Coisas de TPC

- 4.10.10

Enquanto os meus filhos cresciam, fiz tantos planos para o dia em que eles estivessem na escola Primária (ah, desculpem... 1º ciclo!). A escola vai ser uma descoberta, pensava. Vou transformar os TPC em magia, e a aprendizagem numa saborosa aventura. Imaginei-me a fazer teatros, a criar textos com eles, a desenhar letras nas paredes e a cantar a tabuada.
A verdade é que o meu único filho que já anda na Primária (ah, desculpem... 1º ciclo) chega a casa cansado de um dia inteiro na escola, eu também já estou cansada de um dia inteiro a trabalhar, e as fichas cinzentonas que ele traz para fazer não têm qualquer cor ou magia. Nem eu tenho já forças para transformá-las em tudo aquilo que tinha imaginado. Por isso saem-me aquelas frases que eu jurei a mim mesma que nunca iria dizer: "Escreve!", "Despacha-te", "Faz o que lá está", "Apaga e torna a fazer", "Não distraias o teu irmão", "Tens um boneco escondido no meio das pernas?!", "Não jogas Nintendo a semana toda" - e isto, claro, num crescendo absurdo de décibeis, enquanto o Sebastião aproveita para fazer disparates, os gémeos gritam para chamar a atenção e o jantar queima no forno.
Não é fácil... e todos os dias me deito e penso: Bolas! Eu queria tanto fazer da escola uma coisa mais divertida!
Felizmente, há dias diferentes. Hoje estava particularmente aliviada de trabalho, a Mila tratou dos gémeos, o jantar esperou porque amanhã é feriado e que se lixem as 8 horas em ponto para jantar, e estive a folhear revistas com o meu filho para descobrir animais, recortar partes deles e criar uma criatura imaginária a quem teríamos de dar um nome, um habitat, um tipo de alimentação e actividades preferidas. Não foi criação minha (com pena), era mesmo uma proposta do livro de Português do 2º ano, e fiquei feliz por saber que aqueles que se preocupam com a educação dos nossos filhos e concebem os manuais também procuram dar magia à vida deles...
Para que conste, a criatura cá de casa chama-se Olivar, tem cabeça de zebra, corpo de ovelha, pernas de cavalo, cauda de martim-pescador, chifre de veado e asas de andorinha, vive na casinha de plástico do nosso jardim, come gomas e adora brincar... comigo. (É como eu... - terminou o Afonso. Vivam os manuais escolares!)

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2 comentários

  1. É pena que o ritmo do dia a dia nos impeça, muitas vezes, de sermos os pais que sonhámos. O importante é não desistir e aproveitar aqueles momentos que conseguimos que sejam "mágicos". Bjs para ti para os teus piolhos

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  2. Eu não me entusiasmaria tanto com os manuais...

    A propósito de escola ou de coisas infelizmente ligadas a ela, ontem o Zé disse-me: «Pai, não podes carregar o Magalhães antes da bateria acabar! É verdade, disse-me o Manel! Se o ligares agora na tomada, o Magalhães fica viciado na bateria!» Imaginei logo Magalhães a snifar uma linha de bateria e mandei-lhe o computador na mochila com os cabos; sou contra as drogas duras e a bateria não tem aspecto de ser nada suave. O professor António colaborou e carregou bem a bateria na sala. Cannabis ainda vá, bateria, há que fugir dela!
    Disse-me isto

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