Coisas de chafurdice
O Homem gosta de chafurdar as mãos e a boca num bom frango frito ou ossobuco.
Gosta de chafurdar o corpo na lama (ainda que apenas com alegados objetivos terapêuticos!).
Gosta de chafurdar as mãos na massa do pão e nos restos do preparado para o bolo (sobretudo se ele for de chocolate!)
Gosta de chafurdar a boca toda num gelado.
Gosta de chafurdar os sapatos todos a chapinhar alegremente numa poça de água da chuva.
Gosta de chafurdar a roupa de treino quando corre pelo mato, e até participa em corridas onde se chafurda todo com jactos de tinta!
O Homem gosta de chafurdar tudo quando pinta e se expressa criativamente.
Somos um animal que gosta de chafurdar, e nesse aspeto (como em tantos outros, até da nossa fisiologia) tão próximo do amigo Porco que servimos à nossa mesa.
A diferença é que alguém nos convenceu, a um dado momento da nossa História, que deveríamos ser criaturas impecavelmente limpas, daquelas que se horroriza à primeira nódoa e enche máquinas de roupa todos os dias (e não vou falar das consequências ecológicas disto para não estar sempre a bater na mesma tecla) por causa do "cheiro a usado".
Não, não estou a fazer a apologia da porcaria! Mas ontem, ao ver a felicidade com que os meus filhos chafurdavam a mesa da cozinha, dei comigo a pensar que talvez fôssemos todos um pouco mais felizes se nos entregássemos, ainda que só muita de vez em quando, às alegrias da feliz chafurdice...
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