Não sei se foi da semana em casa do avô engenheiro , mas o meu filho Afonso anda com tiradas de engenhocas:
"- Ó mãe, podes pôr a Disney?
- Não dá, filho. Só na televisão da sala.
- E a Disney não pode passar da outra televisão para esta?
- Passar como?
- Pela parede.
- Pela parede? Como?
- Então, mãe... pela electricidade..."

Ou será que, aos 4 anos, o meu filho já tem aulas de físico-química no infantário?
- Mãe, hoje perdi no jogo das Cadeiras mas disse à Carla que o importante não era ganhar nem perder. Era ter amigos...
Fiquei toda orgulhosa do meu filho Afonso. Afinal as lições de moral que lhe impinjo todas as noites, na sequência das histórias que lhe leio e que, às vezes, de moralistas não têm nada, servem para alguma coisa. O pai passou a tempo de ver o meu orgulho e proferiu um "quem é que te disse isso, Afonso? Claro que o importante é ganhar! Tens sempre de tentar ganhar!". Lá fui atrás dele discutir as miudezas da educação dos nossos filhos e fiquei a perguntar-me se a minha tentativa para os ensinar a serem boas pessoas é compatível com a selva em que vivemos todos os dias, em que é importante, de facto, fazer tudo para ganhar. Não digo que tenha que os ensinar a passarem por cima de tudo e de todos para o conseguirem (nem era isso que o pai queria dizer), mas às vezes também me pergunto se a minha lógica de "às vezes deixa o teu amigo ganhar, assim ele fica feliz, e como o fizeste feliz também ficas feliz" seja a mais prudente. Será que também tenho que os ensinar a serem sobreviventes?