Coisas de idiotas chapados

- 22.6.11

Descobri que na escola do meu filho mais velho (1º ciclo) os alunos estão divididos entre populares e idiotas chapados. Já tinha ouvido falar de betos, dreads e nerds. Agora populares e idiotas chapados foi uma completa novidade para mim. Explicação do meu filho:
- Os populares são aqueles que jogam a coisas fixes, como à bola, e não se dão com as miúdas. Os idiotas chapados jogam jogos de bebé, como a apanhada, levam bonecos para a escola e têm risinhos parvos.
- E esses dão-se com as miúdas?
- Também não. Porque não querem ser gozados pelos populares.
Resumindo: as crianças mais infantis, no primeiro ciclo, são chamadas de idiotas chapadas. Ou crescem ou são gozadas. E as miúdas, coitadas, que aguentem a distância dos rapazes, e esperem uns aninhos até a popularidade deles ser sinónimo de ter as miúdas todas à volta.
Quanto ao meu filho, felizmente é popular. Digo felizmente porque ser gozado pelos colegas não é fácil e lidar com uma criança com baixa auto-estima também não. Só trabalho no sentido de evitar que ele quebre a auto-estima dos outros.
- Mas tu não gozas com os outros, pois não?
- Não, mãe. Eu não. Eu sou amigo de todos. Mas dou-me mais com os populares.
- E as miúdas? Tens de te dar com elas, Afonso. Mesmo que os outros gozem contigo. Tens de ser superior a isso e falares com quem te apetecer.
- Eu às vezes até falo com as miúdas. Mas baixinho, quando os outros não estão a ver...
Menos mal. Pode ser que isso jogue a favor dele daqui a uns anos...

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2 comentários

  1. Peço desculpa, mas as suas perguntas pecaram por defeito. Além disso, dizer ainda bem que o meu filho pertence aos populares não é uma boa maneira de lidar com o assunto. Essa demarcação rídicula logo desde pequeninos é sinónimo de preconceito e burrice que os miúdos já trazem de casa. Para a próxima faça-o ver que não há idiotas nem populares, que personalidades diferentes é aquilo que o mundo tem de mais encantador.

    De mãe para mãe

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  2. Concordo em absoluto com tudo o que diz. E o meu "trabalho", que como deve calcular não se resume a meia dúzia de linhas de conversa, vai no sentido de o ensinar a não julgar os outros. O problema é que isso não impedirá que os outros o julguem a ele. O meu "felizmente" referia-se a isso. Ensinar-lhe a "igualdade na diferença" é fundamental, mas torna-se mais difícil fazê-lo quando os nossos filhos são vítimas dessa discriminação. Conheço vários casos destes e não é fácil, nem para a criança nem para os pais. Felizmente não é esse o caso do meu filho, pelo menos até ver.
    PS - E gostava de acreditar que o preconceito e a burrice vem de casa. Infelizmente olho para a história do ser humano e sempre, em todo o tempo, a formação de grupos e a disputa da liderança aconteceu. Temo que seja mesmo um defeito da espécie que não é fácil de corrigir. Mas há que continuar a tentar :)

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