Um Feliz Natal

- 25.12.17

Um dos Natais impossíveis de esquecer, aconteceu na minha infância longínqua, teria eu uns 4 ou 5 anos, não mais. Na missa do Galo, a minha irmã fazia de Nossa Senhora (tão bonita, de véu, com aquela sua covinha a adoçar-me a alma), e eu, de cabelo cortado à tigela pela minha mãe, era o Menino Jesus. Não tinha de fazer muito, apenas ficar na manjedoura, mas lembro-me da responsabilidade que senti. Assustadora responsabilidade, essa de ser criança que um dia viraria o mundo do avesso. Com tantos olhos postos nela, tanta fé nas suas palavras e ações...
E perguntei-me não nessa altura, mas mais tarde, quando teria Jesus percebido que era chegada a hora de agir. Que tipo de chamamento teria sentido, como se teria motivado, se também teria sentido medo... E se, na confusão do dia-a-dia, Jesus se tivesse esquecido quem era ou o que precisava de fazer? E se cada um de nós, no reboliço da vida, se esquecer daquilo que importa, daquilo que de tão importante tem para dar ao mundo?
Não consigo atravessar esta época sem me sentir novamente o Menino Jesus, pequenino, deitado na manjedoura, e o Homem que, a um dado momento da vida (ou em muitos momentos da vida), soube o que tinha de fazer e não olhou para trás. Assim sintamos também nós o chamamento, seja ele qual for, e avancemos sem medo, confiantes de que, em verdade (essa verdade interior que se ouve sobretudo no silêncio), tudo aquilo que fizermos pode dar um sentido maior à nossa vida e à vida daqueles que nos rodeiam.

Um Feliz Natal para todos os que estão desse lado!

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