Coisas de Compreender, para Mudar
A história de ontem à noite era sobre os roazes do Sado, golfinhos meigos e inteligentes, que deixaram os meus filhos encantados. Maravilharam-se com a sua forma de comunicar, com a sua forma de saltar, com a sua ligação aos humanos, e com a sua vivência em família.
(Dudu) Eu acho que gostava de viver no mar...
(Mãe) O mais perto que vocês estiveram disso foi quando nadavam dentro da barriga da mãe. Aqui vocês viviam dentro de um líquido, onde tinham tudo o que precisavam. Só não devia ser tão bonito.
(Nonô) Eu e o Dudu nadávamos juntos?
(Mãe) Não, cada um tinha o seu pequeno mar, dentro de umas bolsas, mas conseguiam tocar-se. Aliás, quando vocês estavam mais crescidos, a Nonô estava sempre a dar-te pontapés, Dudu.
(Dudu) Nonô!!!!
(Mãe) Era sem querer, filho, mas ela tinha os pés voltados para a tua barriga, e sempre que esticava as pernas, dava-te um pontapé. O médico até dizia, na altura, que quando vocês nascessem, tu ias vingar-te da tua irmã.
Silêncio.
(Nonô) Isso explica muita coisa, mamã...
(Dudu) Estavas a pedi-las, Nonô.
(Mãe) Mas agora já chega, não achas, filho? A Nonô já pagou por todos os pontapés que te deu. Podiam começar do zero, e serem mais amigos, sem vinganças...
Riram um para o outro, com uma cumplicidade que nem sempre lhes vislumbro e foram deitar-se mais amigos do que nunca. Não sei quanto tempo esta paz vai durar. Mas fiquei com mais uma prova de que escavar bem fundo e encarar aquilo que deixámos para trás, ajuda realmente a entender onde estamos agora e porquê. E isso faz toda a diferença na hora de definir o caminho a tomar...
0 comentários