Coisas de Consolação

- 6.10.11

Hoje, no regresso da música, o Afonso tentava consolar o seu amigo, que estava muito choroso:

(Amigo) Hoje é o pior dia da minha vida!
(Afonso) O pior? Então espera até chegares à adolescência... Ou, pior ainda, até ao casamento! Vão enfiar-te um anel no dedo, e depois tens de aturar para toda a vida a tua mulher, que vai ficar velha e com unhacas. E pior que tudo... vais ter que dar beijos!

O choro transformou-se em risota pegada, mas o motivo da tristeza do amigo era profunda e de vez em quando voltava a rebentar nos seus olhos:

- O meu avô é velhinho e eu não quero que ele morra.

O Afonso tentou consolá-lo com mais alguns dos seus disparates, mas em casa confessou-me:

- Eu entendo-o, mami. Uma vez também comecei a chorar porque achava que tu ias morrer. Mas depois pensei que ainda devia faltar muitos dias, e adormeci.

De estômago apertadinho, só consegui abraçá-lo e dizer-lhe:

- Ainda faltam muitos dias, sim, filhote... Mas temos de os aproveitar a todos muito muito bem!

E eu só espero que os meus dias sejam mesmo muitos, e os deles ainda muitos mais, para nos aproveitarmos um ao outro, e ele aproveitar os filhos que pode vir a ter (bem... se conseguir aturar uma mulher velha e com unhacas... complicado!)

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1 comentários

  1. Por curiosidade fui visitar os seus outros blogs. Relacionado com o "Coisas de Consolação" deparei-me com o seu post intitulado 'Despedidas' no seu blog pessoal (Sara Rodi).
    Deixo aqui o comentário que fiz nesse blog a esse mesmo post.


    "Se pudesse, assinava por baixo.
    É a descrição PERFEITA do que se sente quando (pelo menos no meu caso) temos que lidar com uma grande perda logo assim para começar. E é verdade. Quando o meu pai morreu (há 6 anos, tinha eu 19)senti que caramba! o meu pai tinha morrido..e o dia seguinte veio, e o outro, e o mundo continuava com a sua rotina. Mas o meu pai tinha morrido! Como podia ser?
    E depois disto, senti exactamente o que diz no post: "e quando voltei a perder alguém que me fazia falta, o meu mundo já parou menos. E hoje o meu mundo já não pára. O coração queixa-se, por dentro, mas as pernas continuam a caminhar, e o corpo deixa-se arrastar".
    E cada vez que isto acontece, receio ter ficado mais fria. Racionalizo um pouco para nao me deixar afectar mt pela ideia, e hoje acho mesmo que faz parte do amadurecimento e do crescimento.
    A vida continua, e nós com ela.. (pelo menos até continuarmos).

    Gostei msm do post. Obrigada*"

    Sara Garcia

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