Coisas de adolescência à vista

- 28.10.16

- Mãe, o meu problema... és tu! Preciso que me deixes em paz um bocadinho.

Primeira discussão com o meu adolescente de serviço, aquele com quem terei, melhor ou pior, de aprender a ser mãe de um adolescente.
Foi pequenina, discreta, por coisa nenhuma de importância, e mesmo assim deixou-me de rastos.

"Eu? Eu é que sou o problema dele? Mas se eu passei o dia todo atrás dele a tentar arranjar-lhe soluções..."

Pois é. Não é fácil perceber que agora terá de ser por ele. Que ele terá de, sozinho, fazer as suas conquistas, mesmo com umas quantas cabeçadas pelo meio. Já não posso estar sempre lá a chamar a atenção, a avisar, a punir, a "chatear". E isso não é algo que seja fácil para uma mãe. De todo. Porque nós temos este dom de antecipar as cabeçadas e adivinhar os abismos. E não, nem sempre confiamos que os nossos filhos vão saber suportar os primeiros e evitar os segundos. Mas temos de confiar. Ou, não confiando, fingir que sim, e continuar sempre lá, mas sem sermos vistas. Só aparecendo em cena para limpar as feridas que fazem parte do crescimento.

- Filho, a mãe esteve a pensar e tu tens razão. Vou tentar encaixar que tu cresceste e deixar de andar sempre atrás de ti. Mas preciso, em troca, que me respeites, como eu te vou respeitar. E que compreendas que, se não vai ser fácil para ti crescer, também não vai ser fácil para mim ver-te crescer. Tu vais falhar de vez em quando e eu também. E temos de conseguir falar sobre isso.

Selámos o primeiro embate com um abraço. Agora é respirar fundo e preparar-me para todos aqueles que, deste filho e dos outros, ainda estão para vir...

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