Coisas de Bochechas rechonchudas

- 16.3.12

Depois de lermos o livro "Sou Especial porque sou Eu", resolvi perguntar ao Afonso (8) e ao Sebastião (6) se eles gostavam do que viam, quando se viam ao espelho. O Afonso, com a sua auto-confiança ao rubro, disse logo que sim. E o que ele adora ver-se ao espelho e fazer caretas e danças, imaginando coisas que eu às vezes nem me atrevo a perguntar o que são! O Sebastião, que também nunca é de se queixar, surpreendeu-me no entanto com um "mais ou menos". - Mais ou menos? Então o que é que gostas menos? - questionei. E arrependi-me logo da pergunta, porque me lembrei das suas orelhinhas saídas, lindas de morrer mas muito abertas ao mundo, para ouvir tudo o que se passa à sua volta. E pensei para comigo que tinha chegado aquela altura dos complexos, ou porque os amigos gozavam, ou porque ele próprio se sentia diferente... Mas nada disso! A mãe estava a ver o problema no lado errado do seu rosto: - Não gosto das minhas bochechas. São muito gorduchas... E eu ri. Ri a bom rir e lembrei-me de tudo o que eu passava quando a família e os amigos me apertavam as bochechas. Também eu as tinha rechonchudas. E também eu não gostava delas. E a minha mãe dizia-me: - A mãe também tinha bochechas. Mas desapareceram com a idade. E ontem fui eu que disse ao meu filho, já com umas valentes rugas no lugar das bochechas: - A mãe também tinha bochechas. Mas desapareceram com a idade. E o coitado do Sebastião foi ver-se ao espelho, e imaginar-se trintão, já com as bochechas mirradas, tal como eu fazia na idade dele. A verdade é que não há muito a fazer, meu filho. Para as orelhas, ainda há conserto. As bochechas... são nossas e são lindas! É aproveitá-las enquanto elas duram...

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