Coisas de irmão mais novo
Coisas de Pais
Estou com um problema logístico. Onde colocar a minha árvore de Natal, agora que o meu Sebastião atravessa a casa toda derrubando tudo o que se lhe atravessa no caminho? A minha pequena bolinha de percentil 95 derruba as colunas da aparelhagem, o caixote do lixo que me dá pela cintura e está sempre pesadíssimo, pega numa panela de pressão só com uma mão e arranca-me os brincos das orelhas antes que eu tenha sequer percebido que ele vai fazer uma asneira. É rápido, ágil, tem força e é maroto (sabe exactamente que botão carregar para desligar o vídeo quando estamos a ver um filme, e se me distraio dois segundos já subiu metade das escadas a gatinhar ou enfiou as mãos na sanita). É muita coisa para uma criatura de 13 meses. Acho que tem o instinto de sobrevivência dos segundos irmãos que nascem perto dos primeiros. As mães não lhes dão a atenção que merecem, os irmãos mais velhos fazem-lhes trinta por uma linha, e eles lá vão criando as suas defesas, imitando como podem, crescendo na confusão de uns pais que não chegam para as encomendas, irmãos que ainda não sabem ser irmãos, e são sempre mais espertos e maiores e rápidos porque simplesmente são mais velhos. O Sebastião já sobreviveu a sete empregadas que vieram por sua causa, e a mãe, quando é dele (porque ele na maioria das vezes tem que ser da empregada), nunca é "só" dele, porque o Afonso não deixa. O Sebastião até é um bonzão, mas começou a acordar para a vida. Ou faz por ela, ou corre o risco de ser só mais um filho entalado no meio dos outros que a mãe ainda gostava de ter.
Quanto à árvore de Natal, não posso deixar de montá-la porque o Afonso não me perdoava. Mas sei que vai cair vinte vezes, e que as fotografias de Natal deste ano, em vez das borbulhas da varicela do Afonso do ano passado, vão ter os galos e nódoas negras do Sebastião. Lá vai o Carlos Calado ter que dar uso ao Photoshop...
PS - Hoje estávamos a brincar ao circo e perguntei ao Afonso se ele, em vez de palhaço, não queria experimentar ser domador de leões. Ao que ele, na sua imaginação de 3 anos, prontamente respondeu: "Não, mamã, já sei! Vou ser antes domador de Sebastiões!"
2 comentários
Sempre gostei dos "irmãos mais novos"... são mais desenrascados, mais despachados e menos mariquinhas!!! Acho-lhes piada, pronto!!!
ResponderEliminarE isso faz dos irmãos mais velhos... Desacordo ttal. Os meus irmãos são dois tipos do mais enrascado que há e um deles é mesmo mariquinhas, lamechinhas, ainda está em casa dos meus pais no ninho. Essas conclusões com rótulos são injustas mãe piolha. Ó pra mim triste.
ResponderEliminarJoão P. Vale