Coisas de Rei Midas

- 23.1.09

(depois de ler a história do rei Midas, que o Afonso trouxe da biblioteca da escola. Para quem não se recorda, o ganacioso rei Midas perseguiu uma das suas muitas moeda que lhe escapou das mãos, caiu das escadas e apareceu-lhe um duende que lhe quis dar uma lição: tudo aquilo em que ele tocasse se transformava em oiro)

- Percebeste, Afonso? Imagina que tudo aquilo em que tu tocavas se transformava em brinquedos...
Abriu muito a boca e os olhos, como ele faz sempre que fica admirado.
- Era muita bom, mãe!
- Não, não era... Depois tocavas na mãe, e eu transformava-me numa boneca de trapos... Tocavas no pai, e ele transformava-se num Gormitti...
- Era giro...
- E depois quem é que te fazia a comida para tu comeres?
- Eu nunca mais comia... - usei, claramente, o argumento errado. Quem dera ao meu filho Afonso nunca mais ser obrigado a comer!
- E quem é que te limpava o rabinho, quando ias à casa de banho? - como ando a tentar que ele aprenda a limpar-se sozinho, achei boa ideia puxar pela escatologia.
- Usava o papel... - ok, ele estava disposto a limpar-se sozinho. Devia ter-me ficado por aqui, mas queria que ele chegasse à conclusão do rei Midas, por isso insisti.
- O papel também se transformava num brinquedo...
- Já sei! Tu não eras uma boneca de trapos? Limpava o cocó aos teus trapos...

Desisti e voltei-me para o Sebastião.
- E tu, Sebastião, percebeste a história do rei Midas?
- Sim, mamã.
- O rei Midas não devia querer as moedas todas para ele, não era? Ele devia ter partilhado com as pessoas que não tinham nada...
- Pois é... - disse o Sebastião, nada convencido. - Ou então devia ter cuidado a descer as escadas, para não cair e não aparecer o duende... "Pois é", mãe?
Meti-os na cama. Os meus dotes de contadora de histórias, definitvamente, ainda deixam muito a desejar...

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1 comentários

  1. Ninguém te manda ter-lhes passado o dom da imaginação. Eles não se ficam pela simples história usam-na para dar asas à imaginação. As composições do Afonso na escola prometem. beijos

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