É recorrente eu estar a pensar em qualquer coisa e a minha filha dizer exatamente o que estava a pensar. E depois olhar para mim e ainda dizer-me "Era nisto que estavas a pensar, não era?"


(Mãe) Filha, eu acho que tu me lês o pensamento.

(Nonô) Não, mãe... Nós é que temos os cérebros muito parecidos e pensamos muitas vezes da mesma maneira...


E não é que era nisto mesmo que eu estava a pensar enquanto lhe falava em telepatia?
(Dudu) Ó mãe, se tivéssemos um primo na prisão, íamos vê-lo?

(Mãe) Depende, filho. Se ele estivesse arrependido...

(Dudu) E se não estivesse, ias tentar que ele se arrependesse...

(Mãe) Talvez. Depende do que ele tivesse feito. Nem sempre conseguimos mudar as pessoas.

(Dudu) E se viesse um ladrão cá a casa e o pai o matasse, o pai ia preso?

(Mãe) Depende, filho. Se fosse para nos proteger, não. Mas, mesmo em legítima defesa, é sempre complicado matar alguém...

(Dudu) E se o ladrão que o pai matasse fosse nosso primo?

(Mãe) Mais complicado seria!

(Dudu) Tu achas que o Pedro Dias é culpado ou inocente?

(Mãe) Não sei... Até se confirmar a culpa, são todos inocentes.

(Dudu) E tu ias vê-lo à prisão?


Depois da política, o mundo do crime. Acha a escola uma valente seca, mas está sempre pronto para uma boa conversa sobre coisas que não lembram a mais ninguém (pelo menos a ninguém da sua idade!)
7 dias inteirinhos sem os filhos? Quem consegue?

Nós!

Eu vou sempre a espernear, a perguntar-me porquê, a olhar para as fotografias deles, a perguntar pela enésima vez que não conseguimos arranjar mais uns trocos (muitos trocos!) para viajar com eles, que férias sem eles não são férias... mas depois rendo-me às evidências. 7 dias de namoro, se possível a conhecer um qualquer canto do mundo que mexa com os nossos sentidos e nos engrandeça culturalmente, fazem muito bem à saúde de um casamento. Os filhos descansam de nós (se tiverem bem entregues, claro, como foi o nosso caso. Obrigada mais uma vez, santos avós!) e nós deles. Voltamos muito mais zen, preparados para lidar todas as birras e lutas e resmunguices e faltas de educação e chantagens psicológicas e pedinchices e essas coisas todas que, infelizmente, os meus filhos ainda fazem (e creio que não estou sozinha neste mundo...).
Preparados para lidar com isso tudo? Bem, pelo menos nas primeiras horas! Depois ameaçamos que nos zangamos. E, ao final do dia já nos zangámos e volta tudo ao normal. Mais um dia normal numa casa de família. (Mas os 7 dias de silencioso passeio já ninguém nos tira!)

Desta vez escolhemos o México. Chichén Itza, Tulum, Celotes, Frida Kahlo, praias de areia branca e água quente, muitos tacos, burritos e quesadillas. Uma valente chatice! (ironia...) E, a pensar nos filhotes, trouxemos de lá livros com mandalas maias, outros sobre as lendas e os deuses deste povo (em espanhol, para os mais velhos treinarem a leitura e traduzirem aos mais novos), pirâmides para montar, mais uns molhos picantes para lhes pormos na língua sempre que disserem asneiras. (mais ironia, vá...).





A quem tiver essa possibilidade, recomendamos. A quem não tiver, qualquer noite bem dormida, ler um bom livro na praia, descansadamente, ou um jantar e dois dedos de conversa sobre a vida e o mundo e a felicidade já ajudam bastante...

E agora venham os horários rígidos, as aulas, os testes e o quebra-cabeças das atividades! Estamos preparados para a guerra...
Mãe e sogra a olhar para as paredes da cozinha e a falar sobre decoração, quando a Nonô se vem meter na conversa...


(Mãe) Anda, Nonô, anda aprender com a tua avó...

(Nonô) E tu aprendeste com quem?

(Mãe) Estamos sempre a aprender. Agora estou a aprender com a minha sogra.


Nonô pensa durante alguns segundos...


(Nonô) Eu ainda não tenho sogra, pois não?

(Mãe) Não, filha. Só quando tiveres um marido.

(Nonô) Não sabes. Também posso vir a ser uma "marida"...


A avó engole em seco, mas a Nonô continua, imperturbável, a olhar para as paredes. Não é propriamente o assunto mais falado cá em casa - apelo, isso sim, e constantemente, ao respeito por todos e pela sua liberdade, desde que esta não ponha em causa a liberdade dos outros - mas a Nonô já deu por diversas vezes prova do seu pensamento muito firme e independente contra tudo o que é sinónimo de preconceitos, injustiças e desigualdades, assim como contra um modo de viver que prejudique a Terra e os seres que nela habitam.
Não sei onde isso a vai levar, sei que terei de a ajudar a tentar ver sempre todas as frentes e pontos de vista, estudar contextos e diferentes realidades, para que as suas lutas sejam sempre fundamentadas e a sua voz contribua para uma efetiva mudança do que está mal, mais do que alimente ódio e desencadeie recuos perigosos.

Força, minha mini-guerreira!
(Mãe) Meninos, vamos fazer uma ficha?

(Nonô e Dudu) Nãoooooooooooooooooooo!


Depois de tantos meses a fazer fichas, os meus filhos querem-nas bem longe. Não é falta de vontade de aprender. Não é ausência de curiosidade. É mesmo só "fartura" de fichas. E têm tanto tempo para voltar a elas, em setembro...

Fomos então em busca de algo mais divertido para fazer. E descobrimos um puzzle velhinho, que já foi meu, quando tinha a idade deles. Um puzzle sobre Portugal e as suas principais cidades e rios, algo que eles até vão estudar para o ano, em Estudo do Meio.


Fizeram o puzzle em conjunto.
E depois fomos em busca das cidades que eles conheciam, ou onde tinham pessoas conhecidas, para assim (espero eu!) criarem relação com elas. Escreveram tudo num papel e não se queixaram nem um bocadinho. Só na hora de arrumar... mas não tiveram outro remédio!

Amanhã exploramos o corpo humano... com rimas!

O passeio cultural foi muito interessante (ver post anterior), mas os filhotes são muito ativos, por isso, nada como aliar a cultura ao desporto... E, mesmo ao lado da Cordoaria Nacional, o que há? Um longo trajeto junto ao rio para correr, saltar à corda (levámos nós), fazer máquinas (disponíveis ao longo do trajeto) e brincar no parque. Os mais velhos puseram-se em forma, e os mais novos desgastaram energia, para regressarem a casa mais calminhos.





Foi o primeiro passeio cultural da semana...



É só uma pequena amostra dos perto de 6000 guerreiros já encontrados, até à data, mas valeu bem a pena vê-los de perto e conhecer a sua história. A exposição é simples mas está bem concebida, e é bastante acessível também para crianças e jovens.
No final, os mais novos ainda se pode divertir em algumas atividades de pintura de guerreiros, caracteres chineses e arqueologia.




O Sebastião escreveu "Amigo" e a Mãe, que também adora estas coisas, também pediu papel e caneta para escrever "Tranquilidade" e "Verdade", duas palavras (e atitudes!) que aprecia bastante.


A exposição vai ficar na Cordoaria Nacional, em Belém, até dia 13 de setembro. O bilhete de família é 30€, mas valeu-nos uma hora muito bem passada.
O Pedro Carvalho é um amigo da juventude, Matemático e Bailarino, que se tem envolvido, nos últimos anos, em projetos que cruzam Arte com Conhecimento (Matemática através da Dança, por exemplo) e com Emoções.
Traz agora este projeto a Portugal - Dedicatórias - que cruza Dança com Afetos, para jovens a partir dos 14 anos, e todos os adultos que queiram dançar com Amor, com ou sem experiência na área.

Aqui fica o cartaz, para todos os interessados.

E parabéns, Pedro! Também acredito que a Arte transforma e, com liberdade, nos ajuda a descobrir o melhor que há em nós...


1. XFlow, na Oura

Tirando algumas praias fabulosas (este ano descobrimos a dos Carvalhos, no Carvoeiro) e a boa companhia dos amigos, foi aquilo que os miúdos mais gostaram, no Algarve. Meia hora de pura diversão, numa rua movimentada da Oura/Albufeira. Não é barato (20€, no nosso caso multiplicado por 4), mas valeu cada minuto.


2. Hot Wheels Raceway, na Marina de Albufeira

Só puderam ir os filhotes mais velhos, e o pai também não se negou. Outra meia-hora de pura adrenalina, que deixou os filhotes em êxtase... e a mãe de coração acelerado. E ainda só são carrinhos a brincar...


Esta semana vai ser por casa, com a mamã a trabalhar a meio tempo, e a passear no outro meio... e, depois de tanta adrenalina, vamos apostar nos programas culturais!

Quatro máquinas de roupa por estender e apanhar, frigorífico por encher, refeições por fazer, animais por tratar, casa por limpar...

... e filhos, felizmente, a ajudar!

(Mãe) Já íamos todos de férias outra vez, não era, meninos?
Ali estava, na minha mesinha de cabeceira, mesmo por cima da minha cabeça.



Como ralhar e/ou mandá-la limpar?
Ainda hei-de ter tantas saudades de ter desenhos dos pirralhos espalhados pelas paredes...

<3 de volta, minha Nonô!
Sabes que tens gémeos competitivos quando um deles (Mr. Dudu, competitivo-mor) jura a pés juntos que já calça 35, dois números acima da irmã, e quando vou verificar as chuteiras que ele comprou, percebo que ainda tem uma folga de dois dedos...
Impedir telemóveis e afins à refeição, em restaurantes, gera sempre e inevitavelmente a mesma pergunta: "Então fazemos o quê?!"

Ontem jogámos à forca. Hoje ao jogo do risco. Um dos membros da família faz um risco, com a forma que quiser, e o seguinte tem de conseguir criar qualquer coisa a partir desse risco.

E foi sucesso garantido!




PS - E claro que esta sugestão já foi parar ao meu Coisas de Pais: http://www.coisasdepais.pt/a-partir-de-um-risco/. Podem colaborar também com as vossas, enviando-as através do site, onde podem também inscrever-se para receber uma sugestão todos os dias. Obrigada!
É a nossa nova brincadeira de restaurante.

Desenha-se a forca, escolhe-se uma categoria, e os outros têm de dizer letras para conseguirem adivinhar a palavra sem ser enforcado (o que acontece quando erramos as vezes suficientes para que o outro desenhe todo o nosso corpo preso à forca. Por cada erro uma parte do corpo).


Morri na forca do Dudu, com um nome de 8 letras. "Mitroglu" é nome que não lembra a ninguém (pelo menos a ninguém que não percebe nada de futebol!).
(Nonô) Mãe, mãe! Anda ver! Transformei-me numa sereia...

A Nonô regressou a casa!

Muito suja e exausta, depois de 7 dias de acampamento de escuteiros, mas muito feliz e cheia de histórias para contar.

Andamos, por isso, a "namorar-nos", e hoje as saudades até deram para a piroseira...


(Afonso) A sério que se foram vestir de igual?! Mãe, como é que eu te hei-de dizer isto... Não estarás a entrar na crise da meia-idade?

Sem comentários...


Terminam amanhã 5 dias sem filhotes, desta vez não a passear e descansar com o papá, mas a trabalhar e a "aturar" uma casa em obras (voltem meninos! Antes a vossa boa bagunça e gritaria!).

A Nonô, imagino que venha do Acampamento Nacional com milhares de histórias por contar ("Anda, mamã, vamos ali ao meu quarto conversar a sós. Conversa de meninas", costuma ela dizer-me. Desta vez, acho que vou passar horas lá fechada ! E enquanto ela me quiser contar tudo, estou eu muito descansada...)

Os rapazes, de férias em casa dos avós, terão menos para contar (pudera, se a "chata" da mãe ligou todos os dias, e pelo menos duas vezes!). Para além de que a avó vai mandando a reportagem completa, com direito a fotos e tudo, do que vão vendo e vivendo diariamente. (Obrigada, avós! O que seria de mim sem vocês?)

Amanhã a casa volta a estar cheia, estou desejosa, mas a verdade é que temos ainda um loooongo mês de férias escolares pela frente. Não me posso queixar: tenho trabalho flexível, o pai idem, avós maravilhosos e não me faltam ideias para pôr os meus filhotes "a mexer". Mas Agosto é um mês de verdadeira tortura para muitos pais que não conseguem tirar férias, não têm avós disponíveis e/ou não têm possibilidade de pagar ATLs (que neste mês escasseiam e cobram uma fortuna). A estes pais, a minha total solidariedade. Um dia havemos de criar um mundo onde poder estar com os nossos filhos e ajudá-los a crescer é encarado como um trabalho valioso; e o descanso, sozinhos ou em família, uma boa parte de um trabalho bem feito.

Boas férias!

PS - E, se estiverem pelo Alentejo, não deixem de passar pelas ruas floridas do Redondo. Os avós levaram lá os 3 Estarolas, e recomendam vivamente!


Foi o último pedido da minha filha, antes de partir para 7 dias de acampamento, longe de casa e sem comunicação com a família:

(Nonô) Brincas comigo às plasticinas, mãe?

Era um pedido irrecusável. 7 dias eram 7 dias...

Mas não era uma brincadeira qualquer.. Começou por inclui uma simples loja de bolos, onde ela era a pasteleira e vendedora, e eu a compradora compulsiva.


Depois ela passa a minha empregada, mas é na verdade uma agente secreta, que vem investigar os meus crimes, porque eu afinal sou uma espia traidora. Meteu lutas e cenas de pistola, pessoas amarradas a uma cadeira (leia-se "Eu") e uma valente risota.

Brincadeiras destas era o que eu mais gostava, em criança, e acabei a escrever novelas e séries. A Nonô, para policiais, já tem queda assegurada...

PS - Claro que, no final, o quarto acabou neste estado... Um verdadeiro "cenário de guerra", que deu uma trabalheira a limpar!