Coisas de Viagens no Tempo

- 3.5.13



Os meus filhos andam viciados no “Portal do Tempo”. Claro que o facto de ser uma série baseada nos livros da mamã ajuda, mas é sobretudo a possibilidade de viajar no tempo o que os anda a aliciar. E hoje, a caminho da escola, resolvi lançar a provocação:
- Vocês acham que um dia vai ser mesmo possível viajar no tempo?
Sim, claro! A resposta era óbvia.
- Então ajudem a mãe a perceber uma coisa... Se podemos viajar até ao futuro, é porque aquilo que estamos a viver agora já aconteceu.
O Sebastião, mais terra à terra, ficou à toa. Mas o Afonso, com a cabeça mais voltada para estas coisas mais alucinadas, tinha a resposta na ponta da língua.
- Não, mãe. “Agora” é a realidade. O futuro é uma dimensão paralela.
- Mas para existir essa realidade paralela, é porque a nossa realidade já aconteceu.
- Não confundas realidade paralela com dimensão paralela.
- ????
- Realidade paralela é, por exemplo, se nós agora fôssemos um cão e um gato a viver as coisas que estamos a viver agora. Dimensão paralela é... dimensão paralela.
- Mas então o futuro está nessa dimensão paralela, é isso?
- Sim.
- Mas se nós podemos alterá-lo, é porque ele já existe e aquilo que estamos a viver também já existiu.
- Não... só se o formos visitar, é que ele existe. Se não formos, ele só existe numa dimensão paralela.
- E isso quer dizer que ele vai existindo em função daquilo que formos fazendo, é isso? É como se fosse dinâmico?
- Sim.
- Então isso quer dizer que a nossa história ainda não está escrita. Podemos sempre alterá-la.
- Sim, somos nós que a fazemos.
- Ah! Então cada decisão que nós tomamos é importante para construir esse futuro.
- Sim.
- E também o dos outros. Porque, se decidirmos por exemplo ir para a esquerda em vez de irmos para a direita, podemos já não nos cruzar com alguma pessoa, ou ajudar outra... O futuro muda de acorda com as nossas decisões, é isso?
- Mas tu não sabes, mãe?
- Não, filho. Se soubesse não vos estava a perguntar. A mãe ainda nunca viajou até ao futuro. Só nos livros.
Entretanto chegamos à escola e era tempo de colocar as mochilas às costas e dar os beijinhos de despedida.
- Boas decisões, meninos!
- Obrigado.
- Não se esqueçam que todas elas são importantes para o vosso futuro e para o futuro daqueles que vos rodeiam.
- Ok.
- E não decidam só com a cabeça. Decidam também com o coração.

Podia ter sido uma manhã como outra qualquer, mas não foi. Porque hoje (pelo menos hoje) vou pensar bem (com a cabeça e com o coração) em cada decisão que tomar. E estou em crer que os meus filhos, à maneira deles, também...

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