Coisas de Trabalho de Afonso

- 5.11.14

7 da manhã. Hora de absoluto caos cá em casa.

(Afonso) Acho que tenho de apresentar hoje um trabalho de Português...
(Mãe) Onde é que está o trabalho?
(Afonso) Esqueci-me de fazer...

5 minutos de ralhetes vários, sobre responsabilidade, empenho, falta de maturidade, etc etc etc. Afonso reage mal e leva mais 5 minutos de ralhetes vários sobre humildade, boa-educação, valorização do que tem e do que fazemos por ele, etc etc etc. E a mãe, já com o mau humor matinal nos píncaros, remata com aquela frase dramática:

(Mãe) Estás habituado a que a mãe te ajude sempre à última da hora, mas isso vai acabar! Se quiseres, despacha-te e desenrasca-te sozinho...

Comeu à pressa, vestiu-se à pressa, lavou os dentes à pressa, e depois lá arranjou coragem para ir ter com a sua mãe, que andava tipo barata tonta de volta dos outros 3 manos.

(Afonso) Mãe, desculpa.
(Mãe) A mãe desculpa-te. Mas vais ter de assumir essa responsabilidade sozinho.
(Afonso) Mas eu preciso mesmo da tua ajuda. O trabalho é uma biografia, e eu pensei fazer sobre ti...

E assim se desconcerta uma mãe às 8 da manhã. E assim se dão abraços e se prometem afinações (de organização, de diálogo, de emoções). E, meio à pressa, enquanto enfiava lanches nas mochilas e as metia às costas dos filhos, a mãe lá foi contando o seu percurso, as novelas e os livros.
O filho rematou assim: "Hoje está de boa saúde e continua a fazer o que mais gosta que é escrever." E a mãe ficou a pensar que faltava dizer a grande verdade da sua vida: que por mais livros e projetos que faça, com quem ela realmente aprende é com os meus filhos...

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