(Afonso antes de adormecer)

- Tu costumas contar mentiras, mãe?
- Não... bem... só às vezes umas mentirinhas piedosas. Mas não gosto nada.
- Fica na tua consciência?
- Sim...
(Mãe cai nela)
- Afonso... contaste alguma mentira?!
- Disse que comi a sopa da escola e não comi.
- E ficou-te a doer a consciência?
(Afonso hesita)
- Sim... Mas acho que mesmo assim é melhor doer-me a consciência do que comer aquela sopa...


Pois... decisão difícil. Mas se me obrigassem a comer tangerinas também preferia uma bela dor de consciência...
Já lá foram? Estão a pensar ir amanhã?
Vou estar entre as 15h e as 16h na editora Objectiva com o "Portal do Tempo" e entre as 16h e as 17h na Leya, com os "Clássicos a Brincar", "Maria&Sebastião", "Leo, o Menino do Circo" e "100 Histórias do Outro Mundo".
Não tenho lá muito jeito para publicidades... mas gostava muito de vos ver por lá.

Depois de assistir a um teatro representado por alguns pais da escolinha, o Dudu entra no carro, zangado.

- Não gostaste, Dudu?
- Gostei. Mas eu queria que tu estivesses no palco a fazer de fada bailarina...
- Mas a peça não era de piratas? Havia alguma fada bailarina?
- Não! A fada bailarina eras tu!

Estou bem arranjada... Os meus filhos até já me arranjam um papel e tudo!

E, para quem estiver interessado, tem amanhã uma nova sessão. Os lucros revertem para a Casa da Criança de Tires.



- Mamã, quantos queres?

Sendo que foi o primeiro "Quantos queres" da minha Nonô, feito por sua conta e risco, eu diria que até está muito bem...

- Quero esta bolinha cor-de-rosa...



Calhou-me o sol. E eu diria que, mais perfeito, era impossível...


É assim, cá em casa. Até os interruptores têm corpo e cabeça. Ainda estou qual foi o "iluminado" dos meus filhos a fazer esta obra de arte...
Depois de várias noites a pedir-me que lhe contasse (a ela, só a ela) a história do Pico (para quem andou desatento, a primeira história que escrevi, aos 6 anos) e de me dizer também repetidas vezes que eu deveria colocar o Pico atrás do Sol, sem me dizer porquê, hoje a minha Nonôzinha desvendou todo o mistério.

- Mamã... tu sabes onde está o teu Pico?
- Não, filha. Isto já foi há muitos anos.
- Então o teu Pico já morreu. Está no Céu.
- Achas, Nonô?
- Sim. E o céu é atrás do Sol.

Mistério resolvido. Quem sou para dizer que não...


Ferido em combate...
(ou melhor, degladiando-se com uma caneta vermelha da Nonô)
Uma boneca Leonor (imitação da filha dos príncipes de Espanha) habitava o sofá do quarto da minha filha há mais de um ano. A minha Leonor lá lhe fazia uns carrapitos e lá de pintava as unhas (muito pouco de princesa) mas a boneca não era das suas favoritas. Até que, no outro dia, me chamou ao quarto, em êxtase:

- Mamã, mamã! Se eu pisar com muita força a minha boneca Leonor ela fala. Queres ver?

Pisou-a com a máxima força que tinha e a boneca soltou um grunhido em espanhol, meio imperceptível.

- Queres que eu faça outra vez?

Lá lhe expliquei que a descoberta tinha sido estupenda, mas que, se ela era uma boneca falante (o que eu também desconhecia) havia outras formas de a pormos a falar. Por exemplo abraçando-a. Peguei então na boneca, apertei-a com força e ela soltou uma gargalhada estridente.

- Vês, Leonor? Sempre que quiseres que ela fale, só tens de lhe dar um abraço com força...

Ficou aliviada. E a boneca homónima passou a figurar no top 3 das suas preferências...
E a mamã foi mesmo descansar. Assim de fugidinha, só para ir dormir como deve ser fora da casa onde há sempre tanto por fazer. Regressou uma nova mãe, daquelas que falam de forma tranquila, sem voz de trovão, e daquelas que não stressam mesmo quando a casa está virada do avesso e o trabalho está todo atrasado. Só não sei quanto tempo vai durar (até porque esta noite já foi o virote do costume) mas a mamã já avisou os filhotes que é bom eles aproveitarem enquanto dura... (sem esticanços, senão ainda dura menos!)
Daqui a algumas horas vou participar no concurso Jovens Inspiradores, organizado pela APFN, que pretende premiar os jovens que mais se destacaram pela sua ação, criação ou pensamento. A APFN (Associação Portuguesa de Famílias Numerosas) recebeu mais de 150 participações verdadeiramente inspiradoras! É tão bom e tão importante constatar que, perante o desânimo gerenalizado dos nossos dias, há jovens que continuam a querer fazer a diferença, agitar as consciências, fazer melhor! É com eles que vou estar daqui a pouco, para lhes dar os parabéns e dizer-lhes que é a sua força que pode, efetivamente, tornar o mundo num lugar melhor...

Trabalho, trabalho, trabalho.
Testes, testes, testes.
Noitadas, noitadas, noitadas.

Nunca mais é férias, férias, férias...
(bem... já faltou mais!)


Na história de hoje, havia uma galinha que resolvia abandonar o galinheiro para ir ver o mar. Achava que a vida era mais do que pôr ovos, ovos, ovos... E claro que, depois da história, o Sebastião aproveitou:

- Já dormir?! A vida é mais do que dormir, dormir, dormir...
- Também queres ir ver o mar, Sebastião?
- Não, quero ir a Marte.

Boa viagem, meu filhote.

O desafio que lancei ao Sebastião era que ele imaginasse que encontrava uma formiga falante.

- Eu? Tenho de ser eu, o Sebastião?
- Tu é que sabes, filho. Pode ser uma espécie de Sebastião.

E a composição nasceu:

"
Era uma vez uma espécie de Sebastião que encontrou um formigueiro. Espreitou lá para dentro e, quando ele abriu a boca, as formigas entraram para dentro dela. Quase o formigueiro todo! Mas sobreviveu uma formiga e ela disse:
- Ó menino, então comeste todas as formigas?
- Não, não! Glup! (som de engolir) Ok, talvez tenha comido.
- Talvez, não. De certeza.
- Olha, pelo menos não te comi a ti."

Não teve paciência para mais, mas já me arrancou uma valente gargalhada!
Mamã acabada de acordar vai abraçar a filhota acabadinha de acordar também. A filhota olha a sua mamã com ternura:

- Mamã... és tão linda!

Mamã babada.

- Mamã... tens cogumelos nos teus olhos!

E a mamã prometeu a si mesma que nunca nunquinha mais vai abraçar a sua filhota linda sem lavar primeiro a cara...
Dudu entrega uma goma à Nonô, com um sorriso maroto nos lábios:

- Toma lá, minha gorduchinha...

Fartam-se de andar à pancada. Mas estes momentos de ternura valem pelos outros todos...
E, na véspera dos aninhos dos mai'novos, enquanto a mamã trabalhava, a "tia" Sandrites preparava gomas para os sobrinhos emprestados oferecerem aos amiguinhos da escola...



A empreitada foi tanta e a mamã ficou tão reconhecida, que tratou de dizer várias vezes aos filhotes que as gomas tinha sido da autoria da amiga Sandrites, que teve direito a um telefonema deles de agradecimento e tudo.
Mas ontem a Nonô saiu-se com esta:

- Quem é que fez as gomas das bailarinas, mamã?
- Foi a Sandra, a amiga da mamã. Tu já sabes.
- Tu devias ter feito as gomas, mãe.

Percebi que era claramente uma censura, e os olhos dela denotavam tanta desilusão, que não resisti a mentir um bocadinho...

- Mas eu também fiz, querida. Fiz eu e a Sandrites.
- As duas? Juntas?
- Sim.
- Ah, está bem.

E foi-se embora, sorridente. É verdade que a mamã colaborou... ajudou a decidir os bonequinhos, foi vendo fotos do processo, ficou acordada até a tarefa estar terminada... Mas acho que, na cabeça da minha filha, mãe que é mãe, tem de pôr "as mãos na massa"...
Sandrites... para o ano fazemo-lo juntas, ok?


O bolinho dos mai'novos. Um grande beijinho à Isabel Saraiva Afonso e aos seus "Bolos da Chica" (http://bolosdachica.blogspot.pt) que deram mais cor e sabor à nossa festinha.

- Ó mãeeeeeeee! O Afonso magoou-me no coração!!!!

Podia ter dito que o mano a magoara no corpo, no peito, ou simplesmente "aqui", apontando... mas não. O Afonso magoou-a mesmo foi no coração! O coração continuou a bater, intacto. Eu diria até que ele não sentiu nada. Mas, metaforicamente, ficou magoado, isso é verdade. E a Nonô também já sabe o que é doer o coração...
- Ó mamã... onde é que guardas os teus beijinhos?
- Quais beijinhos, filho?
- Os beijinhos que te dão as tuas amigas...
- Guardo-os no coração.
- Ah! E quando me dás beijinhos ficas sem os beijinhos?
- Não, filho. Fico com uns e dou outros. Os beijinhos gostam de andar de pessoa em pessoa. Não gostam de ficar muito tempo no mesmo sítio.
- Ah! (e depois sussurra baixinho, como ele faz sempre que acha que eu lhe digo uma coisa importante) "Não gostam de ficar muito tempo no mesmo sítio".





Eu juro que só lhe pedi para ele ir calçar umas meias...
E, depois de a minha Nonô (ops, Leonor!) me dizer que tinha sonhado com passarinhos, eis que abrimos a porta da rua e deparamo-nos com... um melro! Um senhor melro que não conseguia voar. Os 4 manos encheram-no logo de festinhas, a mãe prometeu que ia tratar dele, e a Leonor saiu-se com esta...

- Oh, mamã... Ele é como eu! Eu também queria voar e não consigo!

Há quatro anos, por esta hora, estava eu a dar entrada no hospital com uma barriga do tamanho do mundo e a pensar "O que vai ser da minha vida?". Com muita vontade de me trazer ao mundo aqueles 5 kgs de gente, perguntava-me se viria a dar conta do recado. Multiplicaria os filhos, mas também a confusão, o trabalho e a despesa. Que o meu coração daria para todos, eu já sabia... mas faltar-me-iam braços. E cabeça.
Hoje, com os meus anjinhos mais novos a completar 4 anos, recordo as noites perdidas, a desarrumação cá de casa, as birras, os quilos de roupa por organizar e as travessas de comida por servir. Mas também os sorrisos, as teatradas, os abracinhos, e sobretudo tudo aquilo que os meus piolhos mais novos me têm ensinado todos os dias. Faltam-me braços, efetivamente, a cabeça às vezes perde-se, mas tenho o coração cheio de coisas boas, que compensam largamente tudo o resto!

Parabéns, Duarte e Leonor! (para que conste, aos 4 anos eles já não querem ser Dudu e Nonô. "Isso é coisa de bebé...")

Depois de andar atrás do meu filho Afonso para ele me ajudar a pôr a mesa e preparar o jantar (tentando contrariar a sua preguicite aguda), ele sai-se com esta:

- Já leste "O Monge que vendeu o seu Ferrari"?
- Já. Porquê? Tu já leste??
- A L., da minha sala, é que está a ler. Eu ainda só li uns bocados.
- Mas o que é que isso tem a ver com o jantar?
- O personagem do livro passava a vida a trabalhar, a trabalhar, a trabalhar, e não aproveitava nada a vida! Eu quero aproveitar a minha, mãe! Preciso de tempo para as minhas brincadeiras e para fazer as minhas coisas...

Podia ser um bom argumento para não me ajudar a pôr a mesa, mas não foi. Era mesmo a sua preguicite aguda (que ele depois confessou ser também esdrúxula) a falar, e essa deve ser contrariada. Agora, a verdade é que, se ele aos 9 anos já pensa que não deve desperdiçar a vida a trabalhar no que não gosta, eu diria que, no meio da preguicite, há uma grande dose de razão. É certo que em Portugal não andamos propriamente a trabalhar para comprar Ferraris (é mais para pagar as contas ao final do mês). Mas não há dúvidas de que andamos todos a precisar de encontrar sentidos para além do trabalho, e de redescobrir a alegria de viver. O nova-iorquino que protagoniza a história deste livro vendeu o Ferrari e foi para a Índia. Eu não poderei ir tão longe, mas hoje, que é Dia da Família, acho que vou pegar nos miúdos e passear. Aposto que o Afonso não se vai queixar...

Acredito que é sempre possível ser-se para além daquilo que a nossa família é ou nos dá, porque não somos apenas produto das nossas heranças. Somos também, em larga medida, aquilo que fazemos de nós próprios. Mas quando a herança é boa (e falo daquilo que realmente importa) e a família permanece como suporte de tudo aquilo que ousarmos ser, apoiando-nos também quando falhamos, desbrava-se o caminho com outra confiança, não necessariamente com melhores resultados, mas seguramente com mais serenidade.
Hoje, Dia da Família, agradeço àqueles que me antecederam e àqueles que me acompanham no dia-a-dia todo o suporte que têm sido na minha vida. Espero conseguir retribui-lo e ser também, na mesma medida, suporte para aqueles que me darão continuidade.
Feliz Dia da Família!
(Sebastião, após o jantar, veste o robe, enfia um gorro na cabeça e abre a porta que dá para o jardim)

- Onde é que tu vais, Sebastião?
- Vou ver as estrelas. Não posso?

Claro que os irmãos largaram logo o resto da comida e foram a correr embrulhar-lhe também e enfiar coisas na cabeça para irem igualmente ver as estrelas, mas quando estavam quase prontos, o Sebastião voltou da rua, frustrado.

- Esqueçam! Não há estrelas!

Avô, está oficialmente contratado para voltar a montar o telescópio no terraço da quinta, porque os netinhos querem ver estrelas, ok?
Afonso de gorro cabeludo na cabeça, a falar com voz metálica... a que ele faz quando se prepara para debitar disparates!

- Toda a gente fala de ameaças daqui e dali e daqui e dali... mas eu é que estou mal! Eu estou a ser vítima de Humanos!
- Então o que é que os Humanos te fizeram, Afonso?
- Só falam de coisas que não interessam para nada! Não se aguenta...

Há dias em que acho que ele é mesmo um marciano...
- Ó mãe... eu gostava de ser um menino que não tivesse luz em casa...

O disparate saiu da boca do meu filho Sebastião, mas por um bom motivo. No outro dia ficámos sem luz à noite e tivemos de jantar na varanda, à luz da lua (e sem televisão!). Fomos deitar-nos com lanternas e dormimos com os estores abertos, para acordamos com os primeiros raios da manhã. Foi um stress para os pais... e uma diversão para os filhos!
Não, o Sebastião não faz ideia nenhuma do que seria vivermos sem eletricidade (e ainda bem!). Mas, se calhar, vamos apagar as luzes mais vezes...
Depois de muitos pedidos insistentes da Nonô para que contasse novamente a história do Pico (a primeira história que escrevi, aos 6 anos, e que hoje costumo contar muito nas escolas... e pouco aos meus filhos!), lá os sentei para uma sessão de disparates. Em casa dou mais liberdade aos gestos, às vozes, às caretas... e até o Afonso largou o seu livro e veio sentar-se na cama da mãe a ouvir. No final, a Nonô voltou a pedir que o Pico ficasse guardado atrás do Sol (porquê, ainda ninguém consegue entender) e pelo caminho ainda disse:

- Eu na escola também tive um pico no joelho!
- Ah... e era dos falantes?
- Não sei!
- Não falaste com ele?
- Não. Ele não tinha olhos...

E, já depois da história, com todos a caminho da cama, o Dudu lembrou-se de mais uma...
- Ó mamã... eu acho que o teu Pico era um mosquito!

Claro! Para o Dudu-amante-dos-animais, algo que pica e que "fala" ao mesmo tempo, só pode ser um insecto!

(Dudu ao colo da sua mamã, a olhar para ela, de olhos muito interessados)

- O que foi, Dudu?
- Tu vais ficar velhota?
- Vou. Um dia vou.
- E o que é que nós vamos fazer de ti, velhota?
- Não sei... Tomam conta de mim?

(Dudu não pareceu convencido)

- Podias trocar, mamã.

(Trocar por um corpinho mais novo? Se calhar, por essa altura, já vai ser possível...)
(Sebastião aflito)
- Mãe... estás a lavar o Gormitti da erva?!?!
- Claro! Estava todo embodegado...
- Não podes, mãe! Só podes lavar o Gormitti da água. O da erva não pode apanhar água, senão morre.

Ainda tenho tanto que aprender sobre o submundo das criaturas fantásticas que habitam esta casa...
Filhos na piscina:

- Atira aí a bola! Vou-lhe acertar com a cabeça e fazer uma bomba.
- Ya!!!

Filha na piscina:

- Mamã, o teu biquini é muita lindo! Gostas do meu?

Definitivamente, somos espécies diferentes.....


(Dudu) Mamã, posso dormir aqui a sesta?
(Mãe) O que é que tu achas, Dudu?
(Dudu) Vá lá, mamã. Eu sou o Snoppy...


Um desenho perdido na mochila do Afonso. Realmente, uma imaginação "do outro mundo"!


A primeira tatuagem da minha Nonô, feita por ela própria às escondidas, com canetas de acetato. Alguém vai levar uma esfrega de álcool. Vai, vai...
O sol chamava-nos lá fora, mas a casa estava tão caótica, que pus os meus filhos de saco de lixo na mão a catarem o que estava a mais, na nossa casa.

(Mamã) Vá... tudo o que não quiserem, ponham nos sacos.

Minutos depois:

(Nonô) Mamãaaaaaaaaaa! O Dudu está a tentar enfiar-me no saco dele!!!

A mamã ralhou: a tarefa era para levar a sério! Mas, meia hora depois, os meus filhos desceram de cartazes em punho:



A sério... Desisto!!! A casa que fique de pantanas, vamos todos apanhar sol.
O Dudu escolheu trouxe este livro da biblioteca da escola...



... e, vá-se lá saber porquê, a mamã achou que tinha a ver com ela! Mas não disse nada...
Leu então a história da ratinha Ofélia, que andava à procura da chave de casa e afinal tinha-a deixado na porta (onde é que eu já ouvi isto?), e no final, a mamã perguntou:

- Então? Qual de vocês é que é despassarado?

Apressou-se a Nonô a responder...

- Eu não sou! Mas tu és...

E os manos confirmaram com a cabeça. Podia ficar triste com a ideia de os meus filhos me conhecerem bem demais para me acharem uma super-mamã. Mas como os super-heróis afinal não existem, acho que fico até bem feliz com a ideia de eles me conhecerem nas minhas qualidades e também nos meus defeitos (e eu a eles!).
(Estrondo no andar de cima)

- Afooooooonso, o que é que caiu??
- Não sei.
- Foi o teu cérebro?
- Segundo sei, ainda está na minha cabeça. E se não está é porque vocês me fizeram sem ele. E se me fizeram sem ele podem ficar muito contentes, porque se eu já sou um génio sem cérebro, com cérebro seria um super-génio!

(Quem é que nos mandou fazer uma pergunta imbecil?)
Hoje, na parede da escola, havia desenhos novos dos meninos dos três anos. Eu e outras mães olhávamos, curiosas, em busca dos desenhos dos nossos filhos. Havia meninos que se tinham desenhado a eles próprios, outros tinham desenhado as famílias, a Nonô desenhou flores:



E o Duarte? Pois... o Duarte desenhou... um vampiro!



Eu juro que lhe conto histórias amigáveis de boa-noite, e que ele vê desenhos animados tranquilos... Juro!
Nonô faz um novo desenho dos seus:



- É a Maria, mamã.
- Qual Maria? A prima?
- Não, aquela que está lá na minha escola.
- Tens lá uma Maria, é?
- Sim, e os meninos põem flores.

Era a Nossa Senhora..

- E ela tem um quadrado na cabeça?
- É o lencinho que ela tem.
- Ah... E aqui em cima?
- É o carro dela. É um carro voador.

E quem sou eu para dizer que não?
Dudu de volta de uma árvore. Andava de um lado para o outro, espreitava daqui e dali:

- O que é que se passa, Dudu?
- Onde é que estão os olhos desta árvore?
- As árvores não têm olhos como os nossos. Elas vêem através das suas folhas.

Não me correu muito bem a resposta, porque logo a seguir o Dudu apanhou um olho da árvore que estava caído no meio do chão.

- Não são olhos como os nossos, Dudu. Elas sentem. E comunicam connosco, mas à maneira delas. Queres ouvir se a árvore tem alguma coisa para te dizer?

Pusemo-nos a escutar. O vento batia nas folhas e ouvia-se a melodia suave, da natureza.

- Ouves, Dudu?
- Sim. Mas não percebo nada.
- Não é para perceber. É só para sentir.

E deve ter sentido qualquer coisa, o meu pequeno Dudu, porque quando chegámos a nossa casa ele foi para cima do local onde tivemos de arrancar uma árvore, porque estava a estragar o jardim, e pôs-se a choramingar:

- Eu quero aqui a árvore outra vez, mãe! Onde é que a árvore foi? Diz aos senhores que tragam a nossa árvore...
Já têm programa para este fim-de-semana? A APFN (Associação Portuguesa de Famílias Numerosas) preparou um fim-de-semana (e resto de semana também) recheado de atividades para pais e filhos. Como a malta é numerosa, é quase tudo grátis ou com preços muito especiais. Ora espreitem e, numerosos ou não, aproveitem!

http://www.semanadafamilia.pt

Quando fui buscar o meu filho à escola, depois do exame (do 4º ano) encontrei-o descontraído e animado. Já sabia que tinha errado uma coisita ou outra, mas de um modo geral achou o exame acessível, nada diferente dos não-sei-quantos que já tinha feito na escola para se preparar. Feliz por não o ver triste ou ansioso, parti para a satisfação da minha grande curiosidade (defeito profissional...):

- E a composição? Conta-me tudo!
- Tinha a ver com o texto. Era a viagem de uma gaivota.
- Boa! Dava pano para mangas... O que é que fizeste?
- A viagem era pelo espaço... e depois ela começava a reflectir sobre os seres humanos.

Não sei que género de professor lhe vai corrigir a prova e se achará muita graça à pseudo-filosofite-aguda do rapaz... mas eu cá sorri. Se me pedissem para escrever sobre a viagem de uma gaivota, lá poderia fazer outra coisa se não uma reflexão, lá dos céus, sobre o insignificante Humano?
Um artigo interessante sobre o MEDO, defendendo que uma cabeça cheia de medos não tem espaço para ter sonhos. E quantos dos medos dos nossos filhos não lhes são incutidos por nós, pais?

"As quatro fases do medo

1ª fase - imaginação exagerada
Tudo começa quando damos rédea solta à nossa imaginação.
Ou seja, perante uma situação de exposição e adversa, a mente vai dizer muitas coisas a nós próprio, o que pensam de mim, vão se rir de mim etc isto provoca medo, que nos paralisa. Quando, perante uma situação, imaginamos de forma exagerada que o pior irá acontecer,teremos entrado no circuito do medo.

2ª fase - o medo propriamente dito - todos nós temos tendência a não correr riscos porque tememos o desconhecido, mas, na realidade, o medo do desconhecido é o medo de perder o conhecido.

3ª - fase - o medo paralisa ou faz reagir
o medo faz-nos fugir sempre para o lugar errado. Porque é que o leão ruge? para provocar duas reacções na vítima: paralisa-a para depois devorar, ou pode fazê-la fugir na direcção oposta, onde se encontram as leoas à sua espera.

4º - fase - a minha primeira recordação - uma forte imaginação provoca-nos medo, o medo paralisa-nos ou faz-nos reagir e esse sentimento fica gravado na nossa mente, formando assim o que designamos por "a minha primeira recordação". O medo de perdermos o que temos, surge porque possuímos a ilusão de que "temos o que temos". Quando nascemos, nascemos com as mãos fechadas porque não trazemos nada e, quando morremos, as nossas mãos estão abertas porque nada levam.

COMO QUEBRAR O MEDO IRRACIONAL:
1º - Aprender a eliminar os medos e a substituí-los por emoções verdadeiras - não podemos modificar os comportamentos dos outros, mas podemos controlar os nossos comportamentos e a nossa mente.
2º - confiar em nós próprios
3º - Reconhecer que temos medo. Não tenhamos medo do medo. Apenas conseguiremos superar os nossos medos se os reconhecermos.
4º - Aprender a olhar o medo de frente -
5º - Afirmar a nossa auto estima, acreditar em nós próprios. Devemos dar-nos tempo e tratarmos-nos bem, sem pressões, sem queremos ser valentes de um dia para o outro.
6º - Partilhar as nossas vidas o egoísmo alimenta os medos e as fobias.

Se temos medo, a força necessária para os conquistar e dominar está dentro de nós, somos nós que controlamos a nossa vida.

Corra em direcção ao rugido, a esse medo, enfrente-o e vencerá a batalha...

No norte dos Himalaias há um provérbio que diz: Aquele que tem medo de sofrer sofre de medo"
No pequeno-almoço da manhã, que tentámos que fosse sereno, embora rápido, para não corrermos o risco de chegar atrasados à escola, ouvimos várias notícias sobre o exame do 4º ano. Crianças entrevistadas na véspera, repórteres à porta da escola, repórteres no autocarro, críticas ao governo, stress dos professores, ansiedade, pânico, gravidade, medo...
Tenho neste momento uma convicção muito forte de que, para criarmos uma geração mais serena, com menos problemas de ansiedade do que os pais (onde eu me incluo) temos MESMO de começar a desligar as televisões...
(Nonô, a assistir à minha saída do carro):

- Ó mãeeeee! Pisaste uma formiga!
- Ó filha, desculpa... A mãe não viu...
- Coitadinha, mãe!

Felizmente, ao tirar o meu pé, a formiguita endireitou o rabiosque e lá foi à vida dela, sã e salva. Mas dei por mim a pensar que não vai ser fácil lidar com este espírito de "comunhão com a natureza" que tenho vindo a incutir nos meus filhos. Eles já entendem que a mãe tenha de esmagar insectos para os proteger (lei da sobrevivência) e que tenhamos de comer alguns animais para sobreviver (cadeia alimentar). Também terão de entender que, por mais que eu não queira, sou suficientemente grande para matar uns quantos animais pequenos à minha passagem. Se nós tivéssemos coabitado com os dinossauros, também teríamos sido muitas vezes esmagados por eles, sem querer.

- Ó mãeeeee! Pisaste um humano!
- Ó filho, desculpa... A mãe não viu...
- Coitadinho, mãe. Olha, espera... ainda mexe as perninhas. Lá vai ele para a sua gruta. É tão pequenino e indefeso...
É amanhã. Por isso o Afonso hoje chegou a casa, foi lanchar, saltar no trampolim, ler, jantar, lavar os dentes e ir para a cama.
- Estás bem, Afonso?
- Estou. É normal estar um bocadinho nervoso?
- É. Mas tu vais fazer um teste igual a todos os outros que andas a fazer há meses.
- Mas quando falam do exame, na televisão, parece que é uma coisa muito complicada e muito grave!
- E tu achas que é?
- Não!
- Então pronto. Ainda vais ter tantos desafios na vida, filho. Desafios grandes e complicados, daqueles que vão ser mesmo importantes para ti e até quem sabe para a Humanidade! Não vai ser um teste de português do 4º ano que te vai pôr nervoso, pois não?
(Afonso ri. E que sorriso delicioso...)
- Não!

Claro que me dei ao luxo de fazer isto porque o senti preparado. Se não sentisse, talvez estivesse de roda dele a rever a matéria, porque sou tão stressada com as notas como qualquer outro pai que cresceu nesta realidade: ter boas notas é sinónimo de sucesso e emprego. Mas a verdade é esta: aquilo que o meu filho pode vir a ser e fazer neste mundo, tem tão pouco que ver com a nota que ele terá neste exame! E a serenidade dele perante a vida é tão mais importante do que a ansiedade de ter uma boa nota... Responsabilidade, sim, é importantes incutir-lhes. Mas sem ansiedade, por favor!
(Nonô aborrecida)
Ó mãeeeee... eu queria passear sozinha e tu não vinhas atrás de mim.

(momentos depois, ainda mais aborrecida)
Ó mãeeee.... eu já queria ser crescida como tu!


Hummm... Criança com mania que é independente e crescida e que acha que já sabe tudo sobre o mundo e não precisa de dar contas a ninguém? Sim, soa-me bastante familiar.
Já disponível no site da agência Ecclesia, a reportagem sobre o dia-a-dia de 3 mães (eu, a Catarina Neves e a Bárbara Wong) e 1 avó (Alice Vieira), dedicada a todas as mães (e avós) que, apesar de todos os constrangimentos dos nossos dias, vivem a maternidade com um sorriso nos lábios...
http://agencia.ecclesia.pt/tv/
Claro que um Dia da Mãe sem disparates dos filhos, não seria um Dia da Mãe. Houve muitos e variados, para todos os gostos. Mas para o top elejo este...



- Meninos, o que é que estão a fazer?!?

A bonecada foi toda ao cabeleireiro, e foi toda borrifada com laca. O frasco foi à vida e a bonecada ficou tesa que nem um carapau. Não fosse Dia da Mãe e tinha ficado tudo de castigo... Já lhes valeu de qualquer coisa, a data...
Mãezinhas que passam por aqui... desculpem não vos ligar nenhuma e raramente responder aos comentários que aqui me deixam, mas o tempo é pouco e às vezes mal chega para contar as coisas dos filhotes. Mas admiro-vos a todas! Ser mãe, nos dias de hoje, não é fácil, mas não trocava esta nossa "canseira" por nada. Somos, na verdade, umas privilegiadas, porque é dentro da nossa barriga que os nossos crescem, somos nós que os pomos no mundo, é a nós que eles chamam a toda a hora. Havemos de chocar muitas vezes com eles, por milhentas razões, mas vão a verdade é que eles vão lembrar-se de nós a vida toda. Eles fazem de nós o que somos... mas eles serão também muito daquilo que lhes dermos de nós. É uma tremenda responsabilidade. Mas, por isso mesmo, também tremendamente bom!
Parabéns a nós!
Ainda para o Dia da Mãe, foi pedido aos meus piolhos mais novos que fizessem um cartão alusivo à data. A Nonô desenhou a Mamã, com um coração e uma Lua na cabeça.



Já o Dudu, resolveu desenhar um dinossauro com corações à volta. Das duas uma: ou o meu filho sente-se um estogaurro assustador para a sua mãe (que ainda assim tem o coração cheiinho de amor por ele), ou vê a sua mãe como um animal pré-Histórico, a precisar de muito amor dos filhos para sobreviver ao fim da sua espécie... :).



(Mamã) Que lindo desenho, Dudu. O que é isto?
(Dudu) É um furacão. E este menino aqui está assustado...

Assim de repente fez-me lembrar o "O Grito". Mas onde o meu filho foi buscar esta aflição toda, é que eu não sei.

Dia da Mãe na escolinha dos mai'novos. Vi-me muito diferente, aos olhos de um e de outro (ou, pelo menos, no traço de um e de outro). Mas mais magrinha, mais colorida ou mais descabelada, sinto-me linda e abençoada por ter estes filhos tão queridos!



(Depois de uma reportagem para o programa 70x7, onde eu e os meus filhotes fomos entrevistados para o Dia da Mãe)

(Mãe) Sabem que a mãe só disse bem de vocês. Fui um bocado mentirosa...
(Afonso) Então estás exactamente como nós. Nós também só dissemos bem de ti. Não contámos as coisas más...

Mai' nada! Toma e embrulha. Posto isto, se quiserem saber o melhor cá de casa, espreitem o 70x7 do próximo Domingo (RTP 2, 11.30h). O pior... vamos tentar melhorar, ok???


Os meus filhos andam viciados no “Portal do Tempo”. Claro que o facto de ser uma série baseada nos livros da mamã ajuda, mas é sobretudo a possibilidade de viajar no tempo o que os anda a aliciar. E hoje, a caminho da escola, resolvi lançar a provocação:
- Vocês acham que um dia vai ser mesmo possível viajar no tempo?
Sim, claro! A resposta era óbvia.
- Então ajudem a mãe a perceber uma coisa... Se podemos viajar até ao futuro, é porque aquilo que estamos a viver agora já aconteceu.
O Sebastião, mais terra à terra, ficou à toa. Mas o Afonso, com a cabeça mais voltada para estas coisas mais alucinadas, tinha a resposta na ponta da língua.
- Não, mãe. “Agora” é a realidade. O futuro é uma dimensão paralela.
- Mas para existir essa realidade paralela, é porque a nossa realidade já aconteceu.
- Não confundas realidade paralela com dimensão paralela.
- ????
- Realidade paralela é, por exemplo, se nós agora fôssemos um cão e um gato a viver as coisas que estamos a viver agora. Dimensão paralela é... dimensão paralela.
- Mas então o futuro está nessa dimensão paralela, é isso?
- Sim.
- Mas se nós podemos alterá-lo, é porque ele já existe e aquilo que estamos a viver também já existiu.
- Não... só se o formos visitar, é que ele existe. Se não formos, ele só existe numa dimensão paralela.
- E isso quer dizer que ele vai existindo em função daquilo que formos fazendo, é isso? É como se fosse dinâmico?
- Sim.
- Então isso quer dizer que a nossa história ainda não está escrita. Podemos sempre alterá-la.
- Sim, somos nós que a fazemos.
- Ah! Então cada decisão que nós tomamos é importante para construir esse futuro.
- Sim.
- E também o dos outros. Porque, se decidirmos por exemplo ir para a esquerda em vez de irmos para a direita, podemos já não nos cruzar com alguma pessoa, ou ajudar outra... O futuro muda de acorda com as nossas decisões, é isso?
- Mas tu não sabes, mãe?
- Não, filho. Se soubesse não vos estava a perguntar. A mãe ainda nunca viajou até ao futuro. Só nos livros.
Entretanto chegamos à escola e era tempo de colocar as mochilas às costas e dar os beijinhos de despedida.
- Boas decisões, meninos!
- Obrigado.
- Não se esqueçam que todas elas são importantes para o vosso futuro e para o futuro daqueles que vos rodeiam.
- Ok.
- E não decidam só com a cabeça. Decidam também com o coração.

Podia ter sido uma manhã como outra qualquer, mas não foi. Porque hoje (pelo menos hoje) vou pensar bem (com a cabeça e com o coração) em cada decisão que tomar. E estou em crer que os meus filhos, à maneira deles, também...
Assim do nada:

- Ó mãe! Eu queria ter muitas cabeças!
- Umas ao lado das outras?
- Não... (aponta para várias partes do corpo) Aqui, aqui e aqui e aqui...
- Já viste a trabalheira que isso dava? Precisavas de muitos chapéus.
- Sim.
- E de pentear muitos cabelos.
- Sim.
- E depois tinhas muita coisa para pensar...
- Sim. Eu quero!

Vou desenhar-lhe um Dudu-Alien, com muitas cabeças por todo o corpo. Por enquanto, é a única coisa que se arranja...


A Mamã e o Papá pela arte da minha Nonô. E não é que nos acho parecidos?
Antecipando o Dia da Mãe, hoje lemos um livro sobre... Mães! Ou melhor, sobre tipos de Mães. E, no final, desafiei os meus filhos a escolherem o tipo de Mãe que achavam que eu era.



(O Titão teve falta de comparência porque estava num jogo)

O Afonso escolheu a Mãe Elefante, a Trombuda (a piorzinha, para poder "picar-me")

O Duarte escolheu a Mãe Macaca, que está sempre na macacada (acho que era a mãe que ele gostava que eu fosse)

E a Nonô escolheu a Mãe Formiga, a sempre atarefada (porque, na verdade, parecia mesmo eu!)

- E tu, qual achas que és, Mãe? - perguntou o Afonso.

Olhei para todas, hesitante...

- Às vezes a Mãe está muito atarefada e parece uma formiga. Às vezes estou efetivamente trombuda. Mas outras vezes faço macacadas. Às vezes ponho-vos debaixo da asa, como a Mãe Galinha. E às vezes sou fofinha, como a Mãe Panda. Mas às vezes também preciso de vos "despejar" nos avós, como a Mãe Cuca. E às vezes danço para vocês, como a Mãe Borboleta. E às vezes também acho que vos incito a voar, como a Mãe Águia.

- Ó mãe... - disse o Dudu sorridente - então és estas Mães todas!

E a vida de Mãe é mesmo assim... um zoológico de possibilidades!


O Afonso e o seu amiguinho D. resolveram criar uma coleção de BD que versa sobre o tema da guerra dos mundos. Hoje, a espreitar o primeiro e o segundo volume, estranhei primeiro o desenho cuidado...
- Não foste tu que desenhaste, Afonso.
- Pois não. Só fiz uma nave que está na pg final.
Depois estranhei algumas letras que o Afonso nunca costuma trocar, nos diálogos...
- Eu só revejo no final, mãe.
Ou seja... não tinha desenhado, não tinha escrito...
- Mas afinal o que é que tu fizeste, Afonso?
- Dei ideias, revejo... eu sou o editor, Mãe! Não vês aí na capa?
Efetivamente, só nesse momento reparei o que vinha no final da capa do livro 1:

"Afonsini
A empresa que faz magia e livros!"

Com a paixão pelos livros da mãe e o bichinho do negócio do Pai, o rapaz só podia acabar a fundar uma editora!
A Nonô encontrou no chão cá de casa um flor de metal que, por sua vez, a mamã já tinha encontrado no chão do supermercado e havia guardado na carteira, sabe-se lá porquê.

- É um tesouro, mamã?
- É sim, filha.
- Uma flor mágica?
- Claro!

Normalmente, com os meus filhos, costumo ser muito terra-a-terra e nunca confirmar (embora também não desmentir) estas visões mágicas do mundo que eles têm. Mas a Nonô é uma princesa-bailarina-fadinha. Toda ela é magia e fantasia. Como não embarcar no mundo encantado dela e dar asas à minha própria fantasia?

- Foi a Minnie que te deu?
- A mamã encontrou no chão do supermercado. Mas acho que foi a Minnie que deixou lá para mim... para nós! Tu guardas o tesouro da mamã?

Com os olhos muito grandes, a brilhar, foi para o quarto escolher uma bolsinha especial, de brilhantes, para guardar o tesouro. Nessa noite dormiu com ele e, no dia seguinte, levou para a escola.

- E não perdes o nosso tesouro, Nonô?
- Não, não vou perder. Vou só mostrar às minhas professoras.

Deixei. Mas, ao fim do dia, a tristeza tinha-se apoderado dela. Deixara esquecida a sua flor-tesouro no meio do recreio...

- E agora, mamã?
- Não faz mal, Nonô. Depois de amanhã voltas à escola e vais encontrar a tua flor.
- Mas pode chover... E a minha flor vai apanhar chuva...
- Não faz mal, Nonô. As flores gostam de chuva.
- Ah... ela vai crescer?
- Sim. As flores crescem com a chuva.
- Mas ela é mágica.
- Então vamos esperar para ver que magia vai acontecer...

Na quinta-feira terei que ir procurar com ela a flor mágica. E, com os olhos cheios de magia, vamos ter de perceber que magia aconteceu. Com sorte, será alguma coisa muito especial... Se não tivermos sorte... será na mesma! Porque a magia, para todos os efeitos, está nos olhos de quem a vê...


- Mamã... olha, é uma aranha. É assustadora...
- Muito assustadora!
- Eu sonhei com ela...

Meu rico filho... e eu ainda ralho com ele quando ele me acorda à noite! Com aranhas destas a assaltar-lhe os sonhos, como não correr para a cama dos papás?