Coisas de Assuntos que Interessam

- 18.3.13

Depois de o meu filho Afonso me dar uma seca de mais de meia hora sobre como passar vários níveis num jogo do iPad, não tive como não lhe dizer a verdade:
- Meu querido filho... vou confessar-te uma coisa. Não percebi nada do que disseste. Para dizer a verdade, nem te estava a ouvir.
Olhou-me assim meio atordoado. Acho que estava à espera que eu, pelo menos, fingisse que estava.
- Já tens quase 10 anos. Acho que já tens idade para perceber que deves adequar o teu discurso à pessoa a quem te estás a dirigir. Por exemplo, se queres que eu me interesse sobre essa coisa dos jogos, vais ter que me contar isso de uma maneira qualquer que me alicie.
- Mas tu não ligas nenhuma a jogos!
- Pronto. Então se eu não ligo nenhuma a jogos, talvez seja melhor falares comigo sobre outras coisas que me interessem. Ou, melhor ainda, sobre interesses que tenhamos em comum.
- E o que é que nós temos em comum?
Pergunta pertinente. Ele tem quase 10 anos e eu quase 35. Ele é rapaz e eu sou mulher. Ele estuda no 4º ano e eu já estou quase a caminho da reforma.
- Podemos conversar sobre livros. Podemos falar sobre o mundo. Sobre viagens. Sobre corrida. Sobre coisas que sentimos. Podes contar-me coisas da tua escola e podes perguntar-me como correu o meu trabalho.
- Mas isso não me interessa...
- Então pronto, não falamos do meu trabalho, falamos só das coisas que nos interessam aos dois.
- Mas tu às vezes não falas de coisas que me interessam.
- Isso é porque a mãe está a dar-te uma lição, mas também ainda tem muito que aprender.

Nos minutos seguintes, viajámos calados. Mas depois recomeçámos a palrar, como antes. Não falámos mais de jogos. Mas eu também não puxei nenhum assunto pseudo-filosófico. Havemos de arranjar boas plataformas de entendimento, para os muitos anos que ainda espero que tenhamos pela frente...

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