Coisas de Folhas Amarrotadas

- 19.2.18

Hoje, à conversa com a minha amiga Sandrites, ela contava-me que, sempre que dois coleguinhas se zangavam na sala do filho, a professora dava-lhes uma folha e explicava-lhes que, sempre que a tratassem mal (amachucarem, derem pontapés), podiam voltar a endireitá-la, mas que isso deixaria marcas (os vincos, a sujidade... a folha nunca mais seria a mesma!).

Já tinha ouvido essa história, mas nunca a tinha contado aos meus filhos. E, dado que os mais novos andam tipo cão e gato (tudo no outro o irrita, e se me distraio lá vai um encontrão), peguei não numa folha, mas em duas. Uma era a Leonor (a dos brilhantes), outra o Dudu (e pus-lhe uns cabelinhos de papel em pé). Sempre que um magoava o outro, amarrotava um pedacinho da vida dele. E, como esse não se queria ficar atrás, ia amarrotar o outro. E andavam nisto, até as folhas ficaram irreconhecíveis.


Depois a mãe lá ia tentar endireitá-las com palavras bonitas, festinhas, até disfarçando com o ferro, mas havia marcas que não desapareciam. Eram mesmo essas marcas o que eles queriam deixar um ao outro?

Disseram que não, e a noite até correu melhor. Mas sei que a memória é curta, por isso vou afixar as folhinhas no frigorífico. E, já agora, pensar também nas marcas que quero deixar nas folhas/vidas de cada um dos meus filhos...

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