Coisas de Bob, o Construtor

- 10.12.06

Coisas de Pais
Bob, o Construtor, lá fomos nós! Meia hora até à Expo, outra meia hora para conseguir estacionar, com os parques todos cheios de carros de pais babados que não conseguiram dizer aos filhos “Vinte euros para veres um tipo que passa a vida a trabalhar? Vens um dia comigo ao escritório de borla...”, e famílias com listas infindáveis de presentes de Natal por comprar (felizmente comprei tudo em Novembro, sem stress, pensando na alegria que cada um ia ter quando visse o meu presente, e não nas filas de gente para pagar, nos miúdos aos berros enquanto se espera pelos embrulhos, na irritação das funcionárias: “o multibanco não funciona... não aceitamos cheques... há um multibanco lá fora... está sem dinheiro? Azarucho... Não há dinheirinho, não há presentinho. E um Feliz Natal para si também!”). Outros quinze minutos a tentar chegar do último parque de estacionamento até ao Pavilhão Atlântico e outro tanto para encontrar os lugares sem perder o meu filho ou os meus sobrinhos. Vinte berros depois, lá nos acomodámos, já o Bob cantava no palco, a uma distância suficientemente grande para a minha mãe não conseguir ver nada e eu lamentar não ter trazido os óculos. Miopia e pavilhão atlântico não são conceitos compatíveis, definitivamente.
Meia dúzia de músicas depois, palmas e berros de crianças em estado próximo da histeria, o intervalo. Levei bolycaos e pacotes de leite para evitar o caos, mas os xixis obrigaram-nos a sair com a carneirada, entre pacotes de pipocas a 3,60Euros, balões a 6, fibras ópticas a 10, CDs a 12... os meus míseros 20 euros na carteira davam para pagar o parque, e um saco de pipocas ou dois, mas não davam para alimentar os sonhos de três crianças a serem tentadas em todos os flancos. Prometi uns presentes no final do espectáculo, a contar com a carteira recheada da avó, mas a avó é minha mãe e também nunca anda com muito dinheiro. Depois de outra meia dúzia de canções, pães com chocolate e pipocas, lá fomos juntar os meus tostões com os da avó para comprar três bonequinhos com fibras ópticas que piscam durante 48 horas e depois vão para os sacos dos brinquedos para os meninos sem Natal. Quando fui ao Pavilhão Atlântico ver o Noddy, há uns meses atrás, jurei a mim mesma que não voltaria àquele espaço, mas o maldito markting não deixa as criancinhas falarem noutra coisa, os pais ficam com pena e acham que eles depois não terão assunto para falar na escola, e 70 ou 80 Euros depois já a família foi toda ao Bob, e regressa a casa com panfletos do espectáculo seguinte, que felizmente é só uns meses depois, o tempo suficiente para os pais se esquecerem da façanha e voltarem a cometer o mesmo erro. “Princesas no gelo”, da Disney, assim se chama o próximo espectáculo. Espero que a publicidade tenha muitos lacinhos e seja suficientemente cor-de-rosa para repelir o meu filho, ou é melhor começar já a juntar dinheiro para as varinhas mágicas (e não são daquelas que batem a fruta), as coroas e os sapatinhos de cristal...

PS – Para a semana vou tentar o “Stella e Simão” no Mundial. Pelo menos sei que vou ficar a menos de um km do palco.

You May Also Like

2 comentários

  1. o Manel tem 20 meses, faltam-me prá'í uns 12 para que ele me comece a pedir para ir ver o Noddy, o Bob (a quem ele encarecidamante chama Bobby, tipo cão...) e acreditas que eu estou desejosa??? Apetece-me imenso voltar ao tempo do circo, do teatro para pequeninos, dos fantoches, do Walt Disney (e afins) vistos no ecrã de cinema. Pelos tuas palavras, cheira-me que me vou arrepender de ter escrito estas linhas...

    PS: O "Frio" chegou-me às mãos hoje. Vou-me agasalhar bem para o começar a folhear. Obrigada pelo empréstimo.

    ResponderEliminar
  2. Eu queixo-me mas também me entusiasmo, não te preocupes. Dada a minha quase inexistente vida social e cultural, devido a essa maravilhosa mas também penosa combinação mãe+trabalho, os espectáculos dos meus filhos até são os grandes eventos da minha vida. Cansam-nos, mas também os cansam. E o Afonso ontem, abraçado ao seu Bob com luzes, dormiu tão maravilhosamente bem! Há melhor compensação do que esta?

    PS - Desculpa ser só "empréstimo", mas não tenho mesmo exemplares. Se um dia houver reedição prometo que vou preencher esta lacuna e oferecer-te um livrito (ou ao teu filho, que talvez nessa altura já tenha idade para o ler... Haja esperança!)

    ResponderEliminar