Coisas de TPC
Enquanto os meus filhos cresciam, fiz tantos planos para o dia em que eles estivessem na escola Primária (ah, desculpem... 1º ciclo!). A escola vai ser uma descoberta, pensava. Vou transformar os TPC em magia, e a aprendizagem numa saborosa aventura. Imaginei-me a fazer teatros, a criar textos com eles, a desenhar letras nas paredes e a cantar a tabuada.
A verdade é que o meu único filho que já anda na Primária (ah, desculpem... 1º ciclo) chega a casa cansado de um dia inteiro na escola, eu também já estou cansada de um dia inteiro a trabalhar, e as fichas cinzentonas que ele traz para fazer não têm qualquer cor ou magia. Nem eu tenho já forças para transformá-las em tudo aquilo que tinha imaginado. Por isso saem-me aquelas frases que eu jurei a mim mesma que nunca iria dizer: "Escreve!", "Despacha-te", "Faz o que lá está", "Apaga e torna a fazer", "Não distraias o teu irmão", "Tens um boneco escondido no meio das pernas?!", "Não jogas Nintendo a semana toda" - e isto, claro, num crescendo absurdo de décibeis, enquanto o Sebastião aproveita para fazer disparates, os gémeos gritam para chamar a atenção e o jantar queima no forno.
Não é fácil... e todos os dias me deito e penso: Bolas! Eu queria tanto fazer da escola uma coisa mais divertida!
Felizmente, há dias diferentes. Hoje estava particularmente aliviada de trabalho, a Mila tratou dos gémeos, o jantar esperou porque amanhã é feriado e que se lixem as 8 horas em ponto para jantar, e estive a folhear revistas com o meu filho para descobrir animais, recortar partes deles e criar uma criatura imaginária a quem teríamos de dar um nome, um habitat, um tipo de alimentação e actividades preferidas. Não foi criação minha (com pena), era mesmo uma proposta do livro de Português do 2º ano, e fiquei feliz por saber que aqueles que se preocupam com a educação dos nossos filhos e concebem os manuais também procuram dar magia à vida deles...
Para que conste, a criatura cá de casa chama-se Olivar, tem cabeça de zebra, corpo de ovelha, pernas de cavalo, cauda de martim-pescador, chifre de veado e asas de andorinha, vive na casinha de plástico do nosso jardim, come gomas e adora brincar... comigo. (É como eu... - terminou o Afonso. Vivam os manuais escolares!)
2 comentários
É pena que o ritmo do dia a dia nos impeça, muitas vezes, de sermos os pais que sonhámos. O importante é não desistir e aproveitar aqueles momentos que conseguimos que sejam "mágicos". Bjs para ti para os teus piolhos
ResponderEliminarEu não me entusiasmaria tanto com os manuais...
ResponderEliminarA propósito de escola ou de coisas infelizmente ligadas a ela, ontem o Zé disse-me: «Pai, não podes carregar o Magalhães antes da bateria acabar! É verdade, disse-me o Manel! Se o ligares agora na tomada, o Magalhães fica viciado na bateria!» Imaginei logo Magalhães a snifar uma linha de bateria e mandei-lhe o computador na mochila com os cabos; sou contra as drogas duras e a bateria não tem aspecto de ser nada suave. O professor António colaborou e carregou bem a bateria na sala. Cannabis ainda vá, bateria, há que fugir dela!
Disse-me isto