Coisas de Entrevista a Eduardo Sá

- 27.7.15

Uma excelente entrevista a Eduardo Sá, que vale a pena ler, refletir e, na medida das possibilidades, aplicar no seio das nossas famílias e comunidades educativas.

http://activa.sapo.pt/criancas/2015-07-16-Eduardo-Sa-Entre-a-escola-e-namorar-e-muito-mais-importante-namorar


"É urgente transformar o brincar em património da Humanidade, mas não percebemos que, quanto mais a infância for infância, mais saudáveis seremos em adultos. Temos aquela ideia pateta de que as crianças só podem comer depois de lavarem as mãos 20 vezes e de as limparem a um guardanapo fervido, e tudo na vida delas é tão assético e esterilizado que as tornamos imunodeficientes para a vida. Não lhes damos espaço para brincar. E estamos permanentemente a exigir-lhes que trabalhem muito mais do que um adulto. Os trabalhos de casa tal como são feitos, não fazem qualquer sentido. Portanto, vamos lutar pela semana de 40 horas. Isto é obviamente caricatural, mas não tem graça. Párem porque isto está a destruir as crianças. Os pais dizem, ‘quando eu era criança era muito mais feliz, trabalhava menos’. Então como é que não se unem e deixam que se destrua o seu filho? A nossa função enquanto pai seria evitar os erros dos nossos pais, e reproduzir o que achamos que fez sentido na nossa infância. Ora como é que eles dizem ‘Eu era muito mais feliz em criança’ e não se unem numa frente comum para que a vida dos filhos mude?"
(...)
É necessário "Explicar a alguns ministros da educação que a escola é muito importante mas que a família é incomparavelmente mais importante, e que o brincar o é ainda mais. Estamos a criar macacos de imitação que não pensam sobre as coisas. Transformamo-los em ‘mestres’ aos 23 e juízes aos 30, naquele ideal economicista de ganharem muito dinheiro muito depressa. Mas lá dentro delas, o que é que elas são? O que aprenderam de humano? Que recordações levam da vida? Entre a escola e namorar, é muito mais importante namorar. Não são os produtos normalizados e os miúdos certinhos que vão fazer a diferença, são os miúdos entusiasmados e os que precisaram de errar e os que foram pelo outro lado. As pessoas ainda não descobriram que as multinacionais, quando escolhem quadros de topo, gostam de alguém que seja complexo, que tenha interesses políticos, atividades, família, amigos. O grande desafio não é sermos um tecnocrata, é sermos únicos."

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