Coisas de Meu Papá!

- 19.3.15

Lembro-me do tempo em que ele vivia noutra cidade, por motivos profissionais, e eu não dormia na véspera de o reencontrar. Lembro-me de o ver, incansável, a trabalhar. As suas ideias mirabolantes para máquinas (que eu acho que um dia ainda vai criar). As suas tralhas e engenhocas na garagem. O baú da casa da avó onde guardava recordações da sua juventude: os livros, a tinta-da-china com quem copiava manuais sobre pássaros, o diário da juventude indecifrável, num código "egípcio", objetos de África, slides incontáveis... e cada uma dessas coisas tinha uma história para contar, de uma vida que ele já tinha vivido. Cresci a acreditar que ele era o Homem das 7 vidas. E, nas nossas viagens de carro, pedia-lhe que me contasse quem era e o que tinha vivido. As Galveias, Abrantes, África, Barreiro, Porto, Évora... O bailarico em que conheceu a Mãe. O acidente em vésperas de casar. O 25 de abril com a filha acabada de nascer no hospital. Eu.
E eu, enquanto desbravava o seu passado, tinha o privilégio de acompanhar o seu presente. Homem do campo entre as 6 e as 8 da manhã, engenheiro, empresário, diácono, Presidente da Cáritas, mais não sei quantas coisas que ele nem me conta para não me maçar, ainda arrastado de vez em quando pela Mãe para a natação, música ou aulas de inglês. Quando me dizem que eu sou hiperativa e parece que já fiz tudo na vida, rio-me e penso para mim "Não conhecem o meu Pai..."

Parabéns, Pai!
Pela Vida, pelo Exemplo, por tudo aquilo que temos de parecido e tudo aquilo que nos distingue e nos tem feito aprender um com o outro. Que possamos ainda viver juntos muitos e muitos dias como este...

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