Coisas de Dia Mundial da Dislexia

- 10.10.17

(Nonô) Hoje é Dia Mundial da Dislexia? Temos um dia, mamã?

E depois dançou, toda contente, enquanto metia a mochila às escolas.

(Nonô) Tenho de contar aos meus colegas!

Felizmente, tenho uma filha que lida bem com a questão (não foi sempre assim... Por mais que viva não vou esquecer a cara dela, de olhos grandes e tristes, a perguntar-me, com 6 anos, se era burra). Mas depois virão outras escolas, muitos professores, colegas novos, tantas dúvidas e pressões... É preciso mesmo sensibilizar toda a comunidade para esta questão, para que estas crianças, jovens, depois adultos possam pôr cá para fora todo o seu potencial, sem viverem à sombra da sua diferença.

Partilho um texto de uma amiga que explica bem o que a dislexia é, para quem a tem:


"Quem nunca disse - Estou Disléxico… agora quantos sabem do que falam?...

…letras que saltitam nas páginas, que desaparecem, que aparecem noutros sítios…
…palavras que se unem subitamente umas às outras, dificultando ou comprometendo seriamente a sua leitura, e por consequência o seu significado.
…a leitura, que todos dizem ser uma coisa maravilhosa torna-se difícil, desinteressante, frustrante
…a escrita parece demoníaca, se ler é difícil, escrever é hercúleo: …- “RIO” disse a Professora no ditado, e eu vejo um “RIU”, de água cristalina, habitado por peixes que saltitam, rodeado de árvores e claro, a desaguar no mar…mas e se for “RIO “do verbo “rir”? …vou deixar passar, escrevo “riu” e fecho o “U”, assim parece um “O” e assim dá para os dois…aqui já a Professora tinha parado a aula, olhado para mim, e perguntado: “- Estás a acompanhar?”…então não estou?!, claro que estou, até vejo um baloiço pendurado na árvore cujas raízes beijam a água do tal “RIU” e eu estou lá sentado a balouçar e a ver quando os meus pés tocam na água…, só achei estranho quando olhei para o caderno do meu colega e vejo mais umas duas linhas de texto…será que ele já sabe o que a Professora vai dizer a seguir, será bruxo?...bolas, sou mesmo parvo…
…agora conseguem imaginar que aquilo que para uns é um processo natural, i.e. aprender a ler e a escrever é só substituir imagens por palavras, para outros significa trabalho árduo, diário, de consciência fonética, de silabar palavra após palavra, de escrita, de escreve e apaga, de :- Só escreves quando vires a palavra na tua cabeça, sem vacilar…malditos ditados, composições e testes de velocidade de leitura…
…vá, mais um bocadinho de esforço e pensem que todas as aprendizagens de Línguas, e são pelo menos mais duas, à escolha, vão significar reprogramar todos estes conceitos, enfrentar todas estas dificuldades em Inglês, Francês, Espanhol ou Alemão…fácil, não é?
…vá, agora façam só mais um esforço e pensem que todo o Ensino baseia os seus critérios de avaliação maioritariamente na aprendizagem e na avaliação escrita…ainda vos apetece ir à Escola?!
É isto que sente um aluno com dislexia, que é muitas vezes apelidado de mandrião, de calão, de desleixado, e outros.

Mais paridade, mais avaliação oral, menos avaliação escrita, menos penalização do erro ortográfico, quando e para quem ele é inevitável, garanto que é possível escrever cem vezes a palavra “mãe” e à centésima primeira pode aparecer “mai”.
Nem todos os disléxicos serão génios, mas muitos génios foram ou são disléxicos, exemplos: Einstein, Picasso, Da Vinci, Agatha Christie, Van Gogh, Churchill e Spielberg, etc
Deixem que se expressem de outras formas, com a arte, com o corpo, com as mãos, escutem-lhes a imaginação, garanto que se vão surpreender!"

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