses palcos com a jornalista Bárbara Wong e Alexandra Bento, bastonário da Ordem dos Nutricionistas, para falarmos sobre o arranque do ano letivo e o que nós, pais e educadores em geral, podemos fazer para ajudar e motivar os mais novos, em todas as frentes.
Se quiserem e puderem, apareçam! Dia 9, no Pátio da Galé em Lisboa.



Podem consultar o programa completo AQUI


A revista Pais & Filhos deste mês é dedicada ao arranque do ano letivo, e a jornalista Ana Sofia Rodrigues desafiou-me a falar um bocadinho sobre aquilo que eu sentia que faltava ao nossos sistema ensino, e o que andava a fazer para o compensar.
Falei do projeto "Coisas de Pais", do movimento "Por Uma Escola Diferente, e de algumas aventuras cá de casa, que me levaram a apaixonar-me pela área da Educação.

Outro artigo que não podem perder é a visão de quatro crianças sobre a Escola que desejavam ter.

Já nas bancas!
E obrigada pelo desafio, Ana Sofia :)


Hoje tentei que os meus filhos fizessem mais uma fichinha de Português e de Matemática, para relembrarem matérias e o que é estar sentado durante um bocado, com concentração.

(Dudu e Nonô) Fichas, mãe?!?!? Não, por favor!


Insisti. Zanguei-me. Insisti mais um pouco. Não tiveram outro remédio.
Passado algum tempo chamei o Dudu para ver o que tinha feito.



(Mãe) Que gatafunhos são estes, Duarte?!

(Dudu) Estou a fazer uma experiência... a ver se consigo fazer contas com estes óculos que põem tudo desfocado...


Se calhar devíamos ter trabalhado menos a criatividade, nas férias, e ter feito mais fichas!
(ou talvez não... Mas que estou com pena da santa professora deles, ai isso estou!)


Primeiros 6 livros forrados.

Só faltam para aí uns 40 e tal...


Os filhos já ajudam (mesmo com muitas bolhas pelo meio).

Ainda assim... SO-COOOOO-RRO!!!


Com a ajuda dos avós, a nossa hortinha ressuscitou! Agora dividida em 4 lotes, uma para cada filhote, que terá como obrigação regar e zelar por ela.
Vamos ver se é desta...
O ano letivo aproxima-se a passos largos, e com ele as rotinas que abandonámos ou desleixámos a partir de meados de junho.

Uma delas: trazer, semanalmente, da biblioteca, os melhores livros que por lá encontrarmos.

E a seleção desta semana, escolhida com a minha Nonô, foi:


Começámos hoje com o "Adoro Chocolate", a pedido dos dois gulosos mais novos. Chocolate é coisa que apanham só de vez em quando, ao ponto de o Duarte me perguntar há dias: "Mãe, quando eu fizer anos - o que vai ser daqui a uns meses - podes oferecer-me um pacote de Oreos?" Mas a leitura foi saborosa, não estragou os dentes nem a saúde. Mesmo exagerando, a leitura só faz bem :). Ficámos consolados. Venha a próxima!
O desafio de hoje do "Coisas de Pais" consistia em recriar um ou mais quadros famosos, com os adereços que se tivesse à mão.

Fizemos duas equipas, uma com os gémeos (que escolheram "American Gothic", de Grant Wood) e outra com os mais velhos (que escolheram "O Filho do Homem", de René Magritte).

E o resultado não podia ter sido mais hilariante...

O original:

O recriado:

O original:

O recriado:

Prova superada!
Amanhã há mais :)


(Titão) Mãe, qual é a atividade para hoje?

Não temos seguido diariamente o Coisas de Pais, mas as ideias que lá coloco são ideias que já experimentei com os meus filhos, outras que desejo experimentar. E, desde que viemos de férias que, diariamente, os filhotes experimentam uma delas. De tal modo que, hoje, quando a mãe chamou a filharada toda à cozinha, o Titão apareceu logo bem-disposto: "E então, Mãe, qual é a atividade para hoje?"

Ontem criaram países imaginários...

(partilho o da Nonô, em que a mamã é presidente. Só é pena ser um país... de galinhas!)


Hoje inventaram uma máquina que fosse útil cá em casa (http://www.coisasdepais.pt/inventores-um-dia/)...


E foi assim que o Afonso inventou um dispensador de papel higiénico, e o Sebastião um robot que corre atrás de nós, nos treinos, para irmos mais rápido e não perdermos a motivação.

Vamos ver o que se segue amanhã...



O desafio do Coisas de Pais para hoje (e, se ainda não conhecem este meu novo projeto, vão lá espreitá-lo, pf!) consistia em tentar imitar alguns autores portugueses, nos seus estilos inconfundíveis (http://www.coisasdepais.pt/escritores-do-pais/).

Escolhemos José Saramago, Valter Hugo Mãe e Joana Bértholo. E os filhotes mais velhos aderiram tão bem ao desafio, que estivemos a rir que nem uns perdidos durante uma boa meia hora (o que, para um exercício de escrita, com filhos adolescentes, é uma proeza!)

Aqui ficam alguns excertos das "pequenas obras" dos meus escritores:


Afonso Saramago:

"Lá ia o Jorge a passear na floresta amazónica quando viu um macaco, e virou-se para ele e disse então, por aqui, onde se arranja um bom hotel e o macaco disse-lhe uahahahahahá e o Jorge disse-lhe ok."

Sebastião Hugo Mãe (ainda com letras minúsculas e sem dizer a palavra "Não", como no seu livro "Homens imprudentemente poéticos":

"o sebastião vira-se para o afonso e pergunta:
- és parvo?
e o afonso diz:
- eu queria dizer o contrário de sim, mas eu até sou, portanto vou dizer sim..."

Afonso Hugo Mãe:

"lá ia o jorginho mãe a passear quando o manel lhe perguntou:
- quer ir pentear macacos comigo?
e o jorge mãe disse:
- eu gostava de dizer que sim mas de momento apecete-me fazer o contrário do que está a sugerir pelo que vou ter de dizer que, de momento, parece-me uma ideia que me vai desfavorecer.
(devia ter dito logo que não, que velho irritante!)

Sebastião Bértholo (todas as frases começadas por "Havia" - como no livro da Joana, com esse nome, onde todos os contos começam por "Havia" - e vírgulas entre todas as frases, como noutro conto desta autora):

"- Havia, algo, aí? - perguntou, a, Joana, Bértholo.
- Havia. Havia, banana, pizza, laranja, pão, cereais."

Afonso Bértholo:

"Havia, uma, vez, um, professor, de, matemática, que, me, perguntou, porque, raio, é, que, eu, escrevo, assim. Eu, disse, que, era, só, divertido, e, o, professor, farto, de, ler, deu, um, tiro, na, cabeça.
Havia, uma, vez, um, professor.


(Mãe) Meninos, querem experimentar o estilo de mais algum escritor?

(Afonso) Sim. O estilo da Sara Rodi...

(Mãe) Ó, filho... Mas a mãe não tem assim nada que a distinga dos outros autores...

Mas ele já estava a rabiscar qualquer coisa no papel...


Eles sabem que a mãe, sempre que pode, mete uns alliens ao barulho :). Entre os filhos, pelo menos, já é famosa por isso...