Os gémeos estão com os avós, o Afonso foi correr a São Silvestre e ficou a dormir em casa de um amigo, e o Titão... bem, o Titão hoje virou filho único, o que até começou por agradar-lhe, mas ao fim de pouco tempo já se tinha transformado numa valente "seca".

(Mãe a sair do banho encontra o Titão em cima da sua cama, à sua espera) Então, filho? Não te vais deitar?

(Titão) A esta hora já eu e os manos nos tínhamos escondido para tu não saberes que estávamos aqui. Eu escondia-me dentro da cama, no meio das almofadas, a Nonô atrás do sofá, o Dudu no armário...

(Mãe) E eu ia acabar por dar convosco.

(Titão) Mas não davas logo com todos. Davas comigo ou com a Nonô, corrias connosco do quarto, depois ficavas a dizer "1, 2, 3" para o Dudu aparecer... Um clássico!

(Mãe) Assim estás aqui tu, sossegado, a mãe não ralha contigo, não precisas de te esconder...

(Titão) Ou seja... não tem graça nenhuma!


Voltem, irmãos, estão perdoados! Até eu já estou com saudades de uma boa confusão...
Desde que os gémeos foram para a escola que recebo sempre presentinhos de Natal a dobrar!
Mas os deste ano foram os mais originais...
Ho-ho-ho

Depois de a pequena Nonô ter descoberto aquilo em que era melhor - "Fazer as pessoas felizes" - foi a vez do Titão desvendar o seu talento. Ontem à noite, depois de muitas palhaçadas (anedotas, danças escanifobéticas, "barras") enfiou-se na cama com esta boa certeza:

- Mãe, acho que já sei em que é que eu sou bom! É a fazer os outros rir...
... que vão durar horas de brincadeira!


(um mapa mundo gigante, para o cromo da Geografia cá de casa, Mr. Dudu, pintar durante dias a fio!)



(centenas de balões com instruções para o Mr. Sebastião, com vocação para o circo, experimentar em formas diversas)


Começámos por aqui, mas há muito mais! O Natal está longe de ser um festim de presentes, mas que eles vão tornar os próximos tempos mais divertidos, isso vão! Obrigada a todos os familiares e amigos que contribuíram para isso :)

Um dos Natais impossíveis de esquecer, aconteceu na minha infância longínqua, teria eu uns 4 ou 5 anos, não mais. Na missa do Galo, a minha irmã fazia de Nossa Senhora (tão bonita, de véu, com aquela sua covinha a adoçar-me a alma), e eu, de cabelo cortado à tigela pela minha mãe, era o Menino Jesus. Não tinha de fazer muito, apenas ficar na manjedoura, mas lembro-me da responsabilidade que senti. Assustadora responsabilidade, essa de ser criança que um dia viraria o mundo do avesso. Com tantos olhos postos nela, tanta fé nas suas palavras e ações...
E perguntei-me não nessa altura, mas mais tarde, quando teria Jesus percebido que era chegada a hora de agir. Que tipo de chamamento teria sentido, como se teria motivado, se também teria sentido medo... E se, na confusão do dia-a-dia, Jesus se tivesse esquecido quem era ou o que precisava de fazer? E se cada um de nós, no reboliço da vida, se esquecer daquilo que importa, daquilo que de tão importante tem para dar ao mundo?
Não consigo atravessar esta época sem me sentir novamente o Menino Jesus, pequenino, deitado na manjedoura, e o Homem que, a um dado momento da vida (ou em muitos momentos da vida), soube o que tinha de fazer e não olhou para trás. Assim sintamos também nós o chamamento, seja ele qual for, e avancemos sem medo, confiantes de que, em verdade (essa verdade interior que se ouve sobretudo no silêncio), tudo aquilo que fizermos pode dar um sentido maior à nossa vida e à vida daqueles que nos rodeiam.

Um Feliz Natal para todos os que estão desse lado!
(Afonso) Mãe, sabe qual é o carro mais religioso de todos?

(Mãe) ...

(Afonso) É o Mercedes... O Mercedes "Benz(e-se)"!


E não é que a piada é mesmo dele?
Depois de um dia connosco...

(Amiga M.) Leonor... como é que tu e a tua mãe conseguem estar sempre a rir, bem dispostas?

Segredo de família :)
... que só a minha Nonô é capaz de dizer! (é mesmo de aproveitar enquanto duram!)

(Nonô) Mamã, deixa-me dizer-te um segredo...

Mamã aproxima-se e Nonô segreda, antes de um valente abracinho:

(Nonô) Não sei como é que foi possível... (suspense)... eu ganhar uma mamã tão boazinha como tu!
Dudu, Nonô e a amiguinha M., no carro:

(Dudu) Sabem que, no jantar do hóquei do meu irmão Sebastião, jogámos às escondidas, subimos para uma coisas... só fizemos porcaria.

(M.) Isso é normal. É só o que os rapazes sabem fazer...

(Dudu) Não é, não. Estás a ser femista, M. Ó mãeee, sabes que os meus colegas não sabem o que é ser femista? Tive de explicar que feminismo é igualdade de oportunidades entre rapazes e raparigas. Femismo é que é o contrário do machismo.

Só lhe expliquei isto uma vez e, do alto dos seus 8 anos, parece disposto a combater todos os "ismos" que sejam contrários à igualdade. Não sei que rumo vai levar a vida dele, mas se ele sempre quiser ir para político, é bem capaz de conseguir o meu voto...
... Jogos de Monopólio intermináveis!


Tudo enfiado na cama dos pais (gata incluída!)


(Dudu) Podemos ficar de férias para sempre?
Saldo das reuniões de notas: Imaturidade, Imaturidade, Imaturidade.
Parece que os alunos estão, de ano para ano, mais imaturos. O que é que causa isso?

Aceitam-se sugestões...
Afonso em vésperas de estágio desportivo, a preparar a mochila:


(Mãe) Falta-te uma toalha para o banho...

(Afonso) Os hotéis têm sempre toalhas, mãe.

(Mãe) Afonso... vais dormir no chão de uma escola!

(Afonso) A sério? Mas há armários com prateleiras para guardar a roupa?

(Mãe) Afonso... levas a roupa na mochila e vais tirando à medida que precisas.

(Afonso) Espera aí... e onde é que eu carrego o telemóvel?


Eu bem sabia que já o devia ter posto nos Escuteiros!
E quando o TPC de férias dos teus filhos mais novos é construir uma "Caixa do Eu" (caixa de sapatos decorada por eles, com objetos, imagens, recordações, etc, que tenham para eles verdadeiro significado), isso é...

ESPERANÇA!

'Bora lá continuar a lutar por um ensino que faça mais sentido e, verdadeiramente, ajude as nossas crianças a serem melhores pessoas, melhores cidadãos (e o autoconhecimento é parte importante desse crescimento).
Ontem, ao ver imagens de Jerusalém na televisão, o pequeno Dudu quis saber tudo sobre as disputas daquela região. Lá lhe expliquei porque é que cada religião considerava Jerusalém uma terra tão importante, e ele quis saber ao certo em que acreditavam os cristãos, os judeus e os muçulmanos.

(Dudu) Nós somos cristão, não é, mãe?

(Mãe) Também já judeus e muçulmanos em Portugal, assim como muitas outras religiões. Mas Portugal tem sobretudo cristãos.

(Dudu) Mas se nós nascêssemos noutro país tínhamos outra religião?

(Mãe) Depende do país. Mas sim... se nascêssemos no Oriente éramos provavelmente hindus ou budistas, se nascêssemos em países árabes éramos muçulmanos...

(Dudu) Então como é que sabemos qual é a religião certa?

(Mãe) Não sabemos, filho. Cada pessoa acha que a sua religião é que é a certa, porque é nessa que acredita. E ainda há pessoas que não acreditam em nenhuma. Por isso é que o mais importante de tudo, independemente daquilo em que venhas a acreditar, é saberes aquilo que pode fazer a diferença neste mundo: o Amor, a Compaixão e a União.

Sorriu-me. E eu fiquei a pensar para comigo que não sou, efetivamente, a melhor pessoa do mundo para lhes dar uma fé concreta. Os mais velhos sabem tudo sobre os 3 Reis Magos que estariam à procura da reincarnação de Shiva das profecias persas, e as teorias em torno da estrela de Natal ser, afinal, um Ovni. São a primeira geração da minha família a crescer com dúvidas, mais do que certezas, mas tenho FÉ de que cresçam também com os valores que estão acima, em meu entender, de qualquer religião.
(Nonô) Mamã, tu andas um bocadinho esquecida... Vou tratar de ti!


Algum tempo depois...




(Nonô) Enquanto eu vou à casa de banho tens de decorar essa sequência. Depois quando conseguires dizer essa de cor, eu acrescento mais umas coisinhas...


Estou tramada!
(Dudu) Ó mãeeeeee! Sabes que um menino do hóquei já fez um... como é que se diz? Pancada ucraniaca?

E os traumatismos cranianos nunca mais serão os mesmos...
(Mãe) Nonô, sabias que o Salvador Sobral já recebeu um coração novo?

(Nonô) A sério?! Boa! E era o coração de quem?

(Mãe) Não sei, filha.

Nonô fica a pensar.

(Mãe) Se tivesse sido há um ano ele podia ter ficado com o coração da Madrinha Amélia. Era um coração tão bonzinho...

<3 <3 <3
Dudu no carro a ouvir uma música da Pink ("What about us?"):


(Dudu) Ó mãe... sabes que a música às vezes provoca uma espécie de sentimentos no meu corpo...


Mamã suspira. "Mas será que eu nunca falei disto com ele?!" Mas depois sorri por dentro. "Se nunca falámos sobre isto e ele chegou a esta conclusão sozinho, é ainda mais maravilhoso!"


(Dudu) Às vezes as músicas acalmam-me, às vezes irritam-me.

(Mãe) Claro, Dudu. Por isso é que a mãe vos põe música calma, nos relaxamento.

(Dudu) Mas aquela música assim muito calminha irrita-me, mãe. É como aquela música que a Nonô adora e passa a vida a cantar ("A vida toda" da Carolina Deslandes). Irrita-me tanto!

(Mãe) Então se calhar andamos a usar as músicas erradas no relaxamento...

(Dudu) Sim, mãe! Tens de arranjar umas músicas assim mais... ao meu estilo! Olha, esta música que está a tocar é boa. Relaxa-me.


Feito! Próximo relaxamento será feito ao som de Pink :)
Quando li, no relatório de avaliação das Expressões Artísticas, que o pequeno Dudu revelava pouca criatividade (porque tinha bloqueado num exercício de improvisação), deixei-me rir. O meu diabrete mais novo pode ser muita coisa, mas pouco criativo é que ele, definitivamente, não é!

E hoje mostrou-o mais uma vez, aceitando o repto da professora, que resolveu, em boa hora, fazer passar um caderno por todos os alunos da turma, mas que cada um colasse nele uma história.

O Dudu pensou, pensou, e se é certo que a mamã deu uma ajuda a pôr tudo direitinho no papel, o mérito desta aventura é todo seu... E não é que resultou numa grande história?

Nonô em véspera dos testes de patinagem:


(Nonô) Mamã, sabes quais são as 3 coisas que me acalmam?

(Mãe) Quais são?

(Nonô) Uma música bem relaxante... pintar mandalas ou outros desenhos bonitos... e sabes qual é o último? Sabes? Um abraço da mamã!


E amanhã vai levar cá uns abraços!
Ano após ano tem-se tornado cada vez mais difícil erguer a nossa árvore de Natal. Os rapazes mais velhos não têm paciência, odeiam decorações e afins, e na verdade até têm a quem sair, porque a mãezinha deles gosta muito do Natal, mas se pudesse também montava uma linda árvore de Natal instantânea... carregava no botão e Puff! A casa ficava pronta e maravilhosa para o Natal, que na verdade até nem tem nada a ver com casas enfeitadas.
Mas enfim... a montagem da árvore é muito mais do que enfeites. É sinónimo de tempo em família e de trabalho de equipa (competência a precisar de ser trabalhada cá em casa). E por isso, apesar de todos os queixumes, a árvore ergueu-se... dentro do possível, claro! A mamã montou a árvore e os enfeites com os mais novos, enquanto os rapazes mais velhos tratavam da banda sonora: as canções de Natal dos últimos anos da Rádio Comercial (era isso ou Rap...). Podia ter corrido pior...


Para o ano há mais!
(e quando é que acaba mesmo a adolescência?)
Nonô à noite, aninhada no meu colo:


(Nonô) Eu ando tão cansada da escola, mãe...

(Mãe) Eu sei, filha, mas estamos quase de férias.

(Nonô) É pouco tempo. Depois voltamos para a escola outra vez. Porque é que temos de andar na escola, mãe?

(Mãe) Para aprender, filha.

(Nonô) E porque é que é tão importante aprender?

(Mãe) Tens de saber coisas importantes, como ler e escrever, e saber como é o mundo...

(Nonô) E porque é que essas coisas são tão importantes, mãe?

(Mãe) Porque um dia vais crescer e vais precisar de saber essas coisas...

(Nonô) E essas coisas são mais importantes do que descansar e estar contigo?


Férias precisam-se, com urgência!
(Nonô) Mãe, a nossa casa tem demasiadas regras...

(Mãe) Ó filha, eu sei... Mas tem de ser. Nós somos 6, fazemos todos muitas coisas... Se não houver regras, a nossa casa é uma confusão.

(Nonô) Mas tu podias dar menos ordens!

(Mãe) Não é fácil, filha. Quando eu vos chamo 10 vezes para virem para a mesa e vocês não vêm, eu tenho de me impor.

(Nonô) Podias antes fazer isso com um jogo. Se dissesses, por exemplo: "quando vierem para a mesa, têm de vir ao pé coxinho e não podem pisar os riscos da madeira", quanto apostas como nós íamos logo?


E eu ainda tenho a aprender com esta minha filha...
Mamã a tentar enfiar o vocabulário de Inglês na cabeça do filho Dudu (que, por ter torneio, não passeou de bicicleta nem recortou palavras para colar em objetos, como a irmã).

(Dudu) Eu acho isto uma parvoíce... Tanta coisa para sabermos línguas diferentes! Quando formos para Marte temos de falar todos a mesma língua. É a única forma de nos entendermos.

E é este gap geracional (maravilhoso gap!) que nos obriga a pôr tudo em causa, diariamente...
A minha última aventura para os mais novos, já à vossa espera em todas as lojas FNAC...


Estudar Inglês sem suspirarmos de tédio ou desatarmos às turras, de impaciência?

Sim, é possível.


(Mãe) De que cor são as árvores?
(Nonô) Green!
(Mãe) E os prédios?
(Nonô) White and Red.
(Mãe) Quantas árvores vês?
(Nonô) Three.

Depois etiquetámos o material escolar, com direito a tesouras divertidas e canetas coloridas.


Vamos ver que nota vai ter no teste de amanhã... mas que foi divertido, isso foi!
E o que é que faz uma menina que recebe uma pasta de dentes nova e saborosa e não quer que os manos rapazes a devorem em meia dúzia de lavagens?


Chamou-me à sua casa de banho para me mostrar, orgulhosa, a sua ideia.

(Nonô) Até podem vir cá roubar pasta... Mas vão sempre achar que eu a lambi!
Em plena ficha de revisões de Matemática...



Deixo ficar ou apago?
(Mas como é que se apaga num coração a baloiçar suavemente num 6?)
Agora confiante de que o seu talento é fazer os outros felizes (ver post anterior), a Nonô resolveu brindar-me com uma das suas ideias felizes:

(Nonô) Mamã, estes vão ser os nossos cadernos especiais...


(Nonô) Todos os dias vou fazer um desenho que fica metade no meu caderno e metade no teu. Assim lembramo-nos sempre uma da outra. Somos duas metades do mesmo desenho...


E às vezes chego a perguntar-me o que terei eu feito para ser merecedora de uma filha destas, que me brinda com tamanhos gestos de amor! (E depois penso que é melhor aproveitar, porque isto deve ter os dias contados... até à adolescência!)