Coisas que me revoltam

- 23.10.15

Um dia, enquanto passava a sopa para o jantar, os meus gémeos de 2 anos arrastarem um baú até junto de uma parede, conseguiram abrir uma janela e foram brincar para o telhado. Um vizinho viu-os e alertou-me. Felizmente, não lhes aconteceu nada.
De outra vez, enquanto ia à cave buscar uma mala de viagem, resolveram empurrar a porta e trancar-me lá dentro. Não tinha telemóvel para chamar ninguém e não sei como consegui aguentá-los perto da porta, com canções, enquanto ia pedindo, ora a um ora a outro, que tentassem rodar a chave no sentido certo. Felizmente, não lhes aconteceu nada.
São apenas duas das muitas histórias que tenho com os meus gémeos. Os mais velhos não são gémeos mas, com dois anos de diferente, e igual tendência para o disparate (ou não tivessem eles a quem sair, na energia e na criatividade), já me fizeram passar por outras tantas tropelias.
Sei o que é o cansaço de não dormir, o que é ter uma casa que "parece uma firma", não sei felizmente o que é trabalhar nos turnos da noite, não ter vaga numa escola nem dinheiro para pagar um infantário, e muito menos ter um dos meus quatro filhos internado há 18 meses no hospital.

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2015-10-23-Pai-dos-gemeos-encontrados-sozinhos-diz-se-vitima-de-cansaco-devido-a-falta-de-apoio--

Não, estes pais não precisam que lhes tirem os filhos. Estes pais precisam, como a maioria dos pais que têm filhos, de condições para os criarem. De tempo, de verdadeiros apoios, de uma rede local, e de algo que considero neste momento fundamental, que é o da dignificação do papel da maternidade/paternidade, que hoje parece, verdadeiramente, uma teimosia de uns quantos loucos que, dispondo do dinheiro que não têm e do tempo que ninguém lhes dá, se atrevem a pôr crianças no mundo...

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