Coisas de permissividade

- 21.4.12

Cada vez os jovens lidam pior com a frustração de não terem o que querem e revoltam-se contra os pais. São cada vez mais os episódios de violência denunciados na APAV, vindos sobretudo da classe média e alta, e teme-se o futuro desta nova geração onde estão os adultos do amanhã. Ouvi a reportagem na SIC Notícias e fiquei colada ao ecrã. Cada vez mais vemos pais sem tempo, que tentam compensar os filhos com bens materiais (porque é para isso que trabalham tanto). Pais que estão cansados demais para dizer Não e querem ser pais bacanos no pouco tempo que têm. Compreendo-os perfeitamente, porque é difícil fugir ao modelo do consumo imposto, é difícil ter tempo, é difícil gerir a paciência e ser pai "carrasco" no tempo que nos sobra! Penso que só não me incluo neste grupo de pais porque tive 4 filhos assim meio de repente, o que me obrigou a adaptar a minha profissão de forma a trabalhar em casa (e ter mais tempo), e a encarnar uma versão "militar" de mim mesma, para não perder o controlo das hostes. O pai, exigente e autoritário quando é preciso, também ajudou. E as suas chamadas de atenção para os meus momentos de permissividade, também. Hoje, acho que sou carinhosa e amiga, mas não tolero faltas de respeito nem o incumprimento das regras. Os presentes são controlados (ai de mim, que não ganhava para isso!) e ai deles que não se mostrem agradecidos pelo esforço dos pais. Estou longe de ser um modelo perfeito de mãe, mas acho que a quantidade de filhos me aguçou o engenho. Não sei se verei neles os resultados que gostaria, porque a dada altura há muitos outros factores que nos ultrapassam. Mas pelo menos não me revi na notícia da Sic Notícias. Revejo-me mais no exemplo dos meus pais, de quem hoje entendo cada ralhete, cada apre, cada não e cada castigo. Se conseguir seguir o seu exemplo, já me darei por muito satisfeita!

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