Coisas de Alice no País das Maravilhas

- 24.9.12

Há semanas que andava atrás da Alice, como Alice atrás do Coelho. Ora não havia bilhetes, ora os miúdos tinham jogos, ora havia festas de anos... Até que, finalmente, consegui uma data, e jurei a mim mesma que nem um tufão me impediria de ir à Quinta da Regaleira, em Sintra, ver a peça "Alice no País das Maravilhas".
Tufão, não houve, mas a chuva logo pela manhã fez-me temer o pior.

- Bom dia. Eu tenho 5 bilhetes reservados para hoje, mas está a chover. Acha que vão cancelar a peça?
- Só conseguimos decidir mais em cima da hora.

Compreensível, dada a instabilidade do tempo. O problema é que "decidir em cima da hora" não é compatível com preparar 4 filhos para sair de casa, meter 4 filhos no carro, rumar até Sintra, arranjar estacionamento, tirar 4 filhos do carro e enfiar 4 filhos num teatro.
Respirei fundo e esperei serenamente até à hora do almoço, altura em que se deu o milagre. O céu abriu, espreitou o sol, e pensei para mim mesma que às vezes os desejos de uma mãe podem mover montanhas! (e, pelos vistos, afastar também a chuva).
Acordei os mais novos da sesta. Vesti-os. Enfiei casacos e impermeáveis e mudas de cuecas e pacotes de leite e bolachas e toalhetes na carteira, e enfiei tudo no carro, uma hora antes do espectáculos começar, para não correr riscos. E quando achei que tudo estava a começar a tomar forma... desata a chover outra vez!
Vou, não vou, vou, não vou, vou, não vou. Tinha que ir, porque combinara a ida com uma amiga e os seus dois piolhos e ela já estava a meio do caminho à minha espera. "Em último caso enfio-os no Museu do Brinquedo", pensei, que é fechado e tem Mickeys.
Mas a chuva abrandou, felizmente. Não para me facilitar as coisas. Mas porque novos desafios esperavam por mim:

1. Meia hora de fila no centro de Sintra por causa da feira.
2. Ruas com dois sentidos onde mal cabe um carro. E o meu é grande! E cruzei-me meia dúzia de vezes com autocarros. E ia morrendo a imaginar-me entalada entre um autocarro e uma montanha com os meus quatro filhos no meio do nada, a quererem vomitar e fazer xixi. Suava em bica, enquanto os meus filhos iam gritando de trás: "Ó mãe, não passa! Olha o retrovisor! Vamos bater! Ainda falta muito?".
3. Nenhum, mas mesmo NENHUM, lugar para estacionar o carro a menos de 1 Km. A dez minutos do espectáculo começar, arranjei finalmente um lugar... a 1 Km.
4. Caminhar por ruas estreitas e íngremes, molhadas, sem passeio, com carros a passar e 4 filhos pela mão. Sintra inteira deve-me ter ouvido gritar coisas como "Encostados à parede! Agarra o teu irmão! Para dentro!!"

E sim. Finalmente chegámos ao teatro. E sim, valeu a pena. Portaram-se todos muito bem e riram como uns perdidos com o Dodó, a Condessa e o bebé porco, a tonta da mulher da panela e a rainha de copas a querer cortar cabeças em barda. Não fosse o stress de a seguir ter que voltar mais um 1 Km para trás, e teria sido perfeito. E à noite, antes de dormir, ainda relembrámos a história e as personagens através do livro mágico pop-up que já tínhamos, mas que agora ganhou um significado especial...

http://www.wook.pt/ficha/alice-no-pais-das-maravilhas/a/id/4042561

Se ainda quiserem correr atrás de Alice, há sessões até 14 de Outubro (http://www.facebook.com/AliceNoPaisDasMaravilhasRegaleira). Da nossa parte, voltaremos ao teatro daqui a um mês (basicamente, quando a mãe já se tiver esquecido dos quilos que perdeu na tarde de ontem, e já só recordar as gargalhadas e os olhinhos cheios de sonhos dos seus filhos). Mas será, seguramente, porque o tempo assim o impõe, num espaço coberto... e com estacionamento!


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