Coisas de Monge que vendeu o seu Ferrari
Depois de andar atrás do meu filho Afonso para ele me ajudar a pôr a mesa e preparar o jantar (tentando contrariar a sua preguicite aguda), ele sai-se com esta:
- Já leste "O Monge que vendeu o seu Ferrari"?
- Já. Porquê? Tu já leste??
- A L., da minha sala, é que está a ler. Eu ainda só li uns bocados.
- Mas o que é que isso tem a ver com o jantar?
- O personagem do livro passava a vida a trabalhar, a trabalhar, a trabalhar, e não aproveitava nada a vida! Eu quero aproveitar a minha, mãe! Preciso de tempo para as minhas brincadeiras e para fazer as minhas coisas...
Podia ser um bom argumento para não me ajudar a pôr a mesa, mas não foi. Era mesmo a sua preguicite aguda (que ele depois confessou ser também esdrúxula) a falar, e essa deve ser contrariada. Agora, a verdade é que, se ele aos 9 anos já pensa que não deve desperdiçar a vida a trabalhar no que não gosta, eu diria que, no meio da preguicite, há uma grande dose de razão. É certo que em Portugal não andamos propriamente a trabalhar para comprar Ferraris (é mais para pagar as contas ao final do mês). Mas não há dúvidas de que andamos todos a precisar de encontrar sentidos para além do trabalho, e de redescobrir a alegria de viver. O nova-iorquino que protagoniza a história deste livro vendeu o Ferrari e foi para a Índia. Eu não poderei ir tão longe, mas hoje, que é Dia da Família, acho que vou pegar nos miúdos e passear. Aposto que o Afonso não se vai queixar...
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